quinta-feira, setembro 30, 2021

Divagações desarrumadas

 


Tenho a dizer, e nem é para me desculpar. que a noite passada foi noite de São João. Complicada. Muito mal dormida. Acordada antes de tempo. 

Já me custa suportar noites muito mal dormidas. Não apenas tenho muito sono como parece que me dói tudo. A manhã, na continuação da noite, também complicada. A tarde com reuniões e telefonemas de seguida. Telefonemas e mails e confusões até às tantas. Quando, perto das oito da noite, me reclinei no sofá para papar mais um episódio da Segurança Nacional, ligou o meu marido. Queria saber como estava tudo e dizia que não tardava. Depois chegou. E houve várias coisas para fazer. Quando finalmente penso que vou descansar, há sempre mais qualquer coisa.

Há bocado, depois das muitas coisas para fazer, consegui regressar à série. Adormeci de súbito. Sem apelo nem agravo. Acordei algum tempo depois. Estava cheia de frio. Fui buscar o poncho de lã verde-seco que a minha mãe fez o ano passado. Daquelas peças insubstituíveis, leves, quentes qb.

Estou de calções brancos, de algodão alinhado e havaianas. Estava calor à tarde. Na parte de cima tinha uma camisa de seda em tons de azul. É o que se vê no ecrã. E uns brinquinhos de pérola e um colarzinho também de pérolas. Por cima estou apresentável. Por baixo, podia ir para a praia -- mas para uma praia mal frequentada. 

Adormeci, portanto. Mas acordei também com os pés frios. Fui buscar umas meias curtinhas em rosa fúcsia. Nada a ver com nada. Mas agora estou quentinha. Pior é que me dói um ombro, as costas, uma anca e, se me puser de ideia apurada, sou capaz de achar mais bocado de corpo dorido. Por exemplo, acho que também me dói uma perna e um bocado da cabeça. Não sei porquê. Só pode ser de não dormir.

Estive a reler os comentários. Suculentos. Devia costurá-los e apresentá-los à plateia. Mas estou incapaz, lesionada. 

Lancei uma vista de olhos às notícias. Não as havendo, as vizinhas inventam intrigas. Entre ministros, entre marinheiros fardados. Vale tudo. 

Sobre isso não tenho nada a dizer. Só se for que, ao ver o Vice-Almirante naquela sua bela e aprumada farda branca, me lembrei do meu tenente privativo. Acho que era tenente. Ou sub-tenente? Ou seria segundo-tenente? Já não sei bem. Acho que andava à volta disso. Lindo que só visto. Barbudo e de luva branca e espada. Provavelmente por ter muita pinta, nos desfiles punham-no à frente das tropas em formatura e dar as vozes. Muita pinta. 

Mas cenas militares não eram com ele. Eu gostava que ele ficasse. Ele nem pensar. Chegou aos dois anos e, em vez de aceitar o convite para um curso nos States, deu as costas. Queriam fidelizá-lo durante oito anos. E ele nem oito meses mais, quanto mais oito anos. Tentaram convencê-lo. Eu também. Nem aí. Nunca gostou do espírito da coisa. Nada a fazer. Ainda temos as fardas, a branca e a azul escura. A marinha é outra louça. E quando o comandante, para me cumprimentar, bateu pala? Que coisa mais engraçada. Eu sem saber se deveria retribuir e a sorrir, atrapalhada, estendendo a mão. Uns rituais do caneco. Gente com muita pinta, eles e as mulheres. Conhecemos algumas. Mas, pronto, não quis, não quis. Cada um é para o que nasce. Hoje, quando penso no primo general, percebo que é mesmo para quem nasceu para elas. O meu marido não nasceu. Mas o Vice-Almirante nasceu e é daqueles que impõe respeito sem ter que levantar a voz, usar dichote ou fazer maledicência. Impõe respeito só por ser como é. Um homem do mar. Os homens do mar têm sempre aquele je ne sais quoi. Que me desculpem os de terra e de ar mas as verdades são para serem ditas. 

Conheço ex-fuzileiros e é outra coisa, outra filosofia. Penaram nos treinos e recordam isso com saudade, como se quisessem ainda voltar para lá. Não são de belas fardas, são mais de andar a rastejar na lama, de noite, a rachar de frio. Lá está, cada um é para o que nasce.

Bem, já não sei a que propósito vinha isto. Se calhar de nada, se calhar estou a dormir, a sonhar. Nem imagino o que seja ler isto. Devem estar a pensar que devo estar com os fusíveis todos queimados. E pensam bem.

Vou dormir, senão amanhã ainda estou pior.


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Fotografias pertencentes ao conjunto das vencedoras do concurso 2021 Nature Conservancy
De Fauré: Elégie in C Minor, Op. 24 na interpretação de Sheku Kanneh-Mason

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Uma bela quinta-feira.
Saúde. Boas notícias. Espírito leve.

quarta-feira, setembro 29, 2021

Paulo B. desanca a liberal UJM
(a qual subitamente saiu do armário para se revelar uma potencial candidata ao programa da Cristina)

 


Tudo muito bem, mas... "É o mercado, nada a fazer." ?! 

Será a UJM uma liberal (no sentido português do termo) no "armário"? Qualquer dia teremos uma revelação da UJM liberal no programa da Cristina? :D

Discordo. Claro que há muito a fazer. 

Especialmente quando se reclama como um socialista (ou até um social democrata!). A intervenção urbanística é uma das mais poderosas máquinas de imprimir e distribuir riqueza. O mercado imobiliário é ainda por cima dos mais ineficientes e cheios de externalidades negativas. Conjugar estas duas observações e concluir que não há nada a fazer é desistir de um qualquer programa político que promova a coesão, equidade e justiça socioeconómica.

O programa de desenvolvimento territorial de A. Costa e de Medina é, essencialmente, uma célebre ideia neoliberal - conhecida como "trickle down" - com um óbvio empurrão do orçamento camarário. Eu percebo: não havia (e não há) propriamente capacidade (financeira e política) para o necessário investimento pública em habitação e na necessária infraestrutura básica da cidade, mas daí a aclamar esta nova cidade como um modelo de desenvolvimento... acho exagerado. E apesar de tudo, os que ainda resistem na cidade, rejeitaram-no.

PS: 

Quando uma câmara municipal executa obras de requalificação profundas no espaço público isso gera renda fundiária aos proprietários envolventes. Essa renda fundiária não tem uma materialização óbvia e é difícil de tributar (nem sequer o IMI é um mecanismo eficiente...). 

Assim, um programa de grandes obras de requalificação urbana tendem a ser uma distribuição de riqueza não tributável a uma parte específica da população. 

Mais, como essas operações urbanísticas ocorrem em pontos específicos do espaço, geram dinâmicas de distribuição de valor muito diferentes espacialmente - ou seja, se se reabilitarem áreas premium tendemos a oferecer renda fundiária a quem já tem, per si, mais rendimento (sendo, portanto, uma política nada progressista!). 

Acresce que Lisboa é das cidades portuguesas onde há uma maior proporção de residentes que são arrendatários e, logo, há uma proporção significativa que não beneficia dessa distribuição de renda fundiária sofrendo ainda a pressão dos proprietários que procuram capturar mais uma parte do valor gerado com a intervenção pública através do aumento das rendas justificando-o com o valor intrínseco da localização (que aumentou, também por uma política ativa pública de promoção dessa localização).

É verdade que as soluções para isto são complexas e não dependem só da câmara municipal. Mas é verdade que se pode fazer mais. Sobretudo, é verdade que se pode fazer diferente.


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Lisboa em aguarelas de Paulo Ossião ao som da Gaivota segundo Carlos do Carmo

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E obrigada, Paulo. Como sabe, aprecio bastante os seus sempre oportunos comentários. Dão que pensar.

Claro que, na pureza das ideias, lhe dou razão. Só que as coisas não são assim tão simples. Mil interesses contraditórios se levantam e a gestão disso é daqueles equilíbrios instáveis que ao mínimo deslize se perdem. Mas quando disse 'nada a fazer' não queria dizer que nada se pode corrigir. Pode e deve. O que queria dizer é que o 'alojamento local' ao nível 'viralizado' a que chegou é um fenómeno recente, comum a inúmeros polos urbanos, um pouco por todo o lado. Perante a explosão da procura, antes que os poderes políticos conseguissem reagir com a necessária regulação, já a oferta estava a reagir. É sempre assim. Os fenómenos imprevisíveis que assentam no mercado  desenvolvem-se sempre mais rapidamente do que a reflexão social e a legislação. Mas a pandemia veio acelerar a evidência da fragilidade do que parecia ser uma galinha de ovos de ouro e agora as eleições vieram também mostrar que alguns residentes identicamente não apreciam a invasão que se verificava.

Nada do que é exagerado perdura. Apenas o que é equilibrado é aceite como natural.

Vejamos o que o Moedas tem para oferecer a esta Lisboa que já começa a refazer-se da pandemia e que, pelo clima, pela beleza e pela hospitalidade, tanta gente de fora atrai.


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Desejo-vos uma bela quarta-feira

terça-feira, setembro 28, 2021

Ascensão e queda de alguns. Ascensão e futura queda de outros.

 



Tenho a reconfessar que estas eleições não mexeram comigo. Do pouco que vi na televisão ou do que li, nomeadamente em alguns programas eleitorais, foi o que referi há dias: mais do mesmo.

No entanto, acredito que a vitalidade da democracia se mede também através da qualidade de vida nas cidades (ou vilas) e, para isso, é relevante a competência, a dedicação, o profissionalismo e a visão estratégica das equipas que conduzem os destinos autárquicos. E, talvez por isso, ouço o que dizem os candidatos e acho que deveriam ser todos (ou quase todos) rifados.

No que se refere ao Porto, não vivo dentro nem tenho acompanhado: não me pronuncio, pois. 

Mas sobre Lisboa tenho opinião. Lisboa está magnífica. Pode ter pontos de imperfeição ou pode ter coisas que não funcionam bem. Mas, no cômputo geral, está magnífica. É magnífica. 

A reviravolta no bom sentido começou antes do Medina. Vem de Sampaio, vem do Costa. Mas o Medina executou a estratégia e não desgraçou tudo. Pelo contrário, continuou a melhorar a cidade. Não falo dos bairros históricos transformados em alojamento local. Foi tendência geral, cá e em todo o lado onde o turista gosta de andar. Chama-se gentrificação e é fenómeno global. Não vale a pena armarmo-nos em beatos, querendo ver culpa no vizinho do lado, neste caso no Medina. Não. Voo barato e, portanto, muita procura tem esta implicação: aumenta a oferta. É o mercado, nada a fazer.

Para mim, o pior mesmo, o que o fez perder as eleições, foi a colagem excessiva à imagem do aparelhista bem comportado, o socialista linha soft, menino apertadinho, que vai à televisão falar em nome do PS. Mas quem fala assim, sem garra, fugindo assustado de problema, desfazendo-se em desculpas e mais desculpas mesmo do que não tem culpas, renegando o que for preciso para continuar na primeira fila, dedinho no ar, não pega. Junto do público feminino, então, não pega mesmo. Mulher não gosta de homem com espírito fraco. Ainda por cima, imagem televisiva semanal e monocordicamente gasta a desfiar comentário morno sobre tudo e sobre nada, cansa. A gente quer pensar que na autarquia está um gestor eficiente, um executivo incansável e não um principezinho bem comportado que se dedica ao comentário e ao falatório político. 

E depois tem aquilo das ciclovias. A Penélope explica tudo muito bem. Concordo. Ciclovia é, obviamente, uma boa ideia. Cidade limpa, ecológica, toda a gente gosta. Mas uma coisa é haver avenida larga, passeio largo, coisa planeada ab initio: o peão ou a bicicleta ser quase o rei ou a rainha e os carros um acessório. Isso é bom. O pior é quando o carro está por todo o lado, na estrada, no estacionamento (quando não no próprio passeio), e a estrada é reduzida ou o passeio é cortado ou cruzado por ciclovia e a gente nem saber bem se pode pôr o pé ou deixar criança andar à vontade.

E há mais: do que se comenta por aí, subsiste na Câmara o que de pior existe da velha escola dos boys socialistas, as assessorias pagas a peso de ouro que mais não fazem do que alimentar a intrigalhada partidária e a manha e a amizade ao trabalho de faz-de-conta. Ora isso já não está com nada. Isso e as mordomias que a Guida gorda gosta de ter. O eleitorado já não tem pachorra para isso. O eleitorado castiga.

Pode tudo isto não ser extraordinariamente significativo mas foi o suficiente para Medina ter perdido a Câmara. Como ele disse, por um voto se ganha, por um voto se perde.

A vitória caiu de bandeja no colo do Moedas. Uma ave-rara que promete aos lisboetas, em tempos de paz e de progresso, "sangue, suor e lágrimas", em condições normais levaria uma corrida em osso. Só um wanna be desfasado do realidade se lembrava de tal disparate. 

Dizem que foi um bom Comissário e até acredito. Mas foi também um fiel homem de mão de um inqualificável Láparo e disso eu não posso esquecer-me. Pode não ser totalmente incompetente, pode não ser gatuno, corrupto ou analfabeto. Menos mal. Mas parte do seu passado é negro e o seu presente não revela golpe de asa, visão fora da caixa ou sentido de modernidade. Tomara que consiga fazer um trabalho que não desmereça o legado dos seus antecessores na Câmara. A bem dos lisboetas e de todos quantos cá trabalham ou cá estão de visita, é bom que faça um bom trabalho e, nesse sentido, só posso desejar-lhe boa sorte.

Tirando isso, tenho pena pelo Bernardino. Não sei como foi a sua gestão mas tenho-o em boa conta. 

O mundo vai andando, umas vezes para a frente, outras para os lados, a maior parte das vezes aos tropeções. Mas ninguém suportaria que andasse para trás. E o PCP tem isso: quer ficar preso ao passado, à conversa do já era, aos ideais que já tombaram faz tempo. Pode até ser gente honrada e bem intencionada -- aliás, não tenho dúvida que o é. Mas são sectários ao porem-se do lado errado da trincheira, e errada porque a guerra já é outra. A população já não quer ouvir falar de coisas que já não lhes dizem nada. Aqueles a quem a conversa do PCP ainda diz alguma coisa já estão velhos e em minoria. O eleitorado, na sua maioria, já está noutra. Tenho pena, em especial pelo Jerónimo, o último dos moicanos, um homem digno e sério. Mas é a vida. 

As grandes lutas agora já não são as sindicais, com os sindicatos da função pública à cabeça, a luta agrária, esses temas de antigamente. As grandes lutas agora são as do ambiente, as da luta pela felicidade, pela qualidade de vida, as da demografia, as da diversidade e da inclusão. O PCP não sabe estar nessas lutas. Mesmo quando quer estar, usa um vocabulário de tempos passados. O PCP e essa abstracção chamada CDU voltaram a perder e o pior é que não sabem interpretar as derrotas. Para eles, as derrotas são sempre por culpa alheia. Aos poucos vão caminhando para o próprio fim. 

O Bloco de Esquerda também perdeu e é natural que tenha perdido. Com o viço com que apareceram há uns anos anunciando a diferença, atraíram os que estavam cansados de partidos velhos. Sol de pouca dura. Com esta direcção, Catarina & Manas Mortáguas, o BE vem revelando à saciedade que é sangue populista o que lhes corre nas veias. Num local, não sei onde, perderam um vereador e o Chega ganhou um. Um populista substituiu outro populista. É natural: populismo é populismo, vista-se de esquerda ou vista-se de direita. Não vão acabar bem.

Do CDS não vale a pena falar. Aliás, não há nada a dizer. O perfeito nulo.

Quanto ao PSD, o que tenho a dizer é que as hostes laranjas sabem mexer os cordelinhos autárquicos. Ou não fosse o burocrata Rio um homem do aparelho. Mas o aparelhismo tem perna curta e o ar de quem está permanentemente fornicado com qualquer coisa, seja lá o que for, faz com que a malta queira é vê-lo pelas costas. O ambiente fica pesado com o Rio por perto. Portanto, este balão de oxigénio é coisa que não cura o estertor, apenas o adia. 

Mas adia o tempo suficiente para que a galinha cacarejante tivesse cacarejado, uma vez mais, antes de tempo. Numa campanha de relançamento em que valeu tudo, até sair mediaticamente do armário, Rangel deixou-se embalar pelos que anteviam uma demissão de Rio na noite das autárquicas e, destravado como só ele sabe ser, atirou-se para a frente das luzes da ribalta. Correu-lhe mal. Portanto, dupla sensação de vitória para o sempre aziado Rio. 

Mas vai ser coisa efémera. 

Não sei se sobra alguém mas acho que não. Mas, mesmo que sobre, não teria mais nada a dizer.

Faz falta sangue novo, um olhar novo, um pensamento novo. Enquanto isso não aparecer, isto das autárquicas é uma grande seca.

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Volto para responder ao comentário sobre o Santana Lopes. Não sei bem que diga. Vida mais errática não há. O que ele já fez e desfez, a forma como se lança e depois se cansa, tornam-no não apenas imprevisível como pouco confiável. Há funções para as quais a determinação e persistência são fundamentais e a de presidente de uma câmara (ou de um governo) é uma delas. Ora, determinação e persistência são coisas que a ele não lhe assistem lá muito. Dá ideia que se move pela adrenalina, pelo prazer da novidade. 

Contudo, apesar de toda a aleatoriedade no seu percurso, ao chegar aos sessenta e cinco e continuar a ser assim, abalançando-se para estas coisas, voltando a percorrer uma etapa que já tinha ficado lá para trás no percurso da sua vida, há que lhe reconhecer algum mérito. Mostra que é sobretudo um personagem literário de que um dia alguém fará um filme. É um romântico. Deve ser respeitado enquanto tal. Um dos últimos românticos.

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Para ver se conseguia amenizar a aridez do texto, usei fotografias de Niki Colemont
e trouxe Birdy com Evergreen para nos fazer companhia

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Desejo-vos uma boa terça-feira.

Boa sorte. Saúde. Confiança.

segunda-feira, setembro 27, 2021

Autárquicas 2021: muito renhidas. Mas, no final, ganharam todos.

 

Depois do momento religioso e do momento de aconselhamento conjugal, já não sei com que mais encher o chouriço da espera pelos resultados finais. Por isso, venho só aqui para dizer que façam lá o favor de me desculpar mas vou dormir sem me pronunciar.

Falta saber Lisboa. E creio que também, já agora, Setúbal. Os resultados devem estar enguiçados pois nunca mais é sábado. Mas, de tudo o que se sabe, que é quase tudo, todos perderam um niquinho de coisa nenhuma mas ganharam muito mais em todo o lado. Como sempre, todos ganharam. Ainda bem.

TAgora uma coisa devo dizer. Toda a gente apareceu tranquila com excepção para o maluco do Rio que anda sempre fornicado, vá lá a gente saber porquê. É um enjoado e um mal disposto. Mas, apesar disso, podia disfarçar e mostrar-se contido e decente. Mas não. Está sempre furioso. Vá lá a gente saber porquê. 

Enquanto escrevo, vejo sinais de festa na sede do Moedas com a Madame Cristas da Coxa Grossa mais o seu devoto marido a andarem a espalhar sorrisos pelo pedaço. Mas de oficial não sei de nada. Provavelmente ganhou. Mas, seja o que for, dá no mesmo. Apertadinho por apertadinho, venha o diabo e escolha. O que posso dizer é que, se o Medina perdeu, perdeu bem, fez por isso. Se ganhar, é sorte.

Quanto às conclusões nacionais não as retiro. O voto autárquico tem pouco a ver com o legislativo. 

Quanto aos líderes dos partidos só posso dizer que o único que se aproveita continua a ser o Costa. De longe, muito longe. É um líder para todas as ocasiões. 

A seguir, pela dignidade, o Jerónimo. Mas o Jerónimo anda num filme que já não tem nada a ver com nada. 

Quem leva o troféu do pior líder é o Rio. Um totó. Insuportável. Totó e chato, uma mistura do mais desagradável que há.

O Ventura é uma nódoa mas engana bem os incautos. Portanto, é um perigo. Levaria o troféu do líder mais perigoso se eu estivesse para dar troféus a nódoas. Não estou. Era o que faltava.

O troféu para o líder mais populista vai para a Catarina Martins. Em qualquer situação, pula-lhe o pezinho para o populismo.

O troféu para o mais irrelevante vai para o Chicão. Um zero. Aproveitam-se os olhinhos azuis que são bonitos e os poucos apoios que obtém vêm certamente daí. Só pode.

E agora vou dormir que daqui a nada tenho que estar a pé. Devia escolher umas imagens e uma música para acompanhar isto mas o quê? Só se for a Rosinha mas a esta hora já não tenho saco para as pirolitices da Rosinha.

domingo, setembro 26, 2021

Medina ou Moedas: afinal quem ganha?
E o mapa de Portugal: de que cor vai ficar?
[Enquanto não se sabe, depois das orações os rituais de acasalamento]

 

É sabido: 

  • Quando as fêmeas estão prontas para o truca-truca sobem às árvores. É uma opção algo questionável mas, ainda assim, se o casal aprecia e se a estratégia funciona, nada a dizer.
  • Quando os machos estão in the mood for love esfregam o rabo em tudo o que podem. Parece que estão numa de twerk mas, vendo bem, acho que não é exactamente isso. Dir-se-ia uma maluqueira sem explicação mas, dizem os especialistas, a explicação parece encaixar na cabeça lá deles. Já se sabe que os machos têm uma mão cheia de neurónios a menos que as fêmeas. Parece que a ideia é que as coisas passem a cheirar a cu. E isso, pensam eles, marcará o território. Cenas maradas.

Mas não sei. Não sou especialista nestas coisas. Contudo, como há quem diga, factos são factos. 

É certo que não é verdade que factos sejam sempre factos pois há factos com rabo de fora, há factos que vistos com óculos mudam de figura e há factos que só são factos porque há quem escamoteie o que os desmentiria. 

Mas, philosophias à parte -- que o momento é dado a coisas mais básicas --, o que há a dizer é que ainda não se sabe se o apertadinho e sonsinho Medina se aguenta à bronca ou se vai ter que dar o lugar a outro apertadinho, mais concretamente ao apertadinho Moedas que, em má hora, andou, não propriamente a dar ao rabo mas, sim, a lamber o rabo ao láparo. 

E, assim sendo, uma vez que admito que estão impacientes e sem vontade de ouvir os televisivos comentadeiros e já devem ter apreciado uma canonização muito especial levada a cabo pelo bando de Irmãzinhas da Caridade da Santa e Perene Indulgência, aqui vos deixo com as imagens de um extraordinário momento de intimidade.

Caso não sejam bem sucedidos na vossa vida sexual bem podem pôr os olhos neste casal: é fazerem o mesmo que eles que, pelos vistos, resulta.

Panda 'twerks' around pen to prepare for rare mating event at Adelaide zoo



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Da declaração de Jerónimo de Sousa tenho a referir que a senhora que víamos à direita (esquerda dele) parecia uma dona de casa que se prestou a estar ali com ar de Mona Lisa. A outra, mais jovem, estava siderada. Qualquer delas tinha ar de ser figurante mas o casting não correu bem. Pelo menos a mim distraíram-me, mal consegui ouvir o que ele disse.

Enquanto não se sabem ao certo os resultados das Autárquicas, um momento religioso para que os devotos se possam consolar

 

Memória da canonização de Derek Jarman pelas Irmãs da Perpétua Indulgência. Pode não parecer mas, acreditem (ie, tenham fé), esta evocação não é rica apenas em simbolismo, ela é, em si, um momento alto

Ou, como se diz hoje em dia, um momento inspiracional.

Oremos, irmãos e irmãs.


E até já.

Foto-reportagem: um cachorrinho em família

 

A noite do bebé foi boa. Ficou tranquilamente na sua casota. O colchão é ligeiramente almofadado e de um tecido macio e quentinho que parece de flanela. Mesmo assim receei que tivesse frio e pus uma toalha turca. Acho que ficou aconchegadinho. E o lugar em que ficou é abrigado. Mas as noites estão frias. A minha mãe diz que vai fazer-lhe uma mantinha de lã.

De manhã ainda dormia. Depois andou atrás do meu marido pelo jardim, como se o conhecesse desde sempre. Tal como acontecia com a nossa cadelinha boxer, também este parece que vai estabelecer uma relação com o meu marido diferente da que estabelece comigo. Com ele, segue-o e já obedece à chamada. Comigo, dá freneticamente ao rabinho, salta e dá latidos de desafio, quer brincadeira.

Não temos daquelas caixas em que acho que se transportam os animais no carro.

Com a nossa boxer não havia cá coisas. Geralmente ia no banco de trás, entre os 'manos', na mariquice ou na brincadeira com eles. Quando vínhamos do campo, como comia de tudo o que apanhava, incluindo erva, dava puns horríveis. Tínhamos que vir de janela aberta. Toda a gente se zangava, lhe dizia que pusesse uma rolha, e acabava por ser uma risota. Quando ia só connosco, abríamos a cobertura do porta bagagens e ia lá atrás. Era carrinha e, portanto, ia ali à larga. 

Tenho ideia que isso agora já não é permitido. Como este ainda é bebé, não dá para lhe pôr aquela coisa que vi na loja para prender ao cinto de segurança. Por isso, para ir ao veterinário, voltámos a pô-lo no caixote de cartão, no banco de trás. Mas não gosta.

Quando fomos buscar a minha mãe, punha-se de pé virado para mim. Vou também no banco de trás para verificar que vai bem. Com as curvas, lombas ou abrandamentos, caía. Um desassossego. O meu marido disse que era melhor levá-lo ao colo. Foi o que ele e eu quisémos ouvir. Aconchegou-se e adormeceu. Um tufinho de pelo quentinho ao meu colo.

Claro que, ao fim do dia, tenho forçosamente que tomar banho e pôr toda a roupa para lavar. Com um raposinho mal cheiroso ao meu colo, não posso correr o risco de ir para a cama a cheirar a cão.

De manhã, quando saímos do veterinário, vinha o meu filho e família a chegarem a casa. O veterinário é na rua dele. Entrámos para o jardim, por breves minutos pois estávamos com pressa para ir ao supermercado, almoçar e ir buscar a minha mãe. E, às tantas, a minha nora lembrou-se de rebolá-lo num arbusto de alecrim. Uma bolinha peluda, a ser rebolada e perfumada .A verdade é que ficou bem menos mal cheiroso.

E, escuso de dizer, esta tarde estivemos todos juntos a 'curtir' a coisa mais fofa. 

Tendo vir a dormir profundamente para cá e para lá, quando se viu no jardim rodeado por pernas e mãos, brincadeiras, colinhos, festinhas e carinhos espertou e parecia ele que já conhecia toda a gente desde que tinha nascido. Há menos de vinte e quatro horas estava no monte, no meio de outros cães e de ovelhas. E agora aqui está, entre crianças e adultos, ao colo, a receber presentes e mimo. E sociável, saltitão, brincalhão, feliz da vida.

Não está toda a gente nas fotografias que aqui partilho mas, já agora, informo que numa das fotografias sou eu que ali estou. Noutra está a minha mãe. Estão os meus filhos, a minha nora, estão as pernas ou braços de alguns dos meninos. Tirei umas muito engraçadas com ele enleado nas pernas do meu marido. Mas mexia-se tanto que ficaram todas muito desfocadas. Aliás, parte das fotos padeceu desse mal pois ele mexe-se muito rapidamente e, como é escuro, torna-se mais difícil de focar quando está em grande movimento.

Mas, mais ou menos focado, aqui está o nosso novo familiar no primeiro dia passado integralmente connosco.

Lots of love.



























E agora vou já, já, dormir. Estou que não me aguento. 
E este domingo tenho que votar e a ver se vou cedo.

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E tenham, meus caros, um belo domingo
E votem bem. Ficar em casa é que não, ok?

sábado, setembro 25, 2021

Serra de Aires, 2 meses, lindo e fofo que só visto

 

Já o conhecem, pois. Não resisti a mostrá-lo mal liguei o computador.

Tínhamos resolvido que queríamos adoptar. Mas, já numa tentativa anterior, tínhamos tido uma má experiência. Pensámos que uma vez não são vezes e reincidimos.

Agora, num dos casos, a minha filha viu uma ninhada de fofuras. Informou-se e já estávamos para lá ir quando, no meio da conversa, a gerente lá daquilo perguntou se não era para ela. Quando disse que era para os pais, veio de lá a resposta que, nesse caso, não podia ser. Cachorros só para gente sem o fim à vista. Quando ela, indignada, me contou fiz contas de cabeça: a criatura estava a decretar-me um remanescente de esperança de vida inferior à do cão....? Pensei que a dita criatura não deve conhecer as estatísticas relativas à esperança de vida. Mas mesmo que não estivesse a decretar-me uma morte prematura, estava, no mínimo, a decretar a minha incapacidade para tomar conta de um cão daqui por meia dúzia de anos. Fiz às contas à idade da minha mãe. Vai a caminho dos oitenta e nove, anda na ginástica, na universidade sénior, faz caminhada, trata da casa e está fresca e pronta para tratar de meia dúzia de cães.

Mandámos bugiar a matrafona do canil (que é daqueles canis com página de facebook e muito apoio e muita divulgação) e virámo-nos para um muito conhecido, muito amplo, com muito boas condições e largas centenas de cães para adoção.

Consultei numa noite e vi um Serra de Aires que me encantou. Quando, no dia seguinte, fui confirmar e marcar uma visita, já lá não o vi no site. Tentei perceber o que se tinha passado mas não me explicaram. Vi um outro, rafeiro, com meia dúzia de meses, que me pareceu vivo e bonito. Quando lá chegámos, disseram que estava reservado e que iam umas pessoas vê-lo nesse dia. Vimos, então, uma outra, já com mais de um ano, mas doce e linda. Veio ter connosco, dócil. Gostámos muito dela. De notar que nem a gerente nem a funcionária que começou por nos acompanhar mostrou qualquer interesse em que adoptássemos um cão. Ou não nos ligavam nenhuma e nós que andássemos por ali, sozinhos, no meio de dezenas de cães à solta, ou respindiam laconica e algo displicentemente. De cada vez que pedíamos informação, respondiam de forma desinteressada. O meu marido, numa de ir conversando enquanto andávamos, perguntou se havia muita gente a querer adoptar. A gerente respondeu secamente que ela é que não dava os cães a qualquer pessoa. Uma resposta algo intrigante. O meu marido explicou que queríamos um cão minimamente de guarda, que desse alerta caso algum intruso entrasse no terreno mas que, ao mesmo tempo, fosse meigo e cuidadoso com as crianças. A gerente disse que aquela de que tínhamos gostado não era nem um pouco de guarda, que se entrasse um ladrão, ela iria acompanhá-lo só para receber festas.

Face a isso, dissemos que íamos pensar, que a reservassem e que, no dia seguinte, também veríamos se o outro cachorro sempre tinha sido adoptado; e resolveríamos.

No dia seguinte, enviei mail a saber do cachorro.

Não responderam e, em contrapartida, disseram que déssemos o contacto para que viessem cá inspeccionar a casa. Outra vez. Essa tinha sido a razão pela qual há uns meses tínhamos desistido. Achei aquilo um abuso. Falei com o meu marido que disse para eu dizer que em casa não entravam. Como estava mesmo resolvida a adoptar um cão, fui cuidadosa na resposta. Disse que, por causa da pandemia, não recebíamos estranhos à família dentro de casa mas que poderiam ver por fora e ver o jardim já que o cão iria ficar numa casota no jardim. E voltei a perguntar se o outro cachorro sempre tinha sido adoptado.

De volta recebi um mail espantoso: diziam que não dariam o cachorro se era para ficar numa casota na rua, exigiriam que ficasse dentro de casa, e se um cão poderia ficar dentro, não achavam bem que a cadela ficasse na rua. E que, por isso, para evitar perder tempo, cancelavam o processo de adopção.

Fiquei vesga a olhar para aquilo. Vesga e de olhos em bico, sem conseguir alcançar a lógica do que estava a passar-se. Encaminhei o mail para o meu marido. Respondeu: 'manda-as à m...', com todas as letras.

E os meus filhos e a minha mãe disseram o mesmo (por outras palavras). Gente doida. Com centenas de cães supostamente por adoptar e depois impedem a adopção.

A minha filha falou com uma cunhada que é veterinária que lhe disse que a malta destas associações é gente passada, que é para esquecer. E que o melhor seria os canis municipais. 

Virámo-nos para aí. Mas a maior parte dos cães já têm alguma idade e, com crianças pequenas que, na brincadeira, volta e meia andam engalfinhadas, receamos que os cães interpretem mal e se assanhem e os magoem.

Então, virámo-nos para o olx. O meu filho viu um pointer muito bonito mas puxou para o lado dos boxers. Já os conhecemos, sabemos que é gente boa. O meu marido na dúvida. Mas eu não queria pensar em ter um cão igual à minha cãzinha linda. Iria fazer-me impressão. Parecer-me-ia uma reencarnação. E o pointer parece ser meigo, inteligente, leal, territorial. Focámo-nos, pois, no pointer e marcámos uma ida até ao criador.

Mas, então, o meu marido foi ler melhor as características: enérgico, precisa de muito exercício, de desafios, que não lhe bastaria brincar no jardim, quereria ter missões, correr muito, corresponder aos reptos. E que, se não tivesse isso, poderia provocar desmandos e ser algo destruidor. E seria um cão muito grande. Então ele pensou que, na volta, estaríamos a meter-nos em trabalhos. Desistimos do pointer.

Então, fui eu para o olx. E eis senão quando dou com um cachorrinho Serra de Aires. Voltei a sentir aquela coisa. Há também coup de foudre com animais. Pelo menos comigo há. Enviei mensagem. Passado um bocado, do Alentejo alto e profundo, recebi uma chamada. Por entre o som de badalos, o senhor elucidou-me. Quando o meu marido chegou, falou com ele. Fez perguntas. E combinou que esta sexta-feira, ao fim da tarde, lá estaríamos. Ele avisou que, quando anda com os rebanhos, em muitos sítios não tem rede mas que a gente esperasse ou fosse tentando.

De notar que eu, como premissa, tinha só uma. Ou melhor: duas. Não queria boxer e não queria cães com pêlo.

Acontece-me isto às vezes: parto de um pressuposto, tudo menos isto. No entanto, não sei como, dou voltas e voltas e vou acabar rompendo o que era o único pressuposto. Cão mais cabeludo que o Serra de Aires não pode haver. 

E, então, lá fomos. Quando vimos o cachorrinho imediatamente, por instinto, peguei nele ao colo. O meu marido é que é entendido em cães mas nem teve hipótese pois nem pensei nem por um segundo, agarrei-me logo a ele. O meu marido viu aquele amor súbito e converteu-se. Além do mais, também achou que o cão é lindo. Entretanto, tinha lido as características e tinha concluído que assentava como uma luva nas características pretendidas.

Para o trazermos, o meu marido arranjou uma caixa de cartão que tínhamos na garagem e, pelo caminho, comprámos um colchãozinho. Foi assim que veio.

Entretanto, pedimos ao meu filho que fizesse o favor de lhe ir comprar uma casota. Temos a casa do cão, de cimento, mas fica mais longe e é muito grande. Além do mais não é espaço vedado e ele ainda é muito pequeno. E, de noite, algum bicho poderia fazer-lhe mal. Esta casota é mais pequena e fica no terraço, debaixo do toldo da cozinha, num pequeno recinto fechado.

Quando viemos do Alentejo, fomos buscar a casota e o meu marido já a montou.

Cão de campo e de rebanho não é cão amaricado, que chora se está sozinho. Este, coisa mais fofa, quando apagámos a luz, ficou a dormir sossegadinho. Antes comeu um bocadinho de ração, bebeu água, brincou, deu ao rabinho, esteve ao meu colo.

Este sábado a ver se vamos ao veterinário: não tem vacinas nem está desparasitado nem nada. É bebé, bebé. Supostamente é um puro mas não interessa. Interessa é que é uma doçura e que os miúdos vão adorar.

Pelo caminho íamos falando em nomes. O meu marido dizia Beat (de beatle, pelo cabelo e pela franja). Gostei mas achei que deveria ser o nome do cão da princesa Margaret das histórias que invento pois seria a materialização de um velho conhecido. O meu marido achou bem. Os meninos também. E acho que ele, o bebé mais fofo, também. Chamo-o e ele olha e dá ao rabinho. Coisa mais, mais fofa.

Amanhã já vou ter, com certeza, mais fotografias. Hoje ainda não tenho.

E agora vou dormir. São duas da manhã e o dia foi para lá de puxado. E este sábado o programa vai ser animado. Tenho que descansar. 

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Tenham, por favor, um belo sábado

E eis que ele saiu das minhas histórias e veio para o meio de nós

 

A coisa mais fofa, mais linda, mais brincalhona e mais doce. Dois meses cheios de graça. 

E já conto como aconteceu. Mas, para já, aqui está para que conheçam o mais recente membro da minha família.


sexta-feira, setembro 24, 2021

Brocado

 


Dia muito complicado. Reuniões, situações complexas, dúvidas sobre a melhor forma de atacar os problemas. Por vezes, não as meço e ouço-me a cortar a direito. E depois, quando acabo, o silêncio. A seguir, alguns segundos depois, o apoio. Mas conheço-o bem. Aprecia o meu estilo mas, quando assiste em directo, fica sem saber como me acompanhar. Se a coisa dá para o torto, atiro para não falhar. Ele não. Se a coisa dá para o torto ele mostra desconforto e espera que isso seja suficiente. Não é. Não é o desconforto que move montanhas. Penso, por vezes, que teria sido prudente da minha parte, em vez de saltar em cima a pés juntos, mostrar enfado, ar incomodado. Mas depois penso: o que tenho a perder? E sei a resposta: nada. Portanto, para quê dar-me ao trabalho de ser quem não sou?

Às tantas, no meio da conversa, alguém disse a propósito de uma empresa accionista de uma outra empresa: quando a empresa ainda era nossa... (e continuou a frase justificando uma série de disparates). Ouvi, perplexa, o que parecia ser um raciocínio escorreito mas em que, na verdade, não se aproveitava uma. Não disse nada pois estava em público e porque a única coisa a dizer seria: Seu grande burro. Primeiro a empresa não era nossa, muito menos sua, a empresa era dos accionistas e que eu saiba você não o é. Segundo, mesmo que fosse 'nossa' lato sensu, jamais o que você diz que se fazia era justificável. E mais vale não me dizer mais nada para eu continuar na inorância. É mais seguro para si que eu não saiba de nada. Seu grande burro.

Mas, estando em público, nada disse. Fiquei, isso sim, siderada. E a pensar que aquele sujeito é um perigo. A ignorância, quando é arrojada e destemida, é um verdadeiro perigo. 

Não sei como se sai cem por cento funcional depois de lidar com gente assim. 

A meio da manhã, um mail. Alguém pedia que eu desse uma ordem pois um não queria dar os elementos que lhe estavam a ser solicitados. Enviei o mail. Seco. Ordem dada. Passado dois minutos, um telefonema. Um outro, melindrado com a minha ordem, justificando-se de coisas de que ninguém o acusou. Nestas coisas, fico calada. Ouço. Do outro lado, desdobram-se em argumentos. Como não digo nem ai nem ui, tentam ser mais explícitos. Falam, falam. Ou seja, enterram-se, enterram-se. Quando, no fim, falo é para rematar à baliza e dar a brincadeira por acabada. Mas, às tantas, estou saturada.

Volto a pensar no que a minha menininha perguntou: 'exactamente o que é que tu fazes?'. Isto. O dia todo nisto. Reuniões, telefonemas, chatices, relatórios, reuniões, telefonemas, chatices, reuniões... Todo o santo dia nisto. Não há pachorra.

Foi só já muito ao fim do dia, quase de noite, quando finalmente tínhamos feito a rápida caminhada, que consegui regar as flores da parte de trás. Liguei à minha mãe já perto das nove da noite.

O dia passa assim, veloz, sem eu dar por ele. Não há tempo para pegar num livro ou para me sentar a apanhar os últimos raios de sol.

A nível mais pessoal, dia também de muitas dúvidas, de retrocessos. Depois, dia de fuga para a frente. Intuição com ela. Mas até ao lavar dos cestos é vindima. Portanto, nada garante que amanhã não haja nova reviravolta. 

Processo mais complicado este...

Tirando isso: a colcha que trouxe no outro dia fica lindamente na minha cama. Lembrei-me do nome do tecido. Brocado. 

Brocado é um tipo de tecido ricamente decorado, feito em seda colorida e com relevos bordados geralmente a ouro ou prata.

Não posso ir agora fotografar a colcha pois o meu marido já dorme. Mas vou retirar da internet fotografias de diferentes padrões de brocado. Não sei se ainda há brocado à venda. Esta colcha que eu trouxe do campo e que, antes, estava na arca, é muito bonita e fica muito bem na minha cama. Acho que é uma preciosidade. Olho-a ou toco-a e fico encantada.

Também trouxe uma coberta de um algodão espesso, dir-se-ia que prensado. Pensei colocar em cima de um destes sofás. Mas os sofás são grandes e a colcha deve ser de camas de corpo e meio. Como são duas cobertas iguais (uma ficou no campo), penso que talvez fosse das duas irmãs quando eram jovens. Gosto de pensar que as suas peças tão estimadas e tão bem guardadas estão a ser respeitadas, usadas com dignidade. 

E a colcha de brocado, então, está nova. Não sei como mas está. O que os humanos almejam -- vida longa e eterna juventude -- tem-no o brocado. Brocade, brocart. A sempre jovem beleza.


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Uma vez mais é Sheku Kanneh-Mason que nos acompanha com Song Of The Birds

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Desejo-vos uma happy friday.
Juízo. Calma. Ponderação. Coragem.

quinta-feira, setembro 23, 2021

Na maior impunidade

 


Hoje é que é mesmo zero. De manhã até ao fim do dia em reunião. Sobra pouco mais do que uma empty head -- e digo em inglês para ver se soa um pouco melhor. 

Tínhamos combinado que eu não deveria estar despachada antes das seis mas que, logo que ele chegasse, poderíamos sair. Mas qual quê. A ver o tempo a passar e a coisa a dar para mais. Uma impaciência. Avisei que teria um limite. Mas como ele também não chegava, pensei que, na volta, o tema se extinguiria a tempo.

Mas ele chegou perto das sete e ainda eu estava no meio. 

Então comecei a acelerar, já deserta de que tudo se resolvesse a tempo para não ter que sair à papo-seco. Foi à tangente. Melhor: mais do que à tangente. Quiçá uma secante. 

Saímos às sete e picos. Voltámos a uma secção a que não íamos faz tempo.

Sorry por isto estar encriptado. Não é que seja supersticiosa mas não vou contar para não atrair.

Ultimamente, tudo o que damos como certo sai ao lado. Mesmo o que estava dado como garantido, furou. Por isso, agora bato a bola baixo.

Já sabem que, quando estou dentro delas, quando elas são de monta, eu fico de bico calado. Não gosto de falar da história quando não sei como é que ela acaba. Mas, logo que eu saiba como vai ser, eu conto. Conto e tenho muito que contar. Que contar e que dar pontapé e virar a mesa. Ai não que não.

Mas, então, lá fomos à secção a que há muito não íamos. 

Pelo caminho, para cá e para lá, fui fazendo os meus telefonemas. Pelo meio, algumas dúvidas. Receio de má decisão. Consultamos site e cada um diz a sua. Conhecimento feito na base do google é conhecimento da treta. Mas é o que há e vamos tentando fazer a bissectriz. E fiar-nos no que parece mais reliable. Hoje está a dar-me para os anglicanismos. 

E, sem jantar feito, encomendámos piza. Metade de presunto, metade de salmão. Passámos por lá a apanhar. No cu de judas. Fomos pela mão do gps: na rotunda sai na segunda saída, a quatrocentos metros vira à direita, na rotunda sai pela primeira, logo à esquerda, a duzentos metros vira novamente à esquerda. Não faço ideia de por onde andámos. Era de noite, íamos na conversa e, em piloto automático, obedecendo. Lá demos com a pizaria. Na volta, cheirava bem no carro que só visto. E nós cheios de fome.

Depois do jantar havia um mail. A Lurdes escreveu. Era ela mesmo que, no outro dia, aqui comentou. Mail bom, daquelas cartas longas que gosto de receber. Quando as recebia na caixa de correio avaliava pela grossura do envelope se tinha muitas folhas. E, quando abria, mais contente ficava se viessem escritas na frente e no verso. A Lurdes é parecida comigo, acho eu. Talvez leve as coisas mais a sério que eu. Mas parecida não significa igual. Tive vontade de responder de seguida. Respondi.

Depois era para ter vindo logo para o blog mas, sem aviso prévio, adormeci. Agora acordei. Doeu-me um pouco o alto da cabeça. Ao passar a mão por ela, senti um alto, dorido. Presumo que esteja até um pouco ferido. Lembrei-me que, de manhã, ao ir apanhar uma coisa debaixo da romãzeira, bati com toda a força com a cabeça num ramo tombado pelo peso das romãs. Ainda não estão outonais, graúdas e rubras. Ainda estão em crescimento e verdes. A ver se desta vez não são comidas, não sei se pelos pássaros se pelos ratos. No outro dia, disse à minha mãe que se calhar tinham sido os ratos que trepavam aos ramos e comiam os bagos das romãs. A minha mãe olhou para mim como se eu não fosse boa da cabeça, como se fosse impossível que os ratos andassem sobre aqueles ramos finos e vergados. Não sei quem foi. O que sei é que elas apareciam forjadamente boas mas ocas, devoradas.

Sei também que fomos à horta para apanharmos ameixas e já não conseguimos trazer uma única. As duas que sobravam caíram ao chão, desfeitas, mal o ramo estremeceu. É uma dificuldade. Primeiro estão pouco doces, depois, mal começam a adoçar-se, os pássaros começam a comê-las e, mal estão doces de verdade, caem, amolecidas e tocadas, impróprias. O chão está pejado delas, desfeitas em sumo espesso. Há um cheiro doce no ar. É como, in heaven, o chão pejado de figos, um odor quente e húmido no ar. 

Penso muitas vezes que um dia que tenha tempo hei-de fazer compotas. Mas as compotas são feitas com açúcar e o açúcar não faz bem nenhum. Por isso, vou fazer coisas que depois ninguém quer comer porque engordam e porque fazem mal? Acho que não. Haverá compotas sem açúcar (e sem adoçantes)? Tenho que investigar.

Ah, é verdade. Mais uma novidade. Finalmente estou a ver se me adapto aos óculos. Não sei se já contei. Desisti dos progressivos. Perguntei à técnica porque é que não me adaptava. Disse-me que o feitio da lente não era recomendado para os progressivos. No exame fiquei também a saber que tenho um pouco de astigmatismo. Não sei como foi que isto apareceu. Deve ser mesmo da pdi. Sempre tive foi um bocado de miopia. Não era muita mas habituei-me a usar óculos para conduzir. No cinema também me sentia mais confortável com eles. Ultimamente juntou-se a vista cansada. Pensava que era só isso, coisa de velha. Afinal, diz-me a jovem oftalmologista: tem aqui um pouco de astigmatismo. Tão espantada fiquei que não perguntei se uma coisa tinha substituída a outra ou se agora se juntaram as três à esquina a tocar a concertina: miopia, vista cansada e astigmatismo. Whatever.

Optei por óculos por ver ao perto, simples. Mas, com eles, só vejo alguma coisa se for mesmo ao perto. Basta que a coisa esteja um pouco afastada para já ser uma baralhada. Mas como são de lente baixa, posso ensaiar ver por cima, coisa mesmo à anciã. Mas a isso ainda não cheguei até porque não os coloco na ponta do nariz. O que faço é, se tenho que ver mais ao longe, tiro-os. Resumindo: quase nunca os uso. Mas hoje a reunião foi daquelas em que estava a ser partilhada uma apresentação cheia de número miúdo Falava-se de milhões mas, para disfarçar, os numerozinhos eram bons para coca-bichinhos. Tive que os usar. E, caramba, fiquei surpreendida com a cara de toda a gente. Caras nítidas que só visto.

A vista é cheia de surpresas. A gente pensa que sabe e que vê e, afinal, basta uma pequena lâmina de vidro para a gente perceber que andou a ver tudo diferente do que é. E, se calhar, se um dia experimentar outra coisa qualquer, vou ver tudo virado do avesso. Nunca se sabe ao que se anda, essa é que é essa.

E, tirando isso, nada. Aliás, confirma-se o que avisei no início: hoje isto é mesmo zero. Escrevo por escrever, na maior impunidade.

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As imagens são recriações de pinturas em cenas protagonizadas por celebridades e a autoria da proeza é do instagramer Kyès

Sheku Kanneh-Mason, Isata Kanneh-Mason interpretam In the Bleak Midwinter de Holst

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Quando fui à procura de música para estar aqui a ouvir, o meu amigo algoritmo apareceu-me com coisa alusiva a Clarice Lispector. Por enquanto não fala, ele, o algoritmo, só vem de mansinho oferecer-me vídeos. Lá chegará o dia em que uma caixa de bombons belgas se materializa aqui nas minhas mãos enquanto a sugestão me é sussurrada aos ouvidos. Acho que já faltou mais.

Enquanto não, vai agindo assim, também na maior impunidade. Desta vez, todo prosa, trouxe-me este aqui abaixo. Partilho convosco. Quando receber bombons belgas também vos farei chegar alguns.

"Não se lê Clarice IMPUNEMENTE"


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Desejo-vos uma boa quinta.
Bora lá curti-la a valer, ok?

quarta-feira, setembro 22, 2021

Autárquicas 2021 -- é impressão minha ou é tudo mais do mesmo?

 



Há vários dias que praticamente não vejo televisão. Cansa-me a televisão. Quando não estou nas minhas lides profissionais ou nas minhas coisas de casa ou de família, e antes de vir aqui cumprir o vício do dia, vejo Homeland (a extraordinária série que em português dá pelo nome de Segurança Nacional). De cada vez que abro a netflix aparece-me anúncio de outras séries e várias delas me parecem tentadoras. Como o tempo escasseia, cinjo-me à Carrie e ao Quinn e ao Saul e ao Brodie e a todos aqueles fantásticos personagens que me trazem presa à intriga internacional e ao jogo mais do que duplo e tantas vezes sujo da espionagem e da contra-espionagem. 

E, se aqui à noite espreito as notícias nos onlines, nada me convoca. Cá pelo burgo tudo gira em torno das autárquicas. Em termos de notícia, é tudo coisa de interesse nulo. Identicamente, de cada vez que vejo um cartaz ou um folheto, tendo a achar que é quase tudo de uma tremenda falta de imaginação. 

No outro dia, quando andávamos a caminhar, vimos dois homens a andar junto às vedações das moradias. Achei aquilo intrigante. Tinham bom ar, é um facto. Não era gente de que se suspeitasse que andasse a ver se dava para assaltar alguma casa. Nada disso. Reparei que tinham qualquer coisa na mão. Pensei que, quando nos cruzássemos, nos dissessem qualquer coisa ou dessem um papel. Isto se andassem a distribuir papéis. Poderiam ser Testemunhas de Jeová, que andam sempre aos pares. Mas os das Testemunhas têm um ar menos urbano e andam todos mais arranjadinhos. Estes tinham um ar desempoeirado. Bom ar, já o disse. O meu marido disse que deviam ser de alguma imobiliária. Cruzámo-nos com eles sem lhes darmos atenção e eles também não nos deram. Nem atenção nem qualquer papel.

Mais à frente, noutra rua, junto a uma outra moradia, vimos uma mulher muito vistosa, ampla melena platinada. Foi deixar um papel na caixa de correio. O meu marido disse: ''Vês? Não te disse? Acho que esta é da remax'. Não fiquei convencida que os outros também andassem ao mesmo.

Hoje fui ver a caixa de correio e, para além das cartas, tinha vários papéis. Remexi os papéis para ver o que ali havia. De agências imobiliárias, de empresas de obras e reparações e, vários, de partidos. E, de repente, ao ver as fotografias de um dos papéis, juraria que eram os dois que tínhamos visto. Pelos vistos andam por aí, pelas casas, a distribuir folhetos. 

Dei-me ao trabalho de ler alguns: uma ou outra ideia vagamente interessante mas, em geral, mais do mesmo. 

(As ideias que eu teria para o meu município... Caraças, as ideias que eu teria.)

Esta gente é muito virada para o passado: 'o que nós fizemos', a 'obra feita'. Ou, se é para a frente, nada mais é do que replicar a dita 'obra feita'. Mais do mesmo. Não há um golpe de asa, não há uma disrupção para partir para outra. Não há uma verdadeira visão de cidadania, de conhecimento, de partilha, de modernidade. Ora, sem modernidade não há futuro que valha a pena.

Não vejo escolas abertas para gente de todas as idades, espaços de arte e de investigação, bibliotecas e museus abertos e livres, creches e residências seniores abertas, voluntariado a sério, mobilização dos cidadãos para o arranjo e limpeza das casas e das ruas e dos jardins, a natureza dentro dos espaços urbanos -- mas com uma visão moderna, a começar na arquitectura de todos os espaços (que é determinante para abrir mentalidades). Não vejo propostas arrojadas, daquelas que nos deixam de boca aberta, daquelas que nos fazem ficar a pensar. Não vejo.

A cidadania constrói-se caminhando nos caminhos da democracia. Mas constrói-se sem peias, sem ditames, sem preconceitos, sem amarras a feudos ou preceitos partidários, sem a disciplina das casas burocráticas em que nas concelhias ou nas distritais se cozinham os tachos, os favores, os amiguismos.

Estive a pesquisar na net alguns programas partidários de autarquias que não a capital: tretas. Só de olhar para as caras de parte das listas, logo se vê que é gente arregimentada nos partidos não por terem uma visão de futuro para as autarquias mas por serem disciplinados e acéfalos. Não vamos longe assim.

Não vou referir nem autarquias nem listas (até porque numa delas concorre um meu sobrinho) mas direi que, salvo uma ou outra honrosa excepção, é tudo o nosso portugalzinho a marcar passo. 

Não nego que o país está mil vezes melhor agora do que estava há vinte anos. Mas o que digo é que, salvo algumas modificações verdadeiramente diferenciadoras (do que conheço, grande parte delas em Lisboa e grande parte relacionadas com urbanismo -- honra seja feita a Manuel Salgado), o resto é um mero melhorzinho na continuidade.

O país pode e deve dar um salto qualitativo: temos uma geografia e um clima extraordinários, uma beleza natural ímpar, temos mão de obra bastante qualificada. Temos tudo para atrair imigrantes que nos façam abrir os olhos à diferença e à inclusão, temos tudo para lançar programas de apoio à natalidade, temos tudo para atrair e fixar jovens, temos tudo para nos tornarmos um lugar de futuro -- em vez de continuarmos a ser um país envelhecido, em que quase não nascem crianças, em que grande parte do país ainda parece que vive no século passado, em que ainda há demasiados guetos de pobreza e marginalidade. 

Hoje soube de um jovem que acho muito promissor e cuja selecção passou por mim há cerca de um ano: tenciona ir-se embora daqui por uns meses. Terá dito que já pouca coisa o prende cá. Senti uma enorme tristeza. Disse para o desafiarem a ficar connosco, em teletrabalho a partir do outro país para onde quer ir para se juntar à namorada. Não me interessa onde é que ele viva nem a partir de onde trabalha. Gostava era que continuássemos a contar com ele. Olharam-me com estupefacção mas depois deram-me razão. O mundo mudou. E as nossas mentes também têm que mudar. O mundo pode e deve organizar-se de outra maneira. E as cidades, as vilas e as aldeias têm que saber acolher estas novas formas de viver.

Acho eu de que.


Inté. Vou pregar para outra freguesia.

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As fotografias aqui usadas são do 2021 WildArt Photographer Of The Year

Sheku Kanneh-Mason acompanha-nos em Nimrod de Elgar

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Mas, antes de me ir, que entre Sergei Polunin com The Road To Eternity

Voa, Sergei, voa


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Desejo-vos uma feliz quarta-feira
Saúde. Alegria. Motivação.