Leio. Javier Marias. Divirto-me a lê-lo. Sorrio. Outras vezes não, porque calha não ser para sorrir. Escrita solta, inteligente, despreocupada por vezes, palavras de quem não se leva muito a sério. Tinha que gostar de quem assim escreve.
Afinidades. Sei de uma pessoa que também gosta de ler Javier Marias. Penso: 'É natural'. Há pontos de convergência que cartografam o mapa de afinidades que nos aproximam.
E enquanto leio, entre um e outro texto, fotografo. Há muitos passarinhos aqui. Vêm para perto de nós.
Ou as flores delicadas e tão bonitas que vejo nas dunas. Encantam-me.
Ou o catavento artesanal que, com canas e corda, alguém fez e ali se move com a aragem da tarde.
Ou a gaivota que contempla o sol que começa a pôr-se quando o mar começa a aquietar-se.
Vejo, fotografo, fecho os olhos para guardar a sensação bem dentrinho de mim. Depois prossigo a leitura. Sei que não vou guardar as palavras que leio, só as ideias. A seguir, vou ver se a água está boa. Se estiver, mergulho, nado um pouco, deixo que o mar deixe em mim sensações boas que perdurem pelos próximos meses. O mar na minha pele. O sol na minha pele. A luz suave das tardes de Setembro. O riso dos jovens, O olhar tranquilo das gaivotas. Os últimos dias deste meu verão que tão invulgar me foi.
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