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terça-feira, dezembro 31, 2013

Um feliz 2014 para todos! (Votos à maneira do Um Jeito Manso, isto é, com filmes, músicas, danças e palavras dentro).


Para todos os Leitores de Um Jeito Manso os meus votos de um 2014 muito bom.
Que ele seja melhor do que se espera.
Que venha com surpresas nos dias, com esperanças no futuro, com sonhos por descobrir.

Se houver lutas a travar, pois que se travem.

Se houver caminhos por desvendar, pois que se desvendem.

A vida que nos calhou em sorte é uma, única. Não a desperdicemos.

O País em que nascemos e a que chamamos nosso é este, não o deixemos destruir.

Nossos serão todos os caminhos - mas apenas se o quisermos. Queiramo-lo, então.

Levantemo-nos. Vivamos. Aprendamos os percursos da felicidade.
Se não for isso que nos move, então que mais o será?

A todos: muita saúde, muito amor, muito ânimo, muita alegria, muita persistência, muita solidariedade, muita generosidade.
E muita sorte.

Um feliz 2014 a todos!

*

E que comece a festa.



Sabedoria, José Régio, dita por Margarida Mestre

*



1900 de Bernardo Bertolucci

*



Braveheart de Mel Gibson - O discurso de liberdade

*



Ana Maria Pinto canta Acordai de Fernando Lopes Graça

*



E que viva a liberdade e a alegria
Os Freedmon Ballet interpretam na rua o tango Hernando's Hideaway (Castanets)

*


Mayra Andrade interpreta Traz outro amigo também 
- a intemporalidade de José Afonso percorrendo vastos horizontes.

Todos os amigos nunca serão demais.
Venham.

Vamos construir um maravilhoso Ano Novo.


***

E a todos agradeço os Votos que me deixaram aqui ou por mail. Mil vezes obrigada.

E outra vez: que 2014 seja, para vós, um ano muito bom!

sábado, março 30, 2013

Maria Madalena




Maria Madalena é descrita no Novo Testamento como uma das discípulas mais dedicadas de Jesus Cristo. 

A Igreja romana, seguindo São Gregório Magno, além de a identificar com a "pecadora", também a confunde frequentemente com Maria de Betânia, irmã de Lázaro, e celebra as três Marias com uma única festa. 




Ela acreditava que Jesus Cristo realmente era o Messias. (Lucas 8:2; 11:26; Marcos 16:9). Madalena esteve presente na crucificação e no funeral de Cristo, juntamente com Maria de Nazaré e outras mulheres. (Mateus 27:56; Marcos 15:40; Lucas 23:49; João 19.25) (Mateus 27:61; Marcos 15.47; Lucas 23:55). 




No sábado após a crucificação, saiu do Calvário rumo a Jerusalém com outros crentes para poder comprar certos perfumes, a fim de preparar o corpo de Cristo da forma como era de costume funerário. 




Permaneceu na cidade durante todo o sábado, e no dia seguinte, de manhã muito cedo, "quando ainda estava escuro", foi ao sepulcro, achou-o vazio, e recebeu de um anjo a notícia de que Cristo havia ressuscitado e foi-lhe dito que devia informar tal fato aos apóstolos. (Mateus 28:1-10; Marcos 16:1-5,10,11; Lucas 24:1-10; João 20:1,2; compare com João 20:11-18). Nada mais se sabe sobre ela a partir da leitura dos Evangelhos Canónicos.




Em Lucas 8:2, faz-se menção, pela primeira vez, de "Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demónios". Não há qualquer fundamento bíblico para considerá-la como a prostituta arrependida dos pecados que pediu perdão a Cristo; também não há nenhuma menção de que tenha sido prostituta.Este episódio é frequentemente identificado com o relato de Lucas 7:36-50, ainda que não seja referido o nome da mulher em causa.


(in Wikipedia)




Perante toda a gente, no salão
sob os pés de Jesus
os cabelos no chão serão tapete e toalha.
Do Gólgota no cúmulo,
os cabelos no chão, aos pés da Cruz,
sonharão ser mortalha.
Maria! - diz Jesus
levantado do túmulo.
(Maria, que te diz o coração?)
E os cabelos no chão
são oiro, mirra e incenso em poalha...


['O Pólo Sumo - Em louvor de Santa Maria Madalena' de José Régio in Filho do Homem]


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Antonio Vivaldi  - Stabat mater


1. Stabat Mater
2. Cuius animam
3. O quam tristis
4. Quis est homo
5. Quis non posset
6. Pro peccatis
7. Eja Mater
8. Fac ut ardeat
9. Amen

Sytse Buwalda, alto
Netherlands Bach Collegium
Pieter van Leusink, conductor

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As obras apresentadas representam Maria Madalena e os seus autores são, respectivamente, Gheorghe Tattarescu, Guido Reni, Giovanni Bellini, Pietro Perugino, Peter Paul Rubens, Gregor Erhart.


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Muito gostaria também de vos ver no meu Ginjal e Lisboa. Hoje, por lá, continuo com a poesia dita, textos ditos. Eunice Muñoz diz Guerra Junqueiro e Marco D'Almeida diz o Cântico Negro, também de José Régio. Depois Divino Sospiro interpreta Madalena aos pés de Cristo.


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E, por  hoje, apenas isto. Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom sábado.

(E espero bem que o que se está a passar entre as Coreias lhes passe e que não venha por aí mais fogo para incendiar este mundo já tão castigado. Tanto que precisamos de paz...!)


quinta-feira, março 14, 2013

Para Francisco I, o Papa que veio do fim do mundo para mostrar a Luz aos que a não vêem, para fazer ouvir a Sua voz aos que não a ouvem




Igreja de Luis Barragán, arquitecto mexicano
(o calor das cores da América Latina)


Francisco, nosso irmão e irmão de tudo!
Sublime doido, jóia rara
com a nossa miséria por engaste...
Quem, de ti digno, te cantara!
Mas a mim, dá-me a glória de ser mudo:
irmão das pedras que pisaste.



Rothko Chapel em Houston, Texas, com pinturas de Mark Rothko
(o despojamento absoluto das cores em recolhimento)



Meu o ofício incerto das palavras
a evocação do tempo
o recurso ao fogo

Meu o provisório olhar
sobre este rio
o fascínio consentido das margens
sitiando a distância

Meus são os dedos que em tumulto
modelam capitéis
de sombra e arestas

Mas oculto na brisa
és Tu quem percorre o poema
despertando as aves
e dando nome aos peixes



O espaço de recolhimento de uma agnóstica, in heaven


Estarei ainda muito perto da luz?
Poderei esquecer
estes rostos, estas vozes,
e ficar diante do meu rosto?

Às vezes, como num sonho,
vejo formas como um rosto
e pergunto: "De quem é este rosto?"
E ainda: "Quem pergunta isto?"

E: "E com quem fala?"
Estarei ainda longe de Ti,
quem quer que sejas ou eu seja?
Cresce a noite à minha volta,

terei palavras para falar-Te?
E compreenderás Tu este,
não sei qual de nós, que procura
a Tua face entre as sombras?

Quando eu me calar
sabei que estarei diante de uma coisa imensa.
E que esta é a minha voz,
o que no fundo de isto se escuta. 




*

O primeiro poema é de José Régio e chama-se 'O Pólo Sumo, em louvor de S. Francisco de Assis'

O segundo poema é de José Tolentino Mendonça e chama-se 'Revelação'

O terceiro poema é de Manuel António Pina e chama-se ' Estarei ainda muito perto da luz?'

A música é uma Cantata de Bach (BWV 63) e é interpretada pela orquestra Divino Sospiro

*

Este é o meu segundo post de hoje. Abaixo poderão ver a minha primeira impressão de Francisco, antes Jorge Mario Bergoglio, depois de o ter visto dirigir-se aos fiéis que o aguardavam à chuva. 


*

Se me permitem, muito gostaria que hoje me visitassem também no meu Ginjal e Lisboa. Hoje as minhas palavras seguem as linhas da minha mão, guiada pelas mãos de Maria do Rosário Pedreira, e dedico-as à Leitora amiga que me falou nas linhas da minha mão e neste poema. A música é de sonho: numa grande interpretação Mischa Maisky toca Tchaikovski.

*

E, tirando isto, nada mais a não ser desejar-vos uma quinta feira muito boa (apesar de fria). 

E que o afecto aqueça os vossos corações (...soa piroso, não é?... Mas é o que vos desejo mesmo...).


quinta-feira, julho 19, 2012

Sobre o corpo e sobre o desejo num dia de céus em fogo - o erotismo na perfumaria francesa e na poesia portuguesa


                                          (Num autocarro para Campolide. Dia sexual)


                                          Uma mulher de carne azul,
                                          semeadora de luzes e de transes,
                                          atravessou o vidro
                                          e veio, voadora,
                                          sentar-se ao meu colo
                                          na nudez reclinada
                                          dum desdém de espelhos.

                                          (Mas que bom! Ninguém suspeita
                                          que levo uma mulher nua nos joelhos)




                                        Não me peças palavras, nem baladas,
                                        nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
                                        deixa cair as pálpebras pesadas,
                                        e entre os seios me apertes sem receio.

                                        Na tua boca sob a minha, ao meio,
                                        nossas línguas se busquem, desvairadas...
                                        e que os meus flancos nus vibrem no enleio
                                        das tuas pernas ágeis e delgadas.

                                        E em duas bocas uma língua... - unidos,
                                        nós trocaremos beijos e gemidos,
                                        sentindo o nosso sangue misturar-se.

                                        Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
                                        Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
                                        Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!




                                              Um corpo, certamente. Mas que é um corpo?
                                              Boca, seios, coxas, sexo,
                                              um sorriso, a mão que afaga, voz?
                                              Que trevas, quais trevas,
                                              de esquecer ou ir tão fundo
                                              quando o desprender-se da alma abre
                                              nas portas da luxúria os céus em fogo?




                                   
                                         Ela vem
                                         quando eu cerro as pálpebras pesadas
                                         e apoio a cabeça na escuridão do desejado sono
                                         Vem muito branca muito lenta
                                         Fita-me calada
                                         e muito direita
                                         começa desatando seus cabelos negros
                                         Abre a boca num riso que eu não oiço
                                         deixa cair o seu vestido todo
                                         E enquanto eu olho fascinada o seu ventre coroado de negro
                                         seis homens pequeninos e muito encarquilhados
                                         agarram suas seis tetas
                                         e sugam-lhe os bicos
                                         rosados e rijos de prazer


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Os poemas são, respectivamente

'De eléctrico' de José Gomes Ferreira
'Soneto de amor' de José Régio
'Céus em fogo' de Adolfo Casais Monteiro
'[Ela vem]' de Ana Hatherly

e também fazem parte de 'Variações sobre um corpo', Antologia de poesia erótica contemporânea, seleção e prefácio de Eugénio de Andrade com desenhos de José Rodrigues.

A música que percorre os perfumes é Casta Diva da Ópera Norma de Bellini.

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Tenham, meus Caros leitores, uma quinta feira muito animada!