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segunda-feira, junho 24, 2024

As CPI são uma vergonha
-- a palavra ao meu marido


Uma vez que ontem estava num registo zen e não me apeteceu desenvolver temas que a ambos têm indignado, o meu marido achou que os temas não deviam passar com a ligeireza com que ontem os aflorei. Por isso, hoje, enquanto ainda estávamos apenas os dois em casa, dei por ele a escrever o que, depois, como é hábito, me enviou por mail.

Transcrevo, pois, o texto que escreveu:

Assisti na sexta feira a uma parte do interrogatório a que foi sujeita a mãe das gémeas. Já tinha assistido  a uma parte do interrogatório ao Lacerda Sales e a interrogatórios efetuados em outras comissões de inquérito.

Em nenhum dos interrogatórios me senti próximo dos verdadeiros inquisidores que são os deputados que fazem os interrogatórios, nomeadamente, quando são da oposição e estão nas comissões por pura luta politica sem qualquer interesse em saber a 'verdadeira' verdade.

No entanto, na sexta-feira tive vergonha do que se passou. Independentemente da mãe das crianças estar ou não a esconder quem a auxiliou, que sentido tem esta comissão de inquérito? Parece que o objetivo é descobrirem se alguém marcou indevidamente uma consulta? Os deputados não têm nada de útil para fazer? Por uma merda destas -- e a palavra é esta --, humilham as pessoas desta maneira, enquanto gastam o dinheiro dos contribuintes? A inquisição já acabou há alguns séculos e a PIDE há cinquenta anos. As pessoas têm direito à sua dignidade e não podem ser sujeitas a humilhações só porque o André Ventura está interessado em "levar tudo atrás" e a AD precisa do André Ventura.

E da CPI ao MP "vai o passo de um anão". Então, agora mandaram 50 inspetores da Judiciária investigar as faturas de refeições da Câmara de Oeiras? Mas não existe um orçamento na Câmara e um conjunto de eleitos para verificarem a atuação de executivo? Então os restaurantes não têm programas de faturação auditáveis? Ou será que o MP também se acha no direito de definir a dieta dos autarcas? Por exemplo, à segunda-feira podem comer entrecosto mas não entrecôte, à terça que venha  a sardinha mas nunca  o linguado e, assim, sucessivamente...? E quem paga estes desvarios são sempre os mesmos, os contribuintes. Não têm emenda. Mas numa democracia tem que haver escrutínio e não há nenhum órgão que possa fazer o que quer sem estar sujeito ao escrutínio democrático e às regras da democracia. 

A talhe de foice, os diversos pacotes do Governo também não têm emenda. Ou, pasme-se, referem-se a politicas do Costa que tanto criticaram ou apresentam ideias que não conseguem consubstanciar. Aconteceu mais uma vez com pacote anti-corrupção, isto é, com o pacote "vamos dar a mão ao Ventura". Então o Montenegro, quando é interrogado sobre  as medidas propostas, diz que ainda têm que pensar sobre como serão elas de facto? Será possível que isto seja verdade ou, quando estavam a definir as medidas do pacote anti-corrupção, foram interrompidos, isto é, requisitados para analisar as faturas do Isaltino? Só pode ter sido.

Uma brincadeira, isto tudo. 

Ainda a propósito do pacote anti-corrupção, quero dizer que sou absolutamente contra o confisco dos bens sem que tenha havido condenação. Parece-me um atentado a tudo o que tenho de mais sagrado: a liberdade, os direitos e garantias individuais. Ainda por cima, quando se vê o comportamento anti-democrático, persecutório, leviano e vingativo do MP. Começa-se por este tipo de medidas e qualquer dia ainda se vai estar a falar de medidas que privem os cidadãos da  liberdade de expressão e de manifestação... Acho muito perigoso que se vá por aí...

segunda-feira, outubro 02, 2017

Passos Coelho é apeado do PSD nas Autárquicas de 2017.
[E eu só estou para ver se ainda não é desta que o Láparo percebe que o melhor é sair da política portuguesa pelo seu próprio pé]
-- Post em actualização permanente --
(Cristas a cantar de galo, Rui Moreira a mostrar que tem maus fígados, Isaltino a provar que os portugueses são exemplarmente inclusivos, Jerónimo de Sousa a achar que os eleitores se enganaram, Passos Coelho a ameaçar que não se vai embora nem por mais uma, António Costa naturalmente feliz, Fernando Medina, radiante, motivado e com vontade de fazer mais. E a estrondosa queda de Almada.)



Enquanto vejo a hecatombe dos resultados do PSD nas grandes autarquias -- um valente pontapé nos autarcas laranjas e um humilhante rombo no seu já escasso orgulho partidário -- e começo a ouvir os comentadores, alguns do próprio PSD (Manuela Ferreira Leite, por exemplo), a indicar o caminho da porta ao incompetente Passos Coelho, interrogo-me: será possível que a lápara criatura continue alapada à presidência do partido ou terá a hombridade de nos aparecer de corda ao pescoço a anunciar que finalmente percebeu que os portugueses não o querem ver nem pintado?



Estou para ver. Eu, se fosse às televisões, arranjava uma daquelas apps que junta adereços às imagens e, quando o nefasto líder do PSD aparecesse nas imagens, juntava-lhe umas orelhas de burro e um rabo a sair-lhe das calças.

Uma aberração destas, que durante anos deu cabo do País e prejudicou a vida de grande parte dos portugueses, tem que sair do palco político debaixo de pateada geral, debaixo de uma saraivada de apupos -- para que perceba de vez que queremos que nunca mais nos apareça pela frente. Imagino que os sociais-democratas lhe estejam com um pó muito superior ao do resto da população mas, seja como for, o que tenho a dizer em relação ao láparo, na prática já um ex-líder, é: Vade retro satana.

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madame cristas gif

Claro que a Madama Cristas canta de galo. Como não? Uma bigodaça das valentes no PSD lisboeta... Claro que até o rato Mickey ganharia à Leal ao Coelho mas é um facto: a Sãozinha andou a bater perna por aí, com peixeirada populista e pouco mais (nada do que diz, espremido, deita sumo) -- mas, reconheça-se, esforçou-se, saíu-lhe do pêlo e, o eleitorado de direita, não tendo melhor alternativa, entregou-lhe o voto. Está de parabéns, claro, tanto quanto o PSD está de luto.


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Entretanto, vejo o senhor do PSD Porto, Álvaro Almeida (acho eu), a assumir a banhada, outra banhada das antigas, e, no meio do desastre, a congratular-se por ter ganho a Junta de Freguesia de Paranhos. E todos os que lá tinha com ele bateram palmas. E eu, que tenho bom coração, até me senti condoída. Ao que o PSD chegou para ficar contente por ter ganho Paranhos.


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Fotografia pequenina a condizer com a pequenez do discurso de vitória

O discurso de Rui Moreira foi uma vergonha, uma coisa ao estilo Cavaco: ressabiado, a ajustar contas. Nem se percebeu aquela conversa. Quem não sabe ganhar, revela que não é de fiar. Ganhou hoje mas não vai longe. Gente com maus fígados acaba corroída pelo seu próprio fel. 

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Estou a ouvir Isaltino e estou intrigada com um senhor com um corte de cabelo muito curioso e meia barba que está atrás dele, com uns olhos muito abertos, e que não pára de abanar a cabeça, para cima e para baixo, com um ar vagamente vingativo. Bate palmas como se estivesse a ajustar contas. Medo...


De resto, dizer o quê? Os Oeirenses quiseram de volta aquele que os tribunais provaram que se abotoou; mas desculpam-no, dizem que, pelo menos, fez obra. Os Oeirenses são assim, gente inclusiva, que acolhe de coração aberto os ex-presidiários Um exemplo para a sociedade, os Oeirenses (e, claro, as minhas mãos tentam encobrir a ironia -- e a mal digerida perplexidade -- que me vai na alma). Quando se quiser perceber bem como são os portugueses, este caso deverá ser tido em consideração.

Isaltino de novo à frente de Oeiras -- ou a prova provada do bom coração dos Oeirenses
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E agora foi Jerónimo de Sousa.  Pela primeira vez a conversa não foi de vitória. Acho que foi a primeira vez. Antes, apesar da linha ser descendente, arranjavam sempre maneira de se comparar com qualquer coisa que fosse mais abaixo para poder cantar vitória. Desta vez não. 

Jerónimo reconheceu que perdeu. Só que, ó céus, veio dizer que os eleitores se enganaram e que, daqui por 4 anos, reconhecerão que se enganaram e voltarão a dar-lhes o voto. Surreal. Há qualquer coisa de trágico no destino do PCP. De facto, em tempos o PCP foi importante. De facto, ainda é um partido a que se associa uma matriz de honestidade e defesa pelos interesses dos trabalhadores. Só que, em muito da sua actuação, anquilosou. Sei do que falo. Há nas pessoas do PCP a sensação que adquiriram direitos. De certa forma, há neles atitudes caciquistas, de donos do pedaço. Movimentam-se em função de interesses partidários. Todos os partidos são assim mas no PCP isso é mais visível (talvez porque sendo mais disciplinados, levam isso mais a sério). Mas os tempos mudam. O passado vai ficando ara trás e, ao votar, os eleitores não estão a atribuir medalhas de mérito pelo feito mas a passar um aval para os próximos anos. E o PCP está, de forma geral, pouco aberto ao futuro. Claro que há excepções. Há autarquias em que o PCP é ainda uma lufada de ar fresco. Mas não são a generalidade e os resultados mostram-no. Jerónimo de Sousa deveria perceber que não foram os eleitores que se enganaram.


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E pronto, Passos Coelho falou. 


E, como acabou de comentar Manuela Ferreira Leite, o pior cego é o que não quer ver. Bem falante como sempre, o Láparo assumiu a derrota mas quanto ao que se esperava, está bem, está: disse que não se demite hoje, não se demite amanhã nem depois de amanhã. Diz que vai reflectir (e assumiu que não é veloz a raciocinar) e que, na melhor das hipóteses, vai pensar na sua recandidatura nas próximas eleições internas. 


Portanto, é o Láparo no seu melhor. Alapado ao partido, pior do que estivesse com ventosas nos pés. O PSD furioso com ele, desejoso de ajustar contas com o passado recente e não vendo a hora de começar a limpar-se do sarro sarnento dele -- e ele sem se ir embora. Faço ideia a raiva que a malta do partido está, a esta hora, a sentir. Um pesadelo para as hostes laranjas. Quase me sinto solidária com eles... ninguém merece... Mas, ao mesmo tempo, é bem feito: puseram-no onde ele está e aplaudiram as sacanices que fez e tornou a fazer. Portanto, agora não se queixem.


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Falou António Costa e agora fala Fernando Medina. Estão felizes. Compreende-se. São ambos pessoas boa onda, gente de bem, olham de frente, sorriem, falam de cor, mostrando conhecimento do que falam e mostram prezar o trabalho de equipa. Falam de futuro, apontam caminhos, estendem a mão. Espero que assim se mantenham, motivados, confiantes, com sentido de dever e com alguma humildade. E que nunca deixem de ser transparentes e probos.


Foi uma grande vitória do PS. Os eleitores mostraram que estão a acreditar nos programas e nas pessoas do PS. É, no fundo, uma responsabilidade grande para o PS.


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Acabo de saber o resultado de Almada, velho bastião do PCP, um forte até agora inexpugnável por parte de qualquer outra força política. As votações estiveram muito tremidas e acabaram por traduzir-se na sua conquista por parte do Partido Socialista. O PCP vai abanar. Para o PCP, a queda de Almada é marcante, é pesada, pois Almada é, para os comunistas, um símbolo. E, para os socialistas, a conquista de Almada, mais do que uma inesperada vitória, é uma responsabilidade de monta. Tomara que Inês de Medeiros tenha unhas para tocar esta extraordinária viola que lhe caíu no colo. Daqui lhe desejo muito boa sorte.


Vejo também que Beja caíu. Outro desgosto para as hostes vermelhas. 

Pode ser que o PCP acorde e veja que os eleitores quando votam não o fazem com um sentido de recompensa por feitos passados mas como uma aposta numa estratégia de futuro. E não tem nada a ver com a Geringonça nem com nada disso, tem apenas a ver com a atitude e os valores do PCP que se encontram frequentemente desfasados da realidade.

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Para acompanhar a evolução das contagens, clicar aqui:

Resultados oficiais das Autárquicas 2017

(Resultados Nacionais - Distrito - Concelho)

Resultados Finais

PS
37,82%
1.956.703 votos
PPD/PSD
16,07%
831.551 votos
PCP-PEV
9,46%
489.189 votos
PPD/PSD.CDS-PP
8,78%
454.290 votos
GRUPO CIDADÃOS
6,79%
351.327 votos
B.E.
3,29%
170.027 votos
CDS-PP
2,60%
134.311 votos


 Votantes
54,97%

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Imagens provenientes, uma vez mais, da arca do tesouro: We have kaos in the garden excepto a primeira que é do Bordoada, a galinha que não sei de que capoeira saíu e a do putativo baronete do Norte.

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terça-feira, junho 13, 2017

As boutades de Passos Coelho são os ossos de que os caniches da comunicação social gostam de ir, acefalamente, atrás.
[Parafraseando o ilustre láparo: uma vergonha para quem diz e outra igual para quem diz que ele disse]



Esta segunda-feira em Lisboa, metade das pessoas esteve de férias. Trabalhar assim é uma maravilha. Pouco trânsito, uma calmaria por todo o lado. De tarde tive a sorte de estar numa reunião numa sala envidraçada de frente para o rio. Estava a falar e a ouvir argumentar sobre temas relevantíssimos para o futuro da humanidade e, discretamente, vendo os veleiros e os passeadores que por ali caminhavam. Constato frequentemente que tenho uma grande facilidade em mudar de registo interno e, assim foi que, por um mecanismo de transposição mental, quase me sentia ali a passear, a sentir a aragem, a aspirar a maresia. E, no entanto, estava uns belos andares acima da linha de água, ocupada a discutir cenários, cada qual mais arriscado que o outro. Mas, por dentro, oh sim, sim, a desfrutar o azul fresco das águas do rio e o azul limpo do céu. Só espero que nunca se invente maneira de ler os pensamentos dos outros. Imagine-se que, na parede atrás de mim, passava o descritivo dos meus pensamentos. Dava cabo da seriedade da situação. Haveriam de dizer: 'É o que dá a gente meter-se com mulheres'.

Mas pronto. Uma maravilha de tempo e de cidade.

Consegui sair mais cedo. Fui ao supermercado. Comprei entrecosto e legumes. Estufei legumes e coloquei o entrecosto -- temperado com sal, alhos laminados, alecrim e azeite -- no forno a 110º e fui caminhar para um parque frondoso enquanto a carne ficou a assar.

Quando chegámos, estava a paparoca feita. 


E agora que cheguei ao meu sofá de estimação fui espreitar as notícias e o que vejo é que as boutades rançosas de Passos Coelho são o fuel que alimenta a pasmaceira pré-estival.

O láparo saíu-se com uma daquelas suas abardinices*, em que revela não ter memória, não ter vergonha na cara, não ter inteligência e não ter respeito por quem o ouve e, de imediato, a comunicação social em peso pega naquilo e faz debates, notícias breves, notícias longas, reportagens, entrevistas. A sério. Parece impossível mas é verdade: o láparo brinda os correlegionários com uma defecação em três actos e a comunicação social rejubila -- o dia está feito!


Se sujeitarmos aquela atoarda do láparo sobre o tal vogal para a TAP (aquela em que ele se refere à nomeação como uma nódoa e como uma vergonha) a uma análise silogística, chumbará em toda a linha. Aliás não passará nem dos pressupostos. Não há ali raciocínio que funcione. Se o homem, o tal Lacerda Machado negociou ao serviço do Estado e agora foi nomeado pelo Estado, não há conflito de interesses, haverá é consistência na defesa de interesses (do Estado). A bem da sanidade mental de quem o ouve, aquele láparo devia receber explicações de lógica. Claro que antes teria que estudar alguma coisa já que não se entenderia com a lógica, desconhecendo o bê-a-bá (aritmética, vocabulário, etc).


Mas o que incomoda nisto é a comunicação social portar-se sempre como um bando de caniches. Atiram-lhes um osso e aí vão eles, béu béu, béu béu. 

Não haverá no país outra coisa que se aproveite? Só as afirmações de Passos Coelho?

É que, tirando disso, do que vi, só mesmo aquelas afirmações de um senhor que acha que os postos de comando têm que estar à porta de cada casa e à beira de cada rua. Como o posto de comando das Estradas é em Almada já ele acha que, se fosse em Vila Real, o fogo do autocarro no túnel tinha sido apagado em dois segundos. E com isto logo as estações salivam: temos polémica! Mais entrevistas, mais reportagens, mais debates.

Uma indigência.

E eu pergunto: então a Madame Cristas da Coxa Grossa andou por aí a cantar o fado e a comunicação social não promove um debate?


E anda o ilustre Malomil a divulgar as maravilhas do Portugal Local Sensacional e, quando quer mostrar os fervores centristas em todo o seu fulgor, em vez de escolher uma imagem da Madame do CDS que a mostre como ela é, dilui a pimbice e mostra-a quase normal...? Não está certo.

Assim é que ela era bem mostrada, ó Caríssimo Senhor Malomil Blogspot.

E o Isaltino já anda em cartazes a fazer-se ao piso junto dos habitantes de Oeiras e ninguém quer saber disso para nada?



Está mal. Assim não dá. 

Tenho que ir pregar para outra freguesia. Olha, se calhar vou mudar o outfit ao Um Jeito Manso.

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domingo, setembro 21, 2014

Ai Passos Coelho, Passos Coelho mas que desmemoriado que V. está... Então não se lembra se durante dois anos, 12 meses por ano, recebeu 5.000 euros por mês para angariar clientes para a Tecnoforma enquanto era deputado em regime de exclusividade... ? Mas porque será...? Recebe resmas de verbas dessa ordem, paletes, rios de dinheiro que agora sabe lá precisar se também o recebeu quando não podia?


No post abaixo já mostrei o vídeo da campanha das primárias relativo ao candidato Seguro, uma coisa de fazer chorar as pedras da calçada. Aqui na minha sala tudo chora, a cadeira, a mesa, o candeeiro, o tapete, tudo de lágrima no canto do olho. Não deixem de ir espreitar pois não apenas tenho esse grande momento de publicidade política como partilho convosco algumas das minhas perguntas ao Tozé.

Mas aqui a conversa é outra. Saio da fome para a vontade de comer, do roto para o nu, ou seja, vou de mal a pior.


Agora falo de Passos Coelho.

Ouvi-o há pouco na televisão: com aquela careta de santinho de pau carunchoso, respondia ao jornalista dizendo que já não se lembrava do que agora veio a lume e, nem percebi porquê, remetia para a Assembleia da República, talvez para que fossem ver se, nessa altura, estava mesmo em regime de exclusividade. Ouvi também que recebia o equivalente a cerca de 5.000 euros por mês para angariar clientes para a Tecnoforma. Parece que estava em regime de exclusividade mas, ó meus amigos, mesmo que não estivesse - que sentido faria que este estadista de mão cheia, enquanto estava a defender os superiores interesses do País, estivesse ao mesmo tempo a arranjar clientes para a Tecnoforma...?




Contactado nesta quinta-feira pelo PÚBLICO, o fundador e então principal accionista da Tecnoforma, Fernando Madeira, que em 2012 não quis prestar quaisquer declarações sobre a existência de pagamentos a Passos Coelho naquele período, afirmou: “Estou convencido de que ele recebia qualquer coisa, mas não posso falar em valores porque não posso provar nada. Agora se era para pagar deslocações, telefonemas ou coisas parecidas, não sei.”




O ex-dono da Tecnoforma, antigo patrão de Passos Coelho, admite que criou uma ONG com o objectivo de candidatar projectos a financiamento comunitário, que depois teriam a participação da sua empresa. Passos abria "todas" as portas para estes negócios, garantiu à Sábado.


Fernando Madeira, que foi ouvido no final do ano passado pelo Ministério Público - no âmbito de uma investigação de projectos de formação profissional pagos à Tecnoforma com fundos comunitários -, conta à Revista Sábado que Passos Coelho era uma peça-chave naquele processo.



O ex-sócio maioritário da Tecnoforma refere que o actual primeiro-ministro chamou para fazer parte dos órgãos sociais do Centro Português para a Cooperação - uma organização não-governamental (ONG) financiada pela Tecnoforma - "pessoas com influência", como o então líder parlamentar do PSD, Luís Marques Mendes, e os também social-democratas Ângelo Correia e Vasco Rato (nomeado recentemente pelo Governo para presidir à Fundação Luso-Americana). 


Fernando Sousa, na altura deputado do PS, e Eva Cabral (então jornalista do Diário de Noticias e actualmente assessora do primeiro-ministro) estiveram igualmente na fundação desta ONG.





Em entrevista à Revista Sábado, Fernando Madeira diz que o objectivo de Passos Coelho em rodear-se de personalidades influentes era "abrir ou facilitar a vinda de projectos para a ONG no âmbito da formação profissional e dos recursos humanos, e que depois esses projectos pudessem ter a participação da Tecnoforma".

O empresário garante que Passo Coelho sabia que a ONG era criada com esse intuito e conta pormenores de um encontro com o então comissário europeu João de Deus Pinheiro e de um negócio fechado com Isaltino Morais.

"O projecto precisava também da aprovação de Isaltino, era o presidente da Câmara de Oeiras. O Pedro desbloqueou isso, fez o papel que se esperava dele. Tivemos uma reunião com o Isaltino Morais que aprovou o projecto e foi essencial para a candidatura a um programa financiado pela União Europeia", exemplifica.


Fernando Madeira não se recorda se pagava a Passos Coelho e, segundo a revista, durante a entrevista fez parar o gravador nesta questão durante 13 minutos. Na altura em que presidia à ONG, o actual primeiro-ministro era deputado em regime de exclusividade no Parlamento, lembra a Sábado.



Palavras para quê?

Dá para perceber a entourage em que o menino se movimenta(va), não dá? E dá para perceber os estreitos laços que desde sempre unem o Láparo ao Arautozito do Regime, certo?


É este o Primeiro-Ministro do meu País, um País infestado por toda a espécie de comentadores, avençados, papagaios, meliantes, parasitas, fala-baratos, meninos da lágrima, advogados por conta, jornalistas assessores, baratas, pessoal de alterne.


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E agora desçam, por favor, até ao vídeo mais infeliz de que há memória: Roubaram o cravo ao António. Uma coisa que ficará para a história dos Tesourinhos Deprimentes.


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A maioria das imagens provém, uma vez mais, do blogue We Have Kaos in the Garden.


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segunda-feira, agosto 11, 2014

'Especial JOSÉ GUILHERME' - a Gente do Expresso revela algumas das 'dangerous liaisons' do Zé Grande, o benemérito que ofereceu 14 milhões a Ricardo Salgado [14 milhões que a gente saiba...]


Ora bem. No post abaixo já vos contei como cozinhei o meu almoço de sábado e de domingo. Não falei do jantar de sábado porque foi restos (massa e carne assada para o meu marido, tosta de carne, tomate e rúcula para mim). 

Só agora me ocorre uma coisa em relação às receitas: uso temperos que vou ao campo apanhar ou que trago de lá (orégãos, louro, alecrim). Talvez nem todos os arranjem frescos mas talvez os haja no supermercado, talvez secos. Mas se não forem os que referi, podem usar outros ou talvez até nenhuns.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra (embora o tema também inclua bastas almoçaradas).


Vou falar do que aprendi com o Especial José Guilherme da rubrica Gente do Expresso desta semana.



Quem é o Zé Guilherme?, é bem capaz de ser a pergunta que os distraídos farão.


Penso que toda a gente sabe quem é o misterioso José Guilherme mas, aos distraídos e incautos, informo que é o tal generoso amigo de Ricardo Salgado, aquele que, tanto quanto sabemos, lhe ofereceu uma pequena lembrança, um recuerdozitouma atenção (digamos assim): 14 milhões de euros depositados numa offshore

[Que mal tem?, terá pensado Ricardo Salgado. Uma insignificante liberalidade destas qualquer um recebe. E o mesmo digo eu: qual de vós, Caros Leitores, não está fartésimo de receber cadeaux assim? Todos. Todos recebem. Não venham agora armar-se em santinhos e dizer que não. Olhem, eu confesso: a mim, dia sim, dia sim, caem-me uns trocos destes nas minhas contas das Caimão. E que mal tem isso, ora essa? Amigos que são amigos dos seus amigos é o que toda a gente deve ter, e se não os tem, azarinho. Aqui, no caso da amizade entre o Ricardo Salgado e o Zé Guilherme, a chatice foi que entrou uma areia na engrenagem. Por um azar dos Távoras, neste caso a coisa não correu muito bem e os suiços, por onde os 14 milhões terão deixado algum rasto, acabaram por dar com a língua nos dentes e as autoridades portuguesas não puderam fingir que não sabiam de nada. Daí aquela piquena correcção que Ricardo Salgado teve que fazer no IRS (digo piquena porque é assim que os Espíritos desta vida pronunciam a palavra 'pequena'; às tantas pensam que é assim mesmo que se escreve)].

O José Guilherme, antes apenas construtor civil da Amadora, é agora um grande construtor civil em Angola e tudo graças às portas que Ricardo Salgado lhe abriu. José Guilherme e o filho, Paulo Guilherme, entretanto já se entrosaram com o regime e dizem que já não dependem apenas do crédito do BESA mas, claro, amigos que são dos seus amigos, não esquecem a amizade que os une a tão distinta família.

Sendo pessoa discreta, de José Guilherme não se sabe muito. Conhecido por Zé Grande ou Zé Construtor, quem o conhece diz ter um coração grande.


Para suprir essa lacuna de conhecimento, a GENTE do Expresso dedicou, esta semana, uma atenção especial ao filantropo da Amadora para que melhor possamos perceber quão grande o seu coração é. Aliás, já na outra semana tinham explicado um bocado o percurso deste homem generoso (é conhecido pelos donativos, onde se inclui o piano que comprou para o jovem Domingos António, na altura protegido de Duarte Lima, aparentemente para agradar a este último de quem, consta, era bastante próximo. Consta também que é amigo de José Luís Arnaut mas, enfim, dessas coisas eu só sei aquilo que ouço).


Pois fiquei esta semana a saber que o Zé Construtor tem uma herdade na Amareleja, a Herdade dos Arrochais, com 2.700 hectares. Ora bem. E fiquei também a saber que a herdade tem adega topo de gama, vinho do bom a cargo de enólogos de renome e que é do melhor que há para caça que é um gosto: perdizes, lebres, javalis, veados.

E fiquei ainda a saber que o Zé Grande organizava grandes caçadas, em que uns caçavam e outros iam só pela companhia, e que se juntava lá toda a fina flor. Grandes almoçaradas, sãos convívios.

Consta também que agora já ninguém quer dar a cara em defesa desses encontros. O nome José Guilherme queima. Pudera.

Claro que nos Arrochais se encontravam pessoas da família Espírito Santo, gente amiga, mas também Dias Loureiro  (of course!) e, pelo que fiquei a saber, Isaltino Morais (a quem Zé Grande já tinha oferecido um almocito de aniversário no valor de 3.400 euros e outras piquenas atenções). Mas não só. E digo este 'não só' com um picantezinho porque a Gente lembra aquela vez em que Luís Montez, o genro, foi ferido por um ricochete de chumbo. Lá foi para o Centro de Saúde e, claro, o sogro, Cavaco Silva, também lá foi ter. Consta que eram carros e mais carros, parecia um casamento, diz-se ali. Diz-se também que o Zé Grande, sempre mãos largas, deu de gorjeta 250 euros em notas aos dois bombeiros.


A uns 250 em notas, a outros milhões em offshores. Muito dinheiro - daquele que não deixa rasto (excepto quando alguma coisa corre mal) - a rolar por ali, é o que é. Leio também que um político que pediu o anonimato disse: O Zé Guilherme sabia receber em grande. A caça é como o golfe. Um evento muito restrito em que alguns aproveitam para estabelecer e fortalecer contactos. Era o que se passava nos Arrochais.

Ora bem, digo de novo enquanto faço um estalo com a língua. É que o assunto é mesmo de estalo.

Poderia pôr-me para aqui a especular que não devia ser o Zé Guilherme a bancar aquelas festanças, cá para mim deveria ser um custo ('despesas de representação', talvez) de uma das suas empresas. Também poderia especular que essas empresas eram financiadas pelo BES e, se fosse ainda mais picuinhas, poderia ainda especular que, face ao que hoje se sabe, que esse dinheiro talvez tivesse origem nos depósitos dos clientes do BES, talvez das economias de pequenos depositantes, talvez até daqueles de quem depois os Salgados desta vida diziam que 'viviam acima das suas possibilidades'.

Mas não digo nada disso, digo apenas que gostei de saber qual era a entourage que se movia em volta do benemérito Zé Grande.

Novidade, isto? Tenho que confessar que não. É como nas telenovelas portuguesas, parece que os artistas são sempre os mesmos.


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As imagens mostram a Herdade dos Arrochais e o Monograma do seu dono.

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Estava com vontade de falar de outras ligações perigosas, desta feita envolvendo outra casta, a dos administradores excelentíssimos, daqueles que recebem todos os prémios de gestão aquém e além mar, os que apadrinham cursos, que sponsorizam seminários, os que ensinam o que é uma governance de truz. Desta vez centrar-me-ia naqueles que, porque a areia começou a entrar na engrenagem, deixaram a descoberto o climinha de promiscuidade e o aparente transvase de dinheiro de um lado para o outro - e que, uma vez mais, mostraram o profundo desprezo pelos accionistas, pelos trabalhadores e pela lei, pela regulação, pela ética. 

Referir-me-ia, em concreto, a um que já um dia se confessou encornado e que agora, pelo que dá a entender, se sente de novo como tal. (Meu filho, corno uma vez, corno para todo o sempre - não sabia?). Henrique Granadeiro. E o amigo Ricardo Salgado, claro. Mas também Zeinal Bava. E outros. Todos os que geriam a PT, a jóia da Coroa, todos os que a destruíram. Todos os que destroem a economia e o nome de Portugal.


Quanto valor e quantos empregos (directos e indirectos) vão desaparecer por conta desta forma de agir por parte de quem acha que está acima da carne seca? Não sei quanto nem quantos, respectivamente. Mas sei que muito, muitos. 


Mas hoje já tenho sono, já não dá para desenvolver o triste tema. Fica para depois.


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Se quiserem comer como se come in heaven então permito-me relembrar: descendo até ao post já seguir, poderão encontrar duas receitas, uma de salmão e outra de bacalhau.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.
Saúde, sorte, afecto e alegria é o que vos desejo.


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quarta-feira, junho 25, 2014

Isaltino Morais saíu da prisão para ficar em liberdade condicional: envelhecido, muito magro (e muito bronzeado), com os seus pertences num saco de plástico preto. As voltas trocadas de uma vida antes bem sucedida.


No post abaixo dei a minha opinião sobre a grande entrevista concedida por António Costa a Ana Lourenço na SIC N e, no post seguinte, falei da presença dele e do Tozé no S. João do Porto, anotando as enormes diferenças entre ele e o Tozé, diferenças, desde logo, a nível de carácter. 

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.



Isaltino Morais nos bons velhos tempos

Há uns anos, eu ia de vez em quando almoçar a um restaurante na altura muito na moda em Oeiras. Não raras vezes encontrava aí o então poderoso Isaltino. Com a sua barriga de sucesso, charuto a meio da boca, gel no cabelo, todo ele era a impante imagem do homem bem sucedido na vida.

Fazia obra por onde passava e, é um facto, transformou Oeiras. Dos tempos do ministério não tenho ideia de grandes realizações mas, à frente da Câmara de Oeiras, ele deixou marcas.

À sua volta moviam-se as forças vivas, os interesses, os que queriam fazer, os que precisavam de fazer mais depressa, os que ainda não tinham feito. 

Por via da maçonaria ou por via do dinheiro que à sua volta se movimentava, ele era o centro de uma eficiente e bem oleada placa giratória.

O pior foi a mulher ciumenta. As ex-mulheres, em especial as ciumentas ou ressabiadas, não olham a pormenores. Sacam de um canhão e querem lá saber do que vai à frente.

O que se seguiu é bem conhecido. A acusação foi inequívoca e apenas os sucessivos expedientes conseguiram mantê-lo fora da prisão durante tanto tempo. Era coisa escandalosa: recurso atrás de recurso, o tempo a passar, a gente já à espera de ver a coisa prescrever e ele cá fora, confiante, gerindo a Câmara. Até que não conseguiu mais e acabou dentro.

Isaltino Morais a sair da prisão da Carregueira

(a partir de foto original de Manuel de Almeida/Lusa)

Quantos anos envelheceu este homem
 nestes 426 dias que lá passou?



Isaltino Morais saíu hoje da Carregueira, depois de ter cumprido mais de metade da pena. Não foi bonito de ser ver: mais velho, muito magro, com os seus pertences num saco de plástico preto. Ouvi dizer que, na prisão, se mostrou arrependido e teve bom comportamento.


Ao vê-lo e ao ouvir estes comentários senti como que uma incómoda comiseração. Toda a glória do mundo vale o risco de passar por tamanha humilhação?

Felizmente tinha o filho à espera e gostei de ver o beijo carinhoso que o rapaz lhe deu. Vale a um homem humilhado o amparo que os entes queridos lhe queiram dedicar.

As notícias dão conta do que deverá atender para se manter em liberdade condicional: Isaltino Morais não poderá ausentar-se para o estrangeiro, terá que viver na sua casa de Miraflores e não poderá cometer mais crimes - como se ele fosse um vulgar criminoso, ele que foi um todo-poderoso presidente de Câmara e Senhor Ministro.


Usou de poderes que não devia, usufruiu do que não devia, trocou autorizações por favores, intermediou, facilitou. Nunca deveria ter sido reeleito. É suposto e normal querer-se obra mas deveria também querer-se hombridade. Mas os portugueses são assim, brandos, permissivos.

Mas, agora que aparentemente já cumpriu o que tinha a cumprir dentro da cadeia, o que me ocorre dizer é que espero que a magreza seja apenas resultado de dieta ou de exercício físico. Não me passa pela cabeça sentir qualquer regozijo perante a perspectiva de que possa estar doente. 
Pelos vistos apanhou bastante sol, já que apareceu tão bronzeado e, portanto, pode ser que tenha feito muita ginástica ao ar livre e que se tenha visto livre de algum peso que tinha a mais. 
Mas ocorre-me também dizer que, de cada vez que um chico-esperto resolva enriquecer para além do que lhe é devido, ou exercer o seu cargo dele tirando proveitos que lhe não são devidos, deveria pensar na imagem deste homem de ar tão envelhecido, magro, de cabeça baixa, com os seus haveres num saco de plástico preto.

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Sobre os Antónios, o Costa e o seu reverso, o inSeguro, desçam, por favor, até aos dois posts seguintes.

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