Entre dos aguas, Paco de Lucia
Depois de abaixo ter falado da beleza das gordas (corrijo: das voluptuosas) quando em confronto com a quase ditadura da magreza e depois de ter falado do perfume Miss Dior que, para Misses, só se forem solteironas velhas e chatas, aqui, agora, continuo no mesmo registo e, agora que se aproxima a época da caça ao óscar, falo de vestidos que são uma obra de arte, uma peça ao serviço da elegância e da beleza, daqueles que marcaram a passadeira vermelha.
(Como sempre que tento pôr fotografias ao lado umas das outras, é para aqui uma ginástica que não imaginam. E nunca ficam direitinhas. Mas eu não tenho tempo para andar muito tempo às voltas disto e ficam mesmo assim, desarrumadas. Paciência)
Grace Kelly in Edith Head |
Elizabeth Taylor in Christian Dior |
Cate Blanchett in John Galliano 1999 |
Renée Zellweger
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Kate Hudson in Valentino 2003 |
E, se eu fosse agora desfilar e não me importasse de repetir um modelito já usado por outras, qual acham que eu escolhia?
Eu digo-vos: o da Grace Kelly é lindo mas é como ela era: excessivamente perfeitos (o vestido e a beleza dela) e eu, já aqui o confessei, pendo mais para o lado da imperfeição. O da Elizabeth Taylor tem pinta mas requer uma mulher excessiva dentro dele, com uns olhos fora de normal e eu não sou assim. O da Cate Blanchett é um espectáculo e, tivesse eu menos uns quantos anos e menos uns quantos quilos, seria neste que eu talvez apostasse. Agora contudo, sentindo-me nua como aquele vestido deve deixar quem o vista, de cada vez que alguém olhasse para mim com mais atenção ficava preocupada não fosse estarem a focar-se nalgum pneuzito, numa maminha menos empinada, sei lá, inseguranças dessas que tiram a espontaneidade e a alegria.
Ou seja, supondo que cabia dentro deles, escolheria o da Renée ou o da Kate Hudson, embora me incline para este último. Se usasse o da Renée, que seria uma boa hipótese, iria, no entanto, com o cabelo despenteado como o da Kate Hudson. Quando me penteio de forma mais formal não me reconheço.
Acho que o vestido e o cabelo da Kate Hudson, com uma brisa a darem neles, deve fazer um efeito esvoaçante muito bonito, daria umas belas fotografias. E eu gosto de cor e de tecidos leves como o ar.
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Relembro: Sobre perfumes, mulheres com curvas e contra curvas e stripteases é favor irem descerem até dois posts abaixo (esta de descer e dos dois posts serem mais abaixo é capaz mesmo de ser uma redundância como um Leitor no outro dia assinalou. Mas parece que a frase fica frouxa se lhe tiro o abaixo).
Muito gostaria ainda de vos convidar a irem espreitar o meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje tenho Carlos Drummond de Andrade que, pela boca de Sandra Corveloni, se interroga sobre o que é um homem. Eu, que sou mais limitada, interrogo-me sobre o que sou eu própria.
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Eu sei que hoje era para ter falado de livros e até tinha seleccionado umas passagens fantásticas mas o que se passa é que estou outra vez com dores de garganta e continuo perdida de sono e, para além do mais, ando cheia de trabalho e com coisas bem maçadoras. Ora, quando estou como me estou a sentir neste momento, a meio gás, só me dá para a ligeireza. Vocês desculpem lá.
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E, face a este quadro, a única coisa que me resta fazer é ir enfiar-me na cama.
Mas antes, meus Caros Leitores, quero desejar-vos um belo dia.
Com ou sem passadeira vermelha, o que importa é que nos sintamos bem, não é?