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sábado, janeiro 30, 2021

Então não é que vi uma chouette de verdade...?

 


Estou em crer que as televisões são o grande partido da oposição ou as grandes forças da desestabilização do país. Ou melhor: os fiéis seguidores da religião do bota-abaixo e os porteiros de serviço ao populismo. Manipulam as notícias, não sei se porque a inteligência não chega para perceber tudo e, portanto, deturpam a realidade ou se porque acham que rende mais se empolarem e infectarem a opinião pública. Seja como for, é nefasto. Quanto às redes sociais, felizmente a sua frequência é mal de que não padeço pelo que, se deformam mentalidades, estou fora.

Quanto às televisões, não vejo muito, apenas um pouco à noite mas, se não encontro melhor alternativa, passo-me com a gandulagem encartada que é convidada para lá opinar. Gente que não dá uma para a caixa. Sempre com voz muito doutorada dizem disparates atrás de disparates. Reinterpretam o que se passa, reescrevem o que estamos a viver, inventam narrativas. E depois há chusmas de outros que comentam o que os outros comentaram indo toda a gente atrás do primeiro que disparatou. Disparates virais.

Passei na Sic N e, para além do putativo-sábio mano-Costa, até a Cristas ali vi. Só vi uma intervenção da dita mas do que vi constato que continua burrinha como nos tempos em que assinou de cruz e sem pestanejar o fim de um dos grandes grupos económicos do país. Com sorriso beato e a convicção dos néscios, continuar a afirmar convictamente os maiores disparates. Depois de termos assistido durante anos às severas limitações do seu intelecto, eis que o mano-Costa ali a tem a fazer de conta que tem neurónios na cabeça. Porque o faz? Porque ainda não conseguiu perceber que ela não acrescenta nada? Ou porque acha que quanto mais burros os que lá leva mais confusão lançam... e nada melhor em televisão do que a confusão? Não sei, apenas pergunto.

Do outro lado, num outro canal, está aquele jeitoso que se acha o máximo e que, com ar pedante, só diz coisas que não sei se é pelas parvoíces que diz, se é pelo sorrisinho superior, só dá vontade a gente encher-lhe os fundilhos de pastilha elástica mastigada e pregar-lhe uma folha a4 às costas do casaco  dizer: sou um ganda parvalhão. Ao lado dele, outra que se acha o máximo e que, só pela forma como se desdobra em evidência de superioridade, me obriga a mudar de canal. É outro dos grupos que opinam em grupo há séculos e em que me não sei qual o critério: um porque é de direita, outra porque é socialista, outra porque é de esquerda-esquerda e outro porque paira por ali, sempre sorrindo? Ou um porque é parvo, outra porque tem a mania que é boa, outra porque é uma fofa e outro porque é um pachola? Não sei mas olhando para o moderador tudo é possível.

Quando dava o MasterChef Australia eu tinha o meu naco de boa televisão garantido. Agora nem percebo o que é aquilo. O MasterChef Brasil. Nos antípodas. Aqui, agora, tudo gente que não faz a mínima. Desajeitados, inexperientes, sem ponta por onde se pegue. Nem percebo qual a lógica daquilo que ali se passa. Fazem cozinhados que não lembram ao diabo, a bancada desarrumada, eles desorientados. O próprio júri é do além. Não consigo aguentar-me ali. Zappo.

Obviamente pelo Big Brother tento nem sequer passar. Se sempre foi coisa de lúmpen, agora que todo o canal levou banho de cristina é coisa pela qual não se pode nem passar perto. Desqualificou de vez. E digo isto com a segurança de quem nunca viu um único programa da deslumbrada e esguinchadora criatura. Só de a ver, de raspão, a fazer anúncio aos seus programas já fico com brotoeja. Muito, muito mau. Não é apenas ela que está em trajectória descendente: vai dar cabo da TVI.

Entretanto, nesta minha fuga para a frente, ao voltar ao passar pela Sic N já tinha acabado o Expresso da Meia-Noite e já lá estava aquele outro grupinho que não se aguenta a começar pelo zero à esquerda que Marcelo, num dia de forte pancada na cabeça, convidou para uma função que até aí tinha sido desempenhada por gente com alguma elevação. Não consigo. Salva-se, pela moderação, mas é uma salvação relativa, o Mexia mas os que o ladeiam são maus de mais: um porque é de tal forma limitado que não sabe o que diz, apenas sabe dizer baboseiras sobre pessoas cuja linguagem ele não percebe, e outro porque acha que vale tudo e lambuza toda a gente de má-língua fazendo de conta que é humor. 

Uma intoxicação. 

Felizmente ainda me sobra algum ânimo para fugir desta praga. Contudo, os dias frios e húmidos não ajudam e o confinamento ainda menos. Já está a passar o primeiro mês mas o facto de não saber quanto mais tempo disto temos pela frente tira-me alguma boa disposição. 

O meu filho já nos arranjou uma solução para os frescos e isso tira-me um peso de cima. Com sorte, nas próximas semanas talvez não precisemos de ir ao supermercado já que tenho o congelador cheio e produtos de higiene e limpeza com fartura. Era mesmo o conjunto dos legumes para a sopa e para os acompanhamentos, alguma fruta e algum pão que me estava a faltar e a fazer ir ao supermercado todas as semanas. Mas, por outro lado, ao ter-nos arranjado um fornecedor, ficamos sem o único lugar em que tínhamos contacto com o que sobrou da anterior civilização. 

Ontem estive a fazer encomendas online para o aquariozinho mais querido e lindo. Mas não é a mesma coisa. Gosto de ver, de mexer. Além disso, parece que desapareceu de mim toda a vontade de fazer compras com excepção das básicas, do supermercado. Deixei de ser consumista. Está a fazer um ano que não entro em loja de roupa ou sapatos, em perfumarias. Comprei algumas peças, poucas, na decathlon e foi porque a roupa quente para estar em casa está in heaven. E comprei uns quantos livros para mim pelo Natal. Tirando isso, nada. E sem saudades. Pelo contrário, é por vezes com alegria que entro no closet para escolher a roupa que visto para as reuniões. Tenho que chegue e fico contente de todas as vezes que o constato. Ontem tinha vestido uma blusinha cor de rosa mas é uma blusinha fininha, decotada, pelo que, quando estava a pensar o que haveria de vestir por cima para não arrefece e para se conjugar bem, lembrei-me de um casaquinho da benetton com umas cores um pouco impulsivas: na parte da frente, losangos cor de rosa e cor de laranja. Pouco o vestia já, parecia-me já coisa um pouco datada, anos e anos que já o tenho. Fui lá abaixo, à cave, ao roupeiro onde estão os agasalhos, e trouxe-o. Gostei mesmo do conjunto. Agora fico contente com coisas assim. 

No outro dia fiquei contente com outra coisa. Íamos a fazer a nossa caminhada e, ao passarmos junto a uma casa, reparámos num pequeno vulto escuro no canto de um muro. Demos uns passos atrás para ver o que era. Para meu espanto, era uma coruja. Linda, irreal. Devia ter levado a máquina para registar a beleza daquele instante. 

Digo coruja mas não sei se era coruja ou mocho, nem sei se há diferenças entre ambos ou se é a mesma coisa. 

Muito direita, uma cabeça imponente, muito digna. É a primeira vez que vejo ao vivo uma ave destas. In heaven às vezes, de noite, ouve-se o piar que penso que seja de uma destas aves. Mas ver, nunca vi. E é uma alegria olhar para aquela bela ave e pensar que coabitamos o mesmo espaço que animais tão extraordinários.

Também nunca mais vi a raposa e disso tenho alguma pena. Agora trabalho muito, horas ininterruptas. Mas, um dia que tenha tempo, penso que facilmente andarei pelos campos, em silêncio, tentando descobrir animais. Posso até sentar-me num canto, talvez lá ao fundo ao pé da horta, a ver se vejo passar algum esquilinho, um veado, um destemido galaroz. 

Bem. E hoje, talvez por andar a pesquisar as diferenças entre coruja e mocho, ao parquear-me no Youtube, o meu amigo tinha me propor um vídeo muito bonito.

Sur les traces de la chouette, un animal si discret

Dans le massif du Jura, des Aiguilles de Baulmes en passant par l’Auberson, au plus profond des forêts de sapins et de hêtres se cachent les oiseaux mythiques que sont la chouette Hulotte, Tengmalm ou encore Effrai. 

Seuls quelques initiés ont le bonheur de les apercevoir dans leur milieu naturel et c’est bien le privilège qu’on obtenu Pierre-Alain et Denise. Ce couple de passionné sillonne la région depuis plus de 40 ans afin de mieux comprendre ces mystérieux volatiles, et ceci avec une flamme intacte comme au premier jour.  

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As fotografias que fiz cá em casa vêm ouvir Yo-Yo Ma e Wu Tong interpretando "Rain Falling From Roof"

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Desejo-vos um bom sábado
Saúde

quinta-feira, outubro 31, 2019

E sobre Sócrates, Rosário Teixeira, Ricardo Costa, João Miguel Tavares, Ivo Rosa e outros a UJM agora não diz nada?

Diz, claro que diz.





Não que tenha grande coisa para dizer. Mas digo. Digo, por exemplo, que me limito a ir acompanhando o pouco que se vai sabendo e a constatar que não há nada de novo. Ou que acompanho também sem grande surpresa as reacções de jornalistas e comentadores a esse pouco que vai soando. E que os vejo a começarem a titubear, a vacilar nos alicerces. E que não me surpreendo. Até porque, salvo raras e honrosas excepções, têm quase todos umas cabeças de maria-vai-com-as-outras.

Mas eu, pela parte que me toca, estou como fiquei naquela noite em que a minha filha me ligou a dizer que visse a televisão, que Sócrates tinha sido preso: estupefacta. Tudo, naquela noite, me causou estupefacção.
Porquê? O que é que ele tinha feito? E como estavam já ali os jornalistas à espera dele, a seguirem o carro onde ia, detido? Que cegada era aquela?
E daí em diante ouvi de tudo, toda a espécie de acusações, de suspeições -- uma investigação e uma crucificação na praça pública de tipo arrastão. Meio mundo a ser envolvido, um processo megalómano, com vários suspeitos a surgirem de todo o lado, por vezes num registo que me pareceu delirante. 

Teria Sócrates que ter estado a tramar esquemas durante vinte e quatro horas por dia em vez de estar a governar o País para conseguir engendrar tanta tramóia. E, note-se, não estou a fazer juízos de valor nem a tomar partido. Não: estou apenas a usar a lógica, disciplina mental que me é cara. Ou seja, não digo que não é culpado, porque não faço ideia, apenas estou a verbalizar um raciocínio. 

É que a minha posição é a mesma de sempre: a Justiça avaliará as provas existentes, a Justiça avaliará a razão de ser da acusação, ajuizará se há matéria para julgamento e, se o houver, ajuizará se há matéria para condenação. Sou fiel aos meus princípios e tenho bem cravado na minha consciência aquela máxima vintage que reza que, haja o que houver, toda a gente é inocente até prova em contrário. E quem tem que fazer essa prova é a Justiça. Não os jornais, não os comentadores, não as redes sociais, não os bloggers, não o diz-que-diz-que, não as vizinhas, não as primas.

Agora uma coisa é certa: apesar da péssima opinião que tenho sobre o Super-Juíz Carlos Alexandre ou sobre o Procurador Rosário Teixeira, tenho que fazer o exercício mental de admitir que, para terem feito o que fizeram -- e não foi pouco -- incluindo manterem Sócrates preso, é porque devem ter provas ponderosas contra ele. Não suposições mas provas. E, note-se, já se falou no BES, na PT, na Venezuela, em Angola, em Vale de Lobo, no Grupo Lena e sei lá em quem mais. E tudo isto sem que os ministros responsáveis pelos assuntos dessem por nada. Portanto, estou curiosa para saber que provas são essas que enchem milhares e milhares de páginas porque, até ver, de provas, provas, não dei conta de nada.

Não faço ideia do que é que o Juíz Ivo Rosa vai concluir de tudo o que tem lido. Agora acho que temos todos que lhe tirar o chapéu: merece respeito. Quando vejo imagens daqueles caixotes e caixotes cheios de uma papelada infinita nem consigo imaginar como é que algum ser humano consegue digerir tal pesadelo. Eu entraria em burnout só de ver tanto caixote.

Decorreram vários anos desde essa noite em que Sócrates foi detido ao chegar ao aeroporto. Desde aí a sua vida tem estado como que suspensa, naquele limbo em que nem consigo imaginar como se consegue sobreviver mantendo a sanidade mental.

De tudo,  jornalistas, comentadores e meio mundo já o acusaram e condenaram. Mas eu, nestas coisas, não consigo pular etapas. Coisa de DNA temperada por deformação académica acrescida de deformação profissional. Mas podem achar que não é nada disso, que sou é burra, teimosa que nem uma mula, besta quadrada da pior espécie. O que quiserem. Mas pular etapas, numa coisa destas, eu não pulo.

Pode ser que a Justiça venha a dar por provado tudo aquilo de que o acusam. Nessa altura eu saberei. Até lá não sei e, sem saber, não condeno. Bem pode o João Miguel Tavares sacramentar mil condenações com aqueles fracos argumentos que a sua fraca cabeça constrói, bem pode Ricardo Costa tecer as suas usuais frouxas considerações ou exibir os seus bons conhecimentos armando-se em bom, bem podem Felícia Cabrita ou Clara Ferreira Alves escreverem as suas inabaláveis certezas ou as suas doutésimas opiniões, bem pode o Dâmaso e outros que peroram no Correio da Manhã, na Sábado ou nem sei onde, denunciar, difundir 'segredos' ou lançar parangonas acusatórias -- que eu fico onde estava. 

E, portanto, como acima disse, não é muito nem nada de novo o que tenho para dizer. É só isto: continuo estupefacta com tudo isto e sem perceber o que se passou e tem vindo a passar desde então. Ou seja, na mesma. À espera que a Justiça faça o seu trabalho. 

(Poderia ainda acrescentar que estou também à espera que a Justiça seja justa e lesta -- mas isso já seria esperar de mais. Ou, dito de outra forma, seria lirismo e eu, como é sabido, é mais prosa. Poesia eu gosto mas é de ler, fazer não é para o meu bico)


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As pinturas que usei para dar alguma graça ao texto são, respectivamente, de Francisca Vogel, a primeira, Shawn Ashman, as três seguintes, e Pierre Subleyras, a última. Tudo ao som de Falling na voz de Julee Cruise.

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E uma história para crianças para terminar: Os homens cegos e o elefante

"The Blind Men and the Elephant" de John G. Saxe (lido por Tom O'Bedlam)

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quarta-feira, maio 15, 2019

O Expresso de sábado passado: belos textos
de Pedro Mexia [As bruxas de Allen],
de Tolentino de Mendonça [A mais antiga flor do mundo],
de Ricardo Costa [Um dia a casa vem abaixo]
e até, imagine-se, um bom editorial de João Vieira Pereira [E sobre a educação nada?]


Já no outro dia abordei o tema; agora vou falar dele.

Desde que me conheço, sempre que ia de férias e parávamos na estação de serviço para atestar o depósito, eu comprava uma revista. Comprava a Vogue ou a Art et Décoration, cheguei até a comprar a Hola. Era o que, no escaparate, mais chamasse a minha atenção. Apesar de ir sempre carregada de livros, as férias tinham sempre que começar com uma coisa atípica e ligeira.

Agora, para quatro dias em Lagos, foi a mesma coisa -- só que desta vez a coisa atípica e ligeira foi o Expresso.

Depois de ter sido fiel leitora durante mais anos do que aqui seria decente confessar, fartei-me: o Expresso tornou-se pasquim, coisa sectária e nada rigorosa, instrumento ao serviço de uma agenda que a mim me desagradava demais.

O meu marido desistiu antes de mim. Passei a ser eu, sozinha, a dar a volta àquilo, e cada vez mais contrariada; por fim um exercicio que já mais parecia puro masoquismo. Até ao dia em que decidi: nunca mais. E mandei o Expresso catar-se. Depois disso abri umas duas ou três excepções. E este sábado foi uma delas. Não só, como sempre, me apetecia algo como fiquei curiosa com a capa da Revista: aquilo do Bannon interessou-me. Esta sinistra criatura intriga-me (e assusta-me).

O meu marido é mais firme e radical que eu, recusa-se a tocar no Expresso. Eu sou mais moderada nas minhas antipatias.

Ainda não li tudo e creio que não lerei pois, ao espreitar algumas colunas, vi que continua a ser mais do mesmo, conversa vazia, conversa mascarada de coisa de jeito, treta, manipulação, ainda a mesma desagradável manipulação. Encolhi os ombros e passei à frente.

Mas, verdade seja dita, eu que sou céptica, e ponham céptica nisso, sobre o João Vieira Pereira -- jornalista que se especializou em avisar que vem aí o lobo e cujos ódios de estimação frequentemente toldam a sua capacidade de isenção -- até gostei de ler o seu editorial sobre a crise dos professores ('E sobre a educação nada?'). Fui até ao fim a ver quando é que apareciam aqueles seus velhos tiques de sectarismo mas cheguei ao fim a pensar que alguma coisa nele mudou. Na volta, está mais homenzinho, já vê as coisas de uma maneira mais esclarecida, aprendeu a sobrevoar a espuma e a olhar melhor para a raiz das coisas. Não sei. Não é por um editorial que posso tirar conclusões mas lá que me espantei, espantei. 

De qualquer maneira, concentrei-me na Revista que é aí que habitam aqueles de que mais gosto, e, tenho que confessar, gostei do que li. Sobretudo o Mexia, o Tolentino, e, surpresa das surpresas, o Ricardo Costa. É que, se não me admirei de gostar do Mexia ou do Tolentino, a verdade é que pasmei com a qualidade do artigo do Ricardo Costa.  

E, embora ainda mantendo severas reservas mentais, tenho a dizer que gostei de matar saudades dos bons velhos tempos.

Se um dia me der para isso ainda aqui hei-de transcrever um pouco do texto do Pedro Mexia sobre a perseguição a Woody Allen, 'As bruxas de Allen', texto no qual me revi, e também sobre o belo texto escrito pelo Pde. Tolentino de Mendonça e dedicado a Maria Teresa Horta, 'A mais antiga flor do mundo'

E gostava de ter coragem e tempo para aqui fazer um resumo do bom artigo de Ricardo Costa , 'Um dia a casa vem abaixo' mas temo que isso nunca aconteça pois é um texto longo e todo ele suculento. 

E para atestar a sua qualidade conto-vos que no outro dia à tarde, à beira da piscina, estive a ler o artigo em voz alta e o meu marido, interessado do princípio ao fim, a ouvir. E, volta e meia, interrompíamos para comentar. No fim, ele disse: 'Ora aqui está uma boa coisa: tu lês em voz alta e eu ouço'. E eu disse: 'Ser a tua diseuse, querias...'Mas a verdade é que gostei da experiência. 

Não sei qual a prática do Expresso, se ao fim de algum tempo, os conteúdos exclusivos a quem tem assinatura ou compra em papel ficam abertos. Se ficarem, sugiro a sua leitura. 

Os riscos do populismo, as manobras dessa criatura tenebrosa que dá pelo nome de Steve Bannon, agora apostada em destruir o edifício europeu, as emergentes figuras de ultra-direita em ascensão no panorama político e que ameaçam dinamitar o frágil equilíbrio existente entre os partidos com assento parlamentar, tudo ali aparece fundamentadamente descrito. 

Tinha-me esquecido que Ricardo Costa era jornalista. Afinal é e, se se mantiver como se mostrou neste artigo, arriscarei dizer que é dos bons.

sábado, agosto 13, 2016

PGR avança com inquérito crime à contratação pela Arrow da deputada Maria Luís Albuquerque?
- ou só tem tempo para se ocupar das viagens da Galp?
Pergunto.


Caso na secção do DIAP que investiga a corrupção. Ministros das Finanças e Economia não esclarecem se impediram governantes de voltar a lidar com a Galp. Viagens ainda por pagar.


(e quem quiser ler o resto, que compre o Expresso)

Ah o Expresso, sempre tão diligentes os jovens moços de fretes do Expresso... Agora que aquilo dos Panama Papers revelou não ser a generosa nascente de onde iriam jorrar escândalos atrás de escândalos mas, antes, uma gaitinha de onde não saíu mais do que uma mijinha de gato, viram-se para os biscates.

Desde que o público-alvo do que em tempos foi o jornal de referência aqui do burgo passou a ser o mesmo do Correio da Manhã, o Expresso deu em fazer parangonas em que mistura palavras apimentadas com 'casos' que talvez façam salivar os clientes dos cafés do bairro.

O genuíno agora fala, em garrafais, das subvenções e ilustra o furo com... Sócrates. Claro. Como não havia investigações ao sapateiro que pôs as meias solas nos sapatos de Sócrates ou ao varredor de rua que apanhou uma folha de árvore que foi pisada pelo Sócrates para alimentarem mais uma 1ª página do Caso Marquês, passaram para as subvenções. Podiam ter ilustrado a notícia com o Duarte Lima ou com a Assunção Esteves. Ou com qualquer outro dosduzentos que as recebem mas não, tinha que ser o Sócrates. Aquilo é fixação. Ou não: a verdade é que o Sócrates vende mais e, para vender mais, vale tudo. E os do Expresso, não sabendo o que dizer mal do governo ou da geringonça nesta semana tão dramática, com o país em chamas. voltaram-se, outra vez, para as viagens da Galp. O Montenegro e correlegionários foi à bola à pala da Olivedesportos, a Cristas à boleia da FPF, os jornalistas do Expresso também à pala da Galp - mas isso não intereesa, o que interessa é alimentar a parvalheira e juntar a palavra crime e o papão do PGR e deixar no ar que vai para aí um granel maior do que os submarinos do irrevogável Portas ou que os ex-calotes à Segurança Social do Láparo ou, até, que a indecorosa contratação da ex-ministra das Finanças, a pinókia agora deputada da Nação, por uma empresa como a Arrow. 

Ui. Crime, viagens pagas pela Galp, suspense, suspense, o que virá ainda a descobrir-se... leia o interior ou, melhor, leia os próximos capítulos... O Expresso revela tudo, os pormenores sórdidos, tudo, tudo...
Olhem, por estas e por outras é que dou uma espreitadela nos jornais online portugueses e piro-me, logo a seguir, para as harpar's, madames figaros e vanities desta vida. O que calhar. Qualquer coisa menos esta sistemática poeira para dar cabo dos olhos da populaça.

Expresso em papel? Estou limpa. Há mais de um ano que não consumo.

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Ricardo Costa: o menino à direita

Olhe, ó mano Costa, para não se queixar que eu não sou meiguinha para si, esta dançazinha aqui abaixo é um presentinho meu. Aceite, que é de gosto que lho ofereço. Escolhi com cuidado. Acho que vai gostar já que é uma coisa ao seu nível.
Devia, meu Caro, entreter-se com coisas assim, adequadas ao seu nível etário (mental e psicológico). Depois, quando crescesse e se livrasse de complexos, logo voltava a dedicar-se à comunicação social. Ok?


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E desçam, meus Caros Leitores, para verem uma jovem voadora que é só músculo, arte e anti-física.

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sexta-feira, julho 29, 2016

FMI, uma vez mais, bate com a mão no peito e reconhece que errou na obnóxia receita que aplicou a Portugal.
E eu daqui pergunto aos viris Pafiões que quiseram ir ainda para além do prontuário da troika:
Já está claro que a receita do mata e esfola foi, sob todos os pontos de vista, uma cavalice e uma inútil humilhação para Portugal?
Já está claro que a política seguida durante os humilhantes 4 anos, a mando da troika e dos seus sabujos representantes em Portugal, foi completamente errada?
Já...?
É que, se ainda não, então ouçam as explicações do ex-cheerleader da troika, o impagável mano Costa






No dia em que o omnipresente e caleidoscópico Presidente Marcelo apareceu a espetar alfinetes nos balões da crise que o pafiano Láparo e amigos para aí têm andado a encher (Crise? Qual crise? Se havia, evaporou-se -- riu o tal catavento, escarninhamente), aparece o relatório do multicéfalo FMI a dizer que a receita aplicada aquando do so-called resgate a Portugal parece exercício académico feito por inexperientes totós. Que não resulta, que não atacaram a raiz dos problemas, que, ao exigirem objectivos inantigíveis, humilharam inutilmente os pobres portugueses que não tinham mesmo como alcançá-los -- e por aí fora.



Como tenho um certo lado de menina marota, ao ler isto, só me apeteceu ir pôr-me à frente do intelectualmente pouco dotado láparo ou do ex-irrevogável e de todos quantos andaram a esporear os portugueses -- e gozar com eles mas gozar mesmo, esfregar-lhes na cara o relatório do FMI, obrigá-los a engolir, uma a uma, cada página até as conclusões lhes saírem pelos olhos. Depois pensei que não, pronto, nada de vinganças, coisa mais feia. Devia, isso sim, arranjar uns quantos capangas para conseguir obrigá-los a confessarem, em público, que foram burros, sabujos, e anti-patriotas. Obrigá-los a pedirem desculpas aos portugueses. Isso sim.

Qualquer pessoa que tenha olhos de ver e que conheça minimamente a realidade do país percebe que Portugal tem problemas estruturais sérios e que nenhum deles foi objecto de intervenção por parte do esgazeado governo cujo objectivo foi ir além da troika.

Refiro alguns desses problemas:

Portugal não tem capitalistas. Eu gostava de saber que dinheiro ou que património livre (livre de garantias, penhoras, etc) têm, de facto, os mais ricos de Portugal. Vivem bem, sim, ok, mas dinheiro mesmo seu? Casas em seu nome? Que impostos pagam? Ok, são accionistas de empresas valiosas. Mas... e qual a dívida dessas empresas? Se quiserem investir, têm capitais próprios que não sejam activos já alocados como garantia a financiamento alheio? Pergunto.

O que temos, sobretudo, são empresas endividadas até ao tutano. Daí que, por muito bem que o patriotismo fique na lapela, quando a crise aperta os nossos soi-disant capitalistas vendem ao primeiro que apareça (angolano, chinês, omanita, francês, fundos apócrifos, whatever).

Ora, num país em que nem os capitalistas têm dinheiro, em que a classe média estava endividada a pagar a casa e pobres, mesmo que envergonhados, eram (e são) mais do que muitos só pela cabeça de gente muito burra é que passava a brilhante ideia de que a receita para a crise consistia em secar a pouca liquidez circulante, cortando nos rendimentos e aumentando a eito os impostos.

Depois não temos indústria a sério. Temos um ou outro pólo industrial - coisa sem grande expressão. Parte da pouca indústria foi vendida a estrangeiros cujos centros de decisão estão lá na terra deles. Não ter indústria forte é sinónimo de importação em força e de débeis exportações, ou seja, é sinónimo de uma economia frágil.

Se Portugal precisava (e precisa) muito de alguma coisa é de um forte apoio à reindustrialização. Com a reindustrialização principal vêm as empresas fornecedoras, vem o emprego qualifificado, vem o ensino e a investigação para suporte à diferenciação.

Um apoio intensivo na identificação de oportunidades, de modernização das redes logísticas a começar nos portos, um apoio intensivo aos centros de investigação e desenvolvimento e um apoio forte ao ensino a todos os níveis -- isso, sim, Portugal precisava e precisa como de pão para a boca. Mas a receita da troika passou por aqui...? Passou, passou. Como cão por vinha vindimada.

A agricultura é marginal. Não são as hortas das tias que animam um sector que, em tempos (nos vis anos do reinado do tal das cagarras), foi apoiado para pôr as terras de lado (a chamada política do set aside). 

Temos uma administração pública ainda, em parte, antiquada que consome muitos recursos dando, em alguns sectores, pouco em troca. O programa Simplex foi asininamente parado pelos pafiosos. Não apenas não fizeram qualquer reforma como, estupidamente, pararam o que estava em curso. Felizmente a Maria Manuel Leitão is back e com ela as reformas são de fundo e a sério.

Portugal tem ainda um outro problema grave (e só porque estou a escrever depois da meia-noite, deitada num sofá e mais para lá do que para cá é que coloco um problema desta natureza a meio do texto, quando deveria ser um dos primeiros): a definhante demografia.

São necessários apoios sérios e integrados de apoio à natalidade. É indispensável que os portugueses sintam confiança no futuro e sintam que serão apoiados na criação dos seus filhos. Os troikanos e seus discípulos perceberam isto e actuaram...? Então não...? Fizeram foi tudo ao contrário.

A dívida é imensa e impossível de pagar? Ah pois é. Tem que ser renegociada, os prazos dilatados. E tem que ser percebido que a dívida é uma consequência, não um objectivo primário.

Se for encarado como um objectivo primário como o foi por parte do FMI, congéneres da troika e membros do trágico governo PSD/CDS, acontece o que aconteceu em Portugal: se for necessário, correm-se com os portugueses de Portugal, corta-se a reforma aos mais velhos, atira-se com milhares de empresas para a falência e com centenas de milhares de portugueses para o desemprego para chegar ao fim de cada ano e verificar que a dívida tinha aumentado e que o país estava cada vez mais arrasado.
Broncos do caraças. Quando penso nisto, sinto cá uma raiva.
Quando se ouve a cambada a lamentar que o actual governo reverta as reformas estruturais, só me pergunto: mas referem-se a quê?

Que me lembre a única reforma que conseguiram levar por diante foi a laboral. Leia-se: foi precarizarem o trabalho. Como se algum empresário ou gestor que se preze, daqueles que trazem desenvolvimento ao país, gostasse de vulnerabilizar a segurança dos trabalhadores e, apesar de não ter dinheiro, fosse investir só pelo gozo de poder explorar à vontade os trabalhadores.

O que esta cambada pafiana conseguiu foi que se banalizassem os ordenados de 500 euros e a precaridade de tanta e tanta gente que trabalha para empresas que são subcontratadas por outras que, por sua vez, são subcontratadas de outras. O que conseguiram foi ferir a dignidade de quem dá o melhor de si para chegar ao fim do mês e receber trocos que mal chegam para o mês inteiro. É assim que se projecta o futuro de um país!?

Cambada.

Outra coisa que me dá uma raiva do caraças é o desplante de uns caras-de-pau militantes. Então, não é que acabo de ver o Ricardo Costa, na SIC, todo videirinho, a falar do mea culpa do FMI e falando como se os erros fossem óbvios e como se  ele próprio não tivesse feito outra coisa nos 4 anos da dupla Láparo&Irrevogável do que denunciar os clamorosos erros...? Que topete. Se houve opinadores que tivessem andado aos balcões da televisão a pregar a favor da receita troikiana e, com ar douto, a explicar que ou aquilo ou o dilúvio, foi ele e todos os que, tal como ele, andam pela trela.

Muito do que é a microcefalia ou, mesmo, a acefalia de parte da população portuguesa  se deve ao excesso de lavagens cerebrais que toda a espécie de apaniguados e papagaios avençados fazem a toda a hora na comunicação social.

Teria ficado bem ao mano Costa olhar de frente os espectadores e reconhecer que se enganou quando defendeu o FMI, a troika e o Governo de Passos Coelho. Em vez de se pôr, como esta noite, a lavar a imagem dessa trupe, dizendo que era a primeira vez e que, pronto, não se conhecia bem como funcionavam aqueles mecanismos, deveria ter dito que ele próprio tinha acreditado acefalamente, não dando ouvidos aos piegas que alertaram que a coisa não ia correr bem. Ricardo Costa devia ter pedido desculpa por ter induzido os portugueses em erro ao fazê-los acreditar que estavam a ser sugados e tratados como indefesas cobaias mas que era para seu bem já que, no fim, viriam radiosas e cantantes amanhãs.


Mas não o fez. Uma vez mais falou como se os portugueses fossem estúpidos.

Os amigos da TINA

E eu, quanto a isso, o que tenho a dizer é que Ricardo Costa e os que o secundam ainda acabam por levar à falência os órgãos de comunicação social por onde deixam essa sua sonsa matreirice.
É que já não há paciência para tanta chico-espertice. Não há paciência! Uma pessoa não tem outro remédio senão fugir sempre que os vê.

Para acabar, que isto já vai para além de longo, uma palavrinha relativa ao cherne: boa malha a da Goldman Sachs ao terem a soldo um acéfalo que se enganou tão redondamente em tudo em que se meteu. 


Porque não nos esqueçamos: nisto das medidas da troika, ao lado da galinha bronzeada do FMI, que dá pelo nome de Lagarde, esteve sempre, inútil e esponjiforme, o cherne Durão. 


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.
Dias felizes para todos.

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sábado, maio 07, 2016

Durão Barroso, Jorge Sampaio, a Cimeira das Lajes, Ricardo Costa, a SIC.
[Durão Barroso, essa esponjosa criatura fez-se acompanhar pela SIC durante um dia e, claro, concedeu uma entrevista ao Mano Costa.
O resultado, do que vi, é nauseabundo. Por isso, desligámos a televisão.]
Prefiro arte.
Prefiro ver Picasso a pintar enquanto anda de bicicleta

[Upsss... afinal isto do Picasso a pintar enquanto anda de bicicleta é uma coisa na base dos Panama Papers by Expresso. Caraças!]



A firmeza de princípios, a qualidade do carácter e o tipo de personalidade de Durão Barroso são sobejamente conhecidos em Portugal, em Bruxelas e talvez em todo o mundo (se é que alguém, fora do perímetro europeu, ainda faz ideia de quem seja a criatura).

Em Portugal pouco ou nada fez de jeito até se pirar para Bruxelas onde, durante anos, ajudou a enterrar o espírito europeu. O seu legado à frente da Comissão será um dia avaliado com precisão mas, a olho, quase aposto que pior ser+a difícil.

Acabou como começou: sem nada de louvável que se diga em seu favor. Podia ser um zero mas não: muito, muito pior, negativo mesmo. Uma vergonha. Uma nódoa.


Fez toda a espécie de fretes que lhe pediram, e a triste figura que fez aquando da guerra do Iraque com base em provas que garantiu existirem é coisa que tão cedo não se apagará da memória dos portugueses.


Pois bem, agora, com aquele vício que adquiriu de dizer o que lhe parece conveniente, independentemente de ter qualquer aderência à realidade, já mudou a história e não se ensaia de quase deixar subjacente que a ideia foi mais de Jorge Sampaio do que dele. Envolver Jorge Sampaio naquela história tenebrosa para a humanidade é coisa que não lembrava ao careca (e nada contra os carecas, atenção): mas lembrou àquela desqualificada criatura. O rasto que deixa por onde passa fede, e esta agora é inaceitável.


Pelo meio, louva as reformas do láparo, gaba-lhe os sucessos e inventa o que lhe apraz -- e tudo perante um Ricardo Costa que, em vez de lhe fazer uma entrevista decente, quase parece dar a ideia de que, se pudesse, se pendurava no braço da alforreca, quiçá como seu protégé.

O que os une? 


Une-os Balsemão -- a dívida para com Balsemão. 

Balsemão: 

    que ali tem o seu ajudante-de-campo, Mano Costa, a pairar sobre a SIC e sobre o Expresso para garantir que a mensagem será espalhada; 

    tal como tem o Cherne Barroso no Bilderberg Club e a conferenciar por aí, pregando a doutrina da nova ordem sobre o novo e o velho mundo.


E digo isto com base em tudo o que ao longo dos anos venho observando. Não tenho a mania da conspiração, nunca tive, e até tenho aversão àquelas pessoas que vêm macaquinhos por todo o lado. Mas o comportamento desta gente é de tal forma despudorado e ridículo que se torna até enjoativo de observar.

Claro que depois de ver uns minutos aquela entrevista -- à qual percebi que o Expresso em papel vai dar ênfase -- não suportei o asco e, de imediato, desliguei a televisão. Ou melhor, desligou-a o meu camarada depois de os mandar para sítios impróprios para figurarem num blog tão pio como este.

Eu, que não sou dada a vernáculos, direi assim antes de mudar de assunto: a pata que os pôs. Pronto.

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E, assim sendo, viro-me para a arte. Picasso. Love, love Picasso. Uma força da natureza, pintava que se desunhava, pintava de olhos fechados, sentado, de pé, de qualquer maneira. Até a andar de bicicleta.

Monty Python - It's Arts 

- Picasso pintando em cima de uma bicicleta 



Ou seja, uma coisa a modos como as escaldantes notícias dos Panama Papers que o Expresso anda há semanas a noticiar que vai noticiar que vai noticiar que vai noticiar. Tretas. Tretas. Tretas.

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Os cartoons provêm do impagável 'We have Kaos in the Garden'
(será que o autor é o meu alter-ego?)
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Entretanto, volto aqui para actualizar o tema.

É que Jorge Sampaio já deu a devida bofetada de luva branca à alforreca com cara de cherne:
  aqui, se fizerem o favor.


domingo, novembro 01, 2015

A 1ª página do Expresso e as televisões estão cheias de quem se opõe a António Costa: Francisco Assis, Joaquim Silva Pinto, um cão que passou na rua com um cartaz que dizia 'Não votei no PS para isto!', um papagaio que se evadiu do Zoo e que passa o dia a dizer: 'I love Assis'. Mas isto vende ou os meios de comunicação social andam a investir nesta gente a fundo perdido? Juro que não percebo.


Claro que o sei do Expresso é do que vejo no site (à borla) e o que vejo na televisão é de passagem já que já dei demais para o peditório de quem se entretém a andar com o Passos Coelho ou o Portas ao colo, arregimentando tudo o que é cão, gato, ex-marcelista ou tem cabelo oleoso para fazerem o frete aos PàFs. 

Agora é o Francisco Assis, essa criatura que pode ter verbo fácil mas, coitado, empatia = zero e capacidade de convencer alguém a ir atrás dele também = zero. Acho que, se tiver cão, nem o cão ele conseguirá convencer a dar a patinha (por mais biscoitos que lhe ofereça). 

Pois o bom do Assis, levado ao colo pelos ditos media, acha que está na altura de chatear o António Costa e de dar uma mãozinha ao Láparo, Cavaco e Irrevogável. Leio que vai ver se faz uma forcinha dentro do PS, na prática uma forcinha de amigos do PàF -- e pimba!, foi só dizê-lo e ganhou logo direito à 1ª página do Expresso. 


Algum psicanalista deveria estudar o caso do Ricardo Costa, um mano de quem António Costa deve ter mais medo do que de uma cascavel.


Na televisão, era o Joaquim Silva Pinto que durante uns tempos reciclou o seu curriculum marcelista nas fileiras socialistas mas que agora, perante a perspectiva de se constituir uma alternativa ao desgoverno pafiano, saltou directamente para os balcões televisivos para pressagiar o funeral político de António Costa. Deve ser por ser noite das bruxas que aparece um fantasma destes a agoirar desta boa maneira.

Só não me admiro de ainda não terem ido repescar o bom do Seguro porque li que foi operado e, portanto, deve estar convalescente. Senão até o Tozé era repescado para vir dizer que votou no PS mas não foi para o António Costa ser 1º ministro, foi mesmo só para ele ser a muleta do Láparo.

Santa paciência. Andei o dia todo no laré mas, quando estava há bocado em casa dos meus pais e agora enquanto escrevo, só com muita sorte ou desviando-nos completamente dos canais portugueses é que a gente consegue evitar os amigos do Cavaco e dos seus afilhados.

Perante isto, a dúvida que me ocupa a mente é esta: será que ouvir a opinião desta gente tem share? A julgar por mim e por quase toda a gente que conheço, mal aparece algum papagaio ou múmia a opinar (e opinam quase todos no mesmo sentido) vai logo de carrinho. Portanto, um dia destes é ver a SIC e a TVI a falirem que nem tordos. E o Expresso idem. 

Bem, já chega disto.

Vou ler qualquer coisa e mais logo já cá volto para vos dar conta do filme maravilhoso que fui ver hoje de tarde. Que filme extraordinário...!

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As imagens que usei provêm do grande Kaos, essa arca de onde saem preciosidades para todos os gostos.

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Desejo-vos, meus Caros leitores, um belo dia de domingo.

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quinta-feira, outubro 22, 2015

Caro Ferreira Fernandes, também não foi para isto que votei no PS!
[E, de brinde, o desasado cisne que não sabe afastar-se de cena antes do triste final]


Eu votei no PS e, digo já, não foi para isto que votei.


Respondendo ao repto de Mestre Ferreira Fernandes no DN -- que, por estar farto de andar a ouvir tudo o que é bicho careta a dizer porque é que as pessoas votaram no PS, e que não foi para isto que votaram, etc, etc, resolveu esclarecer a razão do seu voto e desafiou os outros votantes a fazerem-no também -- aqui estou para dizer porque é que eu votei no PS. E faço-o no mesmo registo que ele o fez.



Votei no PS porque tenho esperança que o António Costa arranje aulas de dicção e espero que, como primeiro-ministro, alguém o obrigue mesmo a isso. 

Votei no PS porque acho que ele tem um gosto muito bizarro para se vestir -- tenho-lhe visto com cada modelito que é de bradar aos céus -- e tenho esperança que, como primeiro-ministro, alguém o mantenha na linha (tal como, vá lá!, agora tem andado). 

Votei no PS porque acho que António Costa tem um sentido de humor estimulante e espero vê-lo na Assembleia da República a dar baile aos Láparos e Portas desta vida, devidamente arrumados na oposição. 

Votei no PS porque gosto da Maria Antónia Palla e acho que é agradável termos um primeiro-ministro com um mãe tão íntegra, tão especial. 

Votei no PS porque tenho esperança que ele, ao formar governo, forme uma equipa de que a gente desta vez não se envergonhe porque de pafianas vergonhas já todos tivemos a nossa valente dose (e estou a falar muito a sério: espero que o PS arranje gente primeira água, gente letrada, bem formada, honesta -- e que não se esqueça de convidar a Catarina Martins e/ou a Mariana Mortágua porque qualquer delas seria uma mais-valia na equipa). 

Votei no PS porque tenho esperança que, com António Costa em primeiro-ministro, o Ricardo Costa, para evitar situações embaraçosas, saia da direcção do Expresso e que um outro que o substitua faça uma limpeza geral naqueles moços e moças de fretes que por lá andam.

E votei no PS para ver se arranjam uns rapazes jeitosos e ajuizados para apagar a má impressão que os Maçães desta vida causaram lá fora. E um ou uma ministra das Finanças que não vá pôr-se de gatas aos pés do Schäuble. E alguém que não tenha o tino de um Miró de óculos para um Ministério da Cultura. E um para a Educação e para o Conhecimento que não odeie o tema. E alguém no pleno poder das suas capacidades para a Justiça, para a Administração Interna ou para os Negócios Estrangeiros. Idem, claro está, para os restantes ministérios.

E votei ainda por mais uma ou outra razão mas são cá coisas minhas - e não passei procuração a ninguém para as divulgar ou falar em meu nome. 

Portanto, Senhores PàFs e pró-PàFs, se fazem favor, deixem de andar a inventar que votei no PS para que Passos Coelho possa desgovernar o meu País em paz. Não foi!

E, tal como Ferreira Fernandes, também eu digo: não é a mim que me cabe formar governo mas, se fosse, nem imaginam vocês a gracinha que também ia ser. Capaz até de contratar o Lombinha dos Briefings para quando tivesse que contribuir com alguma figurinha cómica para participar, em nome do governo, no Natal dos Hospitais.
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E agora, para quem não tenha ido ou não queira ir ao DN ler as razões do excelentíssimo Ferreira Fernandes ao votar PS, aqui estão elas, transcritas na íntegra (um prazer a leitura das crónicas do grande FF).



Não foi para isto que votei no PS!

Como há dúvidas, vou dizer porque votei. Votei no PS, eu, para que todas as casas com construção embargada que me estragam a paisagem sejam deitadas abaixo, já. Esse meu querer lembro-me de ter sussurrado ao voto quando o deitei (só não escrevi para o não inutilizar) - vai para três semanas, e o PS sobre o assunto, nada. Votei no PS por causa do sorriso irónico do líder, são os únicos sorrisos de que gosto nos políticos, mas desde o dia 4 não me parece ser esse o critério de aliança de Costa (a Catarina é simpática, o Jerónimo é veemente, mas nada disso vale um sorriso irónico, acho). Votei no PS para que ele fosse buscar o Luis Fernando Verissimo ao Brasil para dar aulas, nos três canais, duas horas por dia, prime time, sobre como se escrevem diálogos - acho o diálogo fundamental e ninguém pôs isso no programa eleitoral (o PS também não, mas eu não me ia abster, soprei no voto e foi também por isso que votei). Votei no PS porque gosto das ruas alegradas, o Costa pintou a Rua Nova do Carvalho de cor-de-rosa e eu gostava de ver a Estrada de Benfica a cheirar a pitanga. Basicamente foi isto. Os outros 5 408 804 eleitores que digam porque votaram. Eu foi por isto. E não admito que os comentadores digam que votei ou não votei por outras razões senão as expostas. Quanto a formar governo, fui ver à Constituição, não sou eu. Se fosse, vocês iam ter surpresas do caraças.


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Para terminar com dança, deixo-vos com o vídeo onde se pode ver o patético fim do triste cisne que parece não saber perceber que o seu fim está chegado

[Dedicado aos que, perplexos e ressabiados, protagonizam, neste momento, o fim de uma era largando penas e peninhas por onde passam]

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E hoje fico-me por aqui que estes meus dias são longos, de cedo amanhecer e tarde pernoitar.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma quinta-feira muito feliz.

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quarta-feira, julho 22, 2015

A SIC está em campanha a favor da coligação dos PAFs? Pergunto. É que a comentar a entrevista do vice-irrevogável Portas levou três cromos que puxam todos para o mesmo lado: a Maria João Avillez, o Ricardo Costa e o inteligente Joaquim Aguiar - cada um vendo só virtudes e particularidades justificáveis no parlapié desse grande artista que dá pelo nome de Portas. Faf, paf.


Os cabecilhas do gang dos PAFs: o irrevogável-Portas e o Láparo-pasteleiro


Não tenho mais nada a dizer sobre o assunto porque, enquanto os ouvi, não disseram nada que se aproveitasse. Ricardo Costa tem aquela conversa redonda e pretensamente independente mas que pende sempre para o mesmo lado, a Madame Avillez cristalizou no seu ódio à esquerda, seja ela qual for, e só vê virtudes nos agentes de direita, por muito ética e profissionalmente indigentes que sejam (embora possa fazer de conta que é imparcial) e o Joaquim Aguiar é aquela insustentável leveza da conversa sem nexo. Espreme-se o que dizem e não se obtém pinga de sumo. Zapping, claro.

Quanto à entrevista do vice-artista Portas, o pouco que vi chegou para perceber que foi ele em grande estilo: uma representação vazia de sentido. Um demagogo, um manipulador, um artista. Já não há pachorra. Zapping. 

Quem não os conhecer que os compre: a todos.

E, portanto, perante a falta de independência que a SIC anda a demonstrar (depois daquele trio de tristes, levou outro dueto para esquecer, Santana Lopes e o António Vitorino - e, concordarão comigo, o António Vitorino deve ser o maior repelente que há à superfície da terra em relação ao PS e à esquerda em geral: não se aguenta) e perante o panorama televisivo em geral, desisto da televisão. Que seca. 

Estou, portanto, bored e meus Caros, como muito bem sabem, pouca coisa haverá de mais perigoso do que uma bored woman. Cuidado comigo.



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E queiram, por favor, descer para o que interessa: o ensino de matemática e os problemas linguísticos. Humor na Porta dos Fundos, pois claro. Hilariante.

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quarta-feira, julho 15, 2015

Não vi a entrevista de Passos Coelho pelo que não sei se disse alguma coisa de jeito nem se a Clara de Sousa, para além de elegante, esteve bem na função. O que tenho a dizer é que não percebo porque é que a SIC continua a convidar o Joaquim Aguiar para comentar o que quer que seja. Senhores! O homem não acerta uma, não atina, tudo o que diz é ao lado. E o que também não tem explicação é que tenham cancelado o programa de hoje, na TVI 24, com o Augusto Santos Silva. Censura?


Ando a chegar a casa a horas impróprias para consumo. Ao contrário do que um Leitor escreveu num comentário ao post a seguir a este, acho que não é que eu seja estranha ou doente. Bem, quer dizer, estranha sou capaz de ser um bocadinho. Vocês que por aqui me acompanham sabem que sim, acredito que, volta e meia, deitem às mãos à cabeça exclamando entredentes, 'caraças, que mulher estranhíssima...' Mas doente eu acho que não estou. Pelo menos, espero que não... Agora tenho-me é visto ultimamente metida em situações de que não consigo escapar-me a tempo e horas. Mas, enfim, há sempre um lado bom nas coisas: hoje, por exemplo, fui poupada ao desgosto de ver o primeiro-ministro deste país. Bem... não estou a falar completamente verdade. É que, se estivesse em casa, acho que não veria na mesma. Para já porque masoquismo não é prática que me assista (como dizia aquele do skate viral) e, por outro lado, mesmo que me desse para me auto-punir, aposto que o meu roommate diria um par de palavrões e o mandaria bugiar em três tempos. 

Portanto, enquanto estávamos a jantar, ligámos a televisão e vimos o Ricardo Costa de um lado, à beira de, com as suas certezas sabichonas, enervar um bocadinho o José Miguel Júdice, o qual esteve bem, sempre muito bem, um senhor, lúcido, sereno, inteligentíssimo e, em frente, aquela criatura que, pelas interpretações que tece, mais me parece alguém que tenta parecer normal mas que nitidamente tem uma grande pancada naquela cabeça, o Joaquim Aguiar. 


As coisas que aquela criatura diz... Hoje saíu-se com mais umas quantas pérolas: que o Passos Coelho não tem ninguém por baixo, por trás, pelos lados, não tem raízes, nada. Olha quem... E continuou a dizer coisas fora da mãe, sem uma que se aproveitasse. Já no outro dia o vi a desfiar umas cenas que tiraram completamente do sério o José Miguel Júdice o Eduardo Paz Ferreira.

E o que espanta é como as televisões continuam a convidar como comentador uma pessoa que não acerta uma, que só lança confusão, que a única coisa que faz é baralhar e dar de novo -- mas tudo cada vez com menos nexo.

Entretanto, o meu marido disse que às 10 estava o Augusto Santos Silva na TVI24. Mudámos para lá. Qual quê? Lá estava o Paulo Magalhães com o João Cravinho e o Ângelo Correia. Gente até interessante, conversa até boa. Mas o Augusto Santos Silva, viste-o. Leio agora que, uma vez mais, a TVI voltou a portar-se mal. Ele já reagiu, censura, censura!, diz ele,  e os jornais online já se estão a fazer eco de mais esta desfaçatez da TVI (muito mal nisto, a direcção de informação da tvi (as letras minúsculas são de propósito). 


Enfim, é a televisão a que, pelos vistos, temos direito.

Quanto ao que o inteligente Passos Coelho disse na entrevista, não faço ideia. Mas também não quero saber já que dali nunca vi uma em que se pudesse acreditar ou que valesse a pena registar.

Temos pena, Caro Leitor do tal comentário, mas é verdade: o meu santo não cruza com o santo do láparo. Mas não é só embirração, não pense.
Tenho sempre para mim que, nisto, devem seguir-se os ensinamentos apostólicos: pelos frutos os conhecemos. E, caraças, os frutos do láparo são desemprego, mais dívida, exportação de gente nova e qualificada, atentados sistemáticos contra a classe média, desrespeito para com os reformados e mais desprotegidos, etc, etc. Pode alguém gostar disto, oh meu Caro Leitor...? Olhe, eu não gosto. Temos pena.

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segunda-feira, outubro 27, 2014

Alô, alô Ricardo Costa do Expresso! Sabe porque é que as eleições legislativas devem ser antecipadas? Eu sei que não sabe. Mas deixe que eu tente explicar-lhe, está bem?


Nos dois posts abaixo estive a dedicar-me ao humor que os Leitores, a quem agradeço, me enviam. Condimentei-os com uns toques cá à minha maneira porque gosto de textos bem aromatizados.

Depois de os escrever, estava com o computador empanado e, depois de ter tido a casa cheia até pouco antes e, portanto, estando com vontade de descansar, tinha dado a noite por feita - mas eis que me pus para aqui a mexer e parece que isto já está outra vez mais ou menos.


Por isso, regresso para dizer ao Ricardo Costa do Expresso duas coisas:



1ª Mal o meu marido pega no jornal e chega à sua coluna, dá-lhe sempre uma fúria e interroga-me sobre a razão pela qual ainda compro o Expresso. Acha-o de vistas curtas ou muito tendencioso e isso incomoda-o. Eu também acho e, por isso, não lhe dou grande atenção, passo à frente. Mas saiba que o seu estilo e a sua visão das coisas deve levar a que o jornal perca muitos leitores. E olhe que quem avisa seu amigo é.


2ª Mas desta vez fui ler a sua crónica para ver o que é que tinha arreliado outra vez tanto o meu marido. Disserta V. sobre a desvantagem ou inutilidade de serem antecipadas as eleições legislativas. O seu raciocínio é simples como o de qualquer burocrata: se é suposto um mandato durar 4 anos, é isso que deve acontecer. 


Pois permita-me que lhe explique, fazendo a demonstração por absurdo:

  • Suponha o Caro Ricardo Costa que contrata por 3 anos um jornalista para a redacção do Expresso e que não há uma que ele faça direita, inventa, escreve mal, arranja intrigas, causa problemas, desencadeia uma série de processos contra o jornal, etc. Vai mantê-lo em funções apenas porque era suposto que ele lá ficasse 3 anos?
  • Ou suponha o Caro Ricardo Costa que contrata uma empregada doméstica para lhe tratar da casa durante 1 ano. Suponha o meu Caro que ela todos os dias lhe parte ou rouba qualquer coisa ou estraga tudo onde mexe. Todos os dias. Só porque a contratou por 1 ano vai mantê-la em funções?
  • Ou suponha o Caro Ricardo Costa que contrata uma ama para tomar conta do seu filho bebé até ele ter idade de ir para o infantário. Contudo, constata que se enganou na escolha já que ela alimenta mal a criança, não lhe muda as fraldas, deixa-a a chorar todo o santo dia e, ainda por cima, lhe chama piegas e diz que, se não está bem, pois que saia da sua zona de conforto. Mantê-la-ia em funções?

Do que lhe conheço, talvez os mantivesse em funções mas deixe que lhe diga: faria muito mal.

Há casos em que o dano é tão grande que, por cada dia que passa, manter uma pessoa ou uma equipa em funções é fatal.

Passos Coelho, Paulo Portas e as restantes criaturas que compõem este indigente desgoverno mais não fazem, a cada dia que passa, que destruir o país de todas as maneiras possíveis e imaginárias. É da mais elementar razoabilidade tirá-los de lá o mais depressa possível. 


Destruir é sempre mais fácil do que reconstruir.

Ainda só lá estão há 3 anos e picos e até é a Albuquerque que já assumiu que nem 10 anos vão ser suficientes para que se volte ao que era antes. Imagine-se se ficarem muito mais tempo...

Dir-me-á, o Caro Ricardo Costa, que nem todas as desgraças são da responsabilidade deste governo. Pois não.

Mas vamos outra vez por absurdo: suponha o meu Caro que lhe dão para as mãos um autocarro que não é grande espingarda, já com alguns problemas, e lhe pedem que o conduza durante 4 anos mais.

Uma pessoa atilada, dentro das limitações e condicionalismos que tinha, perceberia os pontos fracos e fortes do autocarro, avaliaria o caminho a percorrer, tentaria reparar a viatura, tentaria escolher o caminho mais adequado, enfim, tentaria controlar os danos, mitigar os riscos, fazer o melhor possível. 

Mas imagine que o Caro Ricardo Costa se acha o maior da cantareira (e, por acaso até se acha, não é? mas isso agora não vem ao caso, deixe) e que se arma em leão e diz que os outros calaceiros é que não queriam andar com o autocarro, uns piegas, mandriões, que V. vai tirar umas peças para ele ficar mais leve (talvez até dissesse que lhe ia cortar umas gorduras), vai deitar pessoas pela borda fora, que vão a pé, ora essa, e uma enxadinha nas mãos também não lhes fazia mal, e tirava os bancos, pois que vão no chão (e a Jonet até era capaz de ir mais longe e dizer para irem só com um sapato, que isto de se querer andar com dois sapatos é para quem pode, não para quem quer) e tirava as janelas, ora para que é que querem evitar o vento e a chuva na cara, gente que não sai da zona de conforto, e tirava algumas velas ao motor, e toda a gente lhe dizia que V estava era a estragar ainda mais o autocarro e V. que não, que se teria era que tirar mais umas quantas peças para ver se a receita fazia efeito, e que, para ter dinheiro para reparar a viatura, vendia o volante, os pedais e o travão de mão, e como a viatura ficava descomandada, atacava noutra área, e tirava o reservatório do óleo, e, mal se cruzasse com uns chineses, vendia-lhes a bateria e mais o que eles quisessem, e se aparecessem angolanos ou colombianos tanto melhor que talvez ficassem com o resto, incluindo com a chave da ignição.

Então? 

O carro já não lhe tinha chegado às mãos em grande forma mas, caraças!, o que é que V. lhe tinha feito a seguir...? Só porcaria atrás de porcaria, certo? Espatifou com tudo e muito de forma irreversível, não foi?

Deixar o Passos Coelho ficar ainda mais 1 ano, pretende o Caro Ricardo Costa? Mas para quê? 

Só se acha que isso ia tirar Cavaco Silva do seu sossego e não lhe parece isso bem. É isso?

Acha mesmo que os portugueses, fustigados, empobrecidos, tantos que se viram desgraçados, escorraçados, desprezados, separados das suas famílias, deverão poupar a dupla Cavaco Silva e Passos Coelho e deixá-los estar paulatinamente entregues à sua missão de destruir o País até ao fim do mandato? Acha? Explique lá isso melhor, se faz favor. E devagarinho, que eu eu sou assim mais para o lerdinho.


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Relembro: este é o terceiro post desta noite e o mais desagradável. Os dois que se seguem contêm humor e poesia e música e etc. e permitem lavar a mente já que estes de quem acima falei só nos dão desgostos.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda-feira.