quinta-feira, fevereiro 29, 2024

Marcelo & Companhia - ou entra mosca ou sai asneira -
[De novo, a palavra ao meu marido]

 

O PR, que seguramente já estava em profundo sofrimento por não aparecer amiúde nas TVs, falou e brindou-nos com mais uma pérola. 

Relativamente a mais um caso de agressão com tinta perpetrado por um jovem, resolveu pronunciar-se e dizer asneiras como já tinha acontecido em protestos anteriores idênticos. Um PR com sentido de Estado e bom senso teria dito que, numa democracia, por mais justas que sejam as causas, não se podem defender as causas praticando crimes e que os culpados devem ser punidos de acordo com a lei. Mas não. O Prof. Marcelo disse que não valia a pena continuarem a atirar tinta porque já não causa impacto, porque já não é eficaz. E disse mesmo mais, que da primeira vez tinha causado impacto, da segunda também mas depois que a coisa se banalizou e já ninguém liga. Acho que este tipo de declarações do Prof. Marcelo são graves para a democracia e espero que pelo menos alguns comentadores lhe "batam" com força. No seguimento do que, há uns dias, disseram vários médicos num programa na RTP2 sobre o sono, o facto do Prof. Marcelo pouco dormir estará a afetar-lhe as capacidades cognitivas. Temo o pior nos próximos capítulos.

Outro assunto: vi ontem uma parte das intervenções do José Gomes Ferreira e do Gaspar Macedo (julgo que é este o nome do puto que participou num painel com a Joana Amaral Dias e o Pedro Costa na CNN). Ambos (o JGF e GM) revelaram bem o que é, neste momento, a direita em Portugal: cheia de  ódio, revanchista, desrespeitadora de quem tem opiniões diferentes e desejosa de vingança. Quem pensa votar na AD devia ter também em conta esta forma de a direita e seus arautos televisivos se comportarem. Felizmente, os poucos comentadores de esquerda que ainda são convidados pelas televisões têm um comportamento diferente  e cordato. 

Tanto o José Gomes Ferreira (que é tudo menos jornalista) e o puto interviram sempre de forma colérica, não dando hipótese aos outros intervenientes de falarem e vociferando quanto a tudo e contra todos desde que não fossem exatamente da mesma opinião que eles. O Ferreira até conseguiu dizer que  a maior subida de impostos em Portugal foi a subida do IVA feita pelo PS de 21 para 23%. É uma afirmação tão estúpida que deixou os outros intervenientes de boca aberta  e a "pivot", coitadinha, preferiu passar para um discurso da campanha eleitoral. Quanto ao puto que destila ódio a tudo que não seja direita pura e dura e que não dá "uma para a caixa", qual terá sido o critério seguido pela CNN para o contratar? Será o número de seguidores nas redes socias? Se for o número de seguidores mais vale contratarem "malta" do Big Brother para comentarem a campanha eleitoral  que, mesmo eles, são capazes de dizer coisas mais acertadas do que o Gasparzinho e não indisporem tanto os espetadores. Sugiro também que a SIC substitua o Ferreira por alguém do "Era uma vez na quinta" que terá certamente maior adesão à realidade e não dirá tantas pantominices.

Também o Pedro Bello Moraes, quando participa nos painéis, deveria, pelo menos, fingir que está ali como moderador isento, e não como fanático a favor da AD. É que, sistematicamente, toma as dores da coligação sempre que alguém critica, mesmo que ao de leve, o Montenegro ou afins. Cansa. Incomoda. 

quarta-feira, fevereiro 28, 2024

Pensamentos desnecessários

 

Não tenho muito a dizer. Como tinha antecipado, o dia foi muito preenchido e, não por acaso, cansativo.

Afinal o problema técnico da véspera não tinha ficado resolvido e o meu marido chamou-os outra vez. Cá estiveram. Nós a termos que sair e eles sem aparecerem. Depois que afinal era precisa outra maquineta porque, segundo eles, a instalação anterior, de tão artilhada que era (que é), não tem funcionamento óbvio.

Portanto, esta quarta-feira vêm outra vez, supostamente já com o dito equipamento. Como o meu marido vai ter que sair muito cedo, mais cedo ainda que eles, terei que ser eu a abrir-lhes o portão e a porta. Portanto, continuarei a não poder pôr o sono em dia.

Saímos já nas horas de estalar. Depois uma reunião para ver se os imbróglios se desensarilham. Demorada. Não apenas porque o principal interveniente chegou atrasado mas também porque o tema tem o seu quê de rebuscado. Aliás, não é um tema mas, sim, dois.

Dali, já tarde, seguimos para casa dos meus pais. Nesta fase, o meu marido já começa a dar mostras de uma impaciência que não tende a diminuir.

Não sei como é que o assunto se poderia resolver de outra maneira. Não creio que se possa contratar gente para ver o conteúdo de gavetas e portas e prateleiras nem para escolher o que é lixo ou o que deve ser aproveitado. 

O problema é que interminável... 

Mesmo quando se pensa que a maior parte já está vista, revista e escolhida, a verdade é que, ao fim de muitos dias, tenho a plena consciência de que há ainda muito para ver. 

E, de cada vez que vêm coisas para cá, depois há que fazer outra ginástica: arrumar, ver onde se põe, onde se guarda, etc. 

E, em cima de tudo isto, a tristeza que isto me dá. Ver o que a minha mãe guardou, saber que achou que tinha valor estimativo, pensar nela a arrumar bem aquelas coisas... e eu agora desejando que aquilo acabe... 

Outras vezes, a tristeza ao ver a roupa que me lembro tão bem de a ver com ela, pensar que ela se foi e a roupa ali continua... Uma roupa bonita, jovem, bem cuidada. 

Outras vezes, a tristeza de pensar que parecia tão bem, ela, que fazia tanto gosto em arranjar-se bem, que tinha cuidado com a alimentação, com fazer exercício, e, afinal, em menos de nada, se foi. Não sabia que isto era possível, uma pessoa parecer bem e em dois meses entrar em declínio acelerado e morrer. Sempre pensei que, em idades avançadas, as doenças tumorais evoluíam lentamente. Afinal, avançou silenciosamente, sem sintomas, e, de súbito, galopou de forma exuberante, sem qualquer possibilidade de tratamento. Ela sabia o que tinha, há cerca de um ano e picos que o sabia, mas, se calhar, também pensou que as células não se multiplicariam. E como não tinha sintomas, deve ter pensado que não valia a pena maçar-se e maçar os outros com uma coisa que não estorvava. Não sei. 

Sei que isto não estava nos planos dela. Imaginava-se a viver por muitos mais e bons anos. 

Antes de resolver ir para a residência, mandou fazer uma limpeza a fundo à casa. Os cortinados foram retirados, lavados, os roupeiros esvaziados, tudo limpo. Descongelou e mandou limpar o frigorífico.  Não queria empregada regular em casa, achava que dava bem conta de tudo. Mas, para essa limpeza profunda, concordou que tinha que ter ajuda. Foi uma limpeza e peras. Eu espantada. Para quê tudo aquilo...? Deixou a cama feita, o frigorífico ligado com comida, até fruta na fruteira na mesa da cozinha. Eu pensava que a ideia dela era até lá para ver se conseguia convencer o médico a suspender-lhe ou reduzir a medicação do coração que, segundo ela, só estava a fazer-lhe mal, e depois voltava para casa. Ou, se não gostasse daquilo, voltava para casa. Ou, quando lhe apetecesse, ia passar uns dias a casa. E eu concordava: se não gostasse, não tinha nada que lá ficar. Ia porque queria, ficava se quisesse, era dona e senhora da sua vontade.

Uns dias antes, andava aborrecida porque não tinha uma pilha das grandes para o relógio da cozinha. Tinha várias mas nenhuma do formato necessário. Quando a teve, ela própria subiu a uma cadeira e mudou a pilha. Estava de saída para uma residência mas era como se apenas lá fosse passar uma breve temporada. Quando lhe perguntei para que é que estava a mudar a pilha ao relógio, disse que gostava de chegar à cozinha e ter sempre ali as horas. Não quis perguntar-lhe se estava mesmo numa de ir e vir.

Mas, apesar disso, foi carregada de malas, parecia que ia para um cruzeiro em que tivesse que mudar de toilettes durante o dia. Até chinelos de quarto levou dois pares. Robes parece que também dois. Isto para o inverno. Dizia que não valia a pena levar logo roupa e calçado de primavera. Logo ia buscá-la quando chegasse a altura. 

Passados poucos dias estava a adoecer sem se perceber o que tinha. Tudo tão rápido.

Mas, enfim, já não adianta pensar nisso pois nunca conseguirei compreender tudo o que aconteceu. Aparentemente nem os médicos que a acompanhavam (com excepção da pneumologista, à qual deixou de ir, dando-nos a entender que a médica lhe tinha dado alta, que já não vali a pena lá andar) e que nunca descobriram o que tinham, conseguirão perceber tudo o que se passou. 

Hoje desfiz-me das suas infinitas revistas de tricot, crochet, decoração, costura, revistas com moldes. Muitos trabalhos complicados fez guiando-se por aquelas revistas. Gostava de tê-las guardado. Mas não tenho onde guardá-las e nunca iria dar-lhes uso. Mas custou-me muito.

Por isso, quando venho de lá, não sei se o cansaço que trago é de tudo isto, da tristeza e das saudades, se é de querer 'salvar' as coisas já que não consegui salvá-la a ela (embora reconhecendo que, apesar de tudo, ainda bem que viveu bem até tarde e que o período de sofrimento e agonia foi curto), se é também da impaciência do meu marido. Mas venho muito cansada.

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Enfim. Não vem nada a propósito mas apareceu-me a Pattie Boyd, em tempos uma famosa modelo e depois casada com George Harrison. E, depois, com Eric Clapton. Depois disso a sua vida continuou. Foi musa mas foi também dona do seu destino. É agora uma mulher quase com 80 anos. Na fase em que ando, vejo qualquer pessoa e inevitavelmente traço-lhe logo o destino: 'e um dia destes já cá não está....'. Mas depois afasto estes pensamentos mórbidos e parvos e penso que não há ninguém que cá fique pelo que a minha conclusão é redundante, desnecessária, parva, e que, se andamos a pensar nisso, nem aproveitamos bem a vida. Portanto, chuto o pensamento para canto (ou, pelo menos, tento), e bola para a frente.

Mas, aqui fica a Patti Boyd.


Pattie Boyd’s Prisoner Scene In The Beatles’ “Hard Days Night”


Pattie Boyd: rock's most legendary muse

A four-time Vogue cover-girl, Boyd is widely regarded as rock's most legendary muse – as the former wife of both George Harrison and Eric Clapton, she inspired some of the greatest love songs of all time. The sale is led by the original artwork chosen by Eric Clapton for the cover of Derek and The Dominos 1970 album Layla and original handwritten lyrics for George Harrison's Mystical One, alongside love letters, drawings, photographs, fashion, jewellery and watches. 

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Um bom dia

Saúde. Serenidade. Paz.

terça-feira, fevereiro 27, 2024

Os 'meus' factos do dia: a importância que os excitados de direita (Maria João Avillez incluída) deram à aparição do Láparo no Algarve e a advertência feita pelo Luís Paixão Martins, na CNN, de que a tracking poll da dita CNN não representa a população votante pelo que os resultados apresentados podem não ser fidedgninos

 

Acordaram-me com um telefonema e já não voltei a adormecer. Com a necessidade de dormir de que sempre padeço, isto é grave. 

Acresce que finalmente vieram cá arranjar um depósito que estava a verter água. Vieram cedo e, claro, foi uma festa a nível canino. O cãobeludo ouve vozes, sente presenças estranhas, e, portanto, ladra, anda pela casa num virote, a avisar-nos do perigo e intrigado por o mandarmos calar em vez de irmos para os abrigos. Não houve sossego.

E se não acontecesse sempre aquilo de que o que pode correr mal, claro que corre sempre mal, teria sido bom. Mas correu mesmo mal e os homens estiveram cá até às nove e tal da noite pois, no fim de subirem e descerem ao telhado, de irem e virem ao sótão, de andarem dentro e fora, a coisa não funcionava. E o cão doido da vida. O meu marido já num desespero com vontade de os ver pelas costas. E eu na mesma. Mas, claro, não podíamos ficar sem água quente.

Com tanto entra e sai deles e tanto ladrar do pobre animal, esqueci-me de baixar o lume do fogão e só dei por ele quando me cheirou a queimado. Arroz queimado. O caldo veio por fora, queimando-se em volta do bico. Penso que foi só a camada inferior do arroz a ficar sacrificada pois, mau grado o intenso pivete a esturro, já o jantámos e estava bom. Como fiz para duas vezes, amanhã, quando formos mais fundo, é que devem ser elas. Mas, optimista que tendo a ser, ainda quero acreditar que, com sorte, o cheiro terá sido sobretudo do caldo queimado, que veio por fora, e não do arrozinho em si. 

De tarde, depois de almoço, estava com sono mas, com as movimentações e o barulho, não deu sequer para fechar os olhos. Mas bem precisava.

Depois dos homens terem saído ainda fomos fazer a caminhada nocturna com o cão de guarda. Um frio que só sentido, um vento antárctico, irrespirável de tão gélido.

Depois é que jantámos. Agora estou cheia de sono. E do cão nem falo: está aqui no chão, estafado, estendido, a dormir a sono solto. Quando é para dormir, costuma sair da sala e vai para os seus aposentos. Hoje não conseguiu, ficou a meio do chão, indiferente a quem entra ou sai da sala.

Não vi televisão senão agora. E pasmo com o relevo que os comentadores estão a dar à aparição do Láparo. Foi ao Algarve, nem sei se a Boliqueime, mostrar o seu sorriso sem lábios, foi lembrar-nos o seu ar malévolo. Um susto. Como se aquela criatura de má memória fosse mobilizadora para alguém. Por exemplo, apanhei um bocado da Maria João Avillez, numa excitação quase desvairada, pegada, imagine-se, com o Bugalho (que, honra lhe seja feita, lhe respondeu à altura), uma coisa que mostra bem a índole inflamada e facciosa das hostes laranjas.

Ouvi, depois, o Paixão Martins dizer que o Passos Coelho talvez mobilize aquela direita que anda indecisa entre o Montenegro e o Ventura. Talvez. Se, com isso, o Láparo conseguir fixar eleitorado laranja em vez de os deixar fugir para o Chega, menos mal.

Gostei foi de ouvir o Paixão Martins passar um atestado de incompetência à CNN por ter uma tracking poll deficiente, que, muito provavelmente, está a distorcer as análises feitas às tendências de voto. Imagino que, a esta hora, os da CNN andem a ver como remediar a situação. A menos que a intenção seja mesmo a de manipular a opinião pública. Já não digo nada.

Tirando isso, pouco ou nada mais tenho a dizer. 

Ainda tenho muita triagem a fazer nos livros que estão na cave, ainda a monte, (e preocupa-me, claro que sim, este acréscimo considerável de volumes pois se antes já tinha a perfeita consciência que nem que viva até aos 200 ou 300 anos conseguirei lê-los a todos, agora ainda mais difícil será -- até porque os livros antes tinham uma letra muito miudinha e uma pessoa a partir para aí dos 150 já deve ter uma certa dificuldade em conseguir entender-se com páginas compactas de letrinhas minúsculas; a menos que, daqui por uns anos, já haja maneira de fazer ligação directa entre as páginas dos livros e o cérebro, sem ter que esforçar a vista).

Para além dos livros mais antigos também terem um papel que agora já me parece um pouco desapropriado, alguns também já estão com a folhagem um pouco desconchavada. Mexo-lhes com mil cuidados mas a pensar que deveria dar-me ao luxo de gastar com eles o tempo necessário para recoser as folhas ou para colar as lombadas. Só que continuo a não conseguir dar vazão a tudo o que tenho em mente. Ou são coisas a mais ou tempo a menos ou, o que talvez seja provável, estou a ficar muito menos produtiva do que era antes.

Uma amiga contou-me que o marido, desde que teve covid, não voltou a ser o mesmo, que se cansa muito, que mal dá um par de passos a mais que o habitual fica logo com os bofes de fora. E ela é médica. Ou seja, pelos vistos ainda não descobriu maneira de o voltar a colocar nos eixos. Também tenho ouvido dizer que a gripe deste ano deixa algumas pessoas podres de sono. Ora eu, a seguir a ter covid, faz agora um ano, fiquei alguns meses pedrada de sono. E a gripe que tive há pouco tempo também me deixou com muito menos energia. Se calhar é isso tudo junto que ainda tenho agarrado a mim. Isso mais os anos que tenho em cima. Caraças.

E depois há este meu biorritmozinho do caneco. Podia escrever aqui durante o dia. Mas não senhor. Continuo a achar que o dia é para trabalhar ou fazer tarefas de outro tipo. Escrever aqui é hobby ou vício nocturno. Faça chuva ou faça sol só começo nisto às tantas. Portanto, só por isso, já era caso para ter sono. Agora imagine-se que, para além disso, há ainda o efeito cumulativo do sono e da quebra de energia pós covid e pós gripe. E já nem falo dos meses de stress agudo que vivi com a situação da minha mãe, o último dos quais totalmente arrasador. Conclusão: durante o dia, por vezes penso que quero falar disto ou daquilo. Depois chego aqui à noite e já estou com a bateria nos mínimos. Parvoíce, isto.

Bem.

E esta terça-feira vou ter uma agenda bem preenchida pelo que mais vale não ir muito tarde para a caminha.

Tinha aqui um vídeo bom mas fica para outro dia.

segunda-feira, fevereiro 26, 2024

À atenção de Pedro Nuno

[A palavra ao meu marido]

 

Cada vez parece mais claro que estas eleições não deviam ter existido. Acontecem devido à inqualificável atuação do MP e à forma oportunista e sem atender ao interesse nacional como o Prof. Marcelo conduziu a sua atuação desde o início do governo de maioria absoluta do PS.

Neste cenário, tenho dificuldade em perceber as razões pelas quais o Pedro Nuno Santos não enfatiza, nos debates e nas  intervenções, os sucessos e as melhorias conseguidas pelo governo do PS e as razões pelas quais em algumas áreas o governo não terá atingido os objetivos que se propunha. 

Existem muitos pontos positivos aos quais, julgo, os portugueses são sensíveis e que valeria a pena enfatizar: 

  • a baixa taxa de desemprego, 
  • o aumento significativo do número de postos de trabalho, 
  • o aumento do salário mínimo, 
  • o aumento do salário médio, 
  • os apoios sociais extraordinários na época da pandemia e quando a inflação disparou,  
  • o crescimento da componente de exportações no PIB, 
  • o crescimento da economia (um dos maiores da Europa), 
  • a digitalização de muitos serviços públicos (quem tem que tratar de documentos ou ir a repartições públicas percebe que houve uma enorme evolução), 
  • o controlo relativamente rápido da inflação, 
  • o prestígio que granjeamos na Europa devido à nossa  evolução... 
  • e, claro, as contas certas 
  • e o excedente orçamental que permitem alavancar a evolução do País.

O Stiglitz, quando esteve em Portugal, referiu que Portugal tinha conseguido o impossível. É importante referir estas opiniões autorizadas que também são muitas vezes referidas por altos representantes da Comunidade e de Países Europeus.

Depois temos as áreas mais controversas. 

Primeiro  a Saúde. Vale a pena relembrar que em 2020 houve uma pandemia e que foi, sobretudo, o SNS que cuidou dos portugueses e que, por exemplo, conseguiu um enorme sucesso com  a percentagem de pessoas vacinadas e com o período em que tal foi feito. É com certeza um ponto a favor da politica de reforço do SNS. É certo que existe falta de médicos ou porque se reformaram ou porque passaram para os privados que pagam melhor devido ao aumento da procura. O governo poderia/deveria ter apostado mais cedo na reforma do SNS, mas seria possível no rescaldo da pandemia? Não sei.

Relativamente à Habitação todos sabemos que é um problema Europeu. A procura por estrangeiros  e  a aposta na habitação como aplicação financeira fez disparar os preços. Mas, por exemplo, não será de referir que as habitações agora publicitadas pelo Moedas resultaram de politicas do PS à frente da Câmara de Lisboa?

Relativamente aos professores e aos polícias é certo que, enquanto o Mário Nogueira estiver à frente do Sindicato  e houver um governo do PS, os professores estarão na rua. Quanto à polícia parece haver reinvindicações justas, mas, sobretudo existe  a perniciosa influência da extrema direita. 

Quanto à Justiça já aqui escrevi que o António Costa devia ter tomada medidas para melhorar o funcionamento da Justiça e para que o MP não faça o que quer, chegando ao extremo de demitir governos.

Em contraponto com o anterior governo do PSD, o governo do PS (que passou por uma pandemia e por duas guerras) cuidou mais e melhor  das pessoas, fez o País crescer e conseguiu atingir os patamares necessários para um futuro melhor. Não valerá a pena enfatizar estas realidades na campanha eleitoral? 

Um outro argumento que não vejo suficientemente utilizado pelo Pedro Nuno é contrapor o crescimento sustentado conseguido pelo governo do PS em contraponto com a política económica proposta pelo PSD que, como é sabido, nunca deu bons resultados nem originou crescimento sustentável na economia e, pelo contrário, criou mais desigualdades e só promoveu o aumento da riqueza dos mais ricos, levando a graves crises financeiras. 

Numa campanha eleitoral é essencial ser eficaz, utilizando todos os argumentos válidos ao dispor, e no caso do PS, são mais que muitos. Está na hora de Pedro Nuno dos Santos começar a usá-los.

 

domingo, fevereiro 25, 2024

Turistar, arrumar livros, pendurar quadros.
[E, já agora, plantar uma floresta]

 

Informaram que já poderíamos ir buscar o quadro, que tinha ficado muito bonito com a moldura que tínhamos escolhido. Fomos de manhã. 

Aproveitámos para turistar por ali. E uma coisa é certa: quando estamos numa de fazer turismo, descobrimos coisas que antes nunca vimos. Pelo contrário, quando nos armamos em entendidos a passamos pelas ruas e jardins como cão por vinha vindimada, dando por adquirido e considerando déjà-vu tudo o que está à nossa volta, o que acontece é que passamos sem prestar atenção a nada, ceguinhos de todo. 

Foi, pois, com a disposição de um marinheiro de primeira água que me fiz aos jardins. Muita gente, todas as línguas, todas as raças. Gosto imenso de andar nestes ambientes. Há muita gente que fica com comichões quando se vê rodeada de gente estrangeira. Eu não. Mil vezes isso do que cercada de vizinhas que examinam e comentam tudo o que uma pessoa veste, faz ou diz.

Chovia e íamos preparados para a chuva mas cruzámo-nos com pessoas que iam de manga curta, à fresca, e sem mostrarem qualquer frio. 

Como sempre, muita gente a fotografar-se a si própria com os monumentos, por trás, votados à irrelevância. Parece que, nesta era, há uma grande tendência para o narcisismo. Por algum motivo as pessoas pensam que os outros têm muito interesse em acompanhar os seus passos ou que, na proximidade de esculturas interessantes, jardins bonitos ou monumentos excepcionais, o que é relevante é a pose que fazem ou o sorriso que exibem.

Acontece que, nessa altura, da central de segurança ligaram ao meu marido a informar que tinha accionado o alarme na nossa sala. As imagens não mostravam presença humana. Mas ficámos preocupados pois as câmaras não cobrem todos os ângulos de todas as divisões. Por isso, abreviámos o percurso turístico, fomos buscar o quadro e retirámo-nos para vir conferir se estava tudo bem. Felizmente, estava.

Dado que o tema 'pendurar quadros' é tema sensível cá em casa, mantive-me prudentemente reservada.

Depois de almoço, enquanto ele estava no sofá a ver séries ou futebol ou a dormir (não sei), eu atirei-me à árdua tarefa de mondar os livros que já vieram. 

O meu marido colocou os sacalhões na cave. Alguns sei, à partida, que nós também já cá os tínhamos. Esses fui logo arrumando numa das estantes que lá está, na cave. 

Aqueles que me ofereciam dúvidas, trazia-os para cima. Os de língua portuguesa vinham para a biblioteca do rés do chão. Os outros para a biblioteca do primeiro andar. Por isso subi, carregada de livros, muitas vezes, um ou dois lances de escadas. Depois, in loco, validava se já os tinha ou não. Se sim, voltavam para a cave. Os que não tinha foram arrumados na devida ordem alfabética. E isso está a trazer-me grandes problemas pois muitos não cabem. Por isso, tive que reformular, arrumar de outra maneira. Tudo isto é um desafio...

Parei porque já estava cansada e com medo que tanto step em doses maciças e carregada de livros me afecte as articulações já que se dão mal com carregos e com movimentos repetitivos. E foram umas horas disto. 

Mas tive vários momentos de felicidade pois encontrei muitos livros que julgava perdidos. 

Estupidamente nunca me tinha ocorrido que poderiam ter ficado em casa dos meus pais. 

Por exemplo, na altura, andava na faculdade, tinha ficado francamente impressionada com A Bastarda da Violette Leduc. E tinha-lhe perdido o rasto. Hoje apareceu. E vários outros. Por exemplo, vários dos Livros do Brasil. Ou um outro que, na altura, também me impressionou, o Papillon. Ou os do Gorki. Por algum motivo, quando me casei, levei uns e não levei outros e, depois, acabei por me esquecer de ir buscá-los.    

Mas, dos que vieram de casa dos meus pais, há muitos que não tinha e que, por mim, para mim, não os teria comprado. Por exemplo, várias biografias de personagens históricas ou livros sobre saúde (cérebro, microbiota, etc). Alguns, por sinal, fui eu que os ofereci à minha mãe. O meu pai também lia mas mais livros mais técnicos ou sobre geografia ou ciências. Depois há várias obras completas: Ferreira de Castro, que foram para a minha filha, Eça, que o meu filho diz que ficará com eles, Camilo Castelo Branco que ficaram para mim pois tinha alguns mas não todos. Os do Aquilino não sei se ainda lá estão ou se a minha filha também os levou. Os do Júlio Dinis ainda não vieram. E sei lá que mais.

Claro que a estante dos repetidos já está a transbordar.

A ver se este domingo consigo dar destino aos que ainda estão em sacos na cave.

Mas, dizia eu, andei nisto, para cima e para baixo e, claro, de bico caladinho em relação aos quadros.

Até que, como por milagre, o meu marido apareceu ao pé de mim a dizer para irmos ver onde pôr os quadros. E falo no plural pois o que veio foi para o lugar de outro que, por sua vez, desinstalou outro. E assim sucessivamente. Também para pendurar o que o meu tio pintou tive que arredar outro que, por sua vez, foi para outro sítio e assim sucessivamente, e patati-patatá. Portanto, uma enfiada deles. É que nem sempre um pode usar o mesmo prego que o antecessor pois ou está acima ou está abaixo.

Mas a verdade é que a coisa fluiu sem dramas e já está tudo posto e lindinho. Milagre, milagre.

E é isto.

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Vi há pouco um daqueles vídeos que me encantam. Plantar uma floresta, salvar uma floresta do declínio quando a principal e quase única espécie é atacada, andar pelos campos, fazer arte com paus, troncos, pedras, sentir a terra com as mãos, ver a natureza a reinventar-se, se. Tudo maravilhoso.       

Rewilding A Forest | Maria "Vildhjärta" Westerberg | Something Beautiful for the World

Synopsis: Maria was a romantic, animal-loving, dreamy child who, growing up, had a hard time conforming to the demands associated with the trajectory towards "a normal life". As a young adult she became depressed, and was encouraged by her therapist to go for walks in the forest. The myriad of funny-looking twigs and sticks she found along the way immediately put her on a path to recovery. Now, 25 years later, she's a celebrated "twig poet" whose art is shown in galleries throughout Sweden. When a climate related crisis strikes the forest where she lives and works, she's forced into a new type of creativity in order to save the place that once upon a time saved her. 

Filmed in: Värmland, Sweden

Featuring: Maria "Vildhjärta" Westerberg & Johannes Söderqvist (https://vildhjarta.net/) and Martin Jentzen (https://www.jentzen.se/)


Desejo-vos um belo dia de domingo

Saúde. Alegria. Paz.

sábado, fevereiro 24, 2024

Debate geral pré-campanha eleitoral.
Para o vencedor, o Carlos Daniel, um post todo florido

 

Apesar de estar aguaceirento, achei que se poderia estender a roupa. O meu marido entendia que era perda tempo pois, não tardaria, a chuva viria. Arrisquei. Entre as sessões de pingaria, a aragem e o tímido sol tratariam da saúde à roupa.

E assim foi. Secou que foi uma beleza. De vez em quando era borrifada mas, logo, logo, vinha um ventinho saudável que a secava.

Não deu foi para me pôr estendida a apanhar sol pois a friagem estava de apertos. Tive que ir buscar uma camisolinha mais aconchegante.

O dia foi a modos que assim, com coisas para tratar, e tratei delas, um conjunto de mails, uns telefonemas, um certo expediente, mas, em relação a algumas matérias, sem saber se alguma coisa vai ficar tratada. Mas paciência, é o que é, há coisas que, se calhar, serão mesmo na base da tentativa e erro. 

As caminhadas também foram híbridas, metade à chuva e outra metade com ela escondida a ver se aparecia. Mas bem belas, fresquinhas, revigorantes.

Mas as flores despontam por todo o lado e até uma que eu julgava que era bonita apenas pela rubra folhagem agora saiu-se com um golpe de mágica e surpreendeu-nos com uma cobertura altamente imprevista. Até tive que ir informar-me para não passar pela ignorância de desconhecer que planta misteriosa aqui tenho. É a Loropetalum chinensis Fire Dance. Quem diria?

[É a primeira fotografia, a que está à esquerda]

A magnólia também está exuberante, flores que parecem de papel, fabricadas por laboriosas mãos. Lindas, lindas.

[É esta aqui ao lado, à direita]

Não falo das camélias. Aborrecem-me. São muito bonitas mas inaceitavelmente efémeras. Não se aguentam bonitas. Atiram-se logo para o chão. 

[É esta aqui abaixo, também à esquerda]

E já nem falo dos jasmins. O amarelo é luminoso mas discreto, não exala aquele perfume que inebria. O outro, o fúcsia e branco, é insolente. Parece coisa miúda mas as florzinhas ficam numa excitação perfumada. Quando passamos por ele não consegue passar despercebido, perfuma o ar que é uma indecência. É um perfume controverso. Ao princípio estranhei. Agora, não é que se tenha entranhado mas aprendi a gostar dele. O meu marido acha que o cheiro é doce e intenso demais.

[É a quarta e última fotografia]

Quando passeamos pelas ruas, em especial à noite, há, por todo o lado, um perfume bom, delicado, um cheirinho suave que se mistura com o mistério das penumbras. Talvez seja a primavera que não consegue esperar pela sua vez, que já aí está.

Tirando isso, o que posso dizer é que parece que continuo a modos que preguiçosa, parece que me falta aquela energia que me levava a fazer mil coisas por dia. 

Por exemplo, tinha pensado ir tirar dos sacos os livros que vieram ontem para identificar os que ainda não tinha cá em casa, para arrumar esses nos sítios devidos, deixando os repetidos numa estante que está na cave para os meus filhos poderem ir escolher para eles ou para ficarem para, mais tarde, os meus netos. Mas não consegui ânimo para tal. Lá continuam.

Em contrapartida, consegui mover-me para a história que ando há séculos a escrever e que já dei por finda mas que tem que ser lida, relida, rerrelida. Mas a verdade é que estou naquela fase em que, para fazer qualquer coisa, tenho que pedir licença a uma mão para poder mexer a outra. Mal me reconheço, confesso.

E não falei ainda dos passarinhos que andam numa animação, esvoaçam e cantam que é uma alegria. E o meu marido ontem disse que tinha passado ali uma andorinha. Fiquei muito contente e a desejar que ocupem um dos ninhos para poder vê-las muitas vezes.

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Quanto ao debate, o que me apraz dizer é que o Carlos Daniel provou ser um dos melhores moderadores da nossa televisão. Esteve sempre bem, muitos furos acima de qualquer dos outros. E, quando me refiro aos outros, não estou apenas a falar dos outros moderadores nos anteriores debates. Refiro-me também aos moderados. Lamento dizê-lo.

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Ludovico Einaudi - Birdsong from DAY 2


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Desejo-vos um bom sábado

Saúde. Beleza. Paz.

sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Depois de uma noite mal dormida, dia de caça ao tesouro. E de saudades.

 

A senhora que ajudou a tratar o meu pai e que, depois da morte dele, muito por minha insistência, continuou a ir duas vezes por dia a casa da minha mãe para ver se estava tudo bem e que a ajudava nas compras, e a quem continuo a pedir ajuda, encontrou uma chave que consegue abrir um dos móveis do corredor. Consegue perceber-se que numa das portas há uma chave partida e as outras estavam fechadas sem que soubéssemos onde estava a chave. E eu não fazia ideia do que lá estava dentro.

Mas ela ligou-me a dizer que a chave da portinha da estante da televisão conseguia abrir a porta desse tal móvel e hoje estive de volta dele. Tudo uma arca de mil tesouros, não tanto pelo valor das coisas mas pelo inesperado de muito do que lá vou descobrindo.

O móvel é grande pelo que lá achei de um tudo. Desde logo muitos sacos de lãs. Lãs finas, grossas, fios. De todas as cores. Acondicionei em grandes sacos para as trazer. Não vou deitar fora. Se um dia me der para fazer mantas de crochet tenho ali material para as fazer de todas cores, tamanhos e feitios. Encontrei também um pano grande, muito colorido e, em minha opinião, muito bonito. Creio que se chama capulana. Comprei-o há mil anos em Angola. Pensei em usá-lo como toalha de mesa grande ou coberta para a cama ou para pôr num sofá. Hoje poderia usá-lo para estender na areia ou na relva. Nunca mais me tinha lembrado dele. Gostei de vê-lo. Trouxe-o e irei dar-lhe uso. Encontrei também uma pequena boneca de louça algo bizarra. Gostei. Há ela qualquer coisa de inocente e, ao mesmo tempo, exótico, talvez até trágico. 

E tantas coisas mais. Por exemplo uma garrafa alta, de vidro, em azul. Lembro-me de adorar a elegância daquela garrafa polifacetada. Não a trouxe porque agora estamos numa de livros e o carro já estava a deitar por fora.

Ah, sim, trouxemos outra coisa. Na varanda das traseiras, a minha mãe tinha dois pequenos cadeirões e uma pequena mesa, tudo de verga, que a minha mãe tinha pintado de azul claro. E fez-lhes umas almofadas claras, floridas. Estava muitas vezes ali sentada a apanhar sol e a ler ou a fazer tricot. Mas aquilo tem muitos anos. Há fotografias com os miúdos, ainda bebés, ali de pé, agarrados aos cadeirões ou às mesas. E neste momento estou a ver uma fotografia minha com a minha filha ao colo, teria ela talvez com um ou dois meses. Estou sentada ali, quando ainda estavam na sua cor natural. Por tudo o que recordo, quis trazer aqui para o nosso terraço. Há muitas memórias boas associadas a estes cadeirões e a esta mesinha. 

Mas claro que, com tudo isso, o carro veio a deitar por fora e o meu marido bastante contrariado.

Ainda consegui trazer um quadro que o meu tio fez para oferecer aos meus pais. Sei como o fez com gosto, com carinho. Sei como ele ficará feliz quando souber que está agora aqui em casa. 

Deixei lá, para a senhora ver se quer aproveitar alguma coisa ou dar, muitos sapatos da minha mãe, muita roupa de quando os meus filhos eram pequenos, algumas malas. Ela apareceu lá e eu disse que se calhar ela não ia aproveitar nada daquilo mas ela disse que eu lá deixasse que ela logo via. Agradeço-lhe muito por isso pois, como já o disse, isso retira-me muito do peso de me desfazer de algumas coisas.

Ainda lá há mil coisas a que tenho que dar destino. Para já, infinitos livros... E ainda não me aproximei da cozinha, da despensa, que está compacta, muitas prateleiras e prateleirinhas, com rendinhas e cortininhas, e lá, infinitos objectos, uma coisa quase assustadora. Nem sei o que fazer a tudo o que está no roupeiro grande do corredor...

Quando vimos de lá, vimos cansados. E eu parece que, nestas situações, não faço ideia porquê, fico desidratada e com a tensão baixa. Ou seja, isto esgota-me um bocado. 

Ainda por cima, a noite passada tive uma insónia das antigas, horrível, e, no pouco tempo dormido, tive pesadelos. Sonhei que estávamos a empacotar louça, copos, com todo o cuidado para nada se partir, mas, no dia seguinte, eu via tudo partido, mas partido intencionalmente. Acordava aflita, sem saber quem estava a fazer aquilo, sem saber como proteger as coisas, com vontade de chorar por ver que coisas tão queridas pela minha mãe estavam a ser destruídas.

E, ao acordar, pensava que já faz um mês que ela morreu. E punha-me a pensar em muitas das coisas em que ainda me custa a acreditar, a perceber, a aceitar. E, portanto, custava-me a voltar a adormecer.

Por isso, hoje estou muito sem energia, muito exausta.

Por vezes tenho a estranha impressão de que foi há muito tempo que a minha mãe morreu. Uma coisa longínqua, num outro tempo, numa outra vida. Mas, muitas outras vezes, sinto o oposto, parece-me que está na hora de lhe ligar ou penso que não posso esquecer-me de lhe contar isto ou aquilo. Por exemplo, ao conversar com a minha prima, ela disse-me algumas coisas que eu pensei que a minha mãe gostaria de saber e deveria ter a resposta para algumas dúvidas que se levantaram durante a conversa. E, então, percebo que esse tempo acabou. Não mais falarei com a minha mãe. E isso parece-me mentira, uma mentira em que ninguém consegue acreditar.

O meu marido pergunta-me se não seria preferível eu ir falar com aquela psicóloga que me caçou no hospital e com quem falei algumas vezes. Não sei. Penso que é um percurso que eu terei que fazer por mim e que qualquer dia já terei assimilado (ou interiorizado) tudo o que sucedeu, aceitando que o que aconteceu algum dia teria que acontecer.

A minha filha hoje perguntou a mesma coisa, diz que talvez falar com a psicóloga me ajude a arrumar os assuntos. Diz que não faz sentido eu continuar a querer perceber as decisões e as atitudes da minha mãe, que foi o que foi, que nada a fazer, que já não adianta compreender ou deixar de compreender. Bem sei. 

Mas, se continuar com o sono alterado ou a dar por mim a querer recordar as conversas com a minha mãe a ver se descubro algum indício a que deveria ter prestado atenção e não prestei, se calhar irei mesmo bater à porta da psicóloga. É que uma coisa é o pensamento racional e outra são os desvios por onde, involuntariamente e volta e meia, se tresmalham as nossas ideias.

Enfim...

Penso que aqueles pesadelos tiveram a ver com o quanto eu sei que a minha mãe estimava as suas coisas, gostava de ter sempre tudo muito ao seu gosto, tudo bem cuidado. E sei que ela gostaria de saber que quero continuar a dar uso a algumas das suas coisas, que continuarei a estimá-las, que direi 'isto veio de casa dos meus pais, foi a minha mãe que pintou', ou 'estas almofadas foi a minha mãe que as fez'. 

Mas, como já contei, preservar e trazer as coisas cá para casa é um exercício de equilíbrio pois tenho que encontrar uma forma harmoniosa de as integrar, sem desvirtuar o nosso 'estilo' . 

E tenho que agradecer ao meu marido pois tem arrumado e carregado coisas e coisas e coisas, sacos e sacos e infinitos sacos e caixotes, tudo pesadíssimo. Isto apesar de, por ele, não trazer nada, não querer nada. 

Esta tarefa, de facto, é espinhosa. Se calhar deveria ter deixado passar mais algum tempo, se calhar deveria ter descansado mais a cabeça. Mas parece que me custa pensar que as coisas da minha mãe estão ao 'abandono', inúteis, esquecidas e, por isso, quero distribui-las, acolhê-las. E digo da 'minha mãe' pois desde há muitos anos, desde que o meu pai teve o AVC, a minha mãe é que geria integralmente a casa. Mas ainda haveremos chegar ao território privado do meu pai: o sótão (que o meu filho irá explorar pois deve haver ferramentas e se calhar uma bancada de trabalho), a casinha do quintal (que não sei o que tem) e a adega que ele fez debaixo da escada, segundo ele num lugar em que a temperatura e a humidade preservavam a qualidade do vinho.

Bem. Já chega. Tenho ideia que a escrita anda para aqui às voltas mas tenho sono demais para tentar voltar atrás para a enfiar nos eixos. Sinto-me cansada. 

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E, uma vez mais, já que estou numa de coisas da casa, partilho um vídeo que mostra uma casa muito interessante. Ao ver casas assim, sinto-me inspirada. Há aqui ideias muito engraçadas, criativas e acolhedoras. Espero que também gostem.

Touring a MASSIVE NYC Loft Apartment | Michelle Pham

Welcome to Michelle's STUNNING loft in heart heart of Flatiron, Manhattan! This inspiring and unique home is filled with endless art, DIY projects and decor from around the world that brings such a welcoming feel to the space. There are so many incredibly thoughtful details throughout the apartment that you can't miss. Make sure to take all the inspiration for your own space


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Desejo-vos uma sexta-feira feliz

Saúde. Serenidade. Paz.

quinta-feira, fevereiro 22, 2024

Coisas e loisas.
[E decoração da colorida e criativa]

 

Vão-me aparecendo assuntos para tratar e, desabituada que quero estar de ter a agenda preenchida, fico logo como se estivessem a estragar-me o programa de festas. Até há cerca de um ano tinha não sei quantas reuniões por dia, recebia não sei quantos telefonemas, geralmente de gente que vinha comunicar-me problemas, esperando que eu os resolvesse, e não tinha outro remédio senão condensar os assuntos pessoais para os resolver de atacado, a correr, quando houvesse tempo. Estava saturada, ansiando por descanso e tranquilidade. 

Agora, quando acabo um dia, anseio por não ter nada para tratar no dia seguinte. 

Mas tenho tido. Ainda por cima, do tipo de assuntos de que nem sei bem por que ponta pegar e que, seja qual for a ponta, é coisa que não me é familiar. que me parece complexa, demorada, exasperante.

Por exemplo, a minha prima lembrou-se que, se calhar, deveríamos tentar regularizar a situação do terreno que temos no Algarve. Mas lá está: temos? 

Era do meu bisavô. Não sei se já havia registos naquela altura, princípio do século passado. Quando fugiu (e já sei, a minha prima confirmou, que foi para a Argentina), depois de ter perdido tudo, afinal ainda deixou o dito terreno, a casa em que a mulher e os filhos viviam e, se calhar, mais qualquer coisa. Dado que não havia certidão de óbito dele, as partilhas foram-se arrastando. A minha bisavó lá deve ter determinado a distribuição disso pelos filhos, cabendo ao meu avô o dito terreno. Mas nada disso foi registado.

A minha prima tem ideia que, a dada altura, alguma coisa fizeram. Mas não está certa. Eu tenho ideia que não fizeram. A estar em nome de alguém, cá para mim, ainda deve estar em nome dessa minha bisavó, cujo nome só agora soube. 

Ora como é que se passa disso, longínquo, impreciso, para um terreno devidamente registado em nosso nome? Parece-me um salto quântico...

Ela diz que, quando ia ao Algarve, se calhava irem também os pais, às vezes iam lá ver o dito terreno. E que ainda lá está. Diz também que lhe parece que o vizinho do terreno mais acima deve andar a mexer nos marcos pois parece que estão cada vez mais para baixo.

Eu não sei. Sei que encontrei um desenho do terreno, com medidas e tudo. Talvez venha a ser útil embora não saiba para quê.

E não sei se, para tratar de alguma coisa, poderei fazê-lo remotamente ou se terei que me mudar para lá, coisa que, obviamente não acontecerá.

Lembrei-me de ir à Loja do Cidadão. Quem me atendeu, perante a explicação, ficou na dúvida se poderiam resolver ali alguma coisa mas disse-me que, se quisesse tentar, teria que ir de manhã cedo para tirar uma senha. Ou, então, que sempre poderia fazer marcação no siga.marcações. Tentei. Mas, caraças, a dita aplicação... mandou-me para a Conservatória Predial do concelho a que o terreno pertence. 

Também estive a tratar do seguro da casa da minha mãe. Vencia-se agora. O valor, um balúrdio. Pedi uma nova proposta na mesma seguradora. Mais baixo mas, ainda assim, muito caro. Pedi na seguradora onde tenho os meus seguros. Mais em conta. Portanto, tive que tratar também disso, cancelar de um lado, fazer um novo noutro lado.

E etc.

Enfim. Conforme me disse o Conservador, na brincadeira, quando fui tratar da habilitação de herdeiros, só tem maçadas destas quem tem coisas para herdar... É um facto.

Quando os meus filhos me falam das suas vidas profissionais ou quando um amigo, como hoje aconteceu, me fala dos seus contratempos empresariais, quase me parece coisa de um outro planeta, coisa da qual eu, em boa hora, me pus a milhas. Mas, em contrapartida, aparecem-me destes pincéis para os quais não tenho um mínimo de competências...

Felizmente, esteve algum sol e consegui reclinar-me um pouco à hora de almoço, a banhar-me em vitamina D.

E é isto...

Por sorte, há pouco apareceu-me um vídeo giríssimo, uma casa cheia de cores e de ideias inusitadas, que vou partilhar. Pode parecer demasiado fora da caixa mas vejo ali ideias engraçadas.

Senão não fosse isto, o post de hoje não passava da indigência que acabaram de ler. É que ele há dias...

House Tours: 550 sq ft Custom Chelsea Studio

  • Location: New York, NY
  • Size: 550 Sq Ft / 51 Sq Meters
  • Type of Home: Studio Apartment
  • Years Lived In: Owner, 1.5 years

This colorful, custom and retro studio apartment in Chelsea is a labor of love and mad skill, all crafted by Helena, a props fabricator and designer for theater and film. Helena has turned a dull pail studio apartment into a jewel-toned ultra-functional home and hangout destination. Nearly every inch of her apartment has been carefully outfitted with custom furniture, handmade textiles, art objects, and playful paint patterns. In this house tour she shares not so obvious tips for constructing a Murphy bed, painter’s tips for color blocking, and how to make a studio apartment a welcoming destination for her and her friend’s weekly Dungeons and Dragons game night. See why Helena won Apartment Therapy’s “Cleverness Award” in the 2023 Small/Cool Contest!


Um dia feliz

Saúde. Boa disposição. Paz.

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

Coragem
- Dasha Navalnaya, a filha de seu pai, olha de frente os assassinos e os cobardes que, disfarçados de pombinhas da paz e enchendo a boca de adversativas, os desculpam

 

O vídeo que aqui partilho tem quatro meses mas mantém-se tristemente actual. Sem meias palavras, com a coragem intelectual física que o pai demonstrou até ao fim, a mesma que a mãe tem também demonstrado, a jovem Dasha, bela como os progenitores, é bem a menina de seus pais. O seu pai foi assassinado, depois de perseguido, envenenado, torturado, privado da liberdade. Mas Dasha não se calará.



Uma família corajosa, aqui em dias felizes

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Podem ser activadas as legendas em português

Lessons from My Father, Alexey Navalny | Dasha Navalnaya | TED

Dasha Navalnaya is the daughter of Alexey Navalny, the politician and leader of the Russian opposition to Vladimir Putin. Sharing the story of her father's poisoning, persecution and current imprisonment, she details what it was like growing up under the watchful eye of government surveillance as her father led a decade-long investigation into the corruption of Putin's regime — and shows why paying attention to what happens in Russia matters to everyone, everywhere.


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Um dia feliz

Saúde. Coragem. Paz.

terça-feira, fevereiro 20, 2024

Os melhores momentos: a palavra mais certa, o gesto mais adequado, a situação mais imprevista

 

No debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro as coisas estiveram animadas e cada um esgrimiu os seus argumentos o melhor que soube e foi capaz, certamente tentando seguir as instruções dos assessores de comunicação.

Vi atentamente.

Mas, vergada pelo cansaço, já não consegui ver tão atentamente os múltiplos comentários sobre o que se tinha passado: as notas, as melhores frases, os pontos em que cada um esteve pior, o ouro que por vezes entregaram ao bandido, os tiros nos pés, os instantes de graça. Foram muitos os comentadores e cada um teve coisas para dizer. Em todos os canais. Saltaram à cena como pop ups. De todos os que fui snifando, só consegui deter-me no Luís Paixão Martins. Também gosto da Anabela Neves, também lhe prestei alguma atenção. Pensam pela sua própria cabeça e não cavalgam as ondas de espuma em que quase todos os outros se atordoam. Nem falam ao espelho, para se ouvirem. Dizem o que pensam e não se importam de destoar. Vale a pena.

Tirando isso, está bem, está.

Mas isto para dizer que, depois de tanto bem-falante, não vou pôr-me para aqui a dizer mais do mesmo. O que poderia eu acrescentar, não é? 

Fico-me, antes, pelos melhores momentos.


O grande e simpatiquérrimo Fernando Mendes no infinito Preço Certo

(confesso que nunca consegui ver um programa inteiro nem nunca consegui perceber aquela dinâmica mas, por vezes, gosto de ver alguns excertos. É uma amostra do Portugal profundo, quer-me cá a mim parecer)

Coragem

 

É preciso coragem para ser capaz de continuar a dar o peito às balas mesmo depois do seu amado ter sido assassinado. É preciso muito amor a um país para continuar a enfrentar os seus algozes.

Yulia Navalnaya: 'I will continue the work of Alexei Navalny'

Yulia Navalnaya has said in a video address that she will continue her husband's fight for a free Russia, and called on supporters to stand with her against Vladimir Putin. 

In the video posted on Navalny's YouTube channel, she said: 'We know exactly why Putin killed Alexei three days ago. We will tell you about it soon. We will definitely find out who exactly carried out this crime. We will name the names and show the faces.' 

segunda-feira, fevereiro 19, 2024

Envelhecer

 

Quando vou ao google no telemóvel, aparece-me uma série de notícias. Não sei qual o critério de selecção e temo que o facto de eu carregar em algumas para as ler leve a inteligência artificial que rege o funcionamento de tudo isto a pensar que é disto que gosto.

E, no entanto, não é bem gostar, é mais cusquice. Por exemplo, apareceu-me que a Lili Caneças explicou a sua ausência de um qualquer programa pois sujeitou-se a uma cirurgia estética ao pescoço, intervenção essa mais complexa do que esperava pois obrigou a uma recuperação de um mês. Já fez várias e diz que, quando reaparecer, as pessoas verão o produto da transformação. E eu interrogo-me: o que leva uma mulher à beira de fazer 80 anos a sujeitar-se a processos destes, não isentos de riscos, certamente com dor e incómodo associados? Para quê? Para não parecer ter a idade que tem? Mas porquê? Não é bom ter quase 80 anos? 

Também a Cinha Jardim, de vez em quando, é intervencionada. E o resultado está à vista: a pele está esticada, a boca perdeu a lógica e quase apenas a reconhecemos pelo cabelo e pela voz. Ela deve achar que está melhor. Eu acho que está estranha, artificializada.

Falei de dois casos mas é frequente ouvirmos as pessoas, em especial as que andam pela televisão, a dizerem que já se sujeitaram a liftings, a injecção do próprio sangue, a esfoliações e tratamentos locais com vitaminas, que o botox é normal e recorrente e outras coisas que tais.

Há casos dramáticos em que as pessoas ficam disformes, patéticas. Para não falar de outros casos da nossa televisão, posso referir a Madonna. Uma coisa é ter o corpo ginasticado pois os seus espectáculos vivem muito da performance física mas o que ela tem feito ao rosto é quase inexplicável: para contrariar a força da gravidade, ela sobe e insufla as maçãs do rosto. Mas tantas vezes o deve fazer que os olhos já subjazem ao fundo de uns promontórios desprovidos de sentido. Depois insufla os lábios e, para retirar vestígios do código de barras, preenche-se com botox para além da conta. O resultado a mim parece-me para além de duvidoso mas, como isto é muito subjectivo, tenho que admitir que, se ela o faz, é porque gosta de se ver e que posso ser eu que não estou a captar a essência dos novos conceitos de beleza. 

Tenho lido que eliminar os vestígios da idade acaba, com alguma frequência, por tornar-se viciante e, às tantas, é isso que acontece, acabando por ficarem apagado tudo o que era distintivo da fisionomia inicial.

E isto, note-se, nem tem a ver apenas com mulheres pois parece que é prática igualmente comum entre homens.

A mim nunca me deu vontade de fazer nada. Não é apenas o medo de que a recuperação seja longa e dolorosa ou o medo de que, ao ver-me, me assustasse: é também a sensação de que eu, eu, de verdade, poderia desaparecer tornando-me uma desconhecida para mim própria.

Quando me vejo ao espelho e verifico como a erosão vai fazendo os seus estragos não me ocorre que poderia corrigi-los, ocorre-me, isso sim, que o melhor é não me deter muito espelho e, sobretudo, não me ver nem de perto nem com excesso de luz.

Os dois vídeos abaixo mostram duas mulheres muito belas. 

A Juliette Binoche 'ainda' vai pelos 59 e o vídeo que aqui partilho já tem 9 anos. Ou seja, tinha 50. Mas a idade já era tema.

Já a Carole Bouquet tem 66 e no vídeo teria uns 64. Do que aqui ouço, tem uma abordagem semelhante à minha: olhar de longe ou sem óculos ou só de vez em quando.

Somos o que somos, como somos. E tomara que, por dentro, tudo esteja tão bem e tão funcional como está por fora. E não me refiro à alma: refiro-me, mesmo, às vísceras e a toda a traquitana que temos dentro de nós. E quem não gosta que não coma (salvo seja, claro).




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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira

Saúde. Alegria. Paz.

domingo, fevereiro 18, 2024

Ele teve medo de enlouquecer e ela teve que se explicar de uma vez por todas

 

Não vi os debates. Não estava em casa. Estava a tomar conta dos meus meninos enquanto os pais foram jantar fora. Quando me lembrei e eles sintonizaram no canal, estava a pombinha Raimunda a fugir com as penas do rabo à seringa. O tema da Rússia é mortífero para o PCP. Disfarçam a sua incapacidade em demarcarem-se dos crimes de Putin com uma conversa pífia; e com o Raimundo, dadas as limitações que tem exibido, a coisa fica ainda mais confrangedora.

O debate seguinte nem o cheirei.

E, de resto, apetece-me descansar a cabeça. 

Quando Bethânia e Caetano convergem com o espírito livre de Clarice Lispector o resultado só pode ser sublime. E é o que me apetece ouvir.




Desejo-vos um belo dia de domingo

Saúde. Elevação. Paz.

sábado, fevereiro 17, 2024

Contra os assassinos em série a resposta deve ser levantar o lencinho branco da paz?
A palavra à mulher de Vladimir Kara-Murza

 

Agonia-me a conversa sonsa do PCP e de alguns alarves que, a coberto da palavra 'paz, se recusam a condenar veemente e incondicionalmente, sem adversativas, os actos de Putin.

Preocupa-me, e muito, que Trump, esse palhaço, esse energúmeno, possa ganhar as eleições nos Estados Unidos.

Angustia-me pensar que o apoio internacional à Ucrânia possa falhar e que Putin lá ponha as suas patas vitoriosas, levando a dele avante e aproximando-se ainda mais do mundo ocidental, democrático e livre em que vivo.

Não me espantei com a morte de Nalvany pois era uma morte anunciada. A sua coragem era uma afronta ao sanguinário e cobarde Putin. Mas comovi-me profundamente.

Quantos mais inocentes terão que morrer para que alguém consiga travar Putin?

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One who understands the tragedy better than most is the wife of Vladimir Kara-Murza, an opposition politician who was sentenced last April to 25 years in prison for treason and other charges that he has denied. Evgenia Kara-Murza has been a prominent voice for the freedom of her husband, who last month was transferred to a new Siberian penal colony and is currently being held in strict isolation. Kara-Murza joins the show to discuss the death of Navalny and the fears it stokes for the fate of other Russian political prisoners.

Originally aired on February 16, 2024


E sobre o Ventura, no debate com o Rui Tavares (e em todos os outros), o que há a dizer?
Só que for que é uma erva venenosa, pior que cobra cascavel, seu veneno é cruel.
Como um cão danado, é vil e mentirosa, é maldosa

 

E nada mais tenho a dizer 

Com gente desqualificada, sem princípios, sem vergonha, sem educação, sem civismo, sem um pingo de respeito pelos outros, só há uma coisa a fazer: guardar distância. Se cairmos no engodo e nos aproximarmos, quando dermos por ela, já ele nos passou uma rasteira e nos puxou para a pocilga em que gosta de chafurdar.


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Dada a clareza de exposição, permito-me transcrever o que o Leitor marsupilami abaixo escreveu em comentário:
Vai para aí uma grande confusão. Defender a escola pública e bater-se por que esta seja excelente não significa pensar que qualquer escola pública, em virtude de ser pública, é melhor do que qualquer privada; nem significa que seja obrigatório pôr os pimpolhos na pública da área de residência (que pode ser boa, mediana ou má, sem responsabilidade dos pais). Eu tenho o meu numa pública (da minha área de residência, no estrangeiro) porque é uma boa escola; se fosse má, punha-o numa boa privada. Não por ser privada, mas por ser boa. Eu faço o desenho:
1. Defendo a escola pública e quero que tenha as melhores condições para que, no médio prazo, TODAS as crianças possam ter acesso a uma instrução GRATUITA de QUALIDADE. E não apenas as que têm o bom código postal ou pais com a bolsa recheada.
2. A cada instante, cada mãe ou pai tem a obrigação de fazer tudo o que está ao seu alcance para proporcionar aos seus filhos a melhor instrução possível. Se a única opção aceitável na sua área de residência for privada, assim será. Não se educam crianças no médio ou longo prazo, quando a rede pública funcionar bem.
3. Mesmo que a rede pública fosse impecável, nem todas as escolas oferecem as mesmas opções curriculares. Nem que fosse apenas por esta razão, é legítimo escolher a escola que tem aquelas que mais convêm a cada um. Eu tenho a sorte de a escola pública ao lado ter secção internacional (que é paga), latim e outras opções. Nem todas têm.
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E sobre Putin? E sobre o seu último crime?

A mesma coisa: no mínimo, distância, desprezo, repúdio, repulsa.

Que vá o Raimundo e outras pombinhas lesas dialogar com o assassino, com o pérfido e horrendo assassino.

sexta-feira, fevereiro 16, 2024

E o MP continua a chafurdar na lama...
[Uma vez mais, a palavra ao meu marido]

 

Fiquei ontem surpreendido, como deve ter ficado a maioria dos portugueses que acompanham os acontecimentos  através da comunicação social e não apenas através das redes sociais. Estes últimos devem ter ficado estupefatos, com a libertação pelo juiz de instrução criminal dos arguidos no caso da Madeira com a medida menos gravosa quando já os tinham dado por condenados. 

Neste caso, como no caso Influencer, o Juiz terá sensatamente analisado as provas que o MP recolheu  e concluiu que não valiam nada. Veremos o que decide a Relação mas parece que, felizmente, longe vão os tempos em que o Carlos Alexandre fazia tudo o que o MP queria  e ia tudo de preventiva. Quem se insurgia contra esta forma do Carlos Alexandre "fazer" de Juíz de Instrução era zurzido pelos partidos, pelos comentadores  e pelos órgãos de comunicação social do costume.

Dirão que é a Justiça a funcionar. Será com certeza, e bem, no que diz respeito aos direitos dos arguidos. 

Mas não revelarão estes casos um total "disfuncionamento" do sistema de Justiça?

Então o MP faz investigações e escutas durante anos, mobiliza imensos meios que custam muito dinheiro (a intervenção na Madeira foi "espetacular"), escreve milhares e milhares de páginas de processo, manda deter os arguidos por muito mais tempo do que a lei permite, transmite para  a comunicação social, especialmente no caso da Madeira, "factos" muito comprometedores para os arguidos... e tudo se esfuma na leitura do primeiro Juiz que analisa o processo? 

É óbvio que qualquer coisa não funciona  na Justiça. É óbvio que mais uma vez estamos perante um péssimo serviço prestado pelo MP ao País e à democracia. É óbvio que mais uma vez o populismo tem motivos para estar satisfeito. 

Mas também é óbvio que quem gere o MP e quem participa nestes processos tem que mudar de vida porque ou não tem capacidade para executar as suas funções ou tem uma agenda e objetivos que não são compatíveis com as funções que exerce. 

Também é igualmente óbvio, que o atualmente silencioso Prof. Marcelo, se tivesse reais preocupações sobre o funcionamento da Justiça, já tinha mandado embora  a PGR. Vamos ver o que nos reserva o futuro sobre este caso. Mas temos uma certeza: o MP conseguiu em poucos meses "demitir" dois governos democraticamente eleitos. 

É "obra"!

Hoje também foi conhecida a absolvição do Miguel Alve,s ex- Secretário de Estado Adjunto do PM, que teve que se demitir porque foi acusado de prevaricação. É mais um caso de uma pessoa que foi destratada na comunicação social com base em acusações sem fundamento do MP e pagou antecipadamente por aquilo que nunca fez. Uma coisa é investigar outra é promover a condenação na praça pública dos investigados. É um procedimento inqualificável e indigno de quem deve respeitar o Estado de Direito.

O Rui Rio voltou  a criticar o funcionamento da Justiça e a falta de discussão séria deste assunto na campanha eleitoral. Teve razão. Já aqui escrevi que o António Costa devia ter dialogado com o Rui Rio de forma  a efetuarem uma reforma da Justiça. Foi um erro não o ter feito.

quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Pedro Nuno Santos & André Ventura?
Com licença, vou antes falar de toalhas e de lençóis

 

Vou dizer a verdade: o dia foi produtivo. Para os great achievers o que eu consegui é menos que nada. Mas, para mim, agora que me comparo comigo na versão pessimista, foi um feito. Pensava que estava perante uma missão impossível e, afinal, está cumprida.

Reformulei o conteúdo das gavetas da escrivaninha que aqui tenho num recanto bem como o das gavetas de um móvel de meia altura que tenho na entrada. Claro que tive que dar destino ao que lá estava.

Agora tenho sete gavetões, sete, 7, sept, seven, com toalhas de mesa compactadas. 

Uma gaveta, uma senhora gaveta, tem só renda, toalhas rectangulares gigantes, rectangulares médias e redondas, todas em renda. 

Uma segunda tem híbridas: toalhas bordadas com rendas. Ou quadrados de renda, quadrados de tecido com bordado, ou bordadas com cercadura em renda. Ou outras combinações.

Outra tem toalhas de linho ou alinhadas. Ocupam espaço que se fartam. O tecido é encorpado para burro.

Outra tem quase só guardanapos. Tanto guardanapo, senhores. Uma loucura. Cada uma das toalhas bordadas ou de renda tem doze guardanapos similarmente decorados. Uma loucura. A minha mãe acharia esta arrumação um disparate, diria que os guardanapos, quais filhotes, têm que estar sob as saias da respectiva mãe-toalha. Mas não. Se é altamente improvável que eu dê uso àquelas obras de arte pois nem imagino a mão-de-obra necessária para as engomar, ainda mais é que use os guardanapos. Bem sei, bem sei, que não há nada como um belo guardanapo de pano. Compreendo. Concordo. Mas num restaurante. Aqui, de pano, só se forem de pano liso. Na maioria, quase totalidade das vezes, os guardanapos são de papel. Agora estar a pôr guardanapos bordados ou com rendas, só se receber uma rainha mas, ainda assim, só se for uma rainha a sério. E com o Goucha a acompanhar como comentador. Por menos que isso, não vão guardanapos de renda para a mesa.

Outra tem toalhas mais normais, mas em bom.

Outra toalhas mais banais, estampadas, ora estivais ora natalícias.

Enfim. Algumas gavetas tiveram que ser fechadas com o joelho. Que remédio. Já não tinha mais gavetas... O meu marido diz que não vou conseguir abri-las. Vou... 

Depois das toalhas passei para o castigo dos lençóis. Outra reformulação prévia, claro.

Desocupei a prateleira grande do roupeiro grande do corredor dos quartos. Tive que arranjar espaço para o que de lá tirei, como é óbvio. Tudo isto é um puzzlezinho de fazer queimar os neurónios a uma santa.

Os meus bordados e arrendados (arrendados de carregadinhos de rendinhas, não arrendados do programa mais-habitação) transitaram também lá para cima. Portanto agora tenho carradas de lençóis do mais artístico e elaborado que se possa imaginar. Os meus, os da minha mãe e não garanto que não também os das minhas avós. Lindos. A sério. Nunca usados. 

Depois há uma pilha, igualmente numerosa, de lençóis lisos, ditos 'de baixo'. Claro que uns são de linho para emparelharem com os correspondentes bordados ou cheios de rendas, outros de algodão, uns têm ajour no remate e etc, ou seja, a combinação não deverá ser aleatória. Mas algumas vez irão ser usados...? Muitas dúvidas.

Depois descobri umas peças não identificadas. Um formato incompreensível, nem lençol nem toalha de mesa, um algodão branco mais fino, uma renda imensa, bordados maravilhosos. Depois vi que cada um tinha duas letras bordadas. A inicial do nome da minha avó materna e a do meu avô. Depois de pensar, concluí que deveriam ser toalhas de casa de banho, quiçá as maiores a fazer a função de toalhão. Não sei. São obras de uma delicadeza e beleza extraordinárias. Deviam estar em vitrinas, expostas. 

Há ainda um outro monte, uma pilha enorme: as fronhas. Identicamente umas bordadas, outras com rendas, umas de um tecido, outras de outro. Se um dia quiser preparar um leito a preceito, teremos que fazer uma caça ao tesouro para conseguir acasalar o de cima com o de baixo e com as respectivas fronhas.

Mas, com isto, a verdade é que o tema de conseguir arranjar espaço para o que me parecia impossível de concretizar está resolvido. Todas as peças feitas com tanto carinho, tanto trabalho, tantas e tantas horas de um minucioso trabalho manual, amoroso, atento, estão guardadas, preservadas. 

Claro que imagino o pesadelo que será quando outros que não eu tiverem que resolver o que fazer a tantas relíquias... Mas, enfim, com sorte já cá não estarei para assistir a isso. 

Tirando isso o dia teve de tudo, Umas coisas menos boas e outras boas, incluindo visita a exposições, passeio à beira-rio e etc.

Conclusão: de debates só vi parte do último, o Pedro Nuno Santos em aceso duelo com o insuportável boçal-trauliteiro. Para dizer a verdade, tive alguma dificuldade em manter-me atenta pois tudo naquele arruaceiro fere a minha sensibilidade: o que diz, a forma como diz, a forma como se comporta, tudo. É um desordeiro, um perigo, uma pessoa sem princípios, sem pudor, sem vergonha.

Prazer tenho em ouvir (e ver) o Paixão Martins. Não há nada como uma pessoa inteligente, com sentido de humor, sem medo. Foi uma boa ideia a CNN tê-lo contratado para comentar os debates. 

Por isso, tirando o Paixão Martins e o fofo Raimundo, naturalmente por motivos diametralmente opostos, pouco mais prende a minha atenção nesta cegada dos debates a contra-relógio que, segundo as questões que os moderadores lançam, parece que têm como único propósito discutir os temas engendrados pelo Ventura. Não há pachorra. 

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E queiram descer até onde se revela o que Paulo Raimundo faria em caso de acidente nuclear.

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Desejo-vos um dia feliz

Saúde. Força nisso. Paz.

Parem tudo! Ontem esqueci-me de contar uma extraordinária...

 

Ainda o fofo Raimundo. Ontem, num programa na RTP 1, um programa bastante interessante em que os candidatos, isoladamente, respondiam a Cândida Pinto, perante a questão 'O que faria em caso de crise nuclear?' (acho que não foi 'crise', pode ter sido 'atentado' ou 'guerra'), o que respondeu o fofésimo Raimundo? 

Estando eles a ser ouvidos na qualidade de líderes de um partido, portanto, estando a candidatar-se à Assembleia e podendo, até, vir a ter um cargo governamental, seria lógico que a resposta tivesse minimamente em conta a responsabilidade da sua função, actual ou futura. 

Pois bem. 

Perante um desastre nuclear, o que faria o Paulo Raimundo?

Pasme-se.

Pausa.

Pasme-se.

Havendo uma calamidade nuclear, o que o Raimundo faria seria... pôr-se debaixo de uma mesa.

Fiquei de olhos arregalados. 

Debaixo de uma mesa? Mas para quê? Para quê, senhores? O mundo a ser destruído, intoxicado, queimado, retorcendo-se em agonia... e o Raimundo agachado debaixo de uma mesa....? E cagava para o resto do pessoal? (pardon my french). Pelos vistos, sim. E acharia que escapava a alguma coisa...? Ai...

Não é extraordinário?

[E, se não acreditam, ponham a coisa a andar para trás e vejam com os vossos olhos e ouçam com os vossos ouvidos]

quarta-feira, fevereiro 14, 2024

Legislativas 2024 -- os debates
E eu...? Não posso ser comentadora...? Ora essa...

 

Posso não ser ilustrada ou bem-falante, posso não ter canudo de Relações Internacionais ou de Ciências da Comunicação. Mas posso dizer o que me vai na alma, ou não posso?

Portanto, com vossa licencíssima, aqui vai.

Vi um bocado de Paulo Raimundo e Rui Tavares.

Se eu fosse comentadora diria que o Paulo Raimundo é um fofo. Parece que anda sempre um bocado ao lado mas isso ainda aumenta mais a sua fofura. Perguntam-lhe se aquela posição fofa sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia não estará a contribuir para o afastamento dos eleitores do PCP. E ele, com aquele seu narizinho arrebitado de menino que se quer atrevido, diz que há uma questão central que é a legislação laboral.

O Rui Tavares de vez em quando inclinava um bocado a cabeça, certamente preocupado, a pensar que o Raimundo não tinha percebido a pergunta. O moderador também a fazer um ar apreensivo sem ver onde é que o raciocínio do Raimundo o ia levar, ensarilhado que parecia estar com a conversa da legislação laboral. 

Finalmente lá voltou ao tema. Com ar valentão, disse que não queria fugir a ele. E lá veio outra vez com a das forças da paz. O Putin invade a Ucrânia e, para o PCP, a solução é a malta querer paz. Só isso. Coisa simples. Quiçá a Ucrânia pôr-se à janela com um lencinho branco na mão. Uma pombinha fofa, o Raimundo.

No outro dia, num outro debate, parecia que ia virar a mesa, mudar o rumo da conversa. Lançou, imagine-se, que ia dizer uma coisa a talhe de foice, uma coisa de que ninguém falava: a cultura. Mas, em vez de desenvolver o tema, não senhor, disse que era para ver se alguém lhe pegava. Uma coisa inédita, a dar tópicos para outros brilharem. E fez aquele seu sorrisinho que pretende ser ladino mas que é apenas muito fofo.

Hoje o Rui Tavares disse que ia agarrar o tópico lançado pelo Raimundo: a cultura. E desenvolveu. O Raimundo, coisa mais fofa, fez um sorriso todo contente. Afinal alguém estava a agarrar o tema que ele tinha lançado. 

Mas lançou só por lançar pois, a bem dizer, que se tivesse percebido, o tema da cultura para ele, e desenvolveu só para não ficar atrás do Rui Tavares, tem sobretudo a ver com os precários da cultura. É que, não esqueçamos, seja qual for o assunto, guerra ou cultura ou whatever, para o Raimundo a malta não deve desviar-se do tema central que é um e só um: a legislação laboral.

Uma palavra para a elegância de Rui Tavares ao referir o que tinha em comum com o PCP quanto à política internacional (União Europeia, Nato, etc). Disse que o PCP é um partido coerente: ao menos sabe-se o que pensam e, como pensam sempre o mesmo, não há que enganar.

O Raimundo sorriu com ar agradecido, pensou que o outro estava a fazer um elogio. De uma enternecedora naïveté, o Raimundo. Uma fofura. 

Sem ofensa e com toda a consideração, acho que, quando ele fala, as televisões deveriam aplicar-lhe um filtro daqueles que põem asinhas nas pessoas, asinhas com penas fofas e branquinhas, um anjinho mimoso com uma aura a pairar-lhe sobre aquela cabecinha ovalada, e coraçõezinhos a palpitar-lhe na carinha laroca. Depois de um bailarino simpático --  Jerónimo, o último moicano -- temos agora o símbolo perfeito para o Dia dos Namorados, o fofíssimo Raimundo.

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Também vi a Mortágua com o Ventura. Se fosse comentadora teria dificuldade em comentar. Como resumiu o Paixão Martins, foi uma peixeirada. Ora, como se comenta uma peixeirada: quem é que atirou mais peixes à cara do outro? Não sei. Sei é que o Ventura é execrável. A todos os títulos. Portanto, nem consigo comentar.

A Mortágua é de um outro campeonato. É gente educada e que sabe estar à mesa da democracia. O trauliteiro-mor não, é gente que nunca deveria ter conseguido pôr o pé no Parlamento. Que não haja confusão. Mas, verdade seja dita, o BE tem sido um partido a quem o chinelo puxa muito para o populismo e para a facada nas costas dos supostos aliados e, claro, o que tem feito mina o terreno que pisa. Portanto, ao estar frente a frente com um arruaceiro, ela teria sempre dificuldade. E teve. 

Provavelmente, quer um, quer outro, conseguem extrair dali sound bites para as suas redes sociais. Como é meio que não frequento, passo à frente.

Só um aparte relativamente à Mortágua: aquele seu sorriso que afixa e congela não lhe é natural. Mais vale que se apresente com aquele seu ar de castigadora e deixe o papel de fofinho para o Raimundo

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Desejo-vos um bom dia

Saúde. Cabeça fria (mas coração quentinho). Paz.