Não tenho seguido com atenção tudo o que tem dado. Ando sempre noutra. Mas, porque às vezes parece que há um qualquer ser oculto que me bafeja e me coloca no trilho do mau caminho, vi a prova em que um homem do outro mundo ganhou, um deus a atravessar as águas e, no fim, a sair delas, vitorioso, glorioso, e vi-o a subir ao pódio, emocionado, lindinho de fazer qualquer uma (ou um) cair para o lado.
Mede quase dois metros e tem uns olhos verdes que, uma vez mais, são para tirar qualquer uma (ou um) do sério.
Fui conferir a idade só para garantir que o rapaz não tem idade para ser meu neto. Ufff... Não. Já tem 23. Portanto, já tem boa idade para aqui figurar como o melhor dos melhores destes JO que se têm destacado em muitas coisas.
Queria aqui colocar um vídeo com a sua prova de costas ou com a sua conferência de imprensa (ao falar, obviamente em italiano, consegue a proeza de ficar ainda mais sexy) mas não estou a conseguir inserir vídeos. Portanto, aqui fica estático, bom para ser contemplado.
[Claro que este post, se fosse escrito por um homem sobre uma atleta, seria machista. Assim, se calhar é feminista. E ser feminista é bom por várias razões e também por mais esta.]
A ginástica na piscina é, para mim, um dos pontos altos dos meus dias, ultimamente tão cheios de 'baixos'.
Já quando andei a fazer hidroterapia depois da artroscopia aos joelhos eu tinha adorado. Tinha que conduzir um bom bocado à hora de almoço, agravado pelo facto de ter que usar uma das vias, à época, mais congestionadas e acidentadas do país, a Segunda Circular. Aconteceu-me falhar a sessão por ficar presa no engarrafamento. Praticamente não almoçava mas, ainda assim, fazia todos os esforços para chegar uns minutos antes da hora para poder ter a piscina só para mim e nadar um bocado. Era uma pequena piscina, sempre com pé, mas era um prazer. Espantava-me ao ouvir, no balneário, algumas parceiras a contar as sessões que faltavam para 'se verem livres' daquilo. E eu só queria era que não acabassem. O único senão é que não podia atrasar-me pois dali voltava directamente para o trabalho, geralmente comendo qualquer coisa enquanto conduzia. Sempre à pressa de um lado para o outro.
Depois disso voltei a fazer hidroginástica mas era perto de casa, à noite. E era um stress pois nunca consegui ter horas para sair, havia sempre alguém que me aparecia no gabinete quando eu estava para dar de frosques, depois era o trânsito, um trânsito sempre ensarilhado. Só para sair do parque onde se situava o edifício onde trabalhava era um pesadelo. Um nervoso desgraçado, sempre com receio de chegar muito depois da hora. Não dá para entrar numa piscina a meio de uma sessão.
Agora é diferente. Chego a horas, não tenho pressa para sair e, maravilha das maravilhas, é uma piscina funda com dois metros e tal de altura de água e, portanto, toda a sessão decorre sem pé, sempre em suspensão. De vez em quando aquilo cansa a valer. Tenho que fazer um esforço para respirar fundo para oxigenar o organismo pois, quando em esforço, a tendência é fazer respirações curtas.
Quando acaba, o professor diz que podemos relaxar à vontade. Geralmente, aproveito para nadar. Gosto mesmo. Ainda por cima a água é morninha. Um prazer.
Há agora muita gente, muito mais do que antes das férias. Não sei se irão desistindo ao longo do ano ou se este ano as pessoas acordaram para o bom que é fazer exercícios dentro de água. A maioria frequenta a hidroginástica tradicional, com pé. Na classe da ginástica em suspensão somos poucos.
Dali vamos para o balneário.
Antes das férias de verão, como não éramos muitas no balneário feminino, eu ficava sempre no mesmo canto. Agora, como é muita gente, quando chego, por vezes o 'meu' canto está ocupado e tenho que ir para onde há uma aberta. Hoje calhou ficar ao pé de uma senhora obesa. Íssima. Na maior das descontracções, toda nua, conversando, rindo, dizendo piadas. Antes, teve uma outra que ajudá-la a despir-se. Estava sentada, a rir e a galhofar, e outra a despi-la. Não estão na minha classe pelo que não imagino se consegue fazer os exercícios como deve ser. Sei é que voltei a vê-la, depois das aulas, nos chuveiros. Eu, pudica, de fato-de-banho, só a passar-me por água, ela, na risota, toda nua. Lava-se com gel de banho e faz uma ginástica dos diabos para chegar ao rabo. Mas enquanto se contorce, continua a falar e a rir.
Despachei-me o mais à pressa possível com medo que ainda me pedisse para eu a vestir. Com uma descontração como nunca vi, parece que nada a atrapalha ou de nada se intimida. Felizmente chegou a que a tinha ajudado a despir.
Em situações assim constato como as pessoas são diferentes umas das outras.
Hoje também fiquei surpreendida com uma coisa. Uma senhora que deve ter uns quantos anos a mais que eu, também nua nos chuveiros, tinha a pele tisnada das férias. E vi que usa apenas uma tanga minúscula pois tem a respectiva ínfima marquinha branca que se destaca no corpo ainda bronzeado. Também fiquei admirada.
Poderia fazer-se uma reportagem sobre as vidas das mulheres que frequentam uma coisa assim.
Claro que os homens também devem ter as suas idiossincrasias mas dentro da piscina não dá para conversar e nos balneários, como é bom de ver, não há 'misturas'. Por isso, só posso falar pelo que observo no balneário feminino.
Estava a passear ao fim da tarde, passarinhos cantando de dar gosto, olhando e fotografando flores e florzinhas, só eu e o meu urso cabeludo, quando o vejo dar um salto e largar em louca correria. No mesmo instante, vejo um coelho aos saltos, correndo e saltando. Por pouco não fiz o mesmo.
Em vez disso desatei aos gritos, gritando pelo nome do urso perseguidor. Poderão achar que é exagero meu mas juro que estava arrepiada. Nos momentos em que um crime pode estar em perspectiva todo o meu corpo fica em transe. Finalmente vi o urso deter-se num zona de moita mais compacta e desatar aos saltos, com latidos curtos e bem sonoros. E eu gritar por ele. Temi até ao último instante que me aparecesse com o inocente coelhinho nos dentes.
Mas o coelho, veloz, deve ter-se enfiado nalguma lura.
Pois eis que o urso veio a correr, aos saltos, a dar ao rabo, pondo-se de pé, todo ele sorrisos e felicidade. Pela reacção percebi que achou que fez o que achou que tinha que ser feito: rechaçou o inimigo.
O meu marido chegou entretanto e ele fez a mesma festa. Nitidamente estava a dar conta, também ao dono, de que tinha feito uma boa acção.
Depois foi pegar-se com os enormes lobos da quinta lá de baixo. Os três bisontes ferozes encostados à vedação do lado de lá e o urso do lado de cá, uma peleja que só visto. Dos três do lado de lá, há um que é imponente. Quando me aproximo, cala-se e fica a olhar para mim. É um animal fascinante.
Como continuei a minha caminhada não vi o vizinho, apenas ouvi vozes. O meu marido contou-me que o vizinho estava a chegar e, ouvindo tamanho ruidoso concerto, foi ver o que se passava e aproveitou para desejar boa páscoa. Simpático.
Entretanto, andei a apanhar nêsperas e, pelo sim, pelo não, a comê-las. E fiz também os meus telefonemas. E etc.
Já quase noitinha, o meu marido sugeriu que era melhor virmos para dentro e eu concordei porque a friagem começava a descer. Ele foi chamar o cão de guarda que andava desaparecido. Aqui é que o dog anda nas suas sete quintas.
A fotografia está assim pois foi feita muito de longe, um zoom bem longínquo
Chamou, chamou. Por fim já chamava à bruta, na base da ordem de ou vens ou vais pagá-las. Fui também chamar. E também assobiei (que I know how to whistle).
Nada de fera.
Passado um bocado apareceu, lampeiro, com as barbas meio molhadas e todo ele se lambendo. Feliz da vida.
Passado um bocado, já aqui na sala, veio pôr ao pé de mim uma corda de brincar. Peguei e ele agarrou com os dentes para eu puxar e ele fazer o mesmo em sentido contrário. E então senti-lhe um cheiro que não identifiquei, um cheiro orgânico, a coisa viva, uma coisa muito disturbing. O meu marido disse: por isso não veio quando chamei por ele. Nem quero pensar no que pode ter sido.
Para além de coelhos há de certeza vários esquilos.
Debaixo dos pinheiros do costume há um mar de pinhas roídas. Quantos esquilos serão necessários para darem conta de tamanho ror de pinhas...?
Mas lá em baixo, ao fundo, também já vi vestígios deles.
E sabe-se lá o que mais há de bicharada. Já para não falar nos pássaros. Um chilreio que derrete qualquer coração. Aliás, tudo aqui derrete, afaga e conforta o meu coração.
Tirando isso, fui ao supermercado e fiquei outra vez estarrecida com o que gastei. No fim, olhei para o talão tentando perceber como foi tal possível. As coisas a um preço estúpido. No fim, como que para gozar com a minha cara, aparecia escrito que tinha poupado 19€. Se tivesse apanhado a patroa do supermercado à minha frente capaz de fazer uma bolinha com o talão e, pedindo-lhe licença, fazer-lhe pontaria à cara de pau com que se apresenta a dizer que, nisto tudo, a distribuição está a fazer grandes sacrifícios.
Mas, pronto, já fiz as compras todas para o fim de semana. Dessa já estou despachada.
Só ainda não contei que depois da visita familiar, da ida ao supermercado e do almoço, viemos os dois até ao sofá, carregámos no botão para o transformarmos em quase cama e, não sei como, quando demos por nós, eram seis e meia da tarde. Não sei quando é que este peso de sono nos vai sair de cima. Imagina se isto nos dava quando ainda estávamos no activo. Havia de ser bonito. Ou então isto não tem a ver com a covid mas com cansaço acumulado durante décadas. Não sabemos.
Mas há-de passar.
O que sabemos é que há por aqui muito que fazer, muito mato para cortar, muita árvore para podar. Temos que vir com mais tempo.
E só de pensar nisto me encho de felicidade.
________________________________
E, já agora, dois vídeos cheios de muita beleza e que também me trazem felicidade
Julie Gautier. Musica de Carlos Hof do album ADORE.
Continuo muito afastada da televisão. Ou estou noutra ou estou off. Nos intervalos vou apanhando salpicos do que estará por aí a passar-se. E os salpicos ora me mostram a dita Alexandra, com voz melíflua, meio-sorrisinho, óculos de fino recorte, deixando escapar uma bicada aqui, uma bicada acolá, mas parecendo sempre confortável nos seus saltos, ora mostram Ourmières-Widener, a CEO do fantástico nome, boquinha de rosa, mostrando que não está nem aí para tamanho carnaval e, igualmente, seguramente instalada nos seus saltos.
Não sabendo que partes significtivas do enredo perdi, ouvi há pouco falar num motorista que parece que não estava vacinado contra o corona e, a seguir, já parecia que o problema não era bem esse mas, se calhar, um outro mais escuso e interessante.
Desde que me conheço, em todas as cegadas bem apimentadas aparece sempre um motorista. Pode não ter nada a ver com a história mas por qualquer desvio estrutural que parece habitar a mente da malta, é como se o interesse acabasse sempre atraído pelo motorista. Só foi pena a Alex não ter feito biquinho, não ter revirado o olhinho e, em vez de motorista, ter dito chauffeur.
E, pelo meio, também não sei bem a que propósito, apareceu o Marcelo, o nosso ubíquo Marcelo (que, na realidade, não precisa de pretexto para aparecer seja onde for), que, se bem percebi, nem tem nada a ver com a história. Mas eis que vejo um mail ou uma mensagem do bacano Hugo Mendes (tem sempre que haver um Huguinho totó em qualquer história divertida) em que não se acredita. A realidade teima, cada vez mais, em ultrapassar a toda a brida a ficção. Só faltou que em vez do emoji fofinho dos dois pontinhos e parêntesis, um smilezinho muito déjá-vu, aparecesse um atrevido com óculos escuros e língua de fora.
Daria uma boa banda desenhada, este Huguinho. Aliás, qualquer dos personagens daria uns cartoons do caneco. Melhor: todo o enredo daria uma bonecada do caraças.
E, apesar do frisson destas cenas, não posso esquecer-me de que o Huguinho dependia do Pedro Nuno que despachava, en passant, por whatsapp. E não posso esquecer-me que a TAP e a CEO e tudo o que se relacionou com a TAP, nomeadamente a sabida e consabida felga que por lá parece que imperava dependiam do dito Pedro Nuno. Portanto, na banda desenhada não poderia faltar o boneco do Pê-Nu, esse ganda maluco de quem alguns ainda mais malucos que ele diziam ser o sucessor do Costa. Só que não, o Pê ia Nu.
Pelo meio de tudo tenho apanhado os comentadores a opinarem sobre tudo isto, nomeadamente sobre reuniões e sobre outros ministros que vão sendo chamuscados na primeira e na segunda e na terceira derivada pela inflamável Alexandra. Mas aos comentadores, então, é que já não consigo mesmo prestar atenção, são outros dos temíveis efeitos colaterais do tufão Alex.
António Costa deve estar com a cabeça feita em água. Como não? Tendo um governo com artistas como o ex Pedro Nuno ou a jovem e irreflectida Marina e com Secretários de Estado como o ex Huguinho e outra miudagem ou bacanos que fazem ou fizeram parte da equipa governativa, ele bem pode acender velas para pedir paz a todos os santinhos.
Uma pena.
Compare-se a qualidade de ministros e secretários de estado dos primeiros governos após o 25 de Abril com estes de agora. Estes de agora fazem-me lembrar o que o meu pai dizia de ir à praça perto da hora em que deixavam de vender peixe, quando as bancas de pedra já só tinham o peixe que tinha sobrado, peixe espatifado, pouco fresco, coisa que já nem para os gatos prestava, só para quem anda à babugem.
E isto nem ter a ver com o PS que, mal ou bem, ainda é capaz de ser do melhorzinho que por aí se arranja. Acho que isto é mesmo uma questão de regime. A influência nefasta da comunicação social cada vez mais sensacionalista e o poder triturante das redes sociais fazem com que o populismo ganhe terreno e, numa tríade fatal, provoquem o afastamento de gente de qualidade. Fica só isto, os inexperientes, os fala barato, os que vivem do show off, os verdinhos, os totós, os restos.
O Presidente da República bem poderia ter aqui um papel construtivo, convocando um conjunto de 'sábios' ou de gente isenta para se estudar uma forma de assegurar que a democracia consegue sobreviver, atraindo e retendo governantes e gestores públicos de qualidade, evitando que sejam destruídos na praça pública para satisfazer shares ou para gáudio da turbamulta.
Tirando isso, que agora me lembre, nada. Só se for que, com este calor, de dia só me apetece ser sereia.