Já aqui falei de menstruação: de como me chegou tarde o que muito me inquietou quando era menina moça, de como uma vez fiquei com a saia branca toda manchada de sangue tendo sido um colega que, completamente encabulado, me avisou, de como ao fim de nove meses de gravidez mais uma data deles sem ela (talvez por estar a amamentar) quando apareceu me ter pregado um susto, julgando eu estar com perigosa hemorragia, tendo sido o meu marido a sossegar-me ('Não será a menstruação?').
Também já falei de quando se foi sem deixar saudades e sem que a sua ausência me tenha causado agasturas, calores, securas ou outros transtornos.
Por isso, não é disso que vou falar. Vou falar é do que se passou ao longo dos férteis anos em que sangrei.
E o que é importante é que os homens saibam que as mulheres são seres fortes e milagrosos. Quando se pensa nisso tem que se reconhecer que o que se passa no corpo das mulheres é coisa mágica.
A mim sempre me doeu muito. No dia antes de aparecer sentia um incómodo surdo e profundo no baixo frente. Depois doía mesmo. E sangrava. Sempre fui de abundâncias. Tinha que ter pensos dos muito absorventes e tinha que levar sempre uns quantos de reserva para ir mudando. Depois, como tinha pavor que passasse para a roupa, passei a usar tampão e andava sempre a mudá-los. E muitas vezes, nos primeiros dias, usava tampão e um penso fininho para o caso de o tampão não absorver tudo ou de estar nalguma reunião e não poder trocar. Aliás, agora que falo nisso, lembro-me que odiava ter reuniões prolongadas quando estava com o período pois, se estava com o tampão, sentia que estava ensopado até à quinta casa e, se estava com penso, temia que voltasse a passar para a saia.
A mim sempre me doeu muito. No dia antes de aparecer sentia um incómodo surdo e profundo no baixo frente. Depois doía mesmo. E sangrava. Sempre fui de abundâncias. Tinha que ter pensos dos muito absorventes e tinha que levar sempre uns quantos de reserva para ir mudando. Depois, como tinha pavor que passasse para a roupa, passei a usar tampão e andava sempre a mudá-los. E muitas vezes, nos primeiros dias, usava tampão e um penso fininho para o caso de o tampão não absorver tudo ou de estar nalguma reunião e não poder trocar. Aliás, agora que falo nisso, lembro-me que odiava ter reuniões prolongadas quando estava com o período pois, se estava com o tampão, sentia que estava ensopado até à quinta casa e, se estava com penso, temia que voltasse a passar para a saia.
Mas o tampão tinha outra. Quando ia para a praia ou para a piscina obviamente que tinha que ser tampão. E não tem conta as vezes que o meu marido me avisava que estava a aparecer uma ponta do fio. Um horror. Ainda agora, por vezes, quando estou deitada na praia me ocorre espreitar não vá ter uma ponta de fio a espreitar na virilha.
Não sei se isto acontece com todas as mulheres. Comigo aconteceu. E acontece. Parece que, por vezes, me lembro ainda daquela dor cava, rasgão dolente no interior do baixo frente.
E havia um outro aspecto negativo. Aquela coisa de que tanto se fala, o TPM ou SPM, síndrome ou transtorno pré-menstrual, comigo não era mito urbano, era realidade e da pesada. Para aí dois dias antes e, em especial na véspera, eu ficava prestes a explodir. Uma impaciência inexplicável tomava conta de mim. Tinha que me conter, mas conter muito, para não mostrar que uma raiva descontrolada crescia dentro de mim, muitas vezes por coisas de nada. Outras vezes, a explosão acontecia e era de uma tal violência, uma tal fúria que se auto-alimentava que, volta e meia, a coisa acabava comigo lavada em lágrimas porque a guerra tinha ido num tal crescendo que só podia acabar num esvaziamento total, incluindo o dos sacos lacrimais. Claro que no trabalho eu continha-me mas isso implicava que a coisa ia acumulando. Naqueles dias a irritação que eu sentia era uma coisa diabólica que eu tinha que tentar refrear. Mas, chegada a casa, era só aparecer o primeiro pretexto. Podia ser a porcaria mais insignificante que era como se se abrisse uma válvula. Depois, assim como vinha, assim ia. E daquela erupção, daquela lava torrencial e em brasa, nada restava. Até ao mês seguinte. Nunca me deu para tentar saber a explicação para isto pois saber ou não saber ia dar no mesmo mas deve ter a ver com um fervilhão hormonal em que diabo nenhum conseguia ter mão.
Isto vinha frequentemente a par de uma dor de cabeça do caneco. Era normal ter que tomar um ben.u.ron pois a par da raiva mal contida vinha uma tensão danada na cabeça que parecia querer explodir.
E vem isto ao caso porque li de uma campanha publicitária que brinca com a hipótese de não serem só as mulheres a passar por isto. Haveria de ter graça. Os homens terem uma parte do corpo que todos os meses se atapetava, se cobria de uma manta macia e fofa para poder acolher uma vida nova e, quando isso não acontecesse, ir tudo fora para que a caminha esteja feita de novo e limpa todos os meses. Sangue fresco, espesso, escorrendo do corpo. Dores nas entranhas. A alma em revolução. Melhor ainda se a vida pudesse mesmo ser gerada no interior do seu corpo, a barriga a crescer, um serzinho a dar cambalhotas e pontapés dentro deles. E os seios a incharem, os mamilos a repuxarem. Havia de ser giro: um drama pegado. Maricas como são, haveria de ser um fartote, sempre feitos vítimas.
--------------------------------------------------------
Não consegui identificar os autores das pinturas que escorrem sangue mas sei que é Anna Caterina Antonacci que aqui vem de novo mostrar o que é uma mulher em brasa
-------------------------------------------------------------------------
E não venham dizer-me que estavam era à espera que eu comentasse aquilo do Montenegro. Nem pó. Com o sono com que estou, ia mesmo falar dele, ia, ia. Só se fosse para dizer que ou o tecido das gravatas que usa não é bom ou é ele que não sabe fazer o nó. Ou as duas coisas. Ou então não tem pinta para usar gravata. O nó das gravatas às vezes está razoável mas é só às vezes pois, em geral, aquele nó parece um matacão mal parido, torto, um calhau mal jeitoso. Ou então é ele que é assim. Portugal estava um miminho, os portugueses é que não, dizia o puxa-saco do Láparo. Portanto, depois da múmia sair da marquise para vir louvar a Marilú eis que agora é o joker de trazer por casa, o caralinda do passismo, a aparecer a querer ressuscitar o cavaquismo e o laparismo. Boa malha. Portanto, depois do dia de ontem e da noite quase não dormida, ia mesmo gastar a minha beleza a falar disso. Era o ias. Falo da menstruação para homens e é um pau por um olho.
-----------------------------------------------------------------
E agora só vos digo que relevante é o que os 20 filhos da mãe do post abaixo andam a fazer ao ar que respiramos.
---------------------------------------------------------