domingo, agosto 31, 2014

'E se os bárbaros vierem desta vez?' e 'A palavra no osso' - Ana Cristina Leonardo no seu melhor no Actual e o Expresso de parabéns por saber valorizá-la. Os leitores agradecem.


Eu sei que, no post abaixo - no qual falei na oposição a sério ao Governo feita este sábado por Marques Mendes na SIC (e agora até me estou a lembrar que o PS e o PCP bem que poderiam aprender com ele em vez de andarem na brincadeira, como andam) - disse que o post seguinte seria sobre o que andei a fazer durante o dia e que ia mostrar fotografias e tudo.

Mas, como também referi, pelo meio ainda ia dar uma espreitadela ao Expresso. E assim fiz. E aqui estou para dizer uma coisa que me faz adiar para amanhã a reportagem fotográfica prometida.









E o que quero dizer é que gostei muito da crónica da Ana Cristina Leonardo 'E se os bárbaros vierem desta vez?'. Muito justamente o seu espaço no suplemento Actual do Expresso chama-se Isto anda tudo ligado pois de liaisons, geralmente pouco inocentes, se constroem os textos de Ana Cristina. 


Desta vez, começa por ir buscar a abertura de 'Este país não é para velhos' para citar Cormac McCarthy e para depois perguntar, ela própria, Como se enfrenta o Mal sem arriscar a alma?

Um pouco mais adiante, Ana Cristina  prossegue: É impossível para quem esteja minimamente atento ao que acontece no mundo, não ter dado conta dos profetas da destruição. Perseguições e limpezas étnicas e religiosas, mortandade desenfreada, violações de mulheres, raptos de jovens e crianças, execuções sumárias, gente enterrada viva, conversão ou morte! Como uma onda gigante que se adivinhou muito ao longe e que vem galgando o mar já próxima das margens. No terreno onde tudo isto germina jorram poços de ouro negro, estende-se uma manta de petróleo. Convém não esquecer. Perante isto há quem olhe atónito a televisão, leia, incrédulo, as notícias, vá sabendo coisas de que preferia continuar ignorante. Há cerca de 70 anos, a Europa despertava do pesadelo nazi levado a cabo em nome da superioridade rácica. Hoje o que se ouve são gritos de 'Allah Akbar'. A burocracia da morte foi substituída pelo tumulto guerreiro mas depois de Auchwitz ninguém terá perdão se desviar o olhar.


Mais uma crónica marcante de Ana Cristina Leonardo. 

Têm sido variadas e todas muito boas as suas crónicas. No outro dia escreveu uma outra cheia de sul, de sol, de cheiro a figos, de sons da infância. Sendo eu neta de algarvios que rumaram a norte mas que conservaram lá as suas raízes, revi-me naquelas palavras. São assim, como ela as descreveu, as recordações que tenho das estadias nas casas das tias e primas que por lá ficaram. Lembro-me das casas caiadas rodeadas de campo, da quietude noctívaga das casas, do latido abafado dos cães, da sombra de um gato a equilibrar-se num muro, da robustez das figueiras, do leite viscoso dos figos, do aroma inebriante das alfarrobas na zona de Loulé, lembro-me de uma casa grande e fresca numa rua de Faro, do olhar reptiliano das gaivotas e do gingado nervoso das andorinhas-do-mar, de faróis, do horizonte iluminado por traineiras, da rouquidão dos motores que passam ao largo apontando à barra, lembro-me de outras casas, de outras vozes, de outros calores. Estava lá tudo, na bela crónica de Ana Cristina.

Esta semana assina também uma excelente recensão: deu-lhe o título A palavra no osso e fala do livro Ouro e Cinza de Paulo Varela Gomes. Ultimamente têm sido bissextas as suas incursões nesta área e é pena. Esta de hoje não apenas está muito bem escrita como dá uma visão muito clara do que deve ser o livro e, lendo a sua opinião, dá vontade ir conhecê-lo. Quando regressar à cidade, irei certamente comprá-lo.


Transcrevo parte do seu texto: O rigor da informação presente na frase serve-nos de trampolim: (...), não existe na escrita de Paulo Varela Gomes uma palavra a mais nem uma palavra a menos. Apenas a palavra (eticamente) justa. Ao rigor da sintaxe alia-se o rigor semântico. Em contracorrente, o edifício de palavras construído por P.V.G. não corre o risco de se desmoronar no vazio. Aqui não há crochet, há carpintaria. Não há frases em bicos de pé, há proposições com sentido. 


Os seus textos e os de Pedro Mexia, quer nas crónicas quer nas breves (e irregulares no caso dela) recensões críticas são das razões que me fazem ter vontade de ler o Expresso, fidelizam-me como cliente do jornal em papel.

Depois de no outro dia ter criticado a falta de critério na selecção de alguns colaboradores para o Expresso Diário não posso agora deixar de felicitar o Expresso pela valorização de Ana Cristina Leonardo como crítica literária. E, se me é permitido, aqui deixo uma sugestão:  bem que a sua crónica semanal Isto anda tudo ligado poderia ter mais espaço e estar em lugar de maior destaque.



Critico quando acho que devo criticar, louvo quando acho que devo louvar. E isto aplica-se a tudo e a todos.


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A música lá em cima é Big My Secret de Michael Nyman e faz parte da banda sonora de The Piano. Acho que liga bem com a Ana Cristina Leonardo.

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E por tudo e por todos, permitam que vos diga que, caso queiram saber o que achei da charla semanal de Marques Mendes na SIC e do que acho dos socialistas e comunistas que nem a brincar sabem fazer oposição, deverão descer até ao post já a seguir.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores um belo dia de domingo.



Marques Mendes desfaz o Governo na SIC e mostra como o último Rectificativo serve para cobrir (com uma carga brutal de impostos e taxas) o aumento de uma despesa pública descontrolada. E eu pergunto: mas que raio anda a Oposição a fazer que têm que ser os do próprio PSD a fazer oposição a este Governo descomandado?!


Tenho que confessar: não vi o comentário semanal de Marques Mendes na SIC com a Maria João Ruela desde o início. Quando cheguei a casa, liguei a televisão e já estava ele a desancar neste desqualificado desGoverno. 



Agora a seguir, depois de escrever isto, vou dar uma vista de olhos no Expresso e, se me mantiver acordada, ainda cá volto para contar o que andei a fazer até àquela hora em que cheguei. Mas primeiro ainda terei que fazer o transvase das fotografias da máquina para o computador, escolher algumas, reduzi-las, etc., mas a ver se o consigo fazer pois andei em sítios bonitos e quero partilhar convosco. 


No entanto, venho aqui agora, num instante, só para dizer da minha perplexidade. O pequeno arauto do regime, certamente picado com a desconsideração de Passos Coelho que o contradisse a semana passada e falou dele e das suas informações privilegiadas com ar de desdém, deu-lhe e deu-lhe com força.

Marques Mendes mostrou, documentadamente, tudo o que vai subir ou já subiu a nível e impostos e taxas, e falou, com números, das rubricas em que as contas de Estado estão em derrapagem. Falou das gorduras, falou da despesa que era suposto cortar e que subiu, falou do que Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque dizem enquanto, ambos, fazem o contrário.


E eu, ouvindo Marques Mendes, tal como quando ouço Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, Rui Rio e outros PSDs que ainda conservam decência e decoro, interrogo-me: será normal que a oposição a sério venha das próprias hostes laranjas?

Não, não pode ser normal. Juro que isto me faz muita impressão.

Já no outro dia aqui o disse: acho a oposição ao Governo, o pior Governo de que tenho memória, uma desgraça. Uma vergonha.

O PCP anda a brincar aos escuteirinhos, a montar barraquinhas para a feira, ou seja, para a festinha do próximo fim de semana, a Festa do Avante. Qual terapia ocupacional, todos os anos se mobilizam para, ao longo de semanas, fazerem o que três dias depois vão desfazer. É mais um summer festival, nada mais que isso, um summer festival produzido em regime de voluntariado, nada a dizer, cada um organiza os eventos e frequenta os festivais que quiser. Mas a verdade é que, para eles, parece que é mais do que isso, parece que é alguma coisa importante, tão importante que justifica que se desliguem da realidade nacional. Brinquem ao Rock in Rio da Atalaia, vistam tshirts com foice e martelo ou ponham boinas do Che, façam o que quiserem mas não venham depois achar-se uns revolucionários nem querer que alguém os tome a sério como oposição. Não dá.

O PS, por seu lado, com esta manobra dilatória do Seguro, arranjou maneira de deixar o Governo à vontadinha. A gente o que vê, do lado do PS, é que andam entretidos numa luta autofágica. Parecem irmãos ciumentos e birrentos. Quando aos meus pimentinhas lhes dá para isso, é a mesma coisa: podem armar uma cegada porque há dois que se querem sentar na mesma cadeira ou dois que querem brincar com o mesmo cavalinho encarnado ou que disputam o mesmo lápis. Assim andam os do PS: fazem birra com a duração dos debates, com as datas dos debates, com qualquer mariquice que venha a talhe de foice. Incomoda ver tanta parvoíce. E depois quando vejo o Tozé na televisão, lá anda a fazer coisas só por fazer, sobe a escadas, abraça um, faz biquinho para outra, distribui sorrisinhos piu-pius e abracinhos fofos. Neste fandoliro, como podem prestar atenção ao que os destravados do Governo para aí andam a destruir?

De resto, do lado da Oposição, não existe mais nada. BE, Livre, e mais nem sei quem é o mesmo que nada. Ou as televisões não lhes ligam ou eles não se sabem tornar relevantes. Não riscam.

De modo que, tirando pessoas como os que referi do PSD que ainda protestam, não se ouve nem mais um pio de jeito do lado dos que fazem política. Passos Coelho pode levar até ao fim a sua sanha de destruição de valor e pode fazê-lo nas calminhas, para ele é easy como comer uma canjinha de galinha. A oposição não mexe uma palha para o impedir. Do PR nem falo, até porque não sei se existe. Eu, pelo menos, não dou por ele.

O País está com o défice alto, com a dívida estratosférica, com os indicadores todos a revelarem uma preocupante debilidade da economia e uma total dependência externa a todos os níveis. Mesmo o aparente abaixamento do desemprego, para além dos que emigraram, dos que desistiram de tentar arranjar emprego e isto, aquilo e o outro, há o facto de a maioria serem estágios pagos pelo Estado, ou seja, não resultantes, de crescimento económico. 


E, perante isto, a Oposição está de férias ou está noutra. Cambada de políticos que não valem um caracol furado.


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As duas últimas imagens provêm do blogue 77 Colinas; a primeira, a de Marques Mendes como domador, provém do We Have Kaos in the Garden



sábado, agosto 30, 2014

E, para verem uma casa linda, linda, linda, entrem por favor na casa de Sarah Jessica Parker. De caminho ficarão a saber o que ela pensa sobre 73 coisas mas isso não interessa nada porque, ó meus amigos, vejam-me bem esta casita...!


Este já é o meu 4º post desta noite e estava capaz de continuar, noite fora, a produzi-los. Corpo descansado dá nisto.

No post abaixo fiz um intervalo na minha onda levezinha de hoje para lançar um alerta aos gestores do Expresso e que aqui repito: se querem angariar mais clientela e fidelizar a que já têm, não devem, mas não devem mesmo subverter a imagem de jornal sério que, apesar de tudo, ainda lhes está associada. Nada pior do que coisas informes. Um jornal com cabeça de Expresso mas corpo de Correio da Manhã e braços de TV Mais, não é coisa que vá longe.
Mais abaixo ainda, mostrei sessões fotográficas de luxo: quer os locais onde decorrem, quer os fotógrafos, quer os fotografados são de primeiríssima água. A não perder, vos digo eu.

Mas isso é a seguir a este. Aqui, agora, continuo na minha onda de hoje. 



Para a Vogue, a nova-iorquina mais fashion, a actriz que interpretou uma jornalista que falava do sexo na cidade e que tinha uma conturbada relação com o giraço Mr. Big, Sarah Jessica Parker, tantas vezes capa daquela revista, abriu as portas de sua casa e respondeu em frases curtas ou em simples palavras, daquelas que não dizem nada mas que os jornalistas da moda adoram, a 73 perguntas. 


Não é que Sarah seja especialmente bonita ou que tenha um corpo escultural ou que tenha craveira intelectual de se lhe tirar o chapéu mas a verdade é que ela tem graça, tem speed, tem charme, tem sentido de humor e, não menos importante, veste-se e calça-se como um bom gosto assombroso.


E aqui, nesta espécie de questionário Proust às três pancadas, não apenas vai respondendo com desembaraço e um sorriso permanente como, sobretudo, vai mostrando parte da casa. Pena que não tenha subido as escadas para vermos o quarto e o closet, 

Mas não faz mal, o que vimos já dá bem para ver que a casa é uma maravilha, uma casa bem ao meu gosto, daquelas que tem tralha que não acaba - e que é uma canseira para limpar o pó. Mas haja paciência para isto do pó porque não há dúvida que é de grande conforto visual e de uma elegância que vale qualquer esforço. 

Salas comunicantes, luminosas o que dá sempre um aspecto amplo, de fácil circulação. E aqueles sofás mesmo como eu gosto, assento fundo, macios, de veludo, e aquelas bergères, e os quadros, as estantes, os candeeiros, os espelhos. Tudo. Mudava-me já para lá.

[Só não achei muita graça às escadas mas, para deizer a verdade, nem percebi bem que revestimento é aquele. Será mosaico hidráulico? Depois de uma pessoa se habituar, é capaz até de ter uma certa graça.]

Mas vou calar-me para vos deixar entrar e ver. 



73 Things You Never Knew About Sarah Jessica Parker






Sarah Jessica Parker answers all of our questions (well, 73 of them at least) revealing everything from her distaste for parsley, love of Greece, and bias of globes that glow. And what is kokoreç?



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Relembro: por aí abaixo há mais 3 posts. Um exagero, eu sei. 

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um sábado em grande estilo. 
Saúde e alegria para todos.



Mais duas razões para eu continuar sem assinar o Expresso Diário: 1ª - O Gomes Ferreira a dizer que agora é que é bom negociar a dívida com o FMI. Que carinha de pau, hein...? 2ª - 'Câmaras à rasca'? Que lindo português, hein...? O Expresso está a ir por muito maus caminhos, ah está, está.


No post abaixo já mostrei a sessão fotográfica de Annie Leibovitz com Meryl Streep: dois espíritos brilhantes.

A seguir, mostrei Mario Testino em Londres e em Nova Iorque a fotografar a gente que melhor se veste.

Não deixem de ver pois a qualidade das imagens e os locais valem bem a visita.

Hoje está a dar-me para isto.

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Mas faço agora um intervalo. 

Desde o início do lançamento do Expresso Diário online que eu, leitora militante do Expresso semanal, uma verdadeira D. Inércia do Expresso em papel, sinto aversão a alistar-me. E, salvo, honrosas excepções, vejo quase todos os dias razões para me manter firme neste meu propósito.

Hoje então a razão é dupla. 



Primeira: papagaios aprecio mas se tiverem uma bela plumagem e se souberem cantar ópera






O inteligente jornalista que gosta de se armar em economista ao serviço de Passos Coelho, José Gomes Ferreira, aparece a dizer que agora, sim, é altura para negociar com o FMI. 


Só consigo ver a introdução do artigo mas só o que vejo ali me confirma que, a bem da minha sanidade mental, felizmente que não posso ver o resto. Quando gente com cabeça e conhecimento de causa avançou e assinou um manifesto a favor da negociação da dívida, o inteligente JGF tomou as dores do Governo e escreveu uma arengada qualquer a dizer que nem pensar, nem por cima do cadáver dele. Agora que lhe soou que o Governo se prepara para renegociar as condições contratatas, qual papagaio de serviço, salta a terreiro e vem defender o mesmo, enroupando a pirueta com argumentos de faz de conta. 

Transcrevo só para ter a certeza de que não li mal:

A política financeira de austeridade seguida em Portugal, conjugada com as declarações do presidente do BCE no sentido de admitir a compra de ativos em mercado secundário, isto é, de atribuir estímulos à economia da Zona Euro, tornaram sustentável a descida das yields da dívida portuguesa. 

As coisas que ele vai buscar para mais uma das suas acrobáticas coreografias. Não há pachorra para esta criatura que gosta de se armar em primeiro-ministro de brincadeirinha, não há mesmo pachorra nenhuma. Mas parece que quanto mais são assim, mais apreciados são: na televisão a toda a hora para dar a sua piruética opinião - sempre com aqueles olhitos arregalados de quem tem muitas razões para se indignar mas que, qual cortesã, à proximidade de Passos Coelho, ajudantes do governo, empresário da corte ou quejandos, todo se desfaz em vénias - e agora também no Expresso. Livra.



Segunda: se eu quisesse ver cenas 'rascas', comprava o Correio da Manhã ou a a TV Mais 




Câmaras à rasca...? Disse: à rasca?


Pois não gosto. Sei que há muito quem o diga, sei que é do mais popular que há. Mas eu, quando leio um jornal como o Expresso, espero um português escorreito e de salão, não de viela ou taberna.

Eu já tinha percebido que o Expresso estava a descer do tacão. Quando lá vi o Duarte Marques como cronista vi o que nunca esperaria ver. Quando deixa de haver mínimos, está tudo perdido. É certo que lá há gente de qualidade mas, caraças, uma pessoa correr o risco de dar de caras com um texto de um Duarte Marques ou de um Gomes Ferreira é coisa que está para além dos limites do suportável. E agora, sem que uma pessoa esteja psicologicamente preparada, um título destes...?

Podem anunciar que a app do Expresso diário é muito boa mas se o conteúdo apresenta manchas de qualidade mais do que duvidosa e se o português escrito se vai abastardando em nome de um populismo rasca, então, só posso prever que, não tarda estejam enrascados. And sorry for my french.


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Permitam-me: sessões fotográficas para a Vogue e para a Vanity Fair com fotógrafos e fotografados de mão cheia é já aqui abaixo.


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Meryl Streep, a magnífica, fotografada por Annie Leibovitz para a Vogue






Depois de, abaixo, partilhar convosco Mario Testino a fotografar em Nova Iorque e Londres os que se vestem melhor numa produção Vanity Fair, tenho aqui mais uma sessão fotográfica especial: Annie Leibovitz, the special one que é muito cá de casa, fotografa outra mulher extraordinária: Meryl Streep. Desta vez a produção é Vogue e, tal como no caso da Vanity Fair, a qualidade é garantida.

Generosa como é, mulher de causas, grande, anti-vedeta, Meryl faz-se acompanhar. E como aquelas mulheres se divertem.

E como é bela esta mulher que tem um aspecto tão normal, que não esconde a idade (tem agora 65 anos, imagine-se), que se apresenta como é, simples, sem disfarces, sem 'armações'.



Meryl Streep's Cover Shoot - Vogue Diaries







For January's Vogue cover shoot (2012), actress Meryl Streep traveled with photographer Annie Leibovitz from her home in Connecticut to the rocky shores of Rhode Island before heading south to Washington, D.C. Never one to shirk a challenge (travel or otherwise), this month Streep takes on the role of iconic British prime minister Margaret Thatcher in her latest screen incarnation, The Iron Lady; she's also taken up an important cause, pushing Congress to fund construction of the long-debated National Women's History Museum. With both matters close to her heart and at the top of her mind, we captured all the behind-the-scenes footage from the shoot and sat down with the two-time Academy Award winner (and several U.S. senators working on the museum project) to talk about women, power, and the importance of preserving and promoting our country's history.


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Relembro: para cidades do 1º mundo (primeiro mundo para o bem e para o mal) e para gente bem vestida, é descer, por favor, até ao post já a seguir.


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Os que se vestem melhor em Nova Iorque e em Londres vistos pela lente de Mario Testino





Sessões fotográficas promovidas pela Vanity Fair são sempre produções de bom gosto. Imagens colhidas por Mario Testino são sempre especiais. Nova Iorque e Londres são cidades cosmopolitas onde se pode ver de tudo incluindo o muito bom. Tinha tudo para dar certo. E deu.

Não é por nada, mas às vezes sabe bem a gente olhar para coisas assim, duas cidades a que nem todos podem dar uma saltada e pessoas que vestem com uma certa pintarola. Espero que gostem. I love, love, love.



Mario Testino’s Best-Dressed Shoot: New York





De Neil Patrick Harris a Grace Coddington e Ronan Farrow (o filho de Mia Farrow e Woody Allen que é parecido com Frank Sinatra e de quem a mãe veio há pouco tempo dizer que pode muito bem ser que seja mesmo filho de Sinatra e não do pai oficial), aqui estão dos melhores da International Best-Dressed Poll.




Mario Testino’s Best-Dressed Shoot: London





De Cressida Bonas (ex-namorada do Príncipe Dirty Harry) a Betty Catroux, outros dos melhores da International Best-Dressed Poll.




sexta-feira, agosto 29, 2014

Por quem os lobos uivam. Uma história muito estranha. [Ou, talvez, mais um conto erótico numa quente noite de verão]


No post a seguir falo em Judite de Sousa que está de regresso à televisão e que reapareceu pela mão de um jovem de 29 anos, um menino de sua mãe: Cristiano Ronaldo.

Mais abaixo ainda falo também na entrevista que António Costa concedeu a Fátima Campos Ferreira, uma entrevista que ficou bem aquém da personalidade e carisma do candidato à liderança do PS.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é completamente diferente.


Cuidado. Cuidado que eles andam aí.



Cry Wolf

(o som não muito alto, por favor)





Há pouco já o referi. Estive em paz durante o dia, entregue ao prazer de nada fazer, a pele à disposição da doçura do sol que me chega coado através da ramagem fresca da grande figueira. Li, preguicei, estive de olhos fechados a ouvir os pássaros, a aragem nas ramagens, os sons amáveis desta natureza que aqui me acolhe.

Ao fim do dia, a luz fica dourada e há um calor macio que prenuncia o outono. Gosto do tempo assim, apazigua-me, há suavidade no ar e é esse ar suave que eu respiro e que se espalha sobre a minha pele. Posso estar nua para melhor sentir esta doçura pois aqui ninguém passa, a rua fica longe, 

Depois fui a casa buscar um sumo e deixei o livro em cima da espreguiçadeira. Quando cheguei, escurecia, o sol tinha entrado na montanha que me cerca. Não vi o livro. Estranhei. Depois ouvi um som, assustei-me, instintivamente peguei no vestido e encostei-o ao corpo. Reparei então que o livro estava no chão. Intrigada, olhei em volta. Atrás de um tronco, o gato espreitava-me. Ah, o safado do gato. Já nem me lembrava dele, ultimamente não tem aparecido.

Chamei-o, Bchbchbch... Ele arqueou o corpo. Perguntei-lhe, Olha lá, foste tu que vieste aqui deitar o livro ao chão, não? Ele inclinou a cabeça. Não disfarces, gato atrevido, sei que foste. Estou para saber é há quanto tempo estavas aí a espreitar-me, ó gato descarado.

Peguei num figo seco e atirei-lhe. Fugiu. Espreitei. Claro, estava em cima do muro, o muro que separa a paz da minha casa da misteriosa casa onde acontecem as coisas mais inesperadas.

Disse-lhe, Olha, hoje não vou, não me quero meter em aventuras arriscadas. Ele miou longamente. Depois saltou para o lado de lá.

Tinha anoitecido. Enfiei o vestido, enfiei umas sapatilhas e subi à árvore junto ao muro. O gato espreitava-me como se me esperasse. Olha lá, está para lá aquela gente bizarra dos outros dias? Não me quero meter em cenas estranhas, ouviste?

Não me respondeu mas olhou-me com ar desafiador. Hesitei mas depois respirei fundo e saltei. Esta minha maneira de ser, por um lado tão bem comportada e cautelosa e, por outro, tão temerária, com tanto apetite por situações de risco.

Pé ante pé lá fui. As luzes apagadas, tudo escuro. Senti uma ponta de desapontamento mas, logo depois, senti um certo alívio. Nada de mistérios e sustos, desta vez. Sentei-me naquela cadeira onde no outro dia tinha visto a mulher secreta a ser penteada por outra. Deixei-me ficar ali, olhando o muro atrás do qual está a minha casa. Pensei se quem costuma vir a esta casa sabe que do lado de lá vive uma mulher arisca que gosta de se deitar nua ao sol. Olhei em volta, o céu estrelado, a noite quente, os sons dos pássaros da noite, o rastejar de animais entre o mato. Sentia algum receio, aquele receio que me deixa alerta, quase paralisada. O gato veio deitar-se no chão perto de mim e isso sossegou-me, senti que me protegia.

Depois devo ter adormecido. 

Quando acordei ouvi sons estranhos. Saltei da cadeira. O gato tinha desaparecido. Olhei em volta, assustada. De dentro da casa vinha agora luz, uivos abafados. Um arrepio percorreu a minha pele. Ai...

Pensei que devia voltar para casa. Quando comecei a ver se tinha luz suficiente para encontrar o caminho, o coração num sobressalto, vi o gato à porta de casa. Parecia chamar-me.

Estive uns segundos a hesitar mas depois, sem pensar, segui-o. Pareciam uivos o que vinha lá de dentro. Comecei a ficar aterrada mas, quanto mais medo tinha, mais vontade tinha de saber o que se passava.

O gato ia avançando à minha frente, arqueado, alterado, percebi que ia assanhado. Pensei que algo se passava e que tomara que o gato não se virasse a mim.

Então, à medida que, pé ante pé, me aproximava do sítio de onde vinha a luz, os uivos iam sendo mais nítidos. O gato parou e eu ouvi o seu arfar assustador, parecia pronto a saltar. Fiz-lhe um sinal, para que ficasse ali.

Avancei sozinha. Nunca tinha estado naquela ala da casa.


Pela frincha da porta espreitei. 




Numa cama, uma rapariga, cabelos espalhados pela almofada, descansava abraçada ao que me pareceu ser um lobo. Estavam tranquilos. ela parecia olhar um ponto indistinto e o lobo aninhava-se docemente nos seus braços.

Que visão mais estranha.

Mas os uivos continuavam.

Espreitei por outra porta. Depois desviei o olhar. Não percebi mas também não quis perceber.




Era uma mulher quase igual à outra, mas coberta por um casaco de peles, casaco que parecia ter aberto, deixando exposto o belo corpo nu. O grande cão gania, parecia faminto. A mulher olhava-o e não se percebia se era medo, se era neutra aceitação ou se era, mesmo, provocação.

Assustada, o coração numa inquietação, que coisas tão estranhas se passavam sempre nesta casa, dei meia volta, pensei que tinha que sair dali o mais rapidamente possível. Um ambiente de perversão parecia materializar-se nestes estranhos casais. Não queria testemunhar aquilo.

Mas então ouvi um som. Parei. Tu!, ouvi mas era apenas um sussurro. Não fui capaz de me mexer. Tu, sim!, um sussurro de novo

Espreitei.




Não percebi se era um rapaz, se era uma rapariga. O corpo envolto em peles, um quase lobo, olhos claros, lábios desenhados. Olhava-me e não se percebia se era um olhar inocente, se era a pura encarnação do pecado. Quando viu que eu estava a olhar, começou a afastar devagar as peles. Era um jovem quase imberbe, imponente na sua virilidade. Fugi impressionada, cheia de medo.

Mas então, à minha frente, apareceu-me um outro. Quase nu, as calças descaídas, meio coberto por peles. Olhava-me com olhar fixo. Depois uivou.




Um arrepio de medo e não só percorreu todo o meu corpo. Começou lentamente a empurrar as calças para baixo. Depois segurou gentilmente a minha mão. Não sei se estava aterrorizada, se estava mortificada de desejo. Uivou baixinho junto ao meu ouvido. Toda eu estremeci. Despiu-me e eu deixei que me despisse. Não quis saber quem era, se era um lobo de verdade, se era alguém que me mentia, que fingia ser um lobo sedutor numa quente noite de verão. Não quis saber.




Olhei em volta com medo que o gato aparecesse e nos atacasse, mas não o vi. Do outro lado do corredor, vinha agora um uivo que era mais um estertor, o som de la petite mort.

O meu lobo, agora nu, apenas coberto de peles, abraçou-me e eu senti o seu corpo jovem e viril e ele beijou-me e a sua boca sabia a bagas silvestres e eu deixei que ele me beijasse e abraçasse e afagasse. Depois deitou-me e deitou-se ao meu lado e afagou o meu cabelo e beijou-me mais e as suas mãos de jovem fauno percorreram o meu corpo. De vez em quando ele uivava baixinho junto ao meu ouvido, depois pediu que eu uivasse também e eu uivei mas o uivo saíu-me rouco e ele beijou-me com mais força e eu senti-me bem, senti-me bem até ao fim, muito bem. 

A seguir, quando me levantei e disse que tinha que me ir embora, ele separou-se da sua pele e cobriu-me com ela. Depois vestiu-me as suas calças, Depois foi buscar um pano preto e passou-o em volta do meu pescoço.




E disse-me, Fico aqui à tua espera. Vai e volta, traz-me a minha pele que agora é a tua pele, traz-me o teu corpo, o teu olhar, vem que quero ensinar-te a uivar. E beijou-me uma vez mais.

Não sei quem ele é, não quero saber se me mente, se me faz promessas que não vai cumprir, não sei se vou voltar a vê-lo. Não sei se os seus uivos sussurrados no meu ouvido são verdadeiros ou se são puro descaramento. Não quero saber. E, se me está a mentir, pois que minta, que minta para eu me sentir ainda mais livre.


Quando saí, o gato estava à porta. Dormia. Tentei acordá-lo. Ignorou-me. Assustei-me, temi que não estivesse vivo, bati-lhe ao de leve com o pé. Arfou, ameaçador, e voltou a enroscar-se sem me olhar.

Atravessei o caminho que levava até ao muro, a luz das estrelas quase me deixava ver ou talvez estivesse já a raiar o dia. A boca sabia-me e ainda me sabe a amoras.

E aqui estou para vos contar como esta noite dancei com lobos e como me estou a preparar para aprender a uivar.

Uhuuuu, uhuuuuu.......

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Para os mais sisudos, que não apreciam estas minhas derivas nocturnas e tresloucadas, aqui vos deixo um filme maravilhoso. Mete lobos mas não mete maluquice. 


Como os lobos mudam os rios






[When wolves were reintroduced to Yellowstone National Park in the United States after being absent nearly 70 years, the most remarkable "trophic cascade" occurred. What is a trophic cascade and how exactly do wolves change rivers? George Monbiot explains in this movie remix.]


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A música lá em cima é Melody Gardot interpretando Cry Wolf


A rapariga com lobos é Lara Stone fotografada por Mario Sorrenti.

O primeiro rapaz-lobo é David Fair fotografado por Milan Vukmirovic. O segundo, o eleito, não sei quem é mas sei que foi fotografado por Mario Testino.

As duas últimas fotografias mostram Kate Moss fotografada por Patrick Demarchelier

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Relembro: se continuarem por aí abaixo encontrarão referência a duas entrevistas: em primeiro lugar o regresso de Judite de Sousa depois do seu período de luto, entrevistando Cristiano Ronaldo; depois a morna entrevista de Fátima Campos Ferreira a António Costa.


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E, assim sendo, por agora por aqui me fico.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira. 
E cuidado com os lobos. 
(....Uhuhuuuuuu.... uhuhuuuuu....)


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Judite de Sousa entrevista Cristiano Ronaldo: foi o regresso da jornalista. Trémula, aspecto lábil, mas lutando para continuar a ser o que é: uma entrevistadora das melhores que a televisão portuguesa tem.


O início da noite televisiva trouxe entrevistas. 

Hoje, para mim, foi como se fosse o meu primeiro dia de férias enquanto férias: não tive hora para acordar, não tive programas, nada. O dia praticamente todo ao ar livre, grande parte da tarde estendida numa espreguiçadeira a ler um livro, volta e meia a fechar os olhos, nem sei se em meditação se a passar pelas brasas, ao fim do dia a aragem a percorrer-me a pele. Por um lado, um certo estranhamento por esta total liberdade de movimentos mas, por outro, uma paz macia e boa.

Depois, à hora de jantar, Fátima Campos Ferreira a entrevistar mornamente António Costa - conforme já falei no post abaixo - e eu à espera de melhor, à espera de perguntas cuja resposta não fosse a priori conhecida. Acabou a entrevista e fiquei com a sensação que tinha sido uma oportunidade perdida.

Judite de Sousa regressa de luto mas diz que só o trabalho nos salva

A seguir virei para a TVI (aqui não tenho cabo, estou limitada aos generalistas pelo que só se consegue ligar a televisão à noite e olha lá) e lá estava a Judite de Sousa a entrevistar o Cristiano Ronaldo.


Antes, o meu marido tinha torcido o nariz aos anúncios e à capa de uma revista em que lá aparecia ela e o regresso apesar do luto e tal: achava que era uma promoção a tirar partido do chamariz pelo luto pelo filho, não lhe agradava, gostava de ver maior contenção. Na pureza dos meus princípios, concordo mas a verdade é que Judite de Sousa é uma mulher da televisão e a televisão é um show bizz, vive de audiências, shares, e tudo serve para ganhar pontos face à concorrência. Sendo uma mulher enlutada e sofredora, que é  - como tal deve ser respeitada - Judite de Sousa é também uma mulher com um cargo de direcção numa estação de televisão, uma boa profissional. E, assim sendo, ela sabe o que conquista audiências e regressar entrevistando Cristiano Ronaldo era um furo jornalístico com sucesso garantido. Além disso, para ela seria certamente mais fácil enfrentar as câmaras numa entrevista gravada do que num directo. Acho, portanto, que foi uma estratégia inteligente.

Cristiano Ronaldo concede entrevista a Judite de Sousa
Tirando isso, como é óbvio, o Cristiano Ronaldo, apesar de todo o seu prestígio e valor, não me desperta atenção. O mundo do futebol e o mundo dos metrossexuais são mundos paralelos àqueles em que vivo. É-me indiferente que o ambiente no balneário da Selecção seja bom ou mau, que o Paulo Bento tenha feito boas ou más escolhas ou que o filho tenha nascido por contrato ou por descuido. Por isso, apanhei a entrevista perto do fim e, do que vi, apenas prestei atenção à Judite.

Estou a escrever isto e estou na dúvida pois também vi o início. Se calhar vi o início, virámos para o António Costa e regressámos a ela. Olhem, não sei. Sei que vi o princípio e o fim. 

No início, Judite de Sousa referiu o seu regresso depois de uma ausência dolorosa e referiu como uma coincidência o facto de Cristiano Ronaldo ter 29 anos, a mesma idade do filho, André Bessa, e referiu que regressa porque só o trabalho salva. Tem razão: o trabalho também ajuda a curar as feridas.


Ao longo do período em que a vi, Judite de Sousa estava trémula, agitada, eu queria fotografá-la e as fotografias saíam todas desfocadas, e mexia no cabelo, e virava a cara e via-se que estava a tentar segurar-se. Na parte final já estava mais serena, os sorrisos já foram mais naturais, a Judite atenta e empática estava de volta.

Judite de Sousa regressa ao trabalho depois de dois meses de luto pelo seu filho
Consegui, então, fotografá-la. 

Ver uma mulher que passou pela dor suprema de perder um filho a tentar erguer-se e seguir em frente é assistir a um milagre da natureza humana. 

Onde a cabeça, o coração e todo o corpo deve pedir prostração, luto eterno, nasce uma força que faz a mãe sofrida encontrar força para se apresentar inteira aos olhos do mundo e continuar como se a dor pudesse ficar guardada num esconso da sua memória. 

Não é a única mãe a enfrentar tão feroz e insuportável tragédia mas estou certa que o seu exemplo será importante para todas quantas pensam que não vão conseguir reagir a tão mortal amputação.


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Falar sobre isto deixa-me sempre um bocado emocionada. Como espectadora, estou contente por Judite de Sousa estar de volta. Como mulher, admiro a sua força.

Mas, enfim, mudando de assunto: relembro que, no post já a seguir, falo da entrevista que António Costa concedeu a Fátima Campos Ferreira, uma entrevista que não me empolgou. Será que empolgou alguém?


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Fátima Campos Ferreira entrevistou António Costa: foi uma seca ou sou eu que ando a achar tudo uma seca?


O local não podia ser melhor. O Jardim Botânico de Lisboa é idílico, tens árvores majestosas, e não deve haver recanto no qual eu não tenha estado já a namorar.

De um varandim ao fundo, quando se entra pela Escola Politécnica, tem-se uma bela vista cobre a cidade. Depois o Jardim desnivela-se e vai-se desdobrando em pequenos jardins, lagos, esconderijos por ali abaixo até quase à Praça da Alegria, a dois passos da Avenida da Liberdade. Foi uma escolha inteligente: o Jardim Botânico é um locais mais belos de Lisboa.

Mas qualquer coisa naquela entrevista falhou. Não sei se foi o ritmo, entrecortado por apontamentos de reportagem ou fotográficos, se foram as perguntas, banais, hesitando entre o intimista e o político. António Costa esteve bem como sempre está, directo, sem rodriguinhos, mas a entrevistadora não puxou por ele, não foi consistente, a entrevista patinou em seco.

Do que António Costa disse não retive nada como sendo novo ou marcante. Já o conheço razoavelmente e as perguntas de Fátima Campos Ferreira também não saíram do terreno da banalidade. 

Acredito que, de entre as alternativas que se conhecem, António Costa é a pessoa mais apta para governar Portugal e acredito que introduza um registo de honestidade intelectual, de cosmopolitismo, de humanismo na política portuguesa que, nos últimos anos, tem estado entregue à bicharada - mas a minha opinião não se alterou nem se formou melhor a partir desta entrevista. Foi uma entrevista neutra, é isso.

De resto, achei graça ao termo que António Costa repetiu quando se referiu à actuação de António José Seguro: infantilidade. É o que eu acho. Há qualquer coisa de pueril, de patético, na forma como o Tozé Piu-Piu faz biquinho e faz queixinhas de Antónia Costa. De cada vez que fala, tentando armar-se em bom, mais o Tó-Zero se apouca, a gente acaba a ter pena da falta de estatura dele. Parece que o Totó encaixa bem é numa política à medida do Portugal dos Pequenitos, um país fragmentado em distritais e concelhias, um país em que as senhoras de idade o estreitam nos braços, em que ele ouve com ar pio as lamentações dos que se acercam dele. Podia ser um pároco de aldeia, um mestre escola de antigamente, o presidente da Junta. Pensava que o lugar de primeiro-Ministro lhe era devido e agora não aceita que alguém dispute a liderança. Ainda não percebeu que a vida é assim mesmo, um caminho em que os escolhos aparecem quando menos se espera, em que o destino não é o que as fadas anunciaram em sonhos. 


Temos pena.

E mais nada tenho a dizer a não ser que tomara que o Tozé passe à história e que o António Costa, o Babush de seu pai, não me desiluda.


quinta-feira, agosto 28, 2014

Uma proposta do UM JEITO MANSO para polícias e jornalistas: em vez de meets pífios e sem graça como este que protagonizaram no Colombo, porque não organizam antes Flash Mobs animados para a malta curtir?


No post abaixo já vos dei conta de como os homens são uma raça frágil, limitada e muito dependente da contraparte feminina. 

Brincadeirinha, claro. E o facto de ter escolhido um gato de primeiríssima água para animar as hostes femininas e as masculinas que militam no sindicato pink, mostra bem que perdoo grande parte das falhas que apresentam.
Lembro-me agora que, na lista das falhas, há pelo menos mais uma em falta: nunca encontram no supermercado o que se lhes pede e, em vez de irem à procura de um funcionário para se informarem, decretam logo que não há e não trazem nada ou trazem uma coisa que não tem nada a ver com o que se lhes pediu. Podia referir coisas ainda mais curiosas como terem que fazer uma certa ginástica mental para saberem a idade dos filhos mas, enfim, para quê falar de pormenores...?

Mas isso é no post a seguir a este. Aqui, agora, a conversa é outra.


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Eu não sei se isto é só comigo ou se há mesmo uma escassez danada de assuntos com interesse. Gosto de falar do ar do tempo mas o ar parece que se rarefez.

[Bolas, como me sinto anormal ao dizer isto... Já aqui o confessei tantas vezes: sei que há mil coisas graves, diabólicas, terríveis a acontecer. Ébola, refugiados, guerras. Sei, então não sei? Mas não consigo falar disso aqui, juro que não consigo. São assuntos sérios demais para os misturar com graçolas.]
Podia falar do  Wolfgang Schäuble a deitar um baldinho de água fria nos que já estão a deitar foguetes com o fim da austeridade que se adivinha na vontade de Draghi. Diz o lobo mau: "Draghi foi mal interpretado". Não foi isso que acharam os franceses que, titubeantes como tem vindo a ser seu apanágio nestes tempos de homens frouxos (refiro-me à política porque, na cama, aparentemente não se pode dizer isso e aqui estou a pensar, em particular, no chefe deles, o quebra-corações Hollande Piu-Piu), lá disseram que apoiam a tese de Draghi nem, em especial, os italianos que, cheios de sangue na guelra, saltaram a terreiro: "Estou em perfeita sintonia com Mario Draghi", afirmou o ministro das Finanças italiano. "A Europa está numa encruzilhada: ou se mantém na deflação e no baixo crescimento, ou então dá um golpe de rins e aposta em reformas estruturais e numa cconsolidação orçamental que sejam ‘amigas do crescimento’", disse Pier Carlo Padoan.
Mas vou falar disto para quê? O Draghi faz o que quer e lhe apetece. Felizmente até parece que, apesar de ser homem da Sachs e um forte elo de ligação da Trilateral, tem algum bom senso. Mas, se o não tiver, pode virar os países de pernas para o ar que ninguém lhe irá à perna. Quem regula o BCE...? Ninguém. Se a coisa der para o torto, olhem, azarinho.
É como nisto dos franceses: como é possível um país como a França estar nas mãos de um coitado, que não inspira nem motiva, nem tem garra nem personalidade? Não sei o que deu nos socialistas. Parece que brocharam, como dizem os brasileiros. Um dó de alma.


Tenho uma certa expectativa em relação ao rottamatore Renzi que, de resto, não é um socialista convencional, mas deixa lá ver como é que ele se aguenta. Ainda não percebi bem se aquilo é só garganta ou se os tem no sítio.
 Por isso, vou estar a falar nestes assuntos para quê? 
Já agora: a propósito de organizações e países entregues a Chernes, Hollandes, Rajoy, Láparos, Seguros... - homens que, para alem das questões comportamentais conhecidas, por questões até fisionómicas fazem de tudo para os proteger deixando o resto para segundo plano - deixem que partilhe convosco este anúncio da marca Jockey.






Bem, mas dizia eu que no meio do que não tem aqui cabimento ou do que não me interessa ou das tretas que encharcam a comunicação social, são as parvoíces que continuam a despertar o meu interesse.

Eu só espero é que, quando as férias acabarem, eu recupere o meu tino habitual porque, se continuo nesta onda, chego lá e só me dá para me interessar pela qualidade do papel das mãos ou, sei lá, para tecer comentários a propósito da celulite da Sónia Badalhoca.






Por exemplo, de tudo o que li que aconteceu nesta quarta-feira, o que me despertou a atenção foi o que não aconteceu. 

Estavam as televisões todas mobilizadas para o grande meet do Colombo, os jornalistas a postos, e mais os polícias, tudo ali em red alert e, afinal de contas, quem lá apareceu foram apenas os próprios jornalistas e polícias. Achei delicioso. Imagino a cara de totós deles, a olharem uns para os outros, sem motivo para traulitada nem dramas para noticiar - .... e os putos em casa a rirem-se. 

E imagino a paródia que deve ter sido para os clientes do Colombo a verem os cerca de 30 jornalistas todos a postos, e mais uma data de polícias e isto já para não falar nos seguranças, que, face à ausência de baderna, não tiveram outro remédio senão bater em retirada, a pegarem nas câmaras e microfones, nos escudos e viseiras, rabinho entre as pernas, a ver se ninguém dava por eles.

Face a isto, o que me ocorre é que, para a próxima, sejam mais criativos. Para não parecerem uns coitados que caíram na esparrela de um bando de putos, encenem um flash mob (não sei se há tradução para isto por isso uso o anglicanismo), disfarcem, cantem e dancem, encenem uma coreografia, façam de conta que estão lá para isso e não para intervirem num meet que não vai acontecer. 


Agora a sério: acho graça a isto dos flash mobs. No outro dia houve um muito bonito em Coimbra.


Flash Mob em Coimbra | Coimbra é uma lição...




[Coimbra foi surpreendida por "Coimbra é uma lição...", uma flash mob protagonizada pelo Coro dos Antigos Orfeonistas, com o apoio da Câmara Municipal de Coimbra].


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Um que acho muito empolgante é este aqui abaixo.

 Flash Mob no TEDxRiodelaPlata 2013
Brindisi de la Traviata de Verdi





[Direcção Musical: Sergio Feferovich; Soprano: Laura Sangiorgio; Tenor: Emmanuel Faraldo; Coro "Clave de Sí"; Coro "Provisorio"]


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E há um outro que é de uma animação que dá gosto. Uma pessoa até fica com pena de não ter estado lá para também cantar e dançar. Quando as pessoas estão juntas a cantar e dançar cria-se uma energia fantástica, contagiante.


O Do Re Mi na estação de comboios de Antuérpia 





Este foi para um anúncio da VTM

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Aqui fica pois a sugestão e possíveis fontes de inspiração para próximos meets participados por polícias e jornalistas. Fico à espera. Surpreendam-me.


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Permitam-me: para verem um Gandy que redime toda uma raça, desçam por favor até ao post já a seguir. Infelizmente e segundo me dizem as minhas amigas que andam a ver se arranjam algum que se aproveite nem é verdade que esteja a Raining Men nem os poucos que chovem por aí são do calibre deste belo Gandy. Mas, enfim, não se deve desesperar pois há horas de sorte. Ainda há bocado recebi um mail a dizer que fui contemplada com um prémio do Euromilhões. Foram só 13 euros mas fiquei contente: é a sorte a aproximar-se.


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A ver se amanhã estou mais concentrada para escrever coisas mais jeitosas. Comecei a ler um livro de que talvez vos fale. Logo vejo.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira!


Guerra de Sexos, capítulo 'Os homens, os pobres homens'



Não sou nada daquelas que acham que os homens são todos iguais, que são uns safados, que não são de fiar, etc e tal. Não acho. Acho que o são tanto quanto as mulheres. A sociedade é que é mais permissiva com os homens do que com as mulheres. Tenho vários amigos homens, talvez  até mais homens que mulheres e, de resto, em grupo, em geral prefiro juntar-me aos homens do que às mulheres. Os homens tendem a ser mais divertidos e mais abrangentes nas conversas do que as mulheres que, quando se juntam, tendem muito a ter converseta de mulher. Não é que não goste de conversa de mulher (Esse vestido é bonito. De onde é? Favorece. Estás óptima, mais magra. Onde agora há umas carteiras a um belo preço é em tal sítio. E os miúdos, como estão? A escola é boa, melhor que a outra. Etc, etc), gosto, mas em doses pequenas.

No entanto, acho uma certa graça às piadas em que se tenta provar que os homens são imaturos, comandados pelo desejo sexual, ou que as mulheres são fúteis, desmioladas, 

Depois de no outro dia ter falado na múltipla geografia da mulher em contraponto com a limitada geografia do homem, eis que hoje, de um Leitor a quem agradeço, recebi o que abaixo de vê.

Vou ilustrar com imagens de um belo exemplar de homem, um de quem no outro dia já aqui falei, o David Gandy e, com isso, espero que se perceba que é género que muito aprecio e que, para além do mais, considero uma utility de primeira necessidade.

Mas, para começar, música, se faz favor.



It's raining men


The Weather Girls







Coração de mulher é como um circo:
Há sempre lugar para mais um palhaço...

O que se deve dar a um homem que pensa que tem tudo?
Uma mulher para ensiná-lo como funciona!

Por que é que os homens querem casar com virgens?
Porque eles não suportam críticas! 

Como se chama um homem interessante em Portugal?
Turista.

Por que é que apenas 10% dos homens vão para o céu?
Porque se todos fossem, seria o inferno!

Qual o nome da doença que paralisa as mulheres da cintura para baixo?
Casamento...

O que aconteceu à mulher que conseguiu entender os homens?
Ela morreu de tanto rir e não teve tempo para contar a ninguém.

Por que é que os homens têm sempre a consciência limpa?
Porque nunca a usam.

Por que é que Deus criou primeiro o homem e só depois a mulher?
Porque as experiências são feitas primeiro com animais e depois com humanos.

Por que é que os homens gostam de mulheres inteligentes?
Porque os opostos se atraem! 

Qual a diferença entre os homens e as frutas?
Um dia, as frutas amadurecem.

Por que é que as pilhas são melhores que os homens?
Porque elas têm pelo menos um lado positivo.



Por que é que são necessários milhões de espermatozóides para fertilizar um único óvulo?
Porque os espermatozóides são masculinos e negam-se a perguntar o caminho.



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quarta-feira, agosto 27, 2014

Noites Quentes - 'A arte é uma mentira que nos faz ver a verdade'


Dia de praia, noite quente e eu aqui com um problema. A revolver os livros em cima da mesa para escolher mais algumas leituras, eis que o provável aconteceu: uma pilha desmoronou-se, contagiou outra, na queda roçaram na pilha que estava em cima duma cadeira e agora tenho o chão, debaixo dos pés, pejado de livros. Claro que poderia restabelecer a ordem mas eu, mesmo nas pilhas provisórias, gosto de alguma lógica e não é à uma da manhã que me vou pôr com isso. Caraças. 

Ainda continuo entrincheirada porque ainda subsistem de pé em cima da mesa oito pilhas e meia. O que vale é que o meu marido acabou de sair da sala, senão bem o podia ouvir. Bolas para isto.

Banksy


E está calor e eu tenho preguiça. Deve ser preguiça isto, deve ser. Chego aqui, vou à procura de algum tema da actualidade que desperte a minha atenção e não encontro. Um tédio.

A política nacional e os seus agentes são maioritariamente medíocres, excrescências espúrias de uma sociedade que rejeita a diferença e a qualidade. Percorro os jornais e o que vejo é uma miséria.

Não são só os políticos. Os jornalistas e comentadores, salvo raras excepções, são medíocres, pouco inovadores, pouco rigorosos, em grande parte contribuem para o embrutecimento colectivo. Insuportáveis.

Gente pequenina. Gente de palha.


Rothko
Li há pouco referência à crónica de João Miguel Tavares no Público. Fui ver. 
Não ia a esperar nada de bom, dali parece que só vem cocó na fralda, conversetas para entreter adultos retardados. 
E não me enganei: atira-se a António Costa por nada, apenas porque gosta de dar que falar. 
Não podendo competir com a Fany ou com o Tony Carreira que à mínima saltam para a capa das revistas (e não o faz porque esse não é o seu ramo de negócios, não que não seja essa a sua vocação), arma zaragata escrita com o que lhe parece que está a dar. 
É a irrelevância em forma de comentador. É ele, o Henrique Raposo e tantos outros que por aí andam a poluir a opinião pública.



Há pouco, antes do desmoronamento, na minha demanda por leituras que me motivem, fui folheando um conjunto de revistas literárias e livros de autores portugueses que ainda não li e tudo me parecia mais do mesmo.

Tenho a televisão ligada e também tenho dificuldade em escolher, só treta, banalidade, repetição, mediania.

Momentos de fractura - em que a luz entra límpida, em que a arte assoma despudorada, em que a música é única, melhor que o silêncio ou os sons inocentes da natureza, em que a opinião é despretensiosa e visionária, em que as palavras são genuínas, únicas - parecem raros.


Richard Krush e Sylvie Guillem


As pessoas parecem ter receio de se destacar, temer a crítica das cassandras ou ficar isoladas perante um coro de agoniados e, então, não se arriscam, limitam-se a repetir o que os outros disseram ou fizeram, ou a fazer bonitinho, ou pretensamente alternativo. Uma seca.

Mas talvez seja este calor que me está a cercear a tolerância. Vou beber um sumo gelado e, depois, em vez de estar aqui a destilar impaciência, vou, antes, partir em busca de qualquer coisa que me estremeça, que me leve.

E, antes, vou voltar atrás no que escrevi e vou incluir imagens, ar puro, rasgos. Podem as imagens não ter nada a ver mas ajudar-me-ão a respirar melhor.


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Banksy's "Artist in Residence" Video para o 18th Annual Webby Awards





To accept his Webby for Person of the Year, Banksy made this video about his Residency in New York City.


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Morton Feldman : The Rothko Chapel




La fin de "Rothko Chapel" pour alto, choeur, célesta et percussions, avec sa mélodie d'inspiration hébraïque, composée par Morton Feldman à l'âge de 15 ans.



Sons brancos 
Como que nascidos
De uma fonte exausta.
Coerência baça
Construção exacta
De um quase nada.
Estranha cor
Que risca o silêncio
Antes de se esfumar
Num sensível
E belo
Arrastar do tempo.


(Joaquim Castilho, num comentário aqui abaixo) 

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Suheir Hammad's Gaza Suite | 4: Jabalya




The fourth poem in Suheir Hammad's Gaza series


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Se eu fosse eu - Clarice Lispector por Aracy Balabanian




"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. 


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Agostinho da Silva - Salazar, Capitalismo e CEE




"Conversas Vadias" - Entrevista com Baptista Bastos


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PICO

(Performance Indeterminate Cage Opera)




If you took the musical revolution of John Cage, the radical thinking of Marcel Duchamp, and the media anarchy of Nam June Paik, and put them in a blender... the result would be PICO (Performance Indeterminate Cage Opera).



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Já me sinto um bocado melhor: um ar fresco e limpo já passou por aqui.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira, e desculpem lá esta impaciência.
Deve ser porque o calor da noite não abrandava.

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