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sexta-feira, novembro 11, 2022

Ceninhas do meu dia a dia
[E dois momentos do humor: o do Klebão e o do supositício ex banqueiro Carlos Costa]

 


Só para dizer que, há uns três anos, na empresa, mudaram de empresa de cartões de refeição. Fiquei com saldo de dois euros no cartão antigo(e sei porque me enviam o saldo). Em relação ao seguinte, como mudei eu de empresa, passei a ter um cartão novo e do velho não sabia o saldo. A última vez que tentei usar no supermercado (para quem não saiba, estes cartões tanto podem ser usados em restaurantes como em supermercados) não consegui pagar, saldo insuficiente. 

Em relação ao primeiro, ainda não usei pois nunca mais me apareceu uma conta de dois euros. Em relação ao segundo, fiquei também com ele em stand by até perceber como saber o saldo e tentar encaixar uma conta nele.

Até que, no outro dia, no supermercado, a pessoa à minha frente, por sinal uma brasileira anafada, extrovertida e com um cabelo num louro ostensivamente irreal, ao pagar decretou: 'É pa parcelá'. Fiquei sem perceber. Parcelá? Já estou como o Bolsonaro, sem perceber. Seria 'parcelar? Mas parcelar a conta do supermercado? Contudo, o rapaz da caixa não estranhou: 'Quanto no primeiro cartão? E ela: 'Dezassete e meio'. Passou o cartão. A seguir passou o segundo. Fiquei bege. Afinal dá para pagar a conta do supermercado com dois cartões!? Como é que nunca me tinha lembrado de tal? Como é que nunca me tinha apercebido disso?

Mas, assim sendo, problema resolvido. Só tinha que descobrir o saldo do segundo que, pelas minhas contas, ainda teria dinheiro que se veja.

Então, hoje ao ir ao supermercado, tive uma ideia peregrina: ir primeiro à máquina do multibanco e ver se me dava o saldo do cartão. 

Enfiei o cartão. Ainda mal tinha introduzido o código já aquilo me estava a mostrar opções. Mas uma coisa atípica. Apenas duas opções 'Outras Operações' e 'Mb way'. Tentei  'Outras operações'. Em vez de me aparecer a opção 'consulta de saldos', não senhor, fui parar ao ecrã anterior. Tentei o Mb way. E, aí, nem saldo nem dinheiro nem nada. Zero. A máquina disse-me que, por razões de segurança, me ia reter o cartão e que contacte eu o banco. 

Fiquei siderada. Sou avessa a situações destas, sinto-me impotente, indefesa, fico a temer que o mundo me sugue, que um meteorito me caia em cima e me esmague para todo o sempre.

Mas, pronto, a vida continua. Fui fazer as compras. Pouca coisa e, sem saber como, cinquenta e dois euros. Isto está bonito, está. Imagino o sufoco para quem tem miúdos em casa e um ordenado curto ou para quem tem uma reforma baixa e medicamentos e despesas inadiáveis. 

Quando fui pagar, ao procurar o cartão normal, vi na carteira o outro cartão de refeição e constatei que, na máquina, me tinha enganado. Usei o cartão dos dois euros. Foi esse que, afinal, foi engolido. Ou seja, coloquei o código do cartão mais recente. Não percebo porque não assinalou que o código estava errado. Só sei que agora tenho que ligar para o banco e depois hei-de ter que ir buscá-lo. Ou deixá-lo lá ficar pois não sei se vale a pena grandes maçadas por dois euros.

Quando cheguei a casa, peguei no outro, o dito mais recente, aquele de que não sabia o saldo, e pus-me a vê-lo com olhos de ver. Vi que tem números de telefone. Nunca tinha reparado. Liguei. E fui guiada pelo atendedor automático: introduza o código. Depois: se quiser saber o saldo, digite 1. Digitei e aquilo disse-me o saldo. 29€.

Mas isto para dizer que andei este tempo todo sem saber como descalçar a bota e, afinal, era de caras: bastou ligar e fiquei logo a saber o saldo. E ando há anos a ir ao supermercado e desconhecia que dá para parcelar e pagar com dois cartões.


Às vezes acredito mesmo que devo ser de outro planeta, que não vejo e não ouço o mesmo que a maioria dos terrestes pois ignoro o que a maioria das pessoas sabe de cor e salteado. Ou então sou uma terrestre altamente limitada. É o mais provável, acho eu.

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As fantásticas ilustrações são da autoria do fantástico Paweł Kuczyński e lá em cima os Ok Go que, talvez por serem tão doidos eu acho o máximo, interpretam Here it goes again. 

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E, por falar em cartões, em especial os que parece que não têm saldo ou de que não se sabe se a culpa é do cartão, da máquina, do cu ou das calças, aqui fica o Klebão.

Aproximação segundo a Porta dos Fundos

Nunca foi sobre crédito ou débito, é sobre conexão, sobre estar junto em todos os pratos, em cada acompanhamento. É aquele acalento na alma na hora de pedir a conta e o coração chega a errar as batidas até a maquininha chegar. Ame seu garçom em praça pública!


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Já agora, o grande momento de humor do dia: o socialmente ainda respirante Carlos Costa parece estar a ver se ressuscita e, ao que consta, vai publicar um livro onde parece que faz de tudo a ver se se limpa. Está bem abelha. Aselha mais aselha não se conhece. Enquanto estava no posto armou-se em macaquinho tricéfalo: um não via, outro não ouvia, outro não falava. Os bancos a caírem como tordos, meio mundo a ficar a arder, e ele, tataranha, a fazer de conta que não sabia de nada e que, além disso, não era nada com ele. E agora, ao que parece, vai sair à pena com um livro em que parece que se põe a sacudir para cima de um e de outro. 

De gargalhada. Outra múmia paralítica que, volta e meia, quer fazer-se de viva. 

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Um dia bom
Saúde. Boa sorte. Paz.

sábado, julho 18, 2020

Jorge Jesus, Cristina Ferreira, Ferreira Fernandes - começou a época das transferências e, ao mesmo tempo, a silly season





Jorge Jesus vai e vem, faz e desfaz, salta de clube em clube, é aplaudido e vaiado, sai em ombros ou ao estalo, passa de rival em rival, atravessando a segunda circular ou o atlântico, dancing for money e cagando para o resto. Pelo caminho vai abichando uns milhões. Não há cá amor à camisola, conversa mais fajuta, há é profissionalismo. E os $$$$$ a crescerem na conta bancária (nas muitas contas bancárias) e quem o achar traidor que pense duas vezes: quem trai traidor deve ser como o ladrão que rouba ao ladrão, mil anos de perdão. E nham-nham-nham, rebenta o balão. (O balão do pastilhão, bem entendido)


Cristina Ferreira, outra caga-milhões, salta da TVI para a SIC e na SIC é recebida em ombros, deitam-se no chão para ela saltar em cima, o pastor Rodrigo fecha o noticiário com 'o país, o mundo e o bolo da mãe da Cristina Ferreira' e as engraxadoras da Arrastadeira Vermelha lambem as botas e os próprios pés da Cristina, e a Cristina guincha e escaganifa-se com risinhos escaganifobéticos e toda a gente aplaude, e vai aos globos de ouro armada em nossa senhora de fátima e toda a gente ajoelha e agora, sem mais nem ontem, a dita Cristina, santinha no altar das vaidades, caga de alto para os devotos da SIC e baldeia-se outra vez para a TVI. Cristina e Jorge Jesus, grandes profissionais do espectáculo e da carteira recheada. Diz que vai agora para accionista. Quem a venerou, babando-se enquanto a venerava, que vai agora dizer? (Pergunta retórica esta minha). 

E, provando e reprovando que abriu a época das transferências, eis que me cai o queixo ao chão. Na mesma onda dos anteriores, dou com mais uma troca-sensação. Ferreira Fernandes, ex-Público bandeou-se para o Diário de Notícias onde chegou a Director. E se eu gosto de lê-lo, caraças. Pois bem, bandeou-se outra vez para o Público. Faz sentido? Eu diria que não. Mas a minha segunda consciência diz-me: 'Define sentido'. Não sei. Dou-me uma segunda oportunidade: 'Define faz sentido'. Mas também não sei definir pelo que, na volta, isso de 'fazer sentido' não existe. Portanto, trocas e baldrocas é o que está a dar e que se fornique essa coisa do sentido. E eu, que não gostaria nada de estar a servir o FF na mesma travessa em que apresento o JJ e a CF, face às insólitas circunstâncias, vejo-me forçada a fazê-lo. Ele há coisas.

Depois disto, só falta o Durão Barroso, esse perfeito-nulo, porteiro das Lajes, nos aparecer como grande educador da classe operária, liderando o MRPP,  ou o Ventura, esse pintarolas manhoso, aparecer no PSD de braço dado com o Passos Coelho, esse grande estadista que, apesar de só ter feito merda, agora por aí anda ao colo de tudo o que é burro neste país e, para cerejar o topo do bolo, nos aparecer o Carlos Costa, essa mítica figura que esteve cega, surda e muda enquanto o sistema financeiro ruía, como gestor de offshores. 

Não sei porquê mas parece que só me apetece exclamar: Eh Lecas.

Tirando isto... que mais?

Quarenta e tal graus por aqui, uma temperatura desumana. Deve ser isso. Estas temperaturas de assar pimentos ao sol estão a virar as casacas do avesso, estão a virar frangos às cegas, estão a fazer cambalhotear as mais gradas figuras desta grande nação.

Eu própria tenho que pensar bem. Qualquer dia destes, se a coisa é pegajosa como o corona, ainda pego a pandemia e ainda vos apareço a assinar posts aí num outro blog, num daqueles que vos deixaria de cara à banda: What?! Esta aqui?!?! Não... Não é possível...

 Ah pois não, violão.

E vai daqui um beijinho para vocêzes. Com máscara, claro, que eu, noblesse oblige, com isto do corona, não facilito.


Um bom sábado. 

(E bebei água com farturinha, está bem?)

quinta-feira, maio 14, 2020

Lentidões, chuvas, azuis, um quarto com vista, um sonho dentro do sonho






Na volta, a chuva desfaz as ondas espaciais e o que aqui chega já vem deslassado, uma rede desmanchada. Mal consigo fazer alguma coisa no blog. Esta lentidão também me deslassa a vontade e o pensamento. Chove que deus a dá. Todo o santo dia. Escuro chuvoso, frio. A net, que é móvel, está empanada, sem mexer.

Há bocado, depois de um dia de trabalho e estando a janta despachada, sentei-me no sofá a ver se via as notícias, o meu marido ao meu lado. Ao fim de cinco minutos estava perdida de sono. Encostei a cabeça e foi tiro e queda. Passados uns minutos, ouvi os meninos e a minha filha a rirem. Admirados, como é que consigo dormir assim, sentada, a cabeça para trás. Elucido: quando me sinto cansada, basta encostar a cabeça, adormeço instantaneamente. Dormi uns dez ou quinze minutos e foi pena que fossem tão poucos. Mas soube-me bem.

Agora aqui, passa da meia noite e nada aqui mexe. O blogger está mudado e, até para escrever um post, me vejo à nora sem descobrir onde foi parar o lugar disso. Tenho que arranjar um turn around. Temo que um dia também desapareça esse subterfúgio e que fique sem ter como continuar a escrever. Coisas esquisitas que acontecem. Em cima disso, volta e meia fica tudo branco, a bolinha pensadora a andar è roda. Impaciento-me com isto tudo. 


Chove com força. Sei que houve para aí cena armada em volta do Centeno mas nada disso me assiste. Apanhei as parangonas mas com desinteresse. Cá em casa ninguém liga a nada disso. Frioleiras, vizinhices, futileiras, cagadinhas em três actos. Não sei de que se trata mas entre o Centeno, com o seu ar de bom algarvio, com mil provas mais do que dadas, e a Mortágua com ar de dominatrix, a Drago, histérica a cansativa, ou outras que tais dou o meu voto ao Centeno. E isto sem saber de razões. A competência a e honorabilidade de um homem (ou de uma mulher) está muito acima do mediatismo, do imediatismo, do populismo, das cegadas que animam os media e pagam avenças a comentadeiros a metro mas pouco esclarecem. Nisto do BES ou Novo Banco quem fez porcaria, e porcaria da grossa, quem agiu levianamente (e, cá para mim, até ilegítima e a ver se não criminosaente) foi aquela maltosa dos PàFs com o beneplácito dessa alforreca que dá pelo nome de Carlos Costa. Tirando isso pouco mais tenho a dizer. Que Rios, Louçãs e demais acólitos se catem.


Tenho ainda a dizer outra coisa: não há pingo de pachorra para o ar e tom do rodrigo Guedes de Carvalho. Deu em pastor evangélico do reino de são covid. Sermões por tudo e por nada. Mal se percebe que vai começar com o sermão, fugimos a sete pés. Não sei o que lhe deu mas é insuportável. Beato, sentimentalista, padrecas, catequista, mestre escola do tempo da outra senhora. Nem sei. Não consigo aturar mais do que um minuto.

De resto, tenho a dizer que, a nível profissional, se prepara o regresso mas tudo na base do devagar-devagarinho, da prudência. Não consigo imaginar bem como vai ser a nossa vida. Nem quero pensar bem nisso.

Nesta vida protegida, consolo-me a ver como os meninos andam felizes, rosadinhos, bem dispostos. Vejo-os nas aulas, vejo-os brincalhões, queridos. E recebo fotografias de desenhos do bebé e encho-me de saudades dos que não estão aqui comigo. Essa é que é essa.


O meu marido foi ao supermercado à hora de almoço. Não trouxe metade do que pedi e, do que trouxe, trouxe em dose dupla. Pedi uma pá de porco, por exemplo. Trouxe duas, ambas gigantes. Para quê? Para andarmos a comer coisas repetidas? Não faz sentido. Fiz logo uma para o jantar. Assei no forno com batatas normais e doces, também assadinhas. Ficou um tabuleirozão quase a deitar por fora. Quando apareceu na mesa, cheiroso e dourado, despertou a gula. Mas acharam um exagero de muito. Pensei o de sempre, na minha inocência: a ver se dá para o almocinho de amanhã. Mas comeram de dar gosto. Sobrou mas não que dê para todos. Só depois me lembrei que eu devia era ter jantado chá. Por isso, amanhã ao almoço não digo que chá mas talvez kefir com fruta fresca e frutos secos. Se bem que os frutos secos também me insuflem. Se, ao menos, eu pudesse fazer big caminhadas sempre ia derretendo. Mas, com esta chuva, nem isso. Como é possível que este ano chova tanto...? A nossa terra vai ficar limpinha, despoluída, lavadinha. Está coberta de um musgo dourado, macio e bonito. As árvores e os muros têm líquenes. Os pássaros cantam de dar gosto. Só não é bom o frio e que fique tudo tão escuro. Faz-me muita falta o sol, a luz, o calor.

Tenho muito trabalho. O meu marido e a minha filha dizem que não faz sentido eu trabalhar tanto. Talvez. O meu filho também acha que não deveríamos trabalhar tanto, há tanto tempo. E, por vezes, sinto-me exausta, sem tempo para mim. Repito-me, não é? Passo a vida a dizer o mesmo. Mas a minha vida agora é isto e pouco mais tenho para dizer. Acho que mal me apanhe mais à solta e com bom tempo vou ter muita dificuldade em não mandar o corona à fava.


Isto está tudo desconexo. Uma mantinha de retalhos. Mas não dá para  mais. Duas e tal da manhã. A net mais do que a pedal, quase não consigo mexer nisto. O editor do blogger todo desaparafusado. Uma lástima.

Vou mas é preparar-me para ter um sonho bom, a dream within a dream do Edgar Allan Poe. Rodeei-me do azul do Klein e, por causa das coisas, do Room with a view do menino Yiruma. Bem acompanhada estive. 


E  um bom dia.

terça-feira, janeiro 21, 2020

Isabel dos Santos, de princesa boaz$nha a bruxa má?


Quem a conhece diz que é simpática, simples, afável. Sei de quem, numa situação em que é usual obter tratamento de privilégio para algumas pessoas, lhe sugeriu isso e ela não o quis, optando por ficar em situação de igualdade no meio de pessoas que, certamente, nem terão reparado que era a 'princesa' que ali estava. Não sei se isto diz alguma coisa sobre ela para além disto mesmo -- mas fica o apontamento.

Sei também de um ou outro caso, e um deles é público. A equipa de gestão que escolheu fez razia. E, no entanto, sabendo-se o que se sabe, não se pode dizer que a razia não estivesse mesmo a pedir para ser feita.

Sei também de quem disse, ao falar-me de um certo lugar de Luanda: um condomínio de luxo, fantástico -- da Isabel, claro.

Sabe-se também como todos queriam usufruir do dinheiro dela. Portugal em crise, endividado até à medula, a economia em seca severa depois da liquidez circulante se ter escoado. Um dia, eu própria sugeri: 'E porque não apostarmos também para Angola? Dinheiro é o que não falta, contactos com ela também não. Ela quer investir, ela quer parceiros idóneos, ela quer ganhar credibilidade. Porque não?' Obtive um liminar não!: 'É nossa política não nos metermos em esquemas'. Contrapus: 'E será que ainda é assim? Ocidentalizada e moderna como é, será que é de esquemas?'. Do outro lado um sorriso: 'Ali tudo funciona com base em esquemas'. Nunca mais toquei no assunto pois os sinais iam chegando de que assim era.

Um dia, uma outra pessoa contou-me: 'Para um casamento da família, um avião fretado só para levar flores da Holanda'. E descreveu como foi. E uma pessoa, ao ir ouvindo, vai-se torcendo. Não era ela mas alguém próximo. Mas nem era isso, em particular: era, isso sim, o modo de vida da entourage. Luxo. Dinheiro. A rodos. Um excesso mas um excesso que custa mais a encarar de frente quanto se sabe da pobreza da população, quando se sabe da perseguição a quem denuncia, a quem se opõe.

É certo que dinheiro gera dinheiro. Os melhores consultores, os melhores advogados, as oportunidades sabidas em primeira mão. Sempre assim foi, sempre assim será: dinheiro gera dinheiro.

Mas eu falo do que sei e o que sei é pouco, é nada, e embora seja fácil admitir que talvez tenha mesmo usufruido de facilidades e de facilitismos, nada sei em concreto do que se passou ou de como se passou. Não parece difícil acreditar no desvio para paraísos fiscais mas deve falar-se do que se sabe e do que se tem como provar. Ou isso ou optimização fiscal. É o que os bons fiscalistas fazem: explicar, a preço de ouro, como é. Ou parquear acções aqui ou acolá, parquear a fortuna aqui e a dívida ali, gerir a política de dividendos com inteligência, umas vezes com ousadia, outras com pinças. É este o mundo dos grandes investidores, dos grandes empresários.

Claro que há os que têm a ética e a consciência social no seu ADN e há os que almejam lá chegar, um dia. Para todos, a sustentabilidade já é palavra de ouro, uns porque sim, porque sempre lhes foi conceito caro, outros porque é moda e querem estar updated, estar naquele ponto a que se chama state of the art. Não é fácil, para quem não está por dentro, distinguir com exactidão os que são e os wanna be. 

Quando uma empresa consulta fornecedores, consultores, advogados ou quer fazer parcerias e tudo vem bem sustentado, as contas estão auditadas, não há risco de crédito, tudo está em ordem, é normal responder e estabelecer parcerias. Não se vai investigar a pureza de intenções nem se tem como investigar a origem do dinheiro. Portanto, é bom que os jornalistas -- que pouco sabem disto -- ou a malta que pulula nas redes sociais não desatem a fazer juízos primários ou numa absurda caça às bruxas como se todas as empresas que têm ou tiveram alguma interacção com a 'princesa' fossem corruptos ou, pelo menos, esquemáticos. Ou seja, haja alguma ponderação e inteligência: não falem do que não sabem nem saiam a disparar para todos os lados.

Não estou a defendê-la, longe disso. Se desviou dinheiro público para contas privadas em offshores, se usurpou benefícios indevidos ou coisa do género, isso é uma coisa e é bom que a justiça investigue a fundo e, de forma célere, isenta e eficaz, faça o seu papel. Outra coisa é andar a malta de faca afiada porque a mulher é rica ou filha do Dos Santos -- como se isso, só por si, fosse crime.

E outra coisa: sobre empresas de diamantes ou imobiliárias ou resorts de luxo no Brasil ou em Luanda ou onde seja ou outras empresas não me pronuncio. Não tenho qualquer informação para além do que se vai lendo. Agora sobre as empresas em Portugal ou outras que tenham participação em empresas relevantes em Portugal, aí já me preocupo. Não nos esqueçamos que isto que se está a passar causa danos reputacionais nas empresas em que Isabel dos Santos tem participação. E os danos reputacionais por vezes matam as empresas. Antes de pensarmos apenas no facto de ela ser, directa ou indirectamente, accionista, pensemos nas pessoas que lá trabalham e que não têm nada a ver com isso, pensemos nas suas famílias, nos fornecedores e clientes dessas empresas. Milhares de pessoas. Não matemos empresas com a mesma leviandade com que o Passos Coelho resolveu matar o Grupo Espírito Santo. 

Finalmente: uma vez mais o Banco de Portugal parece ter demonstrado que é um peso morto, uma mão cheia de nada. Em relação às operações num banco conotado com ela (e, mais do que conotado, diga-se) o Banco de Portugal, não viu, não desconfiou, não previu, não monitorizou...? Nada..? Dizem que não. E isso é assustador. Aparentemente não serve para nada. Não policia coisa alguma. Um regulador de luxo que, aparentemente, não serve para nada.

Algum dos senhores jornalistas que gosta de andar atrás de frioleiras já alguma vez olhou para o orçamento do Banco Portugal? Algum dos senhores comentadores que enxameia as televisões já fez o deve o haver do Banco de Portugal para ver se ficamos a ganhar alguma coisa com a sua existência? Tenho cá para mim que haveria de ser giro. 

Mas, claro, a incompetência e a inutilidade do Banco de Portugal não desculpam nem atenuam os crimes de Isabel dos Santos -- a ser provado que existiram, claro.

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As ilustrações que representam Isabel dos Santos foram obtidas na net sem que tenha conseguido descobrir a sua autoria

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sexta-feira, fevereiro 15, 2019

Carlos Costa, Mário Nogueira e, para lavarmos a vista (e, em boa verdade, a alma), Bercow e Charlot



Vou falar do Carlos Costa para quê? Assunto tão velho e relho quanto a incompetência dele. Macaco de rabo pelado, pode ser que saiba governar a sua vidinha mas bancos não é coisa que lhe assista. Não vê, não fala, não ouve. Pelos vistos também não cheira. Pode haver esturro por todo o lado que não lhe cheira. Não sei quem é que alguma vez acreditou que o Banco de Portugal, com ele à frente, estava bem entregue. Eu não. Desde que lhe pus os olhos em cima que vi logo que é daqueles cornos mansos: é o último a saber e, mesmo quando sabe, prefere fazer de conta que não sabe para não ter que se chatear.


Por isso, não vou falar do dito faz-de-conta. Um daqueles faz-de-conta que não desgruda. Vai ter que ser corrido a pontapé porque pelo pé dele já se viu que não sai. Podia ser apenas um macaco de rabo pelado, cego, surdo e mudo mas nem isso, é mesmo daqueles emplastros. Há-de estar em decomposição e ainda a arrastar-se para o Banco. Não tenho paciência. 


Volto a dizer: se fizerem a troca do macaco banqueiro pelo artístico homónimo, o Banco fica melhor servido. Há quanto tempo o ando a dizer? Ninguém me dá ouvidos. É uma pena.

Também vou falar do Mário Nogueira para quê? Ouvi esse outro macaco de rabo pelado a gabar-se de ter ajudado a deitar abaixo o Governo de Sócrates. Lembrava ele que é melhor não aborrecerem os professores porque quem se mete com eles dá-se mal. Esqueceu-se de dizer, esse outro emplastro da velha guarda do sindicalismo jurássico, que ajudou a trazer Passos Coelho, Paulo Portas, Relvas, a Marilú e tantas outras sinistras figuras para a ribalta. Esqueceu-se de dizer que, durante o governo do Láparo, o tal que se gabava de ir para além da troika, andou caladinho, bem comportadinho. Não me esqueço disso, ó Mário das Laranjas azedas!


Há classes profissionais que se afastam da estima dos seus concidadãos graças às criaturas que se enfiaram nos sindicatos e de lá não saem. É o caso deste Mário Nogueira, da Cavaca (a chefe dos sindicatos dos enfermeiros) e doutras avestruzes que melhor fariam se fossem aí para o campo enfiar a cabeça na areia.

Mas, juro, para mim, quer o Nogueira quer o Carlos Costa são tão já figuras do passado que já não me apetece falar deles.

Salto, então, para mais uma valente derrota da despassarada da Theresa May que nem sequer estava lá para ouvir a contagem dos votos e assumir mais um abada. O dia do Brexit aproxima-se e aquela gente continua à nora, sem conseguir chegar a um acordo entre eles e/ou com a União Europeia. No meio da mais absoluta desagregação, é, como sempre, Bercow que segura as pontas, que distribui o seu grito de Order! Order!, que manda calar um e falar outro. O vídeo abaixo é mais um momento memorável. Ele, a sua voz e as suas gravatas são de antologia.
Theresa May has once again been humiliated over Brexit after Tory MPs pulled their support for her plans.
The PM’s strategy was left in tatters on Valentine's Day after Brexiteers abstained on her motion, leaving it to be defeated by 303 votes to 258.


E, em mais uma noite de estafa, tendo chegado a casa, outra vez, às quinhentas (e, de novo, incapaz de responder aos comentários nem mesmo para agradecer ao P. Rufino que, romântico como só ele, lembrou belíssimas palavras de Pessoa ou para dizer à JV que aquilo ontem, no fim, assim ao descair, do 'desculpem lá qualquer coisinha' foi mesmo para me armar em passarinha patetinha depois de ter escrito um post nulozinho, coitadinho.)

Esta minha semana tem sido do caneco, não propriamente má mas demasiado preenchida, a passar a correr e eu a correr atrás do tempo, e esta sexta-feira vai ser a mesma coisa. Não posso deitar-me tarde demais porque tenho que me levantar cedo demais.

Por isso, com vossa licença, ficar-me-ei por aqui mas não sem antes me rir com ternura a ver o meu amigo Charlot.




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quarta-feira, março 15, 2017

Enquanto o sector financeiro se afundava, Passos Coelho defecou para o tema.
E quando o presciente e intelectualmente veloz Carlos Costa resolveu rebentar com o BES, os ministros resolveram dar o ok por mail, também defecando para os riscos do que aí vinha.
Esta é a gentinha que desgovernou Portugal durante 4 anos.



Tantas vezes, ao longo do desgoverno de Passos Coelho, quando eu via que tudo o que faziam estava errado -- e não apenas errado do ponto de vista social mas também tecnicamente errado -- eu me interrogava se aquilo era má fé, coisa intencional para sacanear os portugueses, ou se era sobretudo ignorância, estupidez em estado puro, burrice pura e dura.

Quem por aqui me acompanha desde essa altura, sabe desta minha dúvida. Por um lado, aqueles desalmados faziam o jogo do capitalismo desregulado, vendendo as melhores empresas ao estrangeiro, vulnerabilizando os direitos dos trabalhadores, favorecendo as fugas de capitais a par do êxodo dos jovens melhor preparados, ofendendo a classe média e os idosos, etc, etc, como, ao mesmo tempo, davam mostras de não perceber nada do que se estava a passar, verdadeiros desmiolados.

Pois bem. A entrevista de Assunção Cristas -- a herdeira do saudoso ex-Irrevogável Portas e confiável líder do CDS -- ao Público é muito esclarecedora.


A conversa da Madame Cristas da Coxa Grossa revela que provavelmente o que tivemos foi mesmo um governo de burros, de gente completamente impreparada, de gente do mais medíocre que há, que não percebiam nada nem do contexto, nem de como lidar com ele.

Com a banca a estilhaçar-se por todo o lado, vem a Madame Cristas dizer que isso era coisa que não assistia ao láparo. Nem BES, nem Banif, nem CGD: “O Conselho de Ministros nunca foi envolvido nas questões da banca”. Como se a banca não fosse o indispensável pilar financeiro de qualquer economia, aqueles irresponsáveis continuaram a dançar no convés enquanto o navio se afundava. E fossem também eles lídimos descendentes do brioso almirante, tio-avô do Bruno, eram até moços para vociferar: 'bardamerda para o banquismo'.


E mesmo perante uma decisão absurda, gravíssima, insensata como a que foi a de rebentar com o BES, aquele gentinha assinou de cruz, sem equacionar alternativas, tudo na base 'ó miga, põe lá aí o bacalhau no tiro ao fundo ao BES, que é como quem diz, dá lá aí o ok ao mail'. E a miga Assunção não quis cá saber de nada, estava a banhos, e se a pinóquia Albuquerque dizia para ela dar o ok, ela dava e a malta lá do banco e do escambau que se catasse.


Tudo assim, mais coisa menos coisa, na maior ligeireza.

Podiam ter decidido vender o país à República Popular da China, também assim na mesma base, na base do 'olha, tou-me a cagar, se o amigo lá das 3 Gargantas do Mexia diz que é para vender, a malta vende e bora lá malta, assinem lá de cruz que já tá mas é na hora de calçar a havaiana e ir curtir um bronze para a manta rota'. Ainda tivemos foi sorte.

E foi esta gentinha que deu cabo do País durante 4 anos para, depois de tantos sacrifícios impostos aos portugueses, não ter conseguido resolver um único problema e, pelo contrário, ter deixado rebentar parte do sector financeiro e de mais uma série de grandes e pequenas empresas, para além de ter deixado sem casa muitos portugueses... e sei lá que mais.

E é esta mesma gentinha que ainda por aí anda desfilando pelas ruas a sua estupidez e falta de tino (de tininho, diria a Madame Cristas que gosta de pôr diminutivos nas coisinhas, até quando critica qualquer coisa é só um bocadinho e quando espeta alfinetes envenenados nos ex-sócios de governo é devagarinho).
Ah, sim, e mais outra: a Madame Cristas recebe mais sms de apoio quando se arma em varina na Assembleia, insultando a torto e a direito...? Ok, calma aí ó pessoal, que ela já aí vem cheia de força na goela que o que ela gosta é de sms de apoio -- e o decorozinho que se lixe.
E agora, se me é permitido, pergunto eu: a malta do PSD e do CDS aguenta tão incapazes e anedóticas lideranças?
Mas é uma pergunta retórica. Sei bem qual a resposta: Ai aguenta, aguenta...
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E, portanto, resumindo e baralhando, os Conselhos de Ministros da altura de Passos Coelho deveriam ser mais ou menos uma coisa esperta, assim como abaixo se vê, impostos, impostos e mais impostos e sem perceberem um boi do que estavam a falar  -- só que não falavam em inglês, que aqueles lá, sabido é, arranhavam o português e olha lá.


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Mas pronto, como sou caridosa, aqui deixo o meu conselho aos PàFs:
desçam até ao post seguinte e vão passear o cão, ok?

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terça-feira, março 07, 2017

Marcelo Rebelo de Sousa e a estabilidade financeira que Carlos Costa lhe inspira.
A Ítaca de Cavafy lida por Sean Connery.
E a história do azul.
Com o Salvador Sobral e 'nem eu'




Não sei que imagem passo para quem me lê pois tenho a imagem de mim mesma enquanto escrevo -- e essa é a única que me chega. E, ainda assim, chega distorcida.

Hoje. Por exemplo.

Levantei-me muito cedo e, como sempre acontece quando madrugo, na véspera adormeci tarde demais, tive o sono leve e acordei antes da hora. Centenas de quilómetros, horas de reuniões, sem oportunidade para fechar os olhos, para descansar. Chegada a casa, cansada, pouco fiz, um jantar ligeiro. Um pouco mais tarde, aqui no sofá, incapaz de me manter acordada. Leio os comentários que os Leitores deixaram, espreito os mails, gosto de os ler, tenho vontade de lhes responder mas adormeço. Agora comecei a escrever a ver se me mantenho acordada.

Há pouco espreitei as notícias. Marcelo quer estabilidade financeira. Quem a não quer? Mas é difícil tê-la com um ceguinho tartamudo e taralhouco à frente do Banco de Portugal. Nada contra as instituições, genericamente falando. Mas uma pessoa inquieta-se quando sabe que o tesouro está à guarda de uma pessoa que não sente os ladrões a aproximarem-se, não dá por nada enquanto o roubam e, no fim de tudo, vem confessar que a culpa não foi dele, porque não deu por nada. Ora abóbora.



Marcelo quer estabilidade financeira. Também eu. Um colega meu, supostamente parafraseando Marques Mendes na SIC, diz que se critica o polícia ceguinho e permissivo mas não se critica o ladrão manganão. Engano. Ricardo Salgado está a braços com a justiça, com bens arrestados, a vida virada do avesso. A justiça dirá o que se segue (e, sabendo o que é a justiça em Portugal, o mais certo é que tenha calvário até ao fim dos seus dias, provavelmente antes que se apure um juízo final). Mas depois do BES já o Banif foi também ao ar. E com Carlos Costa à frente do BdP já todos sabemos que é o que se quiser. Portanto, se Marcelo quer estabilidade financeira, espero bem que em vez de aquilo com Carlos Costa ter sido uma conversa inclusiva, tenha sido uma airosa conversa de chega para lá. É que duvido que Marcelo embarque -- parvo ele não é. Aquilo lá em Belém, cá para mim, foi mais uma de, enquanto noblesse oblige, "estabilidade" e "instituições", bla, bla bla, olhe lá, meu amigo, não quer ir gozar a vida enquanto tem saúde?


E não me apetece dizer mais nada sobre isto. Aos anos que ando a dizer que aquele lá é uma coisa de faz de conta. Regulador? Está bem, está. Só contaram para o Passos Coelho.


E sigo. Ensonada, percorro as notícias e pouco mais mobiliza a minha atenção. Talvez o Salvador. Não vi o Festival da Canção mas gosto muito do Salvador. No verão vi o concerto dele no EDP Cool Jazz e foi muito bom. Um menino talentoso. Vou agora ouvir a canção com que ganhou, o 'Amar pelos dois'.


E, aqui chegada, talvez fizesse sentido dizer mais qualquer coisa sobre a actualidade; mas não consigo interessar-me. Só me apetece ver ou ouvir coisas que não têm nada a ver. Coisas fora do tempo.

Para ajudar à festa, pensei que deveria aqui colocar algumas das fotografias que fiz no domingo. E, ao escolher, também me apeteceu optar por aquelas que não têm a ver com o texto nem, a bem dizer, com nada. Montras com reflexos, graffitis, uma pintura na porta de uma loja, uma nossa senhora. Também podiam ser fotografias do céu com a elegante caligrafia das linhas eléctricas que alimentam os elétricos. Mas fica para outra vez.


Mas, com isto, não sei que ideia passo para vocês que aí me lêem. Desconcentrada? Desordeira? A mim, volta e meia, aconselham-me : 'Tem que ter algum cuidado. Podem dizê-la desalinhada'. Muito bem. Gosto disso, desalinhada. Mas era bom que objectivassem: desalinhada em relação a quê? A uma linha torta?

Mas, enfim, isso agora não interessa para nada. A verdade é que, de facto, não consigo manter-me alinhada em relação a alguma pretensa imagem (e a qual? alguém me diz?) pois, aqui, nada me obriga a nada. Escrevo ou divulgo apenas o que me dá na bolha -- e o que me influencia no momento em que aqui escrevo é apenas a minha vontade, a minha disposição, o meu estado de espírito ou o facto de estar ou não acordada.

Portanto, com vossa licença, permitam que me esteja nas tintas. E isto das 'tintas' não é metáfora: é literal.

Mas, antes, uma pausa. Deixem que me fique aqui, durante um bocado, com a Ítaca de Cavafy. Quem a lê é Sean Connery. Desta vez não é Tom O'Bedlam que me leva na conversa: é a voz meio enrolada de Sean Connery que me faz sentir transportada para bem longe daqui.


(...)
Terás sempre Ítaca no teu espírito,
que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.

Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.
Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.

(Tradução de Jorge de Sena)


E agora, com vossa licença. uma coisa ainda mais descontextualizada: a história do azul. Ainda no outro dia estive a pintar uma grande tela e usei vários tipos de azul. Pode parecer que azul é azul.
O azul é o azul é o azul é o azul é o azul é o azul.
Nada mais errado. Cada azul tem sua personalidade. Consoante o que tenho em mente, vou experimentando. Misturando, arriscando. O azul é um fascínio. Outras cores também. Melhor: todas as outras cores também. Mas o azul. O rio, o mar, o céu, o meu corpo por dentro quando me evado de mim.

Como se faz o azul em que me movo.
Ou melhor: o azul em que me movia antes de eu ser esta que sou hoje,
quando vivia nos tempos em que a alquimia inventava pós mágicos, cores misteriosas.





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E pode ser que ainda cá volte. Agora que parece que estou a acordar, ocorre-me partilhar convosco uma descoberta que fiz a propósito de mim. Coisa hot.

Ou fica para mais logo que a coisa presta-se a aprofundamento, não pode ser sumariamente despachada antes de recolher aos meus aposentos.

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domingo, janeiro 15, 2017

O Novo Banco e a irresponsabilidade de Clara Ferreira Alves


Isto há coisas... Tinha eu acabado de exorcizar o espírito maligno do láparo que por aqui pairava depois de lhe ter dado uma valente desanda e começava já a afiar os dedos para deitar mãos ao tema que me mobilizava, o das velhas bibliotecas, quando começa o Eixo do Mal. Animada como estava  -- a ver vídeos e a ler um execelentíssimo artigo que mão amiga me tinha feito chegar -- nem me ocorreu higienizar o ambiente, desligando a televisão ou procurando melhor opção.

Por essa altura, o meu marido, mais pragmático que eu, retirou-se para o quarto. E eu entreguei-me ao deleite da Ôde aux vieilles bibliothèques.

Mas hélas, a Senhor Doutora Superiormente Sabichona Clara Ferreira Alves começou a falar, e tão grandiloquentemente o fez que a minha atenção foi desviada para a sua prosápia, uma prosápia temperada com aqueles seus bem conhecidos salpicos de spleen.


Falavam do Novo Banco e a ilustre comentadeira, maçada com tanta conversa sobre o assunto, dizia que se devia era acabar com aquilo. Qual nacionalizar...? Implodir. 

Ouvi estarrecida a senhora. Olhei-a. A camisola tinha uns brilhantes e os olhinhos aquele ar enfadado de quem faz o frete de por ali arrastar o seu ar blasé. A banca nacional dá-lhe fastio, acha que já provámos que não sabemos gerir a banca nacional. Acabe-se com aquilo de vez, diz ela, até porque, continua, nem sabe bem o que é o Novo Banco. E acaba dizendo que aquele fundo que vai desmembrar tudo, o Lone Star, se calhar ainda é o melhor, se calhar faz-nos o favor de nos vermos livres do assunto de vez. 



Em tempos, quando olhava para ela como jornalista, eu até gostava de a ler. Depois foi-se tornando cada vez mais convencida. Faz tempo que deixei de ler o Expresso pelo que não sei o que tem andado ela a fazer. Mas, nos últimos tempos, as entrevistas dela a sumidades eram frequentemente uma coisa do género das do Casanova. Falam eles, exibem-se, mostram que são letrados, opinam, decidem, fazem comparações, e, de quando em vez, lá se dignam disponibilizar a deixa para que o entrevistado diga qualquer coisita. Pior ainda quando se tornou opinadora. Aí passámos a ver a facilidade com que opina sobre tudo, incluindo sobre o que não sabe. Vejo-a como um exemplo acabado do que é o populismo ao serviço do jornalismo. E no Eixo do Mal, frequentemente, uma seca: cansa de tão pedante e leviana que é. Sabe tudo, enfada-se até de repetir argumentos que já explanou tantas vezes, fala com veemência de assuntos que notoriamente conhece apenas pela rama -- e, com as suas actuações, consegue que, cá em casa, mudemos rapidamente de canal.


O que me choca é que quem, nas televisões, decide quem convidar para programas deste tipo, equaciona certamente quem consegue ser mais polémico, dizer sound bites, criar factos políticos, lançar atoardas que aticem as redes sociais, etc. E não equaciona o sentido de responsabilidade que veículos poderosos como as televisões devem ter em cada uma das suas escolhas.

Sabendo-se o indesmentível poder de influência que as televisões têm, apenas deveriam ser convidadas para opinar pessoas com uma respeitabilidade, estabilidade emocional, dignidade e rigor à prova de bala.

Mas, infelizmente, a opção é a oposta. Quanto mais destrambelhados, mais mentirosos, mais fúteis, mais ressabiados, mais pedantes, mais levianos, mais desbocados -- mais assento têm nas televisões. 

(E assim se destrói o jornalismo.)

Mas voltando ao Eixo do Mal. De facto, só uma pessoa irresponsável ou que esteja de má fé pode, como uma estonteante ligeireza, dizer que, para não cansar a beleza de quem tem que ouvir tantas vezes do mesmo assunto, mais vale acabar com um dos maiores bancos do país. 


Pode ser que o Eixo do Mal seja visto apenas por quatro bichos caretas, entre os quais me incluo e que, portanto, os riscos de uma afirmação destas seja mínimo. Tomara.


Começar a lançar a ideia de que se calhar o melhor é acabar com o Novo Banco é meio caminho andado para lançar o alarme social e daí até a uma corrida aos depósitos é uma pequena fracção de tempo.

Custa-me perceber que uma pessoa minimamente estruturada lance um disparate destes para o ar. Se eu a parafraseasse, podia dizer que, para não ter que estar a aturar tanta parvoíce, mais valia atirar uma destas molduras pesadas à televisão e destruí-la de vez. Ou melhor: que para não ter que a aturar, mais valia ir à Sic Notícias e acabar com a estação. Ou pagar a um mercenário para rebentar com ela.

Só que acabar com um banco, um banco como o Novo Banco, é bem mais grave que isso.


Só por preguiça é que não vou repescar o que escrevi na altura em que o patego do Carlos Costa do BdP e os aventureiros malucos do ex-governo resolveram implodir o BES. Contra quem, na altura, achava que Carlos Costa era o máximo e que criar um Banco Bom e vendê-lo em seis meses era do melhor que havia, clamei tão alto quanto a minha fraca voz o permitia que o Carlos Costa era uma nódoa, que a decisão de acabar com o BES era uma loucura sem explicação e que a ideia de que seria possível criar um banco e vendê-lo em seis meses era um delírio sem pés nem cabeça (admitia que seriam necessários uns dois anos).



Hoje mantenho. Não percebo como foi possível cometer, a céu aberto, o que me parece um crime inexplicável. Uma coisa seria sanear o BES, limpar o que estivesse mal, obrigá-lo a reconhecer imparidades, rever a carteira de crédito, rever os critérios de avaliação de risco, provavelmente correr com meia dúzia de cabotinos e/ou incompetentes, julgá-los se caso disso -- e outra, muito diferente, foi implodir com um grupo económico, espatifar com uma poderosa marca, enfraquecer ainda mais o frágil sistema financeiro português. De toda a porcaria que o Governo de Passos Coelho fez (e foi muita! oh se foi...) isto deve ter sido do pior, do mais absurdo que se poderia imaginar.


A partir daí, da implosão do BES, foi tudo mal feito: escolhas mal geridas para a gestão, a começar com Vítor Bento, uma pressão absurda na venda. Mais: chamar para vender o banco à trouxe-mouxe Sérgio Monteiro, um aventureiro que já na TAP tinha dado vários passos em falso e anunciar aos quatro ventos que o banco era para vender à pressão e de qualquer maneira, só pode revelar um problema mental ou má fé.


O resultado é o que se vê: quando se atira milho para a rua logo aparece, vindos sabe-se lá de onde, um grupo de pombos. Não aparecem águias, gaivotas, garças reais. Só pombos-ratos.

E é o que tem acontecido com o Novo Banco: chineses sabe-se lá com que solidez financeira, fundos de reputação duvidosa, gente que não dá garantias, que não quer pagar e que quer deixar o osso e só levar o lombo, e isto para depois o fatiar e passar a patacos. Um vexame que deveria fazer corar o Carlos Costa. Mas não faz. Não tem competência, nem brio, nem vergonha na cara. É outro que não dança nem sai da pista. Há que tempos que deveria ter dado o lugar a alguém responsável e competente.


Não posso dizer qual a melhor solução pois não conheço os pormenores das opreações nem as contas do banco. Mas sei dizer que a solução não passa por acabar com o Novo Banco nem por vendê-lo como se fosse uva mijona. O Novo Banco deve voltar a ser um grande banco. E se tiver que ser nacionalizado que o seja. Pode ser uma solução transitória; mas entre ficar nacionalizado ou ir parar às mãos de fundos abutres, de jogadores, de trapaceiros ou de homens sem rosto e mãos invisíveis mas untuosas, prefiro mil vezes que permaneça nacionalizado.

Não é só uma questão de princípio, é, sobretudo, uma questão de racionalidade.


Quando se desmorona um banco, a seguir caem vários outros edifícios. Veja-se o que aconteceu quando caíu o BES (quantas mais empresas caíram a seguir...? Podemos começar pela PT e ir por aí fora). 

Um banco é um edifício cujos alicerces são a confiança de quem lá põe o dinheiro mas é um edifício que dá suporte a todas as empresas e pessoas que lá pediram empréstimos e cujas tesourarias assentam também na confiança no cumprimento de compromissos. 

Estou a ser simplista. Mas o tema é tão complexo que só espero que as televisões percebam que não devem dar voz a irresponsáveis como Clara Ferreira Alves e outros que tanto têm contribuído para que os portugueses formem ideias erradas e andem à mercê de quem os queira manipular.

Sinceramente: começo a ficar verdadeiramente farta de tanta estupidez e irresponsabilidade. Caraças.


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E falei na Clara Ferreira Alves porque foi a ela que prestei mais atenção. Mas idêntica leviandade me pareceu ouvir ao Luís Pedro Nunes. Há temas que, pelo seu melindre, jamais poderiam ser levados a debate por parte de quem não faz ideia do que diz.



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E, com isto, já não consigo falar nas velhas bibliotecas. Já agora, mal por mal, se ainda não leram, convido-vos a descer para verem aquilo da malapata que o Láparo tem com a TSU


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quinta-feira, janeiro 05, 2017

E sobre os sms do Domingues, não vai nada, nada, nada...?
NADA.
E sobre a jeiteira que o Centeno tem revelado para lidar com caldinhos destes, também não vai nada, nada, nada...?
NADA.




Não ando para muitas conversas e, muito menos, para comentar parvoeiras. 

  • Que o Centeno gere dossiers políticos com os pés é um facto, 
  • que dos dois Secretários de Estado que lhe conheço também, quando têm que gerir temas que deveriam ser geridos com pinças, os gerem à pazada é outro facto 
  • -- e que o flop António Domingues e todo o caso da nomeação de uma administração para a CGD só mostram que o Centeno é bom a gerir números ou a traçar estratégias e a segui-las mas um nabo a gerir temas que metem pessoas e respectivos egos, é outro facto.

Dizer mais o quê? Nada.

Se há alturas em que um chefe tem que se chegar à frente e suprir as lacunas dos subordinados, esta é uma delas. Costa tem que se chegar à frente de cada vez que o Centeno se ensarilha nestes assuntos. Caso contrário, é uma festa.

Claro que tudo poderia passar mais ou menos despercebido se o verdinho do Centeno tivesse pela frente um fulano low profile, que não se desbroncasse todo à primeira pergunta. É que este António Domingues, parecendo querer cultivar a imagem de um banqueiro excelentíssimo, é tudo menos discreto. É uma goela escancarada. Conta tudo: ele disse-me isto, eu respondi-lhe aquilo e eu, então, disse isto e vai ele e diz aquilo. 

Agora uma coisa é certa. Que, sempre que alguém vai ocupar um lugar qualquer público, deve fazer prova do seu património antes para que depois possa fazer prova de que não enriqueceu de forma inexplicável, acho óbvio.

Que essa declaração deva ser pública parece-me lamentável. Bem podem as vizinhas quererem espreitar para dentro da casa dos mais ricos para depois, entredentes, especularem pelas vielas como foi que eles enriqueceram  e depois, sonsas, disfarçarem e arvorarem-se em castas -- que a mim me dá igual. O património de cada um, em particular quando o obteve depois de uma vida de trabalho em organismos privados, não deve ser matéria susceptível de aparecer avacalhada na primeira página do Correio da Manhã ao lado de histórias envolvendo proxenetas e polémicas protagonizadas pela Luciana Abreu ou pela Cátia Aveiro.



Falo por mim e não tenho, certamente, património que se compare ao do Domingues: se algum maluco tivesse a ideia peregrina de me convidar para um lugar desses, eu não pensaria duas vezes: é o ias.
E não é apenas porque não me apeteceria ver o meu património exposto para que tudo o que é olho gordo salivasse: é, sobretudo, porque não me apetecia nem um bocadinho aturar a pelintrice mental daqueles deputados de aviário ou a arrogância pesporrenta de meninas com cara de más, armadas em implacáveis justiceiras. Não tinha pachorra. Juro que não.
Tirando isso, nada mais tenho a acrescentar. Poderia dizer que isto da Caixa tem sido, a todos os títulos, uma dor de alma e que para lá ir o manhoso do Macedo é sal em cima das feridas mas, francamente, não me apetece falar mais nisto. 

Se não se importam, acabo como comecei: com protagonistas de quem gosto mais do que dos do mau romance que envolve o Domingues ou o Macedo.


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PS: E nem me apetece falar no dinheirão que o Sérgio Monteiro, aquele artista dos tempos do láparo e da marilú de má memória, anda a ganhar há que tempos para não conseguir vender o Novo Banco nem por mais uma. Só espero que o totó do Costa do Bdp desista de o vender por tuta e meia a qualquer chinês mal enjorcado ou a qualquer fundo mal parido e que obrigue o dito Sérgio a devolver a dinheirama que tem andado a empochar. E se o totó do Carlos Costa não for capaz de ver isto (e não vai ser capaz pois todos já sobejamente lhe conhecemos a incapacidade de ver ou perceber o que quer que seja) pois que o Costa do Governo lhe dê um abre olhos. E se o António Costa o não conseguir, pois que o Marcelo, em vez de se limitar a atirar-se de mergulho para o Guincho, se atire também de cabeça para dentro desta caldeirada e ponha um ponto final nesta maluqueira de querer vender um banco bom como se fosse lixo de quinta categoria.



quarta-feira, abril 20, 2016

Mário Centeno, Carlos Costa, Maria Luís Albuquerque, Banif, Santander, BCE, etc, etc, etc
- Agora muito a sério:
efectivamente para que é que servem as Comissões de Inquérito Parlamentares?
Se é para dar canal não seria melhor montar um espectáculo à base de um detector de mentiras?
Pergunto.


Carlos Costa e Marilú, dois que já têm o rabo pelado, que já tiram as Comissão de Inquérito de letra

De cada vez que há uma Comissão de Inquérito -- especialmente destas mediáticas em que desfilam sumidades atrás de sumidades, ministros, ex-ministros, banqueiros, ex-banqueiros, reguladores, pseudo-reguladores e toda a espécie de gente, todos sujeitando-se às enxundiosas pesporrências do justiceiro Amorim ou às perguntas secas da pérfida Mortágua ou dos outros, as câmaras das televisões e dos fotógrafos apontadas às caras -- eu interrogo-me: what's the point? Para que serve aquilo para além de proporcionar prazer a alguns dos inquisidores?


Juro que estou a perguntar. Só a perguntar. Se não deixo isto bem claro ainda me arrisco a que o Leitor José Neves aqui apareça a dar-me na cabeça, que eu estou a formular juízos antecipados e que isso só prova a minha ligeireza quando confrontada com assuntos sérios. Ora, não estou a fazer juízos antecipados, não senhor. Juízos, nunca, que eu sou desajuizada mesmo. É mesmo uma dúvida minha.

É que os vejo a chocarem, a chocarem, e nunca dali vi nascer nenhum pinto. Ok, sai um relatório. Mas so what? O relatório serve para quê exactamente?

Ou aquilo serve de braço armado de alguma força policial ou é uma extensão da procuradoria ou dos deputados, quais consultores, sai um conjunto de melhorias a implementar ou, então, todo aquele filme me parece apenas uma forma barata das televisões encherem chouriços.

Ora, se é coisa feita de propósito para dar canal, como dizem os meninos e meninas dos Big Brothers, então sugiro que se faça uma coisa mais artilhada. Sugiro que se dotem de um polígrafo. De cada vez que o inquirido disser uma mentira, o detector de mentiras apitava e iam inquirindo até que a coisa ficasse muda e queda e sobre a cabeça do interrogado aparecesse uma auréloa.

E até acho que podiam criar uma página no Face para que, quem quisesse, sugerisse perguntas. Até eu me inscrevia para mandar brasa.

Ao Carlos Costa perguntava se era verdade que ele usa cuecas de fio dental e teve, em tempos, um namorado gigolo. 


À Marilú perguntava se ela usa aquele vestido preto e branco que lhe realça a rabadilha porque não teve cuidado a escolher ou se acha que assim fica mais sexy. 


Só para ver como é que a coisa resultava. E se o Carlos Costa não percebesse a pergunta, dizia que o tinha confundido com o da Casa dos Segredos já que são os dois igualmente inúteis como reguladores mas que, então, respondesse a outra: passa os dias a dormir ou é ceguinho? 


Uma coisa assim como esta aqui abaixo.

Um detector de mentiras usado nas entrevistas de emprego


(Também me parece uma boa ideia)



NB: 12 inches = +- 30 cm

(Percebe-se...)

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