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quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Ser do contra
- A palavra ao meu marido -

 

O pessoal que afirma ir votar no Chega aponta dois motivos principais: "é contra isto tudo" e "isto está cada vez pior". E o mais grave é que estes dois argumentos tanto são apontados por quem não tem um baixíssimo nível de educação como por quem frequenta graus elevados de ensino e/ou é licenciado. Eu sei que um grau universitário não é sinónimo de formação, numa perspetiva de educação e conhecimento, mas, pelo menos, deveria ser suficiente para permitir distinguir  a verdade da mentira  e o razoável do impossível.

Os dois motivos apontadas para votarem no Chega resultam do consumo constante e quase exclusivo da informação partilhada pelas redes sociais que transmitem até à exaustão notícias falsas "plantadas" por quem tem interesse em promover ideias populistas, demagógicas e xenófobas.  Mas resultam também da promoção permanente pelas  televisões do "isto está tudo mal e pior que nunca". E, de facto, é mentira. Se os órgãos de comunicação social se preocupassem em fazer análises corretas dos indicadores de Portugal, constatariam que, ao contrário do que propagam, o País está muito melhor do que há 10 ou 20 anos. Mas, parece que o objetivo dos jornalistas e dos comentadores, sabe-se lá porquê, é apoucar-nos como Povo e como País. 

Mesmo quando se fala em corrupção, os relatórios internacionais situam-nos mais ou menos no meio dos Países da Europa e não como "reis" da corrupção como se quer fazer crer. Países com regimes autocráticos como a Hungria são, no referido relatório, classificados como muito mais corruptos do que nós. Algum órgão de comunicação social relevou esta comparação? 

As ações e intervenções do Prof. Marcelo também contribuíram significativamente para o "isto está cada vez pior". Esteve sempre pronto para, explicita ou sub-repticiamente, dar argumentos que fortaleceram este sentimento de que o Governo faz sobretudo coisas mal feitas pelo que isto está "cada vez pior". E, no entanto, crescemos 2,3% em 2023 o que nos compara muito bem com o resto da Europa. Ontem, nos noticiários que vi, a relevância que deram a esta notícia foi zero, embora, este crescimento seja muito relevante.

Mais dois pontos que gostaria de referir e que posso enquadrar neste tema. 

  • Os "profs" que, sempre que há um governo do PS, protestam que nem uns danados (recordo-me que, no tempo da troika, quando tiveram os cortes nem abriram a boca) faltam mais de dois milhões de dias por ano. E os sindicatos, aparentemente sempre tão preocupados com  a qualidade do ensino, não comentam? Ninguém fez mais para acabar com a escola pública do que os sindicatos dos professores e o seu guru Mário Nogueira. O que fizeram também foi um contributo para o "isto está cada vez pior". 

  • Os arguidos da Madeira foram detidos há uma semana e ontem ainda não tinham sido ouvidos. É mau de mais! A Justiça é de fato uma área que funciona mal e em que é preciso fazer alterações. Mas não são o tipo de alterações que os populistas querem. Curiosamente (ou não) nem sequer ouvimos o Prof. Marcelo, sempre tão interveniente, a falar nisso.

sábado, junho 17, 2023

O dia da última audição da CPI da TAP
(incluindo uma referência ao Ranking das Escolas)

[Mais uma vez, a palavra ao meu marido]

 

Parece que a coisa não correu muito bem aos partidos que mais entusiasmados estavam com esta Comissão de Inquérito. 

O PSD, o BE, a IL e o Chega apostaram forte em mais uma tentativa de desacreditar o Governo e se possível, com  a ajuda do Sr. Presidente Marcelo, demitir o governo ou dissolver o Parlamento. 

Afinal, e até os comentadores o referem, o Pedro Nuno Santos saiu em ombros e o Fernando Medina pela porta grande. Não fossem as diatribes do ex-assessor e as notícias sobre a CPI da TAP teriam sido tão sensaboronas que dificilmente os órgãos de comunicação social poderiam continuar a matraquear o assunto.

Por outro lado, o espectáculo que os deputados deram foi lamentável.  Os deputados do PSD, da IL, do BE e do Chega fizeram perguntas apenas para tentarem encontrar contradições nos depoimentos e sem qualquer intenção de analisarem a gestão da TAP (que, afinal, era o objectivo da Comissão). Perderam uma excelente oportunidade para se manterem longe dos holofotes e não revelarem a falta de preparação e a arrogância que demonstram. Episódios como os do telemóvel, o horário dos telefonemas, a insistência com que pretendem saber factos acessórios e que deviam ser reservados é trágico cómica. A forma inquisitorial como o Pedro Filipe Soares interrogou o Fernando Medina revela que segue de perto a chefe Mariana Mortágua. Antipatia e arrogância não lhe faltaram.

Ainda por cima, saiu uma sondagem que revela que afinal a posição do PS não sofreu com esta CPI o que deverá ter causado uma enorme azia ao Sr. Presidente que, segundo dizem, é viciado em sondagens. Também hoje o Banco de Portugal reviu em alta as perspectivas de crescimento do País. Mais uma chatice para os comentadores, para os pseudo jornalistas e para a oposição, onde incluo o Sr. Presidente.

Os comentários do José Gomes Ferreira, do Anselmo Crespo, do Bugalho,... desde vociferarem a chamarem mentirosos aos ministros revelaram bem a decepção que tiveram. Também achei "curiosa" e de um enorme mau perder a justificação dada hoje de manhã na SIC por uma jornalista julgo que responsável pela informação da SIC ou do Expresso, cuja  cara praticamente não se vê devido à abundância capilar, sobre as razões pelas quais o PSD não "arranca" e o PS se mantem à frente. Tem mesmo mau perder.

A FENPROF também ficou chateadíssima com o ranking das escolas. Não sei se o ranking é feito com critérios correctos ou não. Há uma coisa que me deixa de pé atrás e que é ter visto uma notícia em que 40% das notas no ensino privado são dezanoves e vintes. Alguma coisa  está mal se de facto as notas forem estas, estas percentagens não encaixam no que é razoável. No entanto, vi uma reportagem sobre  a primeira escola pública do ranking e tanto os alunos como a professora disseram que o acompanhamento pelos professores tinha sido determinante para a evolução da escola. Sugiro aos senhores professores que exigem "respeito" sigam estes exemplo e ao Mário Nogueira e ao André que se voluntariem para apoiarem os alunos que não tiveram aulas devido à forma como conduziram a luta dos professores, mesmo que no caso do André esse apoio esteja relacionada apenas com os lagartos da Amazónia.

Foi um dia lixado para o Sr. Presidente, para  a oposição e para os professores do "respeito".

segunda-feira, junho 12, 2023

Será que o objectivo dos Professores é dar cabo do Ensino Público?

[Uma vez mais, a palavra ao meu marido]

 

Seguramente a maioria dos professores não apoia nem se revê na forma desrespeitosa como têm decorrido as respectivas manifestações. 

A forma pouco civilizada como os professores presentes no Peso da Régua falaram com o Primeiro Ministro e os cartazes que empunharam revela má educação e falta de civismo. 

No entanto, parece não ser apenas aquela minoria que lá se manifestou. De facto, parece haver bastantes mais professores que agem de forma desrespeitosa e que dão um péssimo exemplo aos alunos.

Gostava de saber se os professores que empunharam ontem e em outras manifestações aqueles cartazes bem como os demais professores que os apoiam têm lata para dizer aos alunos para se portarem bem e respeitarem os outros. Não é possível que tenham dois pesos e duas medidas pelo que seguramente não têm condições para educar os seus jovens alunos.

Só pode ser respeitado quem respeita os outros e manifestamente não é o caso dos professores que se manifestam desta forma. 

Mas também não podem ser respeitados os professores (e os exemplos que vou referir são concretos) que: 
    • fomentam o copianço nos testes de forma que alunos que não percebem nada da matéria têm notas próximas de 100%, 
    • estão de baixa médica vários meses e que, quando é para acompanhar viagens de finalistas a outros países, milagrosamente reaparecem, ou
    • quando não controlam o comportamento dos alunos, os forçam a fazer declarações em que estes se autoculpabilizam.

Para mim também é revelador da falta de maturidade cívica dos professores terem como dirigente do STOP um tal André que fala aos gritos, de forma demagógica e que, para além de matraquear três ou quatro frases feitas, não consegue transmitir uma única ideia com pés e cabeça*. 

[* Será o resultado do doutoramento que fez (provavelmente a expensas dos contribuintes) na Amazónia?] 

Admito que as reinvindicações dos professores podem ser justas mas, sendo assim, isto é, a serem justas, então, todos os funcionários públicos e os todos os trabalhadores do sector privado também teriam que ser ressarcidos dos congelamentos nas carreiras, dos cortes nos salários, das sobretaxas... que ocorreram no tempo da troika -- o que manifestamente não é possível. 

Os professores não são exceção e devem ter o mesmo tratamento que todos os outros.

(A propósito, onde estava o  Sr. Mário Nogueira e os senhores professores quando ocorreram os cortes no tempo da troika? Não os vi em manifestações. Calaram-se, não foi?)

Com tudo o que têm feito, os professores estão, de facto, a dar cabo do Ensino Público, estão a criar mau estar entre os pais dos alunos e estão a desmotivar muitos alunos que, naturalmente, com este exemplo não pensam que estudar seja uma prioridade.

Não me lembro de ver o Mário Nogueira ou o STOP falarem em problemas no Ensino Privado. Corre tudo bem entre patrões e empregados nesse setor?

Senhores Professores, raramente --  quer no setor público quer no privado -- se chega ao topo da carreira. Qual a razão para todos os senhores professores quererem chegar  a "administradores"?  

Não parece que os senhores Professores sejam das classes que mais têm a reivindicar, pois: 

  • ganham um salário que não compara mal com a media europeia, 
  • trabalham menos de metade das horas que normalmente são feitas pelos outros trabalhadores, 
  • têm tempo para dar explicações, bem pagas, que provavelmente não declaram (não seria interessante que este aspecto, ie, o aspecto fiscal associado às 'explicações', fosse investigado?), 

Lutem de forma civilizada pelos V. direitos tendo em conta a realidade do País, defendam a Escola Pública e garantam um ensino e uma educação de qualidade aos V. alunos. 

Se o fizerem serão respeitados. 

Em contrapartida, a continuarem a agir como têm feito até aqui e a defender causas egoístas e desfasadas da realidade nacional, arriscam-se a acabar como uma classe desprezada pelo resto da população.


Nota Final: Continuo, entretanto, a aguardar que o Senhor Presidente da República, sempre tão lesto a comentar qualquer evento, nacional ou internacional, venha demarcar-se veemente da forma de actuar dos Professores que se manifestaram em Peso da Régua e da forma de actuar nas manifestações e greves em que, durante este ano lectivo, fizeram de tudo um pouco para degradar a qualidade do Ensino Público.

quarta-feira, fevereiro 08, 2023

Continua a pouca vergonha dos professores a sacrificarem os alunos e a reivindicarem privilégios absurdos
- e eu não sei de que é que Marcelo Rebelo de Sousa está à espera

 

O tal que era do Bloco de Esquerda e que recebeu uma bolsa para investigar qualquer coisa na Amazónia, agora, entediado com a maçada de dar aulas, anda por aí a dar cabo do ensino dos mais novos (creio que os professores universitários não fazem parte deste esquadrão), a armar um inflamado e insano banzé e a animar as ruas e as televisões. 

Mário Nogueira, o dinossauro -- que, segundo consta, há muitos anos que também não dá aulas --, tenta não ficar atrás dos populistas e, claro, põe mais achas na fogueira. 

Sentido de responsabilidade ou saberem honrar a nobreza da essência da sua profissão está quieto. É coisa que não se vislumbra.

E, portanto, vêem-se os noticiários e lá estão os professores em festa, na rua, em vez de estarem a dar aulas. Tocam tambor, cantam, ecoam uma espécie de cantares revolucionários completamente deslocados. Na prática, tudo se resume a fazerem muito barulho. Mas, quando lhes põem um microfone à frente da boca, a conversa é sempre a mesma: estão fartos de fazer quilómetros para dar aulas. 

Não passa daí. A inteligência ou a imaginação não lhes dá para muito mais. Basicamente a conversa é sempre a mesma: queriam trabalhar perto de casa.

O que eu pasmo (e já antes o referi) é como é que nenhum repórter lhes pergunta:

1 - O que propõem em concreto? Que ponham na rua os outros professores (os que trabalham nas escolas para onde querem ir)? Ou que arranjem lugares fictícios para eles (os revolucionários baderneiros)?

e

2 -- Se não há vagas nas escolas onde gostavam de trabalhar e não querem ir trabalhar mais longe, porque não mudam de entidade patronal ou de profissão, que é o que fazem os outros trabalhadores?

Ninguém lhes pergunta. E, no entanto, são as perguntas que se impõem. Os alunos têm que estar a ser prejudicados porque eles não são capazes de se fazer à vida?

Não há pachorra. 

Há ainda o argumento do tempo de serviço, durante o período em que, creio, o Láparo congelou a contagem. Pelos vistos no ensino, a antiguidade é um posto ou rende dinheiro. Já trabalhei em empresas públicas, em empresas de gestão pública e, sobretudo, em empresas privadas. Tenho ideia que na empresa pública, a primeira em que trabalhei depois de largar a docência, havia diuturnidades mas que depois, com o acordo de empresa, se acabou com isso. Não faz sentido existir acréscimo de ordenado em função dos anos de trabalho.

O outro argumento também muito referido é ainda mais absurdo, diria mesmo patético, a cereja em cima do bolo da parvoíce: querem ser respeitados.

Mas como é que isso se mede? Qual o parâmetro que usam para saberem se o respeito que a população sente por eles está ou não au point ou se ainda têm que armar mais confusão? Ou o respeito não se mede? É subjectivo? Mas não ocorre àquelas inteligências que o que é pouco para uns, é muito para outros ou está na conta para alguns? Fazem greve e dão espectáculo na rua porque querem mais respeito? E acharão que é assim que o conquistam? Não lhes ocorre que a gente ouve isto e não apenas acha que é um argumento que revela indigência intelectual como fica a pensar que coitados dos alunos se tiverem professores destes?

Perante isto, volto a dizer: penso que, face a esta maluquice que aqui está armada e que não se vê jeito de acabar, cabe a Marcelo dar um stop nisto, não apenas:

a) apelar publicamente, com dureza, oficialmente (ie, não en passant, não no meio de outros assuntos), aos professores para que metam a viola no saco e se dêem ao respeito;

b) reunir com António Costa para avançar para medidas musculadas por forma a impedir o sacrifício do ano escolar e de efeitos nefastos nos hábitos de estudo dos alunos; doa a quem doer;

c) reunir não sei com quem (Ministério Público?) para que sejam accionados meios para se averiguar se não haverá por aí forças ocultas a manobrar nos bastidores por forma a ferir a democracia e um dos seus pilares, o ensino público. 

Alguma coisa tem que ser feita. Já. Os alunos (e as famílias dos alunos) não podem continuar a ser sacrificados às mãos destes inconscientes e egoístas professores que tudo fazem para que não os respeitemos.

sexta-feira, maio 10, 2019

Pedir ao Rui Rio que tenha juízo e esteja calado é a mesma coisa que pedir a uma galinha que declame Camões


E isto parafraseando Rui Rio que não pára de dar tiros nos pés, tendo agora dito esta coisa fantástica: Pedir ao PS que vote é o mesmo que pedir ao perú que vote no Natal.

E, dizendo isto, parece que ainda não percebeu uma coisa tão simples: se o PS acha que não há condições para integrar os nove anos, não sei quantos meses e não sei quantos dias (de professores e de todos quantos foram prejudicados com a crise) já que isso geraria saltos remuneratórios não compagináveis com o equilíbrio das contas públicas, então, não faz qualquer sentido definir travões. Travões põem-se a alguma coisa que esteja em movimento não a uma que não deve avançar.

Mas, se ele não percebe, eu explico com um exemplo: se eu acho que o Rui Rio, por condições intrínsecas dele, nunca vai poder ser um bom primeiro-ministro e, portanto, jamais votarei nele, então não faz sentido votar uma coisa a dizer que uma das condições para ele exercer o cargo de primeiro-ministro é, por exemplo, cortar o cabelo.
[Não que não lhe fizesse bem cortar aquele cabelinho amontoado na nuca, entre o escorrido e o antiguinho -- só que não seria isso que alguma vez na vida poderia fazer com que ele conseguisse, algum dia, vir a ser um bom primeiro-ministro]
E eu que tenho andado a dizer que, face ao período eleitoral, o PSD tão cedo não vai poder ver-se livre do Rui Rio, já começo a achar que, com tudo o que ele anda a dizer, destratando os deputados da sua bancada parlamentar e envergonhando e irritando tudo o que é genuíno social-democrata, ainda corre o sério risco de correrem com ele de qualquer maneira, à pressa, a trouxe-mouxe, e adeus ó vai-te embora.

É ele e o Nogueira, esse emplastro sindical que, de repente, passou a incomodar até a esquerda, mormente o PCP. Ainda vão é sair os dois da vida pública ao mesmo tempo, de braço dado.

quinta-feira, maio 09, 2019

Mário Nogueira vai sair da Fenprof e do PCP?
Sigilosamente, conto-vos qual a relação entre isso e o silêncio de Marcelo.
E explico ainda porque acho que Rui Rio anda a fazer-se de parvo


Estou a pé há umas vinte horas e, pelo meio, já tenho umas centenas de quilómetros, um (belíssimo) almoço volante, reuniões, cavaqueiras e o mais que quiserem.

E o que posso assegurar é que malta que tenho por próxima do BE (e que, por acaso, se resume a uma pessoa) e muita malta que sei que é de direita (e aqui coloco no mesmo saco PSD e CDS porque, do que lhes conheço, é por aí que votam -- e isto, em alguns deles, por não haver partido apresentável ainda mais à direita) estão todos furibundos com esses partidos. Mas ponham furibundos nisto. Coisa na base do desprezo profundo. Mais -- e posso afiançar-vos que é a pura verdade -- todos tiram o chapéu ao Costa.
Ainda me lembro de um deles, há algum tempo, estar a falar-me de um artigo do Observador e eu lhe dizer: 'Não costumo ler, é muito conservador para o meu gosto'. E ele, figura de referência na classe empresarial portuguesa, direita assumida: 'Mas sabe que eu sou conservador, não sabe?' 
Hoje, enquanto o ouvia, só pensava: 'Ui... quem te viu e quem te vê...'

Logicamente hoje não consegui ler jornais, não ouvi notícias e só há pouco, aqui chegada à sala, ao passar por um canal (SIC?), ouvi o Mário Nogueira a falar do que o Carlos Carvalhas terá dito a seu respeito e da sua própria posição sobre manter-se ou não no sindicato (e no PCP?). Não ouvi mais porque o meu marido ao vê-lo, pegou no comando e, a modos que zangado comigo, exclamou: 'Eh pá, o que isto?! Nem pensar! Este gajo é que não'

E eu que não sou prima da Maya, cunhada da Maria Helena, neta do Zandinga, comadre do Paulo Cardoso ou afilhada da pombinha do Espírito Santo o que posso dizer é que, queira o Mário Nogueira ou não queira, vai ter que sair do sindicato. Escrevam. Há muito tempo que o digo. Mário Nogueira está a dar cabo da imagem dos professores e, pior, está a chantagear o Governo (qualquer governo excepto o do Láparo) e a intoxicar o ambiente político.

Pois bem. Tenho uma notícia off the record: fontes anónimas comunicaram comigo via telepatia para me transmitirem que o nosso ex-omnipresente Professor Marcelo fez uma promessa e só volta a aparecer quando a cena política estiver higienizada, mormente limpa do Mário Nogueira.

Esta do dito Mário Nogueira andar agora a pressionar os partidos e a instá-los a deixarem-se de politiquices terá sido a gota de água. Marcelo, cansado de tudo isto, terá pensado que não consegue coexistir social e institucionalmente com uma criatura destas que achincalha desta forma os partidos e a política portuguesa.

As mesmas fontes anónimas telepatizaram-se também comigo a propósito do Rui Rio mas isso Marcelo sabe que não vai poder ser já não apenas pelo período poli-eleitoral em que estaremos entre Maio e Outubro mas também porque não se perfila alternativa no PSD. Além do mais, Rio não estará oficialmente off mas, na prática, já só estará ligado à máquina. Por isso, Marcelo que é crente mas não é maluco, não reza o terço e faz promessas para pedir milagres impossíveis mas, tão só, actos simples de higiene básica. E, portanto, o foco imediato é o Nogueira.

Resumindo: fontes anónimas e que me exigem sigilo absoluto fazem-me saber que Marcelo anda a toque de novenas, velinhas acesas pelos corredores e altares, e diz-se até à boca pequena que ninguém se admire se vir alguém parecido com ele, de colete amarelo, boné, cruz na mão, a andar pela berma da Nacional a caminho de Fátima. 

Compreendo-o. Marcelo, para existir em todo o seu fulgor, tem que ter gente com um mínimo de qualidade no espaço político, tem que ter ar respirável, estar rodeado de decência e alguma elevação.

Gentinha como a Cristas que nem inteligência tem para se desdizer com alguma credibilidade, Rio que, com uma funesta falta de jeito,  faz de parvo* e, de caminho, abandalha e faz também de parvos os deputados do PSD, ou um baderneiro como o Mário Nogueira, que não tem cabeça nem categoria para lutar decentemente pelos professores, perturbam a paz de espírito do nosso ex-ubíquo Marcelo.

Por isso, porque o País não é o mesmo sem o afecto do nosso Professor, que se levante uma onda de fundo que convença o Mário Nogueira a desamparar a loja. E que alguém comece a ajudar o Rio a ir já fazendo as malas. Quanto à Cristas, é capaz de dar jeito que continue: assim como assim, uma peixeira descerebrada pode ter, de vez em quando, alguma utilidade.

* Faço uma pergunta para exemplificar o que me leva a dizer que o Rui Rio se faz de parvo: 
Dizendo ele que só aceitaria considerar a integração de todo o tempo de serviço se houvesse um crescimento económico que o permitisse, e fala na miragem dos 10%, pergunto o que faria ele se o crescimento ano ano seguinte viesse abaixo disso. No ano seguinte, os professores devolveriam o que tinham recebido a mais no ano anterior? Voltavam a receber o que recebiam antes da integração desse tempo?
Irreal.
Diz também ele que, como reconhece que é impossível haver um crescimento de 10%, poderia pensar-se em diminuir a idade da reforma ou trabalharem menos horas. E eu pergunto ao economista Rui Rio: Isso não tem custos? Não teria que ter mais professores para compensar o menos tempo de trabalho dos mais velhos?
Brincalhão.
Como acredito que parvo ele não é, concluo que está a fazer-se de parvo. No mínimo.


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Como é bom de ver, as fotografias, respectivamente de Ezra Miller e Jared Leto na Met Gala 2019, não têm nada a ver com o texto. Ou então têm. Sei lá.

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A recomendação que visitem o em boa hora regressado Histórias de Nós -- que escreve histórias pedidas por nós -- também não vem a propósito do Nogueira, do Rio e etc. Mas visitem-no e peçam-lhe uma história que o resultado é bom de se ver. Vão por mim.

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domingo, maio 05, 2019

A culpa disto tudo é do Costa?
Se me permitem, respondo à acusação das Direitas & Esquerdas Reunidas
E, de caminho, permito-me avançar com umas dicas às Esquerdas Distraídas [Sindicatos, PCP. BE]


Um sindicalista, cuja vida profissional tem sido sobretudo ser sindicalista (creio que já vai em 75% do tempo de carreira) e muito pouco profissional da profissão que representa, resolveu reivindicar um palanque dourado para os da dita classe profissional.

Tendo, durante anos, praticamente toda a população sofrido cortes de rendimentos e visto a sua vida andar para trás, muitos ganhando agora menos do que ganhavam muitos anos atrás, o dito sindicalista resolve fazer finca fé, marcar greves, fazer manifestações e chantagear o governo caso este não abra uma exepção para que os ditos profissionais recuperem integralmente tudo o que perderam nesses anos.

O dito sindicalista, chantageador-mor do regime, um dos inimputáveis do regime (e é deliberadamente que cito Henrique Raposo), está a fazer o que sempre fez e, segundo ele e quem o apoia, estará a fazer bem. 

O que não falta por aí é gente que encabeça causas, usando descontentamentos legítimos para desencadear lutas ilegítimas -- e que acha que faz muito bem.

O que não falta por aí é gente egoísta, destituída de ética. Veja-se o caso dos enfermeiros, que fizeram greves às cirurgias, não querendo saber de agravar a saúde de quem não tem nada a ver com a guerra sindical, admitindo mesmo que a sua acção sindical poderia causar mortes. Veja-se o caso dos motoristas de mercadorias perigosas que não se importaram de parar o país, muito menos com disparidades face a outros trabalhadores com quem hoje se comparam, exigindo para si próprios um aumento para o dobro do que ganham.

Cada um terá argumentos legítimos para se queixar e para pedir mais. Mas o que ninguém de bem pode é fazer exigências egoístas, cuja satisfação exigirá sacrifício de outros. Está aí a linha vermelha que deve ser respeitada.

Mas, dizia eu, o dito sindicalista resolveu erguer um palanque dourado para os seus representados que pretendem ter privilégios que outros não teriam e que teriam que ser pagos pelos contribuintes (contribuintes esses em que grande parte deles tem idêntico capital de queixa e que muito gostaria de também de se ver ressarcido e não de, uma vez mais, ser chamado a pagar mais). 

Diria eu que gente de bem não faz reivindicações dessas. Mas o dito sindicalista faz. Faz ele, faz a sindicalista laranja da Ordem, faz o empresário-advogado sindicalista que, ao que parece, anda com a justiça à perna.

É o sindicalismo que temos.

O Governo, onde felizmente está gente responsável, cedo percebeu o óbvio: se fizer a vontade a esses profissionais terá que ir buscar o dinheiro a algum lado e só há um lado: o erário público. Cristalino. Ou corta noutros serviços públicos ou aumenta impostos. Aritmética elementar. Mas o Governo percebeu mais: se abre uma excepção para estes, logo a seguir virão outros. E outros. E outros.
Outros que, de resto, já aí estão. Também quero! Também quero! - é o que ouve e lê por todo o lado. #Je Suis Professor. #Todos somos filhos da Fenprof, #Todos queremos o mesmo. 
De resto, assim o exige a Constituição. Não há tratamentos de privilégios para umas classes e para outras não. 

E, a repôr tudo a todos o que se perdeu durante os anos de austeridade, quando se fizessem as contas, estar-se-ia outra vez a braços com uma equação impossível.

Mas não é apenas a FenProf, a CGTP: há depois os partidos que gostam de se dizer defensores dos trabalhadores e que, para pouca sorte dos trabalhadores, não apenas não têm visão abrangente, como não sabem fazer contas e, ainda por cima, fazem vista grossa à ética quando lhes convém. Fazendo de conta que o dinheiro nasce do chão ou que cai do céu e que agora é só um bocadinho e que o que vem a seguir não é para aqui chamado e que, se se der agora a estes e mais alguém quiser o mesmo, eles também apoiam porque contas e sentido de responsabilidade não é com eles, resolveram ir também para cima do palanque dourado. De braço dado com o dito sindicalista, falando a uma só voz, resolveram avançar no parlamento.


E aí, porque a capacidade de se ser disparatado é ilimitada e a vergonha também, os dois partidos ditos de direita, PàFs unidos, os mesmos que, quando no governo, trataram os ditos profissionais abaixo de cão (sem que o dito sindicalista piasse), saltaram também para cima do palanque e fizeram coro com as esquerdas e com o sindicalista de rabo pelado.

Face a isso, o Governo reagiu como se exige a um Governo responsável: disse que, se é para dar cabo cabo das contas públicas, se é para voltar a tempos incertos, de aumento de défice e, logo, de aumento da dívida pública, se é para se voltar ao tempo dos cortes e dos aumentos de impostos, então não será com o Governo do PS. Um murro na mesa muito bem dado e muito bem explicado. 

E agora, tendo acontecido o óbvio, o palanque apinhado e ameaçar ruir com as esquerdas & direitas reunidas -- Jerónimo, Catarina, Cristas e Rio, os estarolas encostados -- o que fazem os ditos partidos de esquerda? E os de direita?

Ora bem.

Os de direita, em especial os do PSD, estão em estado de estupor catatónico. Não sabem explicar como se meteram em tamanho caldinho. Olham uns para os outros e não sabem o que dizer. Vêem-se na fotografia de braço dado com a CGTP, com o PCP e com o BE e ficam perplexos com a sua própria imagem. Consta que já há canelada, pontapé e encontrão, todos a acusarem-se uns aos outros. 

Uns dirão que não leram o que votaram, outros que estavam com uma piela, outros que estavam a dormir, outros que tinham apanhado uma ganda moca. Explicações articuladas não se ouvem.

Ouvi até que o PSD já pondera recuar. O cúmulo da barracada, da frouxice, coisa mesmo de corno-manso. Mas isso ainda é capaz de ser o melhor que lhes pode acontecer: fazerem-se passar por parvos. Tudo o resto, é capaz de ser ainda pior.

Quanto ao CDS, já ninguém quer saber das contradições em que se mete -- caminha a passos largos para a irrelevância total, abrindo cada vez mais a porta ao poupulismo.

E os de esquerda? Bem. Aí é de a gente se fartar de rir. Prendem-se às minudências da coisa, ocultam o que pensam do fundo da questão, todos eles diz-que-diz-que --  que não é bem assim, que as contas não são bem essas, que há um ponto e vírgula deslocado, um algarismo trocado, que não é para já, é só para quem vier depois, que o Governo não está a ver bem, que o Costa é um exagerado e quem o apoia um fundamentalista. Fazem de conta que o dinheiro virá do céu (e omitem o facto de que será aumento não conjuntural mas estrutural e que, se se der o dinheiro a esses, todo o resto da malta vai querer o mesmo e o dinheiro necessário para tudo... upa, upa). Ouvi-los a defenderem a medida, zero. Ninguém pia. O que eu gostava de ouvir era que viessem dizer abertamente bem da coisa, que defendessem com todas as letras as suas ideias:
A gente quer que estes sejam privilegiados. E a gente quer que se aumentem os impostos a todos para dar este privilégio a estes. A gente quer porque quer e ninguém tem nada a ver com isso. E se mais alguém quiser privilégios a gente também apoia. A gente está aqui para exigir privilégios para uns às custas dos impostos de todos mas disso, do aumento dos impostos para pagar privilégios, a gente não quer falar. E quem não nos apoiar é um fundamentalista-socialista. 
Isso é que era: serem claros, honestos, mostrarem como pensam, mostrarem a sua 'arte' a fazer contas.

E depois há também os que vêm dizer que o Costa é um artista, um exagerado, um encenador, que está a fazer aproveitamento político da situação, a colher dividendos do tiro no pé que os outros artolas deram. Mas como não haveria de fazê-o? Como? Alguém me explica? Então o Costa vê uma tropa fandanga de irresponsáveis, a esquerda de braço dado com a direita e com o sindicalista-mor ao colo, todos a darem tiros nos próprios pés e a prepararem-se para darem um tiro no equilíbrio das contas públicas... e ficava a fazer-se de morto? Devem estar a brincar. É que nem era preciso ser um político inteligente, experiente e responsável como ele é: mesmo um panhonha a dormir não podia deixar de reagir face a uma palhaçada destas. O Costa reagiu? Claro que sim e não fez senão bem. Reagiu e reagiu muito bem. Reagiu e o País só tem a agradecer-lhe.

E o Marcelo?

O Marcelo caladinho, caladinho. Na surdina dos corredores muito se deve conspirar, muitos cenários se devem equacionar. E, cá para mim, tudo passa pelo Rio. Nas crises estapafúrdias há sempre que encontrar um idiota para ser sacrificado. Talvez Rio ainda venha a passar à história como o alpaca expiatório. Mas Marcelo, para além de estar mais do que arrependido por ter dado corda ao Nogueira e aos que querem minar o Governo, é construtivo: deve andar a ver como, diplomaticamente, sem que ninguém saia como o palhaço de serviço, conseguir que a coisa aborte,

Mas não é só o PSD que deve andar à nora com isto. Todos os da quadrilha (leia-se: grupo dos quatro à boleia do Nogueira) devem estar a ver como mitigar a barracada, como controlar os danos que são incontornáveis. Ou arranjam maneira de escrever cláusulas macacas (e exigências que sabem à partida mais ninguém apara e que, portanto, quando forem a votos, mais ninguém apoia) e, portanto, sai um nado morto ou arranjam outro subterfúgio qualquer para salvar a respectiva face.

Quanto aos sindicatos da CGTP (e os da UGT, claro, que são outros inúteis), o PCP e o BE deveriam dar um passo atrás e, em vez de obcecadamente andarem a diabolizar o Costa e a culparem o PS por tudo o que se passa, deveriam ver-se ao espelho e interrogarem-se: 
  • O que é defender os trabalhadores nos tempos de hoje? 
  • Deverão cingir-se tão exclusivamente aos funcionários públicos? 
  • Não serão esses uns privilegiados face a todos os outros? 
  • Quais são os grandes desafios que o mundo de trabalho hoje enfrenta? 
  • Como apoiar os mais jovens? 
  • Como conciliar a vontade que as empresas têm de renovar os quadros com o retardar da idade da reforma? 
  • Como conciliar as possibilidades de trabalho remoto que as tecnologias proporcionam com os horários, processos e mentalidades de trabalho que ainda são os de antigamente?
  • Como fomentar a natalidade sem prejudicar a vida profissional das mulheres que são mães?
  • Como conseguir dar formação aos trabalhadores, agora que a transformação digital avança a passos largos, não havendo recursos suficientes para tal?
  • Etc.

Talvez se interiorizarem isto e muito mais vejam como são absurdas e até pueris as suas greves, os seus argumentos e as suas lutas.

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Mas, se estou a ver mal, pois que venham daí mais contributos para ajudar a gente ver mais claro

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sexta-feira, fevereiro 15, 2019

Carlos Costa, Mário Nogueira e, para lavarmos a vista (e, em boa verdade, a alma), Bercow e Charlot



Vou falar do Carlos Costa para quê? Assunto tão velho e relho quanto a incompetência dele. Macaco de rabo pelado, pode ser que saiba governar a sua vidinha mas bancos não é coisa que lhe assista. Não vê, não fala, não ouve. Pelos vistos também não cheira. Pode haver esturro por todo o lado que não lhe cheira. Não sei quem é que alguma vez acreditou que o Banco de Portugal, com ele à frente, estava bem entregue. Eu não. Desde que lhe pus os olhos em cima que vi logo que é daqueles cornos mansos: é o último a saber e, mesmo quando sabe, prefere fazer de conta que não sabe para não ter que se chatear.


Por isso, não vou falar do dito faz-de-conta. Um daqueles faz-de-conta que não desgruda. Vai ter que ser corrido a pontapé porque pelo pé dele já se viu que não sai. Podia ser apenas um macaco de rabo pelado, cego, surdo e mudo mas nem isso, é mesmo daqueles emplastros. Há-de estar em decomposição e ainda a arrastar-se para o Banco. Não tenho paciência. 


Volto a dizer: se fizerem a troca do macaco banqueiro pelo artístico homónimo, o Banco fica melhor servido. Há quanto tempo o ando a dizer? Ninguém me dá ouvidos. É uma pena.

Também vou falar do Mário Nogueira para quê? Ouvi esse outro macaco de rabo pelado a gabar-se de ter ajudado a deitar abaixo o Governo de Sócrates. Lembrava ele que é melhor não aborrecerem os professores porque quem se mete com eles dá-se mal. Esqueceu-se de dizer, esse outro emplastro da velha guarda do sindicalismo jurássico, que ajudou a trazer Passos Coelho, Paulo Portas, Relvas, a Marilú e tantas outras sinistras figuras para a ribalta. Esqueceu-se de dizer que, durante o governo do Láparo, o tal que se gabava de ir para além da troika, andou caladinho, bem comportadinho. Não me esqueço disso, ó Mário das Laranjas azedas!


Há classes profissionais que se afastam da estima dos seus concidadãos graças às criaturas que se enfiaram nos sindicatos e de lá não saem. É o caso deste Mário Nogueira, da Cavaca (a chefe dos sindicatos dos enfermeiros) e doutras avestruzes que melhor fariam se fossem aí para o campo enfiar a cabeça na areia.

Mas, juro, para mim, quer o Nogueira quer o Carlos Costa são tão já figuras do passado que já não me apetece falar deles.

Salto, então, para mais uma valente derrota da despassarada da Theresa May que nem sequer estava lá para ouvir a contagem dos votos e assumir mais um abada. O dia do Brexit aproxima-se e aquela gente continua à nora, sem conseguir chegar a um acordo entre eles e/ou com a União Europeia. No meio da mais absoluta desagregação, é, como sempre, Bercow que segura as pontas, que distribui o seu grito de Order! Order!, que manda calar um e falar outro. O vídeo abaixo é mais um momento memorável. Ele, a sua voz e as suas gravatas são de antologia.
Theresa May has once again been humiliated over Brexit after Tory MPs pulled their support for her plans.
The PM’s strategy was left in tatters on Valentine's Day after Brexiteers abstained on her motion, leaving it to be defeated by 303 votes to 258.


E, em mais uma noite de estafa, tendo chegado a casa, outra vez, às quinhentas (e, de novo, incapaz de responder aos comentários nem mesmo para agradecer ao P. Rufino que, romântico como só ele, lembrou belíssimas palavras de Pessoa ou para dizer à JV que aquilo ontem, no fim, assim ao descair, do 'desculpem lá qualquer coisinha' foi mesmo para me armar em passarinha patetinha depois de ter escrito um post nulozinho, coitadinho.)

Esta minha semana tem sido do caneco, não propriamente má mas demasiado preenchida, a passar a correr e eu a correr atrás do tempo, e esta sexta-feira vai ser a mesma coisa. Não posso deitar-me tarde demais porque tenho que me levantar cedo demais.

Por isso, com vossa licença, ficar-me-ei por aqui mas não sem antes me rir com ternura a ver o meu amigo Charlot.




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quarta-feira, setembro 12, 2018

Alô, alô Mário Nogueira!
Ora vamos lá a comentar o facto de os professores portugueses, afinal, até ganharem bem e, afinal, até trabalharem menos que os congéneres da OCDE.
Pode ser? Pode comentar?
Agradeço.


Um colega meu goza imenso com a vida profissional e com o respectivo tempo de (in)actividade da mulher. Descreve o dia dela como sendo em parte passado no café com colegas a dizer mal de outros colegas, nomeadamente dos da Direcção, depois uma pequena parte na escola, depois uma ida ao ginásio, depois ao café, de novo para conversar com colegas. Em casa lá vê de vez em quando uns testes e, recorrentemente, diz mal da vida de professora. Tenho ideia, mas não juro, que terá um horário de 16 horas por semana. Ora, isso faz o marido em dois dias -- sem se queixar.

Há tempo, num sábado, fizémos um almoço em casa de um outro colega. Os cônjuges também foram. Como os meus colegas são homens, acabei inevitavelmente no grupinho das mulheres. Duas delas são professoras e, de tal forma estavam obcecadas com a sua condição de exploradas, que monopolizaram a conversa. Com cada coisa que diziam eu ficava arrepiada. De vez em quando eu trocava olhares com uma outra que é cirurgiã (no público e no privado) e com outra que é química e que mostravam estar igualmente estupefactas. Uma outra não trabalha pelo que ainda mais afastada estava de toda a conversa. As professoras relatavam, entusiasmadamente, factos relativos à sua vida profissional como se fossem feitos notáveis que, só por si, as fizessem ficar dispensadas de trabalhar mais horas, mais anos. Para quem, como eu (e como a médica e a química), trabalha de sol a sol, sujeita a toda a espécie de pressões e dissabores, tudo o que elas relatavam era canja de galinha ou, pelo menos, eram meros ossos do ofício. Mas, por motivos que só elas sabem, consideravam-se umas vítimas e dignas de serem o centro de todas as atenções. 

Lembro-me sempre de a minha mãe, agora professora reformada, ter ficado altamente contrariada por eu ter deixado a vida lectiva (fui professora do secundário durante dois anos e tal), dizendo que eu ia trocar uma vida regalada, com muito tempo livre, por uma vida de trabalhos, em que ficaria sem tempo para mim e para a família que estava a formar. E tinha razão. 

Pois bem.


(...)  "Ao contrário de quase todos os outros países da OCDE, os professores portugueses, do pré-escolar ao ensino secundário, ganham mais do que outros trabalhadores com educação terciária [ensino superior]", diz o relatório, precisando que esta diferença "varia de 35% a mais no 3.º ciclo para 50% a mais no pré-escolar". Os diretores também são referidos, com a OCDE a concluir que estes "ganham o dobro do que os trabalhadores com o ensino superior ganham em média". (...)

A OCDE reconhece que, além do salário, é importante garantir outras "boas condições de trabalho" e que esta é uma variável "que engloba várias dimensões, muitas das quais são difíceis de medir". No entanto, diz também que, "pelo menos em termos de tempo dedicado ao ensino, os professores em Portugal beneficiam de horários mais leves do que na média da OCDE, e têm comparativamente mais tempo para atividades não letivas, como a preparação de aulas e a correção de trabalhos de casa".

Por exemplo, diz, "nos programas do terceiro ciclo em Portugal, o tempo dedicado às atividades letivas é de 616 horas por ano (a média da OCDE é de 701), o seu tempo de trabalho requerido na escola é de 920 horas (a média da OCDE é de 1178) e os professores passam 42% do seu horário total de trabalho a lecionar (quando a média, entre os países com dados disponíveis, é de 44%)".

O relatório lembra ainda que, "como noutros países, a carga de trabalho e exigência em termos de ensino podem evoluir ao longo da carreira dos professores" e que, em Portugal, "os professores podem beneficiar de uma redução dos horários letivos devido à sua idade ou anos de profissão, ou por se dedicarem a atividades extracurriculares na escola".

E eu, que já não consigo ouvir o Mário Nogueira, fico a pensar: 
  • Não percebe ele que está a degradar a imagem dos professores aos olhos do resto da população?
  • E não percebe ele que, com as conclusões de relatório como este da OCDE, ainda mais ridículo fica perante quem exerce outras profissões?
Fazem bandeira da pretensão de ter de volta os anos em que a progressão esteve congelada. Também eu gostava. Ganho menos agora do que ganhava há uns anos. Com ordenados congelados e com uma carga fiscal que me come mais de metade do que ganho, também eu gostava que nada disto tivesse acontecido. Mas aconteceu. Havia de ter graça que os restantes profissionais tivessem que suportar eternamente uma carga fiscal devoradora para fazer face às reivindicações dos senhores professores que acham que têm direitos que os outros cidadãos não têm.

E de que é que os professores estão à espera para correrem com aquele exemplar do sindicalismo pré-histórico que, em vez de defender e prestigiar os seus membros, apenas faz crescer os anticorpos contra eles por parte do resto da população? 

Tão caladinho que este insuportável Nogueira andou nos tempos da troika e tão amiguinho que era do Crato... e agora é que lhe deu para andar outra vez a moer a paciência aos portugueses? Chiça.


PS: E uma perguntinha: porque é que o Mário Nogueira e os seus muchachos só chateiam o Governo e só fazem reivindicações para os professores do ensino público ? No ensino privado os professores estão todos bem? Trabalham o mesmo que os do público? Ganham tão bem como no público? Têm a mesma segurança que no ensino público? Por acaso gostava de perceber o porquê do silêncio em relação ao que se passa nos colégios e universidades privadas.

(Mas, enfim, nada de diferente do que se passa na Saúde. Interrogo-me porque é que a Ordem dos Médicos ou a dos Enfermeiros nunca falam sobre o que se passa no privado. Será que, por lá, é tudo um mar de rosas...? Pergunto)

quinta-feira, junho 07, 2018

Antes, depois. Ver para além do óbvio. Fazer diferente.
(Ainda o mesmo tema)





Já o P. me tinha escrito um mail a dizer que eu não tinha razão. Agora também a L. o fez e esta explicou-me como é que isto das carreiras na Administração Pública funciona. O que ela diz não bate certo com o que diz a comunicação social. Os jornais e os noticiários falam em centenas de milhões. O Leitor Prof. João Silva, em comentário, não foi meiguinho: diz que me portei como uma comentadora desmiolada. 

Com dois pontos se traça uma recta, com três um plano. Não sei se com a opinião de três Leitores posso formar uma opinião nova mas sei que devo repensar e informar-me melhor. É certo que a comunicação social é uma máquina fazedora de ruído e que os comentadores partidários mais depressa esgrimem argumentos deformados do que se dão ao trabalho de esclarecer a opinião pública. E, portanto, admito como válida a hipótese de ter emprenhado pelos ouvidos de quem cacareja mais do que informa.


Explica-me a L. que os professores não querem dinheiro, querem tempo de serviço. Mas, com as regras da função pública, provavelmente tempo igual a dinheiro e daí os tais milhões. Mas, admito que o tema não seja de leitura linear e que requeira melhor informação.

Diz o Prof. João Silva que ganha menos do que há 14 anos. Mas não é por ser professor, João. Também eu, que o não sou, estou na mesma. E penso que meio mundo. Com a subida de impostos e com os não-aumentos durante algum tempo, é assim mesmo que estamos. Não me parece que seja caso para nos sentirmos humilhados. É a vida, como dizia o outro. São as circunstâncias. É a crise. É a desregulação do sistema financeiro e do carácter especulativo de grande parte dos instrumentos fnanceiros até há alguns anos. Quando os primeiros se esfacelaram, grande parte dos outros veio atrás e os países, endividados até à medula, foram penalizados em proporção agravada. Portanto, vá de cortes e de subidas de impostos -- e o zé povo (lato sensu) que se lixe.


Mas foi o que foi e o que agora é preciso é conseguir, de vez, de forma sustentada, inverter a tendência de estagnação e continuar a crescer, desejavelmente crescer ainda mais do que até agora para se poder desagravar a carga fiscal e poder ter mais liquidez circulante.

Outra convicção minha muito profunda: o País tem que pôr de lado rivalidades e desentendimentos tribais e unir-se a favor do desenvolvimento. Clivagens, conflitualidades e divisões não ajudam nada.

E acho que o País, no seu conjunto, ainda não é suficientemente 'moderno'. O Estado Social e a Educação, por exemplo, ainda são, a meus olhos, áreas relativamente antigas e fechadas, com muitos dos seus profissionais ainda arreigados a teorias e práticas de outros tempos. O mundo é outro e os príncipios, os objectivos e os processos pouco têm evoluído.

Também acho que os sindicatos são estruturas velhas e relhas, presas a lógicas desfasadas da realidade. Desajudam mais do que ajudam.


Neste caso em concreto, em época de avaliações aparecer outra vez o sindicato dos professores a ameaçar com greves é déjà-vu, já cria anti-corpos no resto da população. Hoje vem a notícia que já não vão condicionar as avaliações mas que, se calhar, vão condicionar o início do próximo ano lectivo. Este clima de ameaça que sempre surge da boca dos professores não favorece a sua imagem junto da população. Podem ter razão, acredito que a possam ter, mas, se a têm, não a sabem transmitir nem sabem gerar empatia com o resto da população. Os professores deveriam ser vistos pela população como agentes de mudança, agentes da modernidade, como agentes da construção do futuro, ensinando esses valores aos seus alunos. E não são.

E se eu tenho que repensar o que disse, e acho que tenho, acho que os professores deveriam também repensar a forma como se mobilizam, como agem e como lutam. Mais: não me parece que seja eficaz a estratégia da vitimização. Nunca é. E aqui, nesta sempiterna luta dos profs, uma vitimização sucessiva, constante, tem um efeito contraproducente. 


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Quem canta lá em cima é a argentina Natalia Doco

O artista de rua que transforma objectos banais numa outra coisa é Tom Bob.


As coisas podem sempre ser outra coisa, Senhores Professores.

quarta-feira, junho 06, 2018

Alô, alô Senhores Professores!
Não querem saber o que se passa nas outras profissões?
Há alguma razão para quererem ser uma excepção?


Com toda a gente que conheço, e conheço muitas e com várias entidades profissionais, aconteceram situações gravosas resultantes da crise. Aconteceu comigo, com toda a minha família, com amigos e conhecidos. Houve cortes diversos, não houve aumentos durante anos (e isto já para não falar em quem ficou desempregado). 
Escuso de rememorar: a crise internacional, a gestão desastrosa de Passos Coelho, etc, etc. Para o caso, agora não interessa (embora, não nos esqueçamos, haja um aspecto que importa não esquecer: Passos Coelho e Paulo Portas fizeram o que fizeram porque o PSD, o CDS, juntamente com o PCP e o BE lá os puseram). Mas, vá, não é agora o tema. Adiante. Aconteceu. 
Agora as coisas voltaram a sair de debaixo de água e começam a aparecer alguns aumentos, embora sempre baixos pois acompanham a inflação e a inflação está baixa. Contudo, ninguém recebeu retroactivos ao tempo antes da crise. Com ninguém. Nem podia haver. Seria um rombo que atiraria as empresas para a desgraça.

Se falar por mim, em termos líquidos, ganho agora menos do que ganhava há uns anos e isto não apenas porque houve anos sem qualquer aumento, por miserável que fosse, como os impostos devoram uma parte mais dolorosa dos meus rendimentos do que antes. Com o meu marido acontece o mesmo. E isto só para falar dos dois casos que agora estão aqui na minha sala.

Houve um ano, na empresa onde trabalho, empresa privada, em que, apesar da crise, a administração resolveu dar um aumento de 0,5% -- e fê-lo porque estava preocupada com o rombo na vida das pessoas e quis dar um sinal de solidariedade Ninguém estava à espera e, mais do que ficarem contentes, as pessoas ficaram preocupadas pois, a bem da sustentabilidade da empresa, preferiam que não tivesse havido aquele gesto, preferiam a contenção.

Mais: na empresa onde trabalho, e, em geral, no grupo onde a empresa está inserida, não existe tal coisa de 'carreiras'. Nem nesta nem noutras empresas onde trabalhei. Aliás, acho que nunca trabalhei numa empresa em que existissem 'carreiras'. Nem percebo a lógica. Não faz sentido. Haver concursos internos para se mudar de funções, haver algumas promoções quando se justifique, ou avaliações com atribuição de bónus, isso, sim, tem lógica. Agora a pessoa ir ali de degrau em degrau, de forma compulsiva, não faz qualquer sentido.

Nem faz qualquer sentido que, estando agora a voltar a haver aumentos, as entidades patronais fossem aplicar aumentos retroactivos aos anos que pararam de os haver. O mundo não anda para trás. Aconteceu uma crise e as pessoas foram afectadas. Ninguém o pode negar. Aconteceu. É passado.

Agora estamos a sair da crise e estamos a voltar a crescer e é mais do que normal e justo que os ordenados acompanhem esse crescimento. O que é de loucos é pensar que se pode fazer de conta que nada aconteceu e se apliquem retroactivos. Havia de ser lindo. Seria um desajustamento automático, um buraco.

Ora se isto é cristalino e óbvio, os professores têm obrigação de saber pensar, de saber fazer contas e de não darem mostras públicas de um despropositado egoísmo.

Enquanto falo, o zapping foi parar ao Fernando Medina, na TVI 24, e, por coincidência, está a falar nisto e acaba de usar um argumento em que eu não tinha pensado: olha se eu exijo de volta os impostos que me cobraram a mais, a taxa extraordinária, etc? Não seria bem pensado...? 

Se o Governo resolver ceder a mais esta investida do Mário Nogueira e aceitar repor as carreiras de professores (e só de ouvir falar em carreiras já eu fico com erisipela), então é bom que, de facto, devolva todos os impostos que cobrou a mais a toda a população, que devolva aos reformados os cortes que lhes aplicou e que todas as empresas se preparem para desembolsar milhões e milhões para compensar os não aumentos do tempo de crise. Melhor: que todas as empresas que faliram, sejam obrigadas a reabrir e a readmitir todos os que ficaram desempregados. 

Porque não? A lógica não é igual para todos?

Claro que há a EDP e as rendas, os bancos e o escambau -- os sempre beneficiados. Claro.
Não apenas sei disso como o Leitor P. me enviou um mail a lembrá-lo (depois de eu me ter atirado ao macho-alfa Nogueirão que se armou em bicho mau com o Ministro Tiago Brandão Rodrigues). 
O mundo não é perfeito e há ainda muita coisa para corrigir. Claro que sim. Mas a forma de o fazer não é desatar a cometer outros erros e erros com impactos desastrosos.

E eu só espero que António Costa se mantenha firme e não ceda a Mários Nogueiras e outras figuras sinistras da democracia portuguesa, não ceda a populismos, de esquerda ou de direita. Espero mesmo.

As medidas correctas e que respeitem a equidade nem sempre são as mais populares para todos, nem sempre são fáceis de explicar a toda a gente mas, a bem do desenvolvimento saudável e justo do país, é bom que façamos finca pé e não nos rendamos aos facilitismos e à sedução que enroupa o populismo.

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As fotografias provêm do The Guardian e, se calhar, não têm muito a ver com o texto: mostram estátuas vivas do Festival Internacional de Bucareste

Que amor não me engana, do Zeca, às tantas, também não tem muito a ver com o resto. Mas não garanto.

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