E mais não digo.
(E a ver se o detector não começa a apitar logo à primeira pergunta)
E mais não digo.
(E a ver se o detector não começa a apitar logo à primeira pergunta)
A mim não me parece.
Ou a ERC é uma coisa a fingir?
Será que estamos completamente entregues à bicharada?
Pergunto.
Eu -- que sou pensionista da Segurança Social, que vi o meu ordenado esquartejado de todas as maneiras possíveis e imaginárias de tal forma que julguei que se tinham fortemente enganado (desconhecia todos os artifícios que existem na lei para poderem cortar de qualquer maneira) e que, apesar de ter muitos, muitos, anos de serviço, tenho uma pensão muito inferior ao que ganhava quando estava a trabalhar --, leio o que Vital Moreira escreveu no Causa Nossa e fico perplexa.
A minha primeira reacção é: Não pode ser verdade! Não acredito! Seria indecente demais! Se fosse assim, já alguém teria denunciado tamanha aberração.
Mas depois penso que o Vital Moreira é pessoa informada, cuidadosa. Não ia escrever uma coisa destas se não fosse verdade. Então, tento fazer um esforço para acreditar mas, palavra de honra, só me apetece desatar a dizer asneiras a a distribuir pontapés. Mas como não tenho nenhum destes juízes, escandalosos privilegiados, abusadores sem vergonha, à minha frente, guardo a indignação para mim e venho para aqui desabafar.
Transcrevo:
O problema da pensão da ex-PGR (e dos magistrados superiores do MP em geral, quando "jubilados") não é somente o seu elevado montante, no caso o maior do setor público, mas sim o facto de as suas pensões serem equivalentes ao último vencimento bruto no ativo (sem dedução da contribuição para a segurança social!...), e de assim se manterem todo o tempo. Ou seja, é maior a pensão de aposentado do que a remuneração líquida no ativo!
(...)
Se o regime de pensão dos "jubilados" é um privilégio dificilmente justificável no caso dos juízes, torna-se num superprivilégio sem nenhuma justificação no caso dos magistrados do MP.
(...)
Em Portugal, os privilégios corporativos tendem a assumir-se como direitos adquiridos irrevogáveis.
(...)
Um leitor acrescenta a «manutenção pelos pensionistas do chamado "subsídio de compensação" (cerca de 900€), relativamente ao qual, durante anos a fio, através de decisões judiciais, em benefício próprio, decidiram que não era tributado em sede de IRS». Inicialmente atribuído aos magistrados deslocados como compensação no caso de falta de "casa de função", foi depois estendido a todos, convolado em compensação da exclusividade das funções (como se esta não fosse já levada em conta no montante da remuneração). De facto, perante um poder político frágil, não há limite para a imaginação na captura de benefícios pelas corporações profissionais privilegiadas.
______________________
Só espero que isto gere uma onda de indignação geral e que seja imediatamente revogado. Quem são os juízes para terem privilégios que o resto da população não tem? Quem, caraças? Esta Lucília Gago que só fez porcaria enquanto Procuradora geral (e mesmo que tivesse sido exemplar!) o que é que é mais que eu para ter privilégios que eu (e o comum dos mortais) não tem?
Digam-me qual é o partido que vai acabar com isto imediatamente (e com outros privilégios que por aí haja) para eu saber em quem devo votar nas próximas eleições
Ventura refere pormenores, dá datas, horas, locais, diz quem é que pode testemunhar a veracidade do que diz, relata o que Montenegro disse, nomeadamente a forma desagradável como se referia a Pedro Nuno Santos ou a sugestão para que Ventura saísse de S. Bento pela porta das traseiras.
Por muito questionável que seja o comportamento usual de Ventura, tenho muitas dúvidas que fosse capaz de inventar uma coisa destas, olhos nos olhos, de frente para as câmaras, com tanto pormenor e com informações que, se não forem verdadeiras, facilmente poderiam ser desmentidas (como Ventura refere, tem no seu telemóvel os telefonemas recebidos da parte de Montenegro ou do seu Chefe de Gabinete, e há todo o staff de S. Bento que pode confirmar a presença de Ventura nas datas que ele refere.
E depois há outra coisa: não é Montenegro também useiro e vezeiro a faltar à verdade? E a fazê-lo com o maior descaramento? Não foi ele que veio apregoar um colossal choque fiscal que, afinal, não era nada daquilo? E quantas vezes já o apanhámos a jogar com as palavras para parecer que não disse o que todos dissemos? E não se aproveitou, à socapa e pela calada, os bons resultados da governação socialista? E não permitiu ele que o seu Sarmento Pança viesse dizer mentiras a propósito das contas públicas?
Poder-se-á dizer que Ventura é um populista compulsivo, que sabe cavalgar a onda do medo tão fácil de instilar nos menos informados, que é capaz de dar o dito por não dito para se manter sob a luz dos holofotes, que parece que tem por intuito rebentar com o regime.
Mas a ser verdade o que agora diz, se de facto se provar que Montenegro se portou de forma pouco séria, que é um mentiroso descarado, não vem isso reforçar o que já se vem percebendo na conduta do Primeiro-Ministro? E pode ter-se um Primeiro-Ministro em que não se pode confiar?
Pela parte que me toca, acho muito desagradável.
Talvez o mentiroso, seja ele qual for, esteja bem para o tal outro que tinha reuniões com um jornalista, relatava jantares, confidenciando o que um e outro tinham dito, chegava até ao pormenor de dizer o que se tinha comido, uma bela vichyssoise... e, afinal, era tudo mentira, aquele jantar nem sequer tinha acontecido.
Geralmente são vídeos dele, em que fala sobre temas de saúde, explica os mecanismos da doença ou da cura, aconselha de forma simples e acessível. Mas aqui está à conversa com Antonio Tabet, que eu gosto imenso na Porta dos Fundos, e é outro prazer ouvi-lo.
Marcelo dá dois passos e, se lhe puserem um microfone à frente da boca, diz 'os portugueses não perceberiam', 'os portugueses não querem' e todas as declinações possíveis do que 'os portugueses querem'. Depois vem o Marques Mendes e com aquele seu ar sonso e bonzinho, enche o peitaça de ar e diz 'os portugueses não iam compreender' e por aí continua, repetindo o mote que o chefe Marcel lançou. E depois vêm todos os outros e outras que, dentro da bolha, esbracejam, nadam, andam de boca aberta, em carneirinho, repetindo-se uns aos outros, e o mantra é sempre o mesmo: 'os portugueses não iam compreender', 'os portugueses não querem eleições'.
Na bolha respiram o ar uns dos outros, o ar viciado, e aparentemente também se alimentam do que uns e outros mastigam. Inteligência circular -- infelizmente, sem oxigénio a evitar a putrefacção.
Não é que alguém com dois dedos de testa goste de andar sempre em eleições. Não gosta -- mas também não as teme. E a isto chama-se pragmatismo. Apenas pragmatismo.
Se estes que por aí andam, na praça pública, a insultar-se uns aos outros (catavento, mentiroso, quis negociar comigo, não quis nada negociar com ele, mente, mente) assim continuarem, sem que ninguém se entenda, uma pouca-vergonha, e, nos intervalos, se o Luís Mentenegro mais o seu Sarmento Pança continuarem a distribuir dinheiro a rodos, despejando money para cima da malta toda, aumentando a despesa pública à cara-podre como há décadas não se via, e se virmos que não passa disto, então não será preferível que se tente encontrar um quadro político mais equilibrado?
Marcelo não deveria ter previsto este caldinho, este granel, antes de andar a dissolver Assembleias, antes andar a destruir maiorias absolutas, antes de obrigar a malta a andar a votar sem necessidade nenhuma? Claro, claro que devia. A Marcelo se deve este lindo panorama.
O que eu gostava é que os directores das televisões percebessem que a malta da bolha já fede e lhes desse uma corrida em osso. É que da boca deles já só sai jaca, ainda por cima jaca regurgitada.
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E queiram descer e, já agora, se souberem, digam quem é o mentiroso encartado: o Ventura ou o Montenegro.
Mas eu, por muito que me custe dizê-lo, não ponho as mãos no fogo por nenhum deles.
E é o que tenho a dizer.
É que uma coisa era haver um entendimento tacitamente aceite entre a AD e o PS (como houve no tempo da geringonça, entre o PS, o PCP e o BE) e o Orçamento resultava do alinhamento de algumas linhas de convergência, e outra, bem diferente, é a que se verificou, com o PSD (apesar da raquítica maioria que não lhe dá para nada) a andar para aí a cantar de galo, desafiador, rufia, sarrafeiro, armado em todo-poderoso, fazendo o orçamento sozinho, agora querer à viva força que o PS o aprove.
Claro que Pedro Nuno Santos não esteve bem ao reduzir o tema da aprovação a duas linhas vermelhas, dois aspectos específicos. Entre mil tópicos, reduziu o tema a dois. A partir daí ou o Governo ajoelhava e rezava ou a coisa tinha tudo para infectar.
Um orçamento contempla decisões em todas as áreas da governação e nem todas podem ser pacíficas. O Governo pode ter posto no OE toda a espécie de cavaladas. Veja-se qual a ideia do Governo para a RTP, uma canalhice pura e dura. E quantas mais medidas do género podem estar subjacentes ao orçamento?
Por isso, ou o Orçamento, no seu todo, tinha sido mais ou menos alinhavado entre a AD e o PS, ou a única decisão inteligente, em meu entender, seria esperar para ver: analisar cuidadosamente todas as medidas, todas as contas, e, então, com perfeito conhecimento de causa, tomar uma decisão.
O comentador Marcel e o seu amigo Mendes, a Madame Avillez, as comentadeiras a granel que, quais térmitas, saem de debaixo dos balcões para corroerem a opinião pública, podem não gostar. Azarinho. Já a comentadeira, mini-fonte-de-belém, Ângela Silva tinha escrito 'Despachem o Orçamento que Marcelo quer despachar o Almirante'. E agora, com esta decisão do Pedro Nuno Santos, ainda não sabem como é que isto vai acabar e isso maça-os.
Claro que o desaventureiro Ventura, que num dia veste a pele de baderneiro, noutro de taberneiro e, nos intervalos, ensaia o papel de estadista, prepara-se para se mostrar muito responsável. Estará a AD bem entregue se o OE passar com os votos do Ventura...
Enfim, está a cegadinha armada. Mas outra coisa não seria de esperar com a mais do que anémica vitória obtida pela AD e pela falta de noção de Montenegro que gosta de se armar em campeão, esquecendo-se que tem uma maioria menos do que relativa e não mais do que absoluta.
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Para quem goste de ouvir pessoas inteligentes, sugiro que se veja Mariana Vieira da Silva no NOW.
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De qualquer forma, penso que a sugestão que fiz no post abaixo se mantém válida. Ponha-se essa maltosa a dançar em vez de nos maçarem com conversa fiada:
Russell Bruner - Eccentric Dance
E mais não digo.
Andam a desencantá-los a todos. Muda-se de canal e lá estão eles. Um enjoo. Parece que querem fazer uma lavagem ao cérebro do pessoal. Não há pachorra.
E eu disse que isto é uma jaca mas não, é bem pior.
E explico porquê. Para começar, devo dizer o seguinte: sou altamente favorável a experimentar coisas novas. Por exemplo, ao contrário do meu marido que, quando vai ao supermercado, se dirige directamente às prateleiras onde está aquilo de que precisa e traz a marca ou a qualidade da coisa que já conhece (despachando-se em três tempos), eu sou o oposto. Gosto de olhar para ver o que há, vou espreitar o que não conheço, fico com vontade de experimentar. Claro que demoro um pouco mais...
No outro dia vi umas latas com umas coisas amarelas, num belo tom dourado, um luminoso amarelo torrado. Dizia 'Jaca'. Nunca tinha ouvido falar em tal coisa. Pesquisei num instante e vi que era uma fruta. Como podia alimentar-me só de fruta (fresca e seca), nem hesitei.
Pois, pois. Não sei se já experimentaram...
Também devo dizer que nos últimos dias já traguei com menos dificuldade. Claro que o meu marido se ficou pela primeira dentada (e acho que só não a cuspiu por boa educação). Eu, como sou estóica, apesar do sacrifício, consegui, dia após dia, dar conta das bichas.
Aquilo tem um sabor inqualificável. Nem sei dizer com o que se parece a nível de sabor. Mesmo que aqui quisesse dizer, não saberia. Só mesmo provando.
Fui agora ver imagens e percebo que o que comi foram as bagas que estão no interior do fruto propriamente dito, ou seja são aquelas coisas que estão no prato.
Porque será que Montenegro escolheu a SIC e, dentro da SIC, porque é que a escolhida como entrevistadora foi a (correligionária?) Madame Avillez (que, ouvi hoje, parece que nem carteira de jornalista tem) e não um entrevistador que exercesse algum contraditório ou que colocasse questões mais delicadas para a retórica del Montenegro? Pourquoi?
Lulu Montenegro, o grande guru da comunicação, que até diz como é que quer os jornalistas à sua frente, sabe do que faz, lá isso. Assim, está em casa, a conversar com uma amiga.
Gostava era de saber se o super comunicador Marcel, que tem as suas raízes profundas na SIC, deixou de ir nas visitas oficiais para ajudar nesta entrevista. Não é por nada, só mesmo por curiosidade.
Pergunto porque não sei mesmo. O que sei é que gosto sempre das suas visitas guiadas. Os Globos de Ouro distinguem pessoas escolhidas não sei por quem nem com que critério. E não sei se há outros acontecimentos do género em que se reconheça o mérito artístico ou cultural dos intervenientes no espaço público. Mas, independentemente do meu desconhecimento, penso que Paula Moura Pinheiro pela consistência das suas escolhas, pela forma informada, educada e simpática como fala com convidados que desenvolvem os temas que ela aborda é bem merecedora do nosso reconhecimento. Falo por mim: apesar de, por vezes, achar que os seus trejeitos são excessivamente expressionistas (digamos assim), a verdade é que isso é pormenor, e não apenas nos traz temas diversos, interessantes, sempre bem documentados, como é sempre uma boa companhia.
Talvez por ser uma pessoa tão focada na qualidade do seu trabalho e talvez porque os critérios de alinhamento das televisões privilegiam a parvoíce, o escândalo e a espuma dos dias, mantém-se pela RTP 2 (que é um canal que tem sabido manter-se coerente e interessante) a, por isso, diria eu, até acho que está ali muito bem. Mas merecia maior destaque, maior acompanhamento, maior elogio e agradecimento público.
O programa de hoje agradou-me sobremaneira. Acompanhada por uma pessoa simpatiquíssima, um comunicador tranquilo que adorei escutar, Nuno Soares, um arqueólogo de Arcos de Valdevez, levou-nos a ver as maravilhosas paisagens do Sistelo, do Soajo, os socalcos, os espigueiros, os garranos, as vacas-cabreiras. A cultura é também isto.
O que aprendi ou relembrei... Que bom. Locais são lindos. Já lá estive mas é daqueles lugares do mundo em que a nossa alma se expande se conseguirmos vê-los como se fossem a primeira vez.
Quantos maravilhosos documentários, talvez para a Netflix ou outras plataformas afins, se poderiam fazer pelo nosso país com a Paula Moura Pinheiro, com o Nuno Soares e com outros comunicadores que, amando o nosso património, sabem como mostrá-lo?
Estou encantada com o que vi.
A quem não viu, sugiro que pesquise na programação de segunda-feira, dia 7 de Outubro, talvez por volta das 22:30, não sei bem, e veja.
E, apesar de presumir que a Paula Moura Pinheiro não seja frequentadora deste meu humilde pasquim, daqui lhe envio os meus parabéns pela longevidade e boa qualidade da sua presença em programas culturais na nossa televisão bem como o meu agradecimento pelo que aprendo e pelo que me delicio a ver o que nos oferece.
Parece que está de chuva e, por aqui, bem precisados estamos dela.
É bom mas...
É chato, o cão vem para casa todo molhado, sacode-se por todo o lado, esfrega-se por todo o lado para se autolimpar e, ainda por cima, arma uma tourada quando vamos nós limpá-lo (salta, quer arrancar-nos a toalha, brinca em nossa volta). Além disso, a roupa custa a secar. E começa a não dar jeito fazer caminhadas de pernas ao léu.
Mas é uma alegria pensar que a terra vai ficar hidratada e que as verduras vão ficar viçosas de dar gosto.
Tirando estes pequenos aspectos que são circunstanciais, estou com um problema numa das minhas duas laranjeiras. Deu tanta, mas tanta, laranja que agora, antes de ficarem maduras, caem aos montes. Não sei como mantê-las na árvore a amadurecer. As que caem estão rijas, nada doces e não sei se vão alguma vez chegar a bom porto.
E estou com um problema ainda maior na romãzeira. Desta vez os bichos -- ou pássaros glutões ou ratos invisíveis, não sei -- devoraram-nas todas. Não sobrou uma para amostra. Para o ano vamos ter que arranjar ratoeiras ou qualquer outra arma preventiva. Uma pena. Eu que gostava tanto de comer os rosados e sumarentos grãos, agora só se as comprar.
O limoeiro está carregado de limões, belos limões, mas está com a folha fraca, com um ar um bocado desfalecido. Aqui há tempos deitei-lhe um pouco de adubo para citrinos mas parece não ter tido efeito nas folhas. Se calhar, também neste capítulo, vou ter que recorrer ao ChatGPT.
Seja como for, vão gostar de ser regadas com aguïnha da chuva.
E, como poderão compreender, estou mais virada para temas assim, domésticos, caseirinhos, coisas rasteirinhas, do que para os tristes descasos da nossa política em que os partidos de esquerda se empenham em dar cabo da esquerda e os de direita andam a ver como roubar eleitorado à direita mais direita e mais populista, e o PS anda mais ou menos aos papéis a ver como sair airosamente da saia justa em que o Marcelo enfiou o País.
Por isso, como os temas da natureza puxam sempre por mim, resolvi partilhar convosco um vídeo muito interessante e inspirador.
Era bom que todos os países tomassem em mãos missões assim: reflorestar, devolver a natureza à natureza.
A uma escala minúscula, tenho o meu ínfimo exemplo ao transformar um pedaço de terra em que só havia mato rasteiro e pedras numa parcela de terra fértil, em que as árvores crescem como gigantes, em que agora há vegetação, musgo, infinitos cogumelos, muitos pássaros, lagartixas; e até esquilos lá apareceram.
O vídeo abaixo está legendado.
The first step to saving nature is the rewilding of our own minds, says conservationist and former Patagonia CEO Kristine McDivitt Tompkins. With an unwavering commitment to protecting ecosystems, she and her late husband Douglas Tompkins created vast conservation parks across South America that allowed ancient flora and fauna to flourish once again. Now, she's carrying that legacy and mission forward with a bold plan to connect parks across geographic boundaries, creating a system of continental-scale wildlife corridors — before it's too late. (Recorded at TED2024 on April 16, 2024)
Quando é que foi mais feliz?
- Quando nasceram os meus filhos e, talvez ainda mais, quando nasceram os meus netos.
Qual é o seu maior medo?
- Que aconteça alguma coisa de mal a algum dos meus filhos ou netos ou ao meu marido (ou a mim)
Qual a pessoa viva que mais admira e porquê?
- Qualquer cientista (motivado e, de preferência ousado e persistente). Também admiro as pessoas que amam a liberdade e a democracia e que, mesmo sob ameaça, continuam a defender aquilo em que acreditam e que conseguem transformar as suas convicções em palavras e actos. Todas as pessoas que arriscam a vida em busca de uma vida melhor, mesmo arriscando a vida, nomeadamente as que vêm em barcos frágeis, apinhados, em busca de um sonho, tantas vezes improvável. Todas as pessoas que vivem em contexto de guerra e que, mesmo assim, continuam a fazer uma vida normal, conservando a capacidade de sorrir. Todas as pessoas que atravessam períodos em que a vida ameaça fugir-lhes, como as que recebem a notícia de cancro ou de doenças degenerativas, e arranjam energia para enfrentar os tratamentos e para continuar a acreditar na recuperação. Mais ainda se isto se passar com os filhos. Também admiro muitas as pessoas que trabalham muitas horas ou em condições difíceis, em particular as mulheres com filhos, que têm que se levantar muito cedo e deixar os filhos por vezes sabe-se lá com quem e andar em vários transportes públicos, e que chegam tarde a casa, cansadas, muitas vezes num país que não é o seu, com hábitos que não são os seus. Os imigrantes. Enfim. Admiro muitas pessoas.
Qual a sua característica de que menos gosta?
- Não ter apetência pela prática de desporto (ou exercício físico a sério). E não ter boa voz.
Qual o seu momento mais embaraçoso?
- Quando, num dia de verão, em que tinha uma saia branca, de tecido fino, e, depois de ter estado horas numa reunião, quando me levantei, ir um colega atrás de mim, ruborizado, dizendo-me que tinha uma coisa um bocado íntima para me dizer e, a custo, muito aflito, dizer-me que eu tinha a saia manchada. E eu, ao espreitar, ver uma mancha enorme, enorme, de sangue. Escusado será dizer que nunca mais usei saia ou calças brancas quando estava ou temia vir a estar com o período.
Não incluindo a casa, qual a coisa mais valiosa que comprou?
- Os meus livros
Qual o seu pertence mais apreciado?
- Talvez mesmo os meus livros
Qual a sua principal conquista?
- Ter conseguido ter uma vida profissional motivante e bem sucedida sem nunca ter sacrificado a minha disponibilidade para a família, em especial para os meus filhos
Descreva-se em três palavras
- Normal, tranquila, bem disposta
De que gosta menos na sua aparência?
- Nada em particular, não ligo muito a isso pois sou como sou e não equaciono modificar-me. Portanto, o que não tem remédio, remediado está.
Quem é que gostaria que interpretasse o seu papel num filme sobre a sua vida?
- A nível internacional, Cate Blanchett. A nível nacional, talvez a Margarida Vila-Nova.
Qual o seu hábito mais desagradável?
- Deitar-me, todos os dias, tarde de mais.
O que a assusta na velhice?
- Poder vir a sofrer de limitações severas ou ver o tempo a esgotar-se numa altura em que ainda me apeteça muito viver
O que queria ser quando crescesse?
- Comecei por desejar ser cabeleireira. Mais crescida, queria trabalhar numa empresa, ou melhor, em ambiente empresarial. Uma ideia um bocado vaga. Mas era isso.
Escolheria fama ou anonimato?
- Anonimato, claro.
Qual a última mentira que disse?
- Disse a uma pessoa que achei que estava velha e acabada que estava muito bem
Qual o seu prazer mais culpado?
- Ver a telenovela A Promessa (não vejo uma única telenovela portuguesa desde que me lembre pois, se calha passar por lá de raspão, acho uma chachada que não se aguenta, não as suporto nem um minuto; e, no entanto, gosto de ver A Promessa)
A quem gostaria de pedir desculpa e porquê?
- Às pessoas que gostavam muito de mim e a quem, por falta de tempo ou falta de capacidade para manter o contacto com muitas pessoas, acabei por deixar para trás, sabendo eu que as pessoas ficaram sentidas e com saudades.
O quê ou quem é o amor da sua vida?
- Os meus filhos e os meus netos e, claro, quem esteve, comigo, na origem de tudo, o meu marido.
A que é que sabe o amor?
- A felicidade, a tranquilidade, a harmonia, à razão primeira e última para tudo.
Já alguma vez disse 'amo-te' sem o sentir?
- Não tenho por hábito dizer 'amo-te'. Não me soa bem, são sons mudos demais. Prefiro dizer 'gosto de ti'. Sempre que o digo é sentido. Mas também não sou muito de andar a verbalizar, sou mais de demonstrar.
Com que frequência pratica sexo?
- Apesar de não querer ser maria-vai-com-as-outras em relação à Marina Abramović, respondo como ela: frequentemente
Quando é que esteve mais perto da morte?
- Quando o meu carro, numa descida acentuada a caminho de uma rotunda movimentada, ficou sem travões e percebi que ia, inevitavelmente, ter um acidente que poderia ser muito grave, e que, por isso, poderia estar a viver os meus últimos segundos de vida. O carro ficou de tal forma que o seguro declarou a sua perda total. Eu, felizmente, não sei como mas escapei incólume.
O que melhoraria a sua qualidade de vida?
- Ter uma piscina onde fazer ginástica em suspensão do outro lado da rua. Haver, também, um supermercado na minha rua, para não ter que ir de carro de cada vez que tenho que comprar qualquer banalidade para casa
O que preferia ter mais: sexo, dinheiro ou fama?
- Sexo e dinheiro acho que tenho que chegue e fama não quero. Mas agora que penso nisso... talvez gostasse de ser uma escritora conhecida, com qualidade reconhecida. Talvez a isso se chame fama.
O que acontece quando morremos?
- Descansamos de forma radical. Desaparecemos.
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Marina Abramović Fotografia de Linda Nylind/The Guardian |
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Desejo-vos um belo dia de domingo
Na quinta-feira assistimos a mais um episódio da novela do orçamento, cujo guião é da autoria do comentador Marcelo. Segundo os outros comentadores deste reality show, parece que a coisa se irá compor e que vamos ter um final feliz. Segundo terminologia de antanho, finalmente o cowboy irá casar com o cavalo. O bom da fita (o Montenegro claro, quem havia de ser para os comentadores do costume?) vence o mau (o Pedro Nuno, quem havia de ser para os nossos comentadores do costume?), que no final até acaba por ter um gesto de simpatia e atira uma corda ao bom da fita para ele poder continuar a fazer o que manifestamente não sabe, que é governar.
Sendo verdade que em termos de comunicação, o Luís deu cinco a zero ao Pedro, não partilho da opinião que houve, até agora, uma vitória folgada do Luís. É certo que o que se consegue transmitir é importante, e aí o Luís venceu, mas também não é menos certo que recuou numa das medidas bandeira do governo e deu um passo atrás -- provavelmente para tentar depois dar dois passos à frente (teoria que já foi muito do agrado do Durão Barrosos) -- no caso do IRC.
Quem definiu a estratégia de comunicação do PS e pensou que a Alexandra Leitão era quem devia transmiti-la melhor fora que, nesse dia, tivesse ido à praia tomar um banho de água gelada para refrescar as ideias. Um pessoa que diz em vinte cinco palavras o que podia dizer em cinco não é, naturalmente, alguém que pode transmitir com eficácia uma ideia.
E o Pedro Nuno também tem muito que aprender em termos de comunicação, assim, não vai lá. Enredar-se nas questões e fazer quase tantos comentários sobre a aprovação do orçamento como o Marcelo, também não foi boa ideia. Vi, por exemplo, o Francisco César falar sobre o assunto e deu cinco a zero ao Pedro Nuno e à Alexandra.
Na minha opinião a coisa devia ter sido feita de forma mais simples. O Montenegro que apresentasse o orçamento e, até lá, o PS não falava no assunto concentrando-se nos problemas do País. Será que, por exemplo, ter havido dezenas de grávidas que tiveram os filhos nas ambulâncias não deveria merecer mais atenção do PS? Mas não. Deixou-se enredar na teia montada pelo PR, pela AD e pela comunicação social e tem muito mais dificuldade em descalçar a bota. Deveria ter aguardado pela apresentação do orçamento, pronunciar-se e apresentar alternativas.
O Montenegro só agora deve ter percebido que o IRS Jovem era um burrice que não acabava e que tinha que pôr de lado esta "bandeira" que lhe traria fenomenais enxaquecas. Mas quer os comentadores queiram quer não, e aos comentadores exige-se capacidade de análise, andar em campanha eleitoral e no governo a endeusar uma medida que se deixa cair na primeira oportunidade não é seguramente uma vitória, é uma derrota porque revela que não se pensa no que se propõe nem se cumpre o que se promete.
Já agora, à laia de aparte, cuidado Montenegro, que, ontem, o Abel "qualquer coisa", salvo erro diretor do Observador, comentador da CNN e grande contribuinte para as notícias que desacreditavam o governo do António Costa, já começou a dizer que afinal o Montenegro estava a fazer o mesmo que o governo do PS.
Já agora talvez o governo pudesse começar a governar para todos perceberem ao que vem. Governar é tomar medidas e não apenas passar cheques.
Se o PS chegar a um entendimento com a AD sobre o IRS Jovem e sobre o IRC, Pedro Nuno Santos assina já, de cruz, a passagem do OE2025? Percebi bem? É isto?
E se a Cultura passar a 0%? E se as verbas da Saúde forem todas desviadas para o Privado? E se as verbas da Educação sofrerem um corte de 50%?
São exemplos apenas para demonstrar, por absurdo, que me faz muita espécie que alguém assine de cruz o que quer que seja.
Percebi que, para o PS, havia duas linhas vermelhas: o IR Jovem nos moldes em que a AD queria e a descida do IRC. E, no meu entendimento, isso queria dizer que se essas duas medidas lá estivessem, nem olhava para a proposta de OE. Se essas medidas lá não estivessem ou se estivessem com umas variantes aceitáveis, então, o PS analisá-lo-ia, podendo ou não deixá-lo ou não passar, consoante o que lá encontrasse.
Agora um cheque em branco...?
Não percebo.
Ou então, como no caso anterior, se calhar não estou a ver bem a coisa.
Ia no carro e ouvi-o a dar as mais descabeladas desculpas para não ir à Estónia e à Polónia. Dizia que tinha a ver com o momento que se vive a nível das ditas negociações AD/PS para o Orçamento. E depois entaramelou-se numas justificações esfarrapadas em que nem ele deve ter percebido o que disse.
Mas, se ainda o orçamento nem foi apresentado, que conversa é esta?
E passa a vida a falar em nome dos Portugueses ('os portugueses não compreenderiam se eu fosse para longe e a Estónia e a Polónia são muito longe'). Como é que ele sabe o que os Portuguesas pensam ou deixam de pensar? Não sabe. E que mal faria se por exemplo fosse para a Cochinchina? Se lá houver rede e puder ser avisado de que um Eléctrico bateu num carro no Chiado ou que houve um princípio de incêndio quando uma senhora queimou uns papéis no quintal, não é o suficiente?
O que é que este Marcelo pretende ao andar por aí a gritar, há meses, que vem aí o lobo? Ameaça num sentido, ameaça num outro, lança confusão, fala ele, fala a fonte de Belém, e por aí andam todos a bater bolas, ele mais o aka-ele e mais os comentadores. E agora dramatiza e cancela visitas...
Nada diz faz sentido. Ou faz? Serei eu que estou a ver mal as coisas?
Não vou falar dos anhucas que por aí pululam, uns mais saloios que outros, uns mais totós que outros. Nem vou falar dos jornalistas palermas que não têm neurónios e usam como raciocínio as 'bocas' que alguém manda para as redações sob a forma de comunicado ou as habilidades semânticas que uns espertos utilizam e que passam como verdades inquestionáveis.
In illo tempore, uma das áreas que mais gostei de estudar foi Lógica. Adorei, para ser mais precisa. Até sonhava com aquilo. E ainda gosto. E sofro quando a vejo quotidianamente assassinada. Partindo de premissas erradas com raciocínios errados aí está a malta a tirar alegres e erradas conclusões. Uma dor.
Como se combate isto?
Cada vez mais me convenço que o sistema de ensino deveria levar uma reviravolta das valentes. Deveria ser obrigatório ensinar em todos os níveis, desde a mais tenra infância e até ao fim da escolaridade, disciplinas como Lógica, Cidadania, Nutricionismo, Natureza, etc., e isto já para não falar em Língua Portuguesa, neste caso obrigatória até ao último dia das licenciaturas, quaisquer que elas sejam.
Mas isso, neste momento e neste contexto, está deslocado. É devaneio e não é dos poéticos.
Portanto, desloco-me para territórios onde ouço de gosto o que dizem, com um sorriso, com vontade de ouvir mais.
O vídeo abaixo está legendado.
Para começar não sei se empatia é isso dos sapatos. Tenho dúvidas. Segundo o Priberam, empatia é a forma de identificação intelectual ou afectiva de um sujeito com uma pessoa, uma ideia ou uma coisa. E não vejo aqui qualquer referência a sapatos.
Mas, ironias à parte, tenho que confessar que me faz impressão calçar sapatos usados por outra pessoa. Roupa, desde que limpa, não me importo. Mas mesmo assim prefiro conhecer a pessoa que a usou. Usar roupa sem saber se a pessoa que a usou era limpinha, lavadinha, isso faz-me alguma impressão. Ou seja, não sou o público ideal para as lojas de roupa usada.
Quanto à empatia, tenho ideia que sou empática. Os assessments a que fui sujeita enquanto trabalhava (e com muito gosto o fui, pois ser analisada, escrutinada, avaliada e etc. sempre foi pratinho que me soube bem) diziam que sim, era empática, sim senhor.
Mas, afinal, pelo menos na minha vida civil, não sei se sou assim tanto. Ou melhor: se ainda sou.
Por exemplo:
Por isso, em dias como o de hoje, um dia cinzento, uma persistente chuvinha molha-tolos, interrogo-me: seria eu capaz de calçar os sapatos do Montenegro, da Senhorinha da Administração Interna, da baderneira-mor da Saúde, do Lentão que até dá dó, do inteligente Sarmento, do Dissolvente... e por aí vai...? Ou seria eu capaz de calçar sapatinhos como os que aqui mostro?
O mundo inteiro deita-se a adivinhar se o Irão vai conseguir atirar algum foguete que consiga furar o chapéu de chuva de ferro que cobre Israel ou quem vai agora fazer o próximo movimento. Num artigo do NYT especulava-se sobre que mistério é este de o Irão estar tão sossegado a ver Israel dar cabo, um por um, dos líderes dos movimentos que são a sua força avançada fora de portas. Afinal hoje retaliou mas ainda não percebi se foi para ser a sério ou só um aviso.
Estas coisas são multi-facetadas e não vou nem ousar comentar o que quer que seja. Posso apenas dizer coisas vulgares como que repudio em absoluto movimentos terroristas, radicais, terroristas, retrógrados, cavernícolas, que atentam contra os direitos humanos, em particular os das mulheres. Em abstracto e em geral sou a favor da paz (desde que seja uma paz livremente aceite, não a que resulte da rendição de um povo injustamente agredido). Em absoluto condeno a invasão de um país que não respeite os limites territoriais internacionalmente aceites de outros países. Em geral e em abstracto parece-me uma aberração haver países que têm a sua base matricial não na história, não na língua, mas na religião, não aceitando pacificamente a convivência e a coabitação com pessoas de outras religiões. Em geral e em abstracto condeno em absoluto que se marginalizem ou ataquem pessoas só porque são de outra raça ou professam outra religião. Identicamente condeno em absoluto que se usem crianças como alvos ou meios de guerra. Generalidades.
No caso vertente, e mesmo à laia de aparte, espanta-me a capacidade de Israel a nível de serviços secretos e a nível militar e espanta-me o extraordinário domínio da ciência e da tecnologia que revelam. Os avanços tecnológicos e científicos que daí advêm para todo o mundo são sempre notáveis.
Claro que não confundo Netanyahu, a sua má índole e o seu condenável comportamento, os seus inclementes e brutais excessos, a sua atitude perante a política, a sua insana cruzada que parece ter como principal móbil o salvar a própria pele, com o direito de Israel a defender-se que esse creio ser inquestionável.
Mas sinto que falar sobre estes temas requer um recuo para o qual não estou agora motivada e um arcaboiço que não tenho. Além disso, estou outonal, suave, toda eu serenidade, contemplativa -- ou seja, incapaz de escalar o discurso para os níveis que o momento provavelmente requer.
Também não me apetece falar da disparatada encenação promovida por Montenegro e pelos seus desclassificados ajudantes apadrinhada pelo desestabilizador-mor. Mas, para falar verdade, também não percebo porque é que, face a esta cambada e à estúpida maneira como se comportam, não percebo porque é que Pedro Nuno Santos para aí anda a expor-se a falatórios e não diz simplesmente: apresentem o raio do orçamento que o analisaremos e depois logo nos pronunciamos.
Mas, portanto, enquanto vou acompanhando (um pouco à vol d'oiseau) o que por aí anda voando em nossa volta, vou vendo alguns vídeos que me parecem interessantes.
Este aqui abaixo, com a Marília Gabriela, é muito interessante. Dá que pensar. Não sei se ela ainda vive em Lisboa. Mas, independentemente disso, até porque nada tem a ver, faz-me um pouco impressão que uma mulher como ela diga que o telemóvel está silencioso, que está sempre sozinha. Mas compreendo muito bem o que ela diz. Quando se tem uma vida profissional muito activa, tendo que conviver diariamente com muita gente, é natural que se chegue ao fim do dia com vontade de ir para casa descansar e não de sair para ir para os copos...
Uma entrevista a ver.
Enquanto as televisões dão conta de foguetório aceso lá pelos médios orientes, com algumas botas a marcharem a caminho de terreno proibido, refugio-me no meu mundinho suave, banhado a outono e a ouro, onde ninguém maltrata ninguém, onde se fala de escritas e de leituras, em que se cultiva a afabilidade e não a animosidade.
Portanto, é por aí que hoje vou.
Ando geralmente pelas margens. Tento descobrir a escrita genuína, aquela em que não se encontram bolas de efeito, em que as palavras estão junto à respiração, em que não há banalidades enfatuadas mas em que se escreve sobre verdades desabitadas, em que se visitam ruínas ocupadas pelo silêncio.
É verdade que muitos dos blogs em que a escrita escorreita fluía vão rareando. Desmotivaram-se os seus autores, desertaram talvez para redes mais socialites; ou simplesmente cansaram-se. Muito gostaria eu que o Pedro Mexia, a Ana de Amesterdão, o Vítor das Âncoras e Nefelibatas e todos os outros que na minha lista de Frescos e Bons (à direita) aparecem bem cá para baixo já que não publicam há séculos voltassem a aparecer e a aquecer a blogosfera.
De qualquer forma, vou continuando a acompanhar os fiéis e devotos que ainda se mantêm no activo. E ainda os há dos bons.
E, também eu, não perco o que dizem. São apontamentos, são registos no livro de horas dos seus autores, são desabafos, são conselhos. São boas companhias.
No outro dia foi a Susana que falou na Maria Judite de Carvalho e nas suas saborosas crónicas. Agora, mais recentemente, foi o Mr. Xilre que falou na Alba de Céspedes com o seu Caderno Perdido (também aqui). Também a Maria do Rosário Pedreira referiu o Escrever de Stephen King e o Hoje Caviar, amanhã Sardinhas da Carmen Posadas e do irmão Gervasio.
Portanto, fui em busca desses frutos que se anunciaram gostosos, maduros.
Juntei-lhe um livro da Martha Medeiros pois tenho lido que os seus livros de crónicas se vendem como pãezinhos quentes e eu, que gosto tanto de ler crónicas (apesar de me dizerem que em Portugal o género Crónica é mal amado e pouco procurado), quero perceber quais as razões de tal sucesso.
E o Nexus do Harari porque claro que sim, é muito cá de casa, e porque o meu marido tem lido de fio a pavio todos os livros dele e estava à espera que este cá chegasse, e um outro também para ele, A História do Mundo do Peter Frankopan de quem já leu As Rotas da Seda.
Nos idos de outras eras, antes de nos termos desiludido de vez com o Expresso, gostava de ler as suas críticas literárias. Mas também havia críticas muito balofas, muito tontas.
Por isso, agora, sem Expresso e sem gurus a opinarem sobre isto e aquilo, bebo com avidez sugestões que vou colhendo aqui e ali, nomeadamente na nossa querida blogosfera.
Vamos é agora ver como me oriento para me deitar a eles (refiro-me aos livros, claro), tanto mais que as pilhas dos não lidos vão crescendo nos lugares estratégicos, ameaçando desabar quando lá pousar o próximo.
Mas é tão bom ver chegar bichinhos novos, cheios de mundinhos por descobrir, cheios de palavrinhas boas...
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E, agradecendo aos bloggers que se mantêm no activo, despeço-me por hoje desejando a todos, bloggers e não bloggers, uma bela terça-feira.
Um dia de outono perfeito. Ou, se quiserem, um dia perfeito de outono. Ou um perfeito dia de outono.
Um dia com tudo de bom.
Claro que poderia ter sido ainda melhor, ainda mais perfeito, se o menino mais crescido também cá tivesse estado. Mas está a ficar um homem, já quer ter o seu espaço para confraternizar com amigos e amigas. É natural. Mas parece que já prometeu que, para a semana, vem. E eu ficarei feliz.
O menino mais novo, enquanto estava a andar de bicicleta, disse ao pai que quando se sente mais livre é quando anda de bicicleta e quando joga futebol à chuva. Não é surpreendente que uma criança de sete anos diga uma coisa assim?
São todos incríveis, surpreendo-me com todos, fico feliz por todos eles, sejam eles as crianças ou os pais deles. Só tenho razão, mil razões, para me sentir feliz e, sobretudo, agradecida.
E o jardim está muito agradável, a temperatura amena e o ambiente aconchegado, e a luz dourada torna tudo ainda mais amistoso, mais tranquilo. E eu adoro quando estamos em volta da mesa, parece que a serenidade nos envolve. Nestes momentos quero lá eu saber do limitado Montenegro, do desestabilizador Marcelo. A alienação é isto, não é? Pois. Mas de vez em quando sabe bem a gente alienar-se, afastar-se de gente tóxica que só baralha e confunde e cria problemas.
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Acho que este vídeo faz aqui sentido. Uma pessoa ter a vontade e a coragem de ir para um espaço público plantar árvores, transformar um espaço baldio num pulmão verde de uma movimentada cidade, é louvável, é poesia, é uma maravilha, um encantamento, uma beleza, um sinal de esperança.
The Wallace Collection, 5 June–3 November 2024
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Desejo-vos um bom dia de domingo
Montenegro e os inteligentes que o rodeiam, mormente o crânio cabeludo que dá pelo nome de Nunelo de Olivença, ainda não perceberam que não conseguem aprovar sozinhos o que quer que seja?
O que é que essas luminárias pretendem (e notem bem: diplomática como sou, não os tratei por alimárias)? Aparentemente pretendem fazer o que lhes dá na bolha e que alguns dos outros partidos fechem os olhos, tapem o nariz e lá vai isto, sapo ou sapalhão pela goela abaixo. Mas a que propósito é que os outros partidos fariam isso? Por masoquismo? Mas alguém visualiza algum partido na Assembleia que tenha comportamentos masoquistas? Eu não.
Diria eu, e penso que dirá qualquer um que tenha dois dedos de testa, que o normal seria que Montenegro escolhesse a quem se arrimar e, em articulação com outro ou outros partidos, conjugando opiniões e convergindo no que fosse possível, arranjasse um chão comum em cima do qual se conseguisse construir qualquer coisa. Foi isto que António Costa fez com o PCP e com o BE (e que funcionou bem até o PCP e o BE roerem a corda) e é isto que meio mundo faz por essa Europa afora, Civilizadamente negoceia-se, trabalha-se de forma leal e inteligente.
Montenegro -- parolo, pacóvio, saloio (como o seu correligionário Marcelo o caracterizou) e com sérias limitações a diversos níveis -- não percebeu isto. Não quis arranjar um entendimento nem com o PS nem com o Chega, os dois partidos que, pelas percentagens que tiveram, poderiam, em conjunto com a AD, conseguir fazer passar as coisas no Parlamento.
Se quisesse fazer passar o Orçamento, Montenegro teria trabalhado em conjunto com um dos dois, ou com o PS ou com o Chega. Teriam arranjado um entendimento, teriam um plano de acções para 2025 e, com base nisso, teriam feito contas, ou seja, as contas para o OE 2025.
Ora, pelo que se sabe, Montenegro não fez nada disto.
O que se passa é uma palhaçada.
Toda a gente diz que ir para eleições é uma estupidez mas eu acho que andarmos nisto é uma estupidez ainda maior. Montenegro tem revelado não ter cultura democrática nem capacidade para funções tão exigentes como as de primeiro-ministro. Estou a centrar o assunto no Montenegro pois todos os outros do PSD são ainda piores que eles e a AD é o PSD e mais nada já que do lado do CDS só vem disparate. E nenhum deles tem a humildade democrática para trabalhar em parceria com outro partido.
Ouço os comentadeiros do costume já a defender um acordo com o Chega. Mas o Chega, que um dia diz uma coisa e no outro diz outra, diz que aprova um Orçamento se participar na sua elaboração (o que não é nenhum disparate). Ou seja, se trabalhar em coligação com a AD e, em conjunto, construírem um novo orçamento. Ora Montenegro afirmou preto no branco que não é não. Ora se não é não, Montenegro dará uma corrida em osso ao Ventura.
Portanto, pântano mais pântano duvido que haja.
Eleições? Ouço meio mundo a achar que deveriam ser evitadas. E, em abstracto, uma overdose de eleições não é coisa boa.
O Dissolvente Marcelo, que -- não nos esqueçamos -- arranjou todo este caldinho, deve estar a tremer nas canetas sem saber o que fazer face à barracada a que todo o país está a assistir.
Havendo chumbo, não vejo que Montenegro e o inacreditável Sarmento a serem capazes do golpe de rins ou do golpe de asa suficientes para rapidamente gizarem um novo Orçamento capaz de passar na AR. Mas, mesmo que consigam dar uma cambalhota e apresentem qualquer coisa, pelo que já se viu até aqui (leia-se: despudoradamente vangloriarem-se de medidas alheias, avançarem com iniciativas avulsas e que ameaçam o equilíbrio das contas públicas, trapalhadas atrás de trapalhadas, saneamentos políticos em barda com nomeações partidárias como não se via desde a euforia cavaquista, mentiras em cima de mentiras, desgoverno em áreas que, antes, alardeavam que resolveriam em 60 dias, etc., etc.), o que se seguiria nunca seria coisa que se aproveitasse, coisa estável e saudável para o desenvolvimento do país e para a democracia.
Em alternativa, termos o país a funcionar por duodécimos geridos por um governo desgovernado e descerebrado haveria de ser, todos os dias, a toda a hora e sob qualquer pretexto, uma inimaginável cagada em três actos (pardon my french).
Por isso, face a esta caldeirada, pode ser que de umas novas eleições saia uma clarificação que permita um governo mais estável. Ou seja, não diabolizo nem temo umas novas eleições.
Se não for isso, então o optimista-realista Marcelo que reze um pouco mais à Nossa Senhora de Fátima a ver se ela faz um milagre.
Não conheço o senhor senão do que, de vez em quando se falava, nem conheço nada dos meandros da Justiça. O que sei e penso resulta de informação que colho na comunicação social e do que a minha cabeça elabora.
Com esse prévio enquadramento, diria eu que, a ser eu a escolher o novo PGR, quereria:
Claro que a questão da inteligência, da competência, do bom carácter, da independência, da firmeza, da honestidade intelectual e moral seriam outros tantos atributos.
Não fazendo ideia de como é Amadeu Guerra no que às características referidas no parágrafo acima, diria que os requisitos acima assinados com bullets me desaconselhariam de o escolher.
Registo ainda que Montenegro, neste como em todos os outros processos, se portou de forma saloia/prepotente ao achar que lá por ser primeiro-ministro pode andar o tempo todo em bicos de pés e a dar biqueiradas nos outros. Poder, ele pode. Mas deve? Diria que não. Diria que, quando estão em causas cargos cuja duração transcende o tempo em falta da legislatura e que são críticos para o funcionamento do País, qualquer pessoa com dois dedos de testa, com cultura democrática, alguém sem o síndrome do 'sou que mando aqui' ou 'a bola é minha', trocaria impressões com os seus parceiros de Assembleia da República.
A senhora em questão deu aulas durante anos, fez manuais aprovados para acompanhamento lectivo, fez avaliações de colegas e aparentemente era sempre tão generosa nas notas que dava que toda a gente se sentia agradecida. Li que a senhora não foi meiga a dourar a pilula: terá dito que se mestrou em Cambridge e se doutorou na Madeira, isto, segundo dizem, sem nunca ter saído da Sobreda.
Mas passou. Candidatava-se a cargos e cenas, parece que sempre prestável, se calhar não levantava ondas e, no fim, toma lá uma avaliação generosa e siga o baile.
Dito isto, não faço ideia se era boa professora ou não. Nem sei se sabia qualquer coisa da matéria que dava. De qualquer modo, por princípio, não deve haver lugar para trapaceiros.
Em tempos não muito longínquos, trabalhou na mesma empresa que eu uma sumidade -- seleccionada por um head hunter internacional e sancionada pela direcção de recursos humanos -- que tinha um CV de tal forma impressionante e robusto que ninguém quis parecer mesquinho a ponto de verificar a veracidade daquilo.
Tinhosa como sou, qualquer coisa ali fez com que o meu faro se pusesse em guarda. As habilitações académicas eram tão extraordinárias que me palpitou que fossem obra de uma imaginação demasiado fértil.
Fiz umas pesquisas simples. Pimba. O curso superior que ele dizia que tinha pura e simplesmente não existia e na universidade onde tinha estudado nunca ninguém soube que se tivesse alguma vez matriculado. Uma história pegada.
Quando alertei a nossa direcção de recursos humanos ficaram arrepiados mas desculparam-se com a empresa de head hunting que deveria ter feito essa validação. Mas porque tinham caído tão ingenuamente na esparrela, também não quiseram assumir a barracada. O que acabou por acontecer é que ele próprio, estrangeiro, charmoso, uma simpatia, percebeu que não tardaria a ser descoberto e, para alívio geral, foi pregar para outra freguesia.
Contudo, durante uns dois ou três anos foi o maior, tratado nas palminhas, levado ao colo. A mim tresandava-me a banha da cobra mas era só eu. O resto da malta curvava-se perante uma estrela internacional de tamanho gabarito. É fácil enganar quem gosta de ser enganado.
Confessou, claro. Diz que aprendeu sozinho e não passou do secundário.
A capacidade de os trapaceiros enganarem os outros e irem passando entre os pingos da chuva é incrível.
E a cegueira dos que se deixam enganar é igualmente inacreditável.
Dou exemplo de alguns aspectos a que o Moedas deverá estar atento caso queira tentar mimetizar o Trump -- isto se quiser, como parece que quer, ser mesmo visto como o Lisbon Trump:
Posso estar enganada mas tenho ideia que ele era peludo até dizer chega, que os pêlos lhe subiam do peito, pelo pescoço até à barba. Nada contra.
Pois, ontem, num debate qualquer, reparei que estava de camisa aberta e o peito lisinho, lisinho como um peitinho de bebé...
Cá para mim, exclamei: 'What???? Também tu, Daniel...?!?!'.
Juro, fez-me impressão.
Se calhar não aprecio extraordinariamente o tipo Toni Ramos, farto pêlo, em contínuo, de cabo a raso. Mas faz-me muita impressão um corpo de homem depilado. Faz-me lembrar um coelho esfolado, um bicho descaracterizado, não sei....
Agora se, por acaso, é confusão minha e ele sempre foi glabro de peito, daqui endereço as minhas desculpas.
De qualquer modo acho que esta questão devia ser esclarecida. Só espero que neste Eixo do Mal isto seja tirado a limpo.
Acordei com uma dor nas costas que me tem incomodado. É só de um lado e, portanto, menos mal. Seria pior se fosse dos dois. Não sei se foi mau jeito na cama ou se terei apanhado frio. Dormimos de vidros abertos e eu só com um lençol a cobrir-me a pele. O meu marido, do lado dele, tem uma mantinha quente. Por causa disso, abrasa, no meu entender.
Mas não sei se terá tido frio ou mau jeito. Alguma coisa foi.
Além disso, não deu para apanhar sol e passar parte do dia na rua.
Aproveito para estar a informar-me. Descobri agora, por exemplo, num vídeo, que o facto de ter praticamente deixado de usar saltos altos (depois de os ter usado durante toda a vida) e de andar muito mais do que antes andava será a causa de um incómodo que tenho sentido num dos calcanhares. Parece que o corpo precisa de adaptar a sua estrutura às circunstâncias. Faz sentido. E julgava eu que andar sem saltos era, incondicionalmente, boa coisa. E que caminhar bastante também. Afinal é desde que... Mas, ok, agora que já percebo melhor o funcionamento do meu corpo, ou melhor, do meu calcanhar..., já poderei adaptar-me.
Tenho aproveitado também para ler. Estou a ler um livro que é um bocado do caraças. Triste tigre de Neige Sinno. Costumo fugir um bocado destes livros mas qualquer coisa que me fez crer que não seria um livro qualquer. E não é. Mas, de vez em quando, tenho que parar e engolir em seco.
Mas, enfim, o que agora me apetece é ouvir uma música bem animada.