Dia muito complicado. Reuniões, situações complexas, dúvidas sobre a melhor forma de atacar os problemas. Por vezes, não as meço e ouço-me a cortar a direito. E depois, quando acabo, o silêncio. A seguir, alguns segundos depois, o apoio. Mas conheço-o bem. Aprecia o meu estilo mas, quando assiste em directo, fica sem saber como me acompanhar. Se a coisa dá para o torto, atiro para não falhar. Ele não. Se a coisa dá para o torto ele mostra desconforto e espera que isso seja suficiente. Não é. Não é o desconforto que move montanhas. Penso, por vezes, que teria sido prudente da minha parte, em vez de saltar em cima a pés juntos, mostrar enfado, ar incomodado. Mas depois penso: o que tenho a perder? E sei a resposta: nada. Portanto, para quê dar-me ao trabalho de ser quem não sou?
Mas, estando em público, nada disse. Fiquei, isso sim, siderada. E a pensar que aquele sujeito é um perigo. A ignorância, quando é arrojada e destemida, é um verdadeiro perigo.
Não sei como se sai cem por cento funcional depois de lidar com gente assim.
Foi só já muito ao fim do dia, quase de noite, quando finalmente tínhamos feito a rápida caminhada, que consegui regar as flores da parte de trás. Liguei à minha mãe já perto das nove da noite.
O dia passa assim, veloz, sem eu dar por ele. Não há tempo para pegar num livro ou para me sentar a apanhar os últimos raios de sol.
Processo mais complicado este...
Brocado é um tipo de tecido ricamente decorado, feito em seda colorida e com relevos bordados geralmente a ouro ou prata.
Não posso ir agora fotografar a colcha pois o meu marido já dorme. Mas vou retirar da internet fotografias de diferentes padrões de brocado. Não sei se ainda há brocado à venda. Esta colcha que eu trouxe do campo e que, antes, estava na arca, é muito bonita e fica muito bem na minha cama. Acho que é uma preciosidade. Olho-a ou toco-a e fico encantada.
Também trouxe uma coberta de um algodão espesso, dir-se-ia que prensado. Pensei colocar em cima de um destes sofás. Mas os sofás são grandes e a colcha deve ser de camas de corpo e meio. Como são duas cobertas iguais (uma ficou no campo), penso que talvez fosse das duas irmãs quando eram jovens. Gosto de pensar que as suas peças tão estimadas e tão bem guardadas estão a ser respeitadas, usadas com dignidade.
E a colcha de brocado, então, está nova. Não sei como mas está. O que os humanos almejam -- vida longa e eterna juventude -- tem-no o brocado. Brocade, brocart. A sempre jovem beleza.
1 comentário:
Olá UJM;
Para a "parte" profissional: - A ignorância é a mãe do atrevimento. Passaram por mim vários atrevidos e tratei-os como ignorantes, felizmente já é passado.
Para a "parte" pessoal:- "O dia passa assim, veloz, sem eu dar por ele.". Fixe.
Abraço.
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