segunda-feira, junho 10, 2024

Europeias 2024 -- primeiras impressões

 

A nível nacional:

Continuo triste e apreensiva com as elevadas taxas de abstenção. Não me interessa que seja menos 1 ou 2% ou por aí face às últimas. Mais de 60% das pessoas não se darem ao trabalho de votar.

Continuo triste a apreensiva com a capacidade de análise e com a inércia na reacção dos votantes, ao verificar que, sendo patente a inequívoca falta de qualidade, a todos os níveis, da AD e a estupidez que foi pegarem num comentador arrogante e agressivo (o facto de ter 28 anos até é pormenor) para cabeça de lista, ainda há tanta gente a votar neles.

E, para já, neste momento, só isso é certo.

Face à votação em mobilidade, como o Pedro Magalhães explicou, as sondagens à boca das urnas que serviam para a abertura das notícias este ano não estão calibradas. Portanto, não se consegue garantir a sua fiabilidade dentro dos intervalos que, noutras condições, era seguros.

Portanto, com as devidas reservas:

  • A ser verdade que o PS não descola, fico apreensiva por os Socialistas ainda não terem percebido que os tempos são outros. Se já nem os anteriores votantes no BE e na CDU votam neles, a que propósito o PS continua enleado na doutrina gerincôntica? 
Além disso, verifica-se que a nível de votantes, a faixa maioritária é a das pessoas com mais de 55 anos. Ora isto não é bom. Se um partido não sabe perceber e responder aos anseios dos mais novos e dos intermédios, acaba como o PCP... (ie, à medida que os mais velhos forem desaparecendo, o partindo tende para a extinção. Claro que ainda está longe disso mas os sinais já aí estão)
  • Não me espanto com o que se anuncia como a subida da Iniciativa Liberal. A ver vamos.
  • Ficarei bastante contente se se verificar que o balão do Chega desinflou. Mas vou esperar pelos resultados.´
  • Não fico admirada ao verificar que a esquerda-esquerda continua a caminho da extinção. O PCP e o BE bem podem reflectir. 
  • Gostava que o Paupério fosse eleito. Nos tempos que correm, o Livre é a esquerda inteligente e era bom que continuasse a subir e a ser reconhecida.
A nível europeu:
  • Estou deveras apreensiva com o que aconteceu em França. Muito.
  • Aparentemente, é uma tendência geral na Europa, embora talvez não tão acentuada como em França. O que sempre temo, que a democracia "por delicadeza se deixe matar", pode acontecer se não formos capazes de pensar com uma cabeça nova, uma mente aberta.

NOTA: Interessante a análise que o Sérgio Sousa Pinto tem vindo a fazer na CNN.

4 comentários:

ccastanho disse...

Aparentemente os resultados mantêm em linhas gerais a votação de 9 de Março.

O PS continua a receber a maioria dos votos da esquerda, aumentando até, provavelmente percentagem. O que quer dizer, que a linha politica de PNS, é a mais satisfatória para os portugueses de esquerda que votam no PS, e dele, não abdicam, para combater as derivas de direita e extrema-direita no panorama nacional.

A AD, não entra no eleitorado de modo a conseguir uma vantagem que lhe permita liderar a direita como base de sustentação do governo que manifestamente, não tem mesmo com todas as medidas eleitoralistas desde a chegada ao poder, e mesmo assim, com as televisões a levar ao colo Bugalho.

O fenómeno politico destas eleições em principio, é o trasvasar de eleitorado de um partido xenófobo e reacionário como o Chega, para um partido neoliberal serventuário do grande poder económico desregulado como é a IL. A percentagem que leva a IL a subir, é a mesma que leva o Chega a descer. Portanto, há duas direitas: a da AD, e uma outra, que não se conhece a linha divisória entre a xenofobia, e um mascarado neoliberalismo.

Quanto ao resto dos partidos ditos de esquerda, sofrem a consequência das politicas que propõem muitas delas desajustadas da realidade.

Um Jeito Manso disse...

Ccastanho,

Não me leve a mal mas acho que é essa miopia e essa análise tendenciosa e, diria, antiquada, que leva a que o PS não descole -- apesar da desgraça que é a AD.

Mas a ver vamos.

ccastanho disse...

UJM
Com toda a simpatia que tenho por si, e é muita, creia, a miopia que me acusa, não traduz a realidade dos factos. Os resultados devem ser lidos com realismo, e por maioria de razão a UJM uma senhora das matemáticas, não pode escapar a uma leitura mais rigorosa e cuidada.

Agora, "análise tendenciosa". Assumo sem pestanejar um segundo, que sou altamente tendencioso em defender um partido que na minha opinião, é o único partido de esquerda, que pode e deve combater a direita. Sou efetivamente tendencioso em defender o PS como trincheira para combater as politicas xenófobas e neoliberais que no meu entendimento( e, aqui vale o que vale, naturalmente com toda a subjetividade) são nefastas para a economia, e por arrasto para o povo português.

Com toda a consideração, aceite um respeitoso Abraço.

Anónimo disse...

Diria que tem uma razão adicional para estar triste: Pedro Nuno Santos aguentou. Quem também está triste é o pessoal da AD e uma boa parte do PS: não foi desta que correram com ele.
Fora isso, tem razão : a esquerda é hoje, claramente, minoritária. Verdade seja, o que dizem ser esquerda hoje pouco tem a ver com a esquerda da minha juventude. Nesse tempo esquerda eram lutas sociais, coisas da economia e do social. Hoje é qualquer coisa de lgbti, ambiente, bio, migrações e multiculturalismo. Também na minha juventude extrema-direita significava ser contra a democracia, querer uma ditadura e por aí. Hoje ser contra os movimentos lgbti, querer polícia nas fronteiras, já é extrema-direita.