No entanto, consegue adivinhar-se o que lhe passou pela cabeça.
As perspectivas de sair de cena a ganir, de rabo entre as pernas, não vieram a concretizar-se. E, acto contínuo, sem parar para pensar, resolveu pôr-se a cantar vitória. Pouco inteligente como é, não percebeu que não foi ele que ganhou: foi o Moedas. E, verdade seja dita, também não foi o Moedas que ganhou: foi o Medina que perdeu. Além disso, nada de grande foguetório pois o Medina perdeu por pouco. Se calhar, se, em Arroios, em vez da Margarida, dita A Gorda do Frágil, estivesse outra pessoa, a esta hora outro galo cantaria. É que ela não causou infecção apenas em Arroios, causou infecção no PS Lisboa (e, talvez, no PS em geral).
Mas no PSD a malta não é dada a grandes reflexões. É tudo muito pão-pão, queijo-queijo, mas na versão mais básica. São avessos a filosofias.
E logo o Expresso o levou ao colo anunciando alto e bom som que, afastadas as teias de aranha, o caminho para o conhecido rangélico trauliteiro estava aberto. Ôpá: temos novo líder, festejaram eles. Efe-erre-á, á, efe-erre-á, á, aleqüi-alequá, chiripita tá-tá tá-tá.
Mas nestas coisas, às vezes, o entusiasmo é prematuro. Ou seja, a cena dá para o torto, murcha antes de tempo. Isto é, puseram-no a cacarejar cedo demais. Acto falhado. Com o resultado em Lisboa, o coito saiu interrompido. E o Rio, lerdo que só ele, com o Moedas na lapela, com aquele seu ar de quem se sente permanentemente em vias de ser fornicado, pôs-se logo a cantar de galo.
Deve andar por aí a conspirar, telemóvel sempre em acção, a sua célebre lista de contactos a escaldar, quiçá, por vezes, pelos bares da beira rio ali para os lados de Belém, a falar com o Láparo, com a Albuquerque dos Swaps e com outras magnas figuras do período mais bolsonarista da história política portuguesa recente. Anda a catar apoios como quem cata piolhos.
Mas eu, que faço parte da turminha do baldinho de água fria, tenho uma coisa a dizer.
Não lhe vai correr bem como, de resto, na política nunca nada lhe correu bem. Por onde passa, deixa no ar aquele seu azeiteiro perfume a esquema. Para um dia poder vir a ser bem sucedido, teria que descobrir alguém mais apresentável, mais credível, menos cacarejante, alguém com quem se possa estar à mesa sem receio que se ponha a meter os dedos no nariz. Ou seja, o Rangel não serve.
Temos pena, ó Relvas, ainda não é desta que vais conseguir lá meter um segundo láparo. Mas, olha lá, ó Relvas, porque é que desta vez não te chegas tu à frente? Essa é que era de homem. Vá, Relvas, coragem, avança.
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A 1ª e a 4ª imagens provieram, em tempos, do saudoso blog 'We have kaos in the garden'
As outras circulam por aí
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E até já!
6 comentários:
Adoro ler ujm
Mais uma vez delirei 😂😂😂😂
Òptima na ironia.....deia estender-se também aos chamuxinhas do Manhoso......
Como sempre, ótima análise! " Toujours" na "mouche"!
Abraço
Filo
Olá UJM.
Tenho um prazer imenso em ler e delirar com textos como este. Simplesmente genial.
Abraço.
AV
Espetacular!
Muito bom!! Chorei a rir.
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