terça-feira, outubro 05, 2021

Bem... se o Vai-Estudar-ó-Relvas apoia o Rangel... bem... então a conversa é outra...

 

Com os resultados das eleições, em especial com a conquista de Lisboa pelo Moedas, Rui Rio deu largas ao seu azedume e, em tom crispado e quase histérico, desatou a espadeirar não se percebeu bem contra quê ou contra quem. Ou seja, foi mais uma daquelas suas inconsequentes rixas contra incertos.

No entanto, consegue adivinhar-se o que lhe passou pela cabeça. 

As perspectivas de sair de cena a ganir, de rabo entre as pernas, não vieram a concretizar-se. E, acto contínuo, sem parar para pensar, resolveu pôr-se a cantar vitória. Pouco inteligente como é, não percebeu que não foi ele que ganhou: foi o Moedas. E, verdade seja dita, também não foi o Moedas que ganhou: foi o Medina que perdeu. Além disso, nada de grande foguetório pois o Medina perdeu por pouco. Se calhar, se, em Arroios, em vez da Margarida, dita A Gorda do Frágil, estivesse outra pessoa, a esta hora outro galo cantaria. É que ela não causou infecção apenas em Arroios, causou infecção no PS Lisboa (e, talvez, no PS em geral).

Mas no PSD a malta não é dada a grandes reflexões. É tudo muito pão-pão, queijo-queijo, mas na versão mais básica. São avessos a filosofias. 

Antes das eleições, os laparistas e demais esfomeados encheram-se de esperanças  achando que o PSD ia levar uma corrida em osso e que, por isso, o Rio se ia esbardalhar. E, sem grande tino, pensaram que branco é, galinha o põe e que, saindo o Rio, outro teria que para lá ir. Outro mais moderno, mais dado a causas fracturantes, mais amigo das novas causas. 

Mas nem quem pensou sabe bem o que querem dizer aquelas coisas nem quem se lembrou de escolher o Rangel pensou que o dito cujo, também conhecido por Galinha Cacarejante, não é propriamente conhecido por ser um moderno, amigo de causas fracturantes. Mas, lá está, com o espírito pragmático que por vezes os chicos-espertos têm, devem ter pensado: não é conhecido mas a gente põe o Daniel Oliveira (não o barbudo ex-BE mas o de 'o que dizem os seus olhos?'), a dar-lhe banho de fractura e ele sai de lá homossexual assumido e, de caminho, ainda o pomos a falar do célebre vídeo em que aparece a cambalear como o Vasco Santana em filme cómico. 

E vai o Rangel e foi. Desmiolado e ávido que só ele.

E logo o Expresso o levou ao colo anunciando alto e bom som que, afastadas as teias de aranha, o caminho para o conhecido rangélico trauliteiro estava aberto. Ôpá: temos novo líder, festejaram eles. Efe-erre-á, á, efe-erre-á, á, aleqüi-alequá, chiripita tá-tá tá-tá.

Mas nestas coisas, às vezes, o entusiasmo é prematuro. Ou seja, a cena dá para o torto, murcha antes de tempo. Isto é, puseram-no a cacarejar cedo demais. Acto falhado. Com o resultado em Lisboa, o coito saiu interrompido. E o Rio, lerdo que só ele, com o Moedas na lapela, com aquele seu ar de quem se sente permanentemente em vias de ser fornicado, pôs-se logo a cantar de galo.

Mas eis que os marioneteiros começam a sair da sombra dando mostras de não querer deitar já para o lixo o investimento feito na imagem arcoírica do Rangel. O primeiro a assumir-se foi o Relvas. Menino dado à política da laranja-podre, aos negócios dos quais pouco se sabe e às jogadas de bastidor, o grande Relvas começou de novo a movimentar-se. 

Deve andar por aí a conspirar, telemóvel sempre em acção, a sua célebre lista de contactos a escaldar, quiçá, por vezes, pelos bares da beira rio ali para os lados de Belém, a falar com o Láparo, com a Albuquerque dos Swaps e com outras magnas figuras do período mais bolsonarista da história política portuguesa recente. Anda a catar apoios como quem cata piolhos. 

Mas eu, que faço parte da turminha do baldinho de água fria, tenho uma coisa a dizer. 

Não lhe vai correr bem como, de resto, na política nunca nada lhe correu bem. Por onde passa, deixa no ar aquele seu azeiteiro perfume a esquema. Para um dia poder vir a ser bem sucedido, teria que descobrir alguém mais apresentável, mais credível, menos cacarejante, alguém com quem se possa estar à mesa sem receio que se ponha a meter os dedos no nariz. Ou seja, o Rangel não serve.

Temos pena, ó Relvas, ainda não é desta que vais conseguir lá meter um segundo láparo. Mas, olha lá, ó Relvas, porque é que desta vez não te chegas tu à frente? Essa é que era de homem. Vá, Relvas, coragem, avança.

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A 1ª e a 4ª imagens provieram, em tempos, do saudoso blog 'We have kaos in the garden'

As outras circulam por aí

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E até já!

6 comentários:

carlos proença disse...

Adoro ler ujm
Mais uma vez delirei 😂😂😂😂

aamgvieira disse...

Òptima na ironia.....deia estender-se também aos chamuxinhas do Manhoso......

Anónimo disse...

Como sempre, ótima análise! " Toujours" na "mouche"!
Abraço
Filo

Corvo Negro disse...

Olá UJM.
Tenho um prazer imenso em ler e delirar com textos como este. Simplesmente genial.
Abraço.
AV

Maria Santana disse...

Espetacular!

Anónimo disse...

Muito bom!! Chorei a rir.