segunda-feira, dezembro 16, 2019

Mais um passo a caminho do Natal.





Acabei de dar por concluída a fase mais complicada de um dos meus trabalhos recorrentes da época pré-natalícia: a escolha do best of relativamente às fotografias de 2019.  Estive nisto ontem à noite, logo a seguir a ter escrito o post e até às duas e meia da manhã. E hoje, desde que acabei as minhas lides domésticas, deviam ser cinco da tarde, até há pouco, já depois das dez da noite e, com um breve intervalo para um jantar ligeiro, estive também de volta da mesma obrigação. E disse obrigação sabendo que deveria ter dito devoção. Mas não, sinto-o como obrigação mesmo: imponho-me algumas obrigações mesmo que ninguém me peça. O meu marido, para tentar dissuadir-me, diz que as pessoas já devem temer levar outra vez com mais um monte de fotografias. Mas eu penso que ele não deve ter razão. Penso que talvez os destinatários das minhas oferendas gostem de recebê-las.


No entanto, digo-vos, é um pesadelo que não se deseja a ninguém. São milhares, milhares, milhares de fotografias para ver.  E só vejo as que são de grupo. Depois deste insano trabalho de horas, o best of ficou em 510. Tenho ideia que o ano passado passaram as 600. 

Agora, ao telefone com a minha filha, ela disse-me o óbvio: que, se eu fosse inteligente, de cada vez que fizesse fotografias de família, escolhia as melhores e colocava logo na pasta do best of. Também acho. Não há ano que, quando estou no meio deste suplício, não me vergaste mentalmente por ser tão burra. Claro que era isto que devia fazer. Claro que só uma burra, mil vezes burra, é despistada a este ponto e, chegada ao fim do ano, se presta a rever milhares de fotografias. Mas o drama é que, mal passo este calvário, se me varre a inteligente metodologia e, no ano seguinte, aqui estou outra vez com esta conversa. 

O meu marido, então, diz que eu agora devia reduzir as 510 a 100. Que nem eu pense em agora partir de uma base tão exagerada. Mas não é possível. Já deixei tantas tão bonitas para trás. 


Agora segue-se outra maçada: ver uma a uma, pensar a quem a dou e, em simultâneo, fazer uma lista com o número de cada uma e, à frente, escrever quantas de cada. 

Depois vem outra etapa que também é de chorar por mais: ir à Fnac e, quando chegar a minha vez, na aplicação self-service, anotar para cada uma, o número de exemplares. Para 510. Séculos de roda da máquina.

Seguidamente, há que ir buscar a caixa com elas.

Finalmente, cá em casa, separar os milhares de fotografias em conjuntos. 

Um castigo, uma insanidade, uma canseira.


No entanto, de tudo há o reverso e, neste caso, no meio da saturação, dei por mim a sorrir, a rir, a enternecer-me. Revi momentos bons, momentos de cumplicidade, de alegria e afecto familiar. Os meninos crescem ao longo do ano. Fazem palhaçadas, brincam, choram. Tão bom revê-los a todos. Mas não é só família: há também os amigos. Momentos de que já nem me lembrava. Tantas crianças. A casa cheia de crianças. Gosto de oferecer estes registos que ficam para memória futura.

Ainda há bocado, quando estava com a cabeça esvaída, pensei que bom, bom, era dar a faena já por concluída e oferecer uma pen. Mas sei bem que esse facilitismo não teria graça nenhuma. Os ficheiros no computador ou em pen perdem-se, os computadores avariam-se, as aplicações desactualizam-se e, às tantas, tudo se perde. E as fotografias em papel ficam. 


Quando a minha filha agora ligou validei a hipótese da pen: liminarmente não. Claro. Quando cá está, em especial com os filhos e sobrinhos, vai buscar os álbuns com as fotografias desde sempre e está de gosto a reviver. Lembra-se daquela roupa, lembra-se daquele dia, lembra-se do que disseram. Se não houvesse fotografias em papel, como seria? Claro que quando ela pequena não havia ainda o digital. Revelávamos os rolos, mandávamos imprimir as fotografias. Nessa altura fazíamos muitos... agora não estou a lembrar-me do nome. Não eram slides. Ou seriam slides? Mandávamos revelar na Alemanha. Tínhamos um projector. Aquilo ia passando. Essas não imprimimos e agora nem faço ideia nem de onde param essas caixas nem como faremos para as ver. O projector avariou-se, não se mandou arranjar, foi tecnologia que desapareceu. 

Bem. Adiante

Vou ver se ainda tenho cabeça para fazer um post como deve ser que este até a mim me cansa. 


As fotografias foram feitas este domingo de manhã. No outro dia que lá tínhamos ido passear apanhámos tanta chuva que nem deu para caminhar e ver e curtir. Hoje o tempo não estava bom mas também não estava mau de todo. Deu para andarmos na areia, junto à água, deu para sentir a maravilha da natureza. O nosso país é lindo todos os dias.

Ah, é verdade: também já comprámos quase todos os presentes. Apenas me faltam três ou quatro coisas. E também já comprei o bacalhau. Portanto, o dia, como se vê, foi dos bons.


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Até já

4 comentários:

Paulo B disse...

Lagoa de Albufeira?

Um Jeito Manso disse...

Olá Paulo,

Nem mais. Um lugar que (esquecendo algum caos urbanístico) ainda conserva esta beleza natural.

Conhece?

Paulo B disse...

Sim, claro. Sabe como sou um admirador da margem sul... Já andei aí de kayak, já fiz uma bela caminhada, observei aves e apanhei uns bons banhos de sol na praia. Mas já não visito faz uns aninhos.
Efetivamente, aquela mega urbanização lá ao lado é uma desgraça...

Boa semana!

Pôr do Sol disse...

Olá UJM,

Estou completamente de acordo consigo quanto a fotos e albuns.

O criativo de quem saiu a frase PARA MAIS TARDE RECORDAR foi muito feliz. Pena foi a empresa ter cavado a sua propria sepultura. Havia lojas Kodak por todo o lado até terem inventado as digitais. Não é a mesma coisa. E agora com os telemoveis acontece o mesmo. Poucas pessoas passam as fotos para o computador o que torna menos prático mostrá-las.

Tambem tenho por habito oferecer fotos, mas em calendarios. Adapto as fotos aos 12 meses. Normalmente fotos de encontros ou das netas. É um presente sempre bem recebido e eu gosto de gostar do que dou.

Um album fica para a vida. Quando recebemos amigos, muitas vezes depois da refeição falamos de alguem que ja não vemos há muito, ou que já cá não está, e recordamos momentos e situações felizes.

Agora, louvo o seu esforço, mas dar-lhe-à certamente muito gosto e a quem recebe também, pois já poucos imprimem fotos.

Assim, baixinho, nunca desejou uma impressora de fotos? Pode ser que o Pai Natal lhe ofereça.

Parabens pelo esforço e um beijinho.