Há coisas de que uma pessoa bem comportada supostamente não deve falar em sociedade. Nem sequer as donas dessas coisas. Faz de conta que têm em casa um bicho mal comportado, um bicho que lá foi parar nem se sabe como. Não se fala nele não vá os outros acharem mal.
Coisas. Digo eu. Coisas. Não sei como melhor dizer. Bicho, bicho não será. Flor acho que também não é. Apesar de haver flores que se lhe aparentam, pelo menos algumas flores inventadas por pintores. Mas flor não e bicho, se calhar, também não. Coisa, pois. Coisinha, para uns. Coisona para outros; ou às vezes. Não, coisona não, não me soa bem. As coisas têm que soar bem. Em especial, coisas assim, que foram feitas para o carinho.
Já uma vez aqui falei dela: yoni, a peónia desabrochada, o portão celestial, a origem do mundo. Já falei outras vezes, em especial do miraculoso botão: O meu é maior que o teu...?
Mas não sei muito dela.
Costumo dizer que quem vê caras, vê pilas. Isto nos homens, bem entendido. Não há duas iguais, digo eu. Basta ver a cara dos donos, digo eu. Melhor: intuo. Sou amiga do rigor científico: para fazer uma afirmação com rigor devo tê-la previamente submetido a experimentação para me certificar da sua veracidade. Ora não costumo mandar despir os cavalheiros com que me cruzo para me certificar da boa qualidade da minha teoria.
Mas isto sobre pilas.
Mas isto sobre pilas.
Porque das coisas que aqui falo não tenho teoria, não tenho intuição. Nunca tinha, sequer, pensado no tema.
Afinal fico agora a saber que é a mesma coisa: não haverá duas iguais. E, na volta, olha-se para a pinta da dona e adivinha-se a pinta da bicha.
Li o artigo no Guardian. Fiquei espantada com a variedade. Maior do que com as rosas. Rosa chá, rosa púrpura, rosa dobrada, rosa singela, rosa brava, rosa branca, rosa perfumada, rosa carnuda.
Li o artigo no Guardian. Fiquei espantada com a variedade. Maior do que com as rosas. Rosa chá, rosa púrpura, rosa dobrada, rosa singela, rosa brava, rosa branca, rosa perfumada, rosa carnuda.
Laura Dodsworth fotografou e entrevistou 100 vulvas e respectivas donas. Isto depois de se ter desforrado com 100 pénis e seus dôninhos. Pénis de novinhos, pénis de velhinhos, de robustos, de franzinos, de saudáveis, de doentes, pénis magrinhos, pénis reboludinhos, branquelas, pretões. De tudo. A normalidade é a diversidade. Nada de mais. Novidade mesmo é ser assim também com as vulvinhas. De novinhas, de velhinhas, de branquinhas, de pretinhas, de pétalas perfeitas, desfolhadas, fechadinhas, desenhadinhas, descaradas. De tudo.
Mostrando que ninguém deve esconder com vergonha de ser feio, a autora explica que normal é tudo. Não há feio nem bonito. Há diferente. Diferente uns dos outros, umas das outras. Uma das fotografias é a da autora mas não faz diferença. É de uma mulher que é mulher como todas as mulheres.
Tem razão a Isabel: não se deve generalizar. As mulheres não são todas iguais e ser diferente não é ser bom ou ser mau: é, apenas, ser o que é. Ponto.
As vulvas também não. E contam histórias. Embora geralmente sejam silenciosas, misteriosas, não gostam que se saiba dos seus segredos.
Mas eis senão quando o The Guardian volta à carga com: Why it matters to call external female genitalia ‘vulva’ not ‘vagina’
É que parece que um qualquer veio chamar a atenção para que não se deve dizer vulva mas, sim, vagina. Ora toda a gente lhe caíu em cima e bem: vagina é a interioridade, o canal que vai do exterior ao interior, ao passo que vulva é o rosto da dita boca do corpo, incluindo lábios, botão de rosa e as aberturas propriamente ditas.
Portanto, é de vulvas que a autora do livro de Laura trata. Tal como é de vulvas que Hilde Atalanta também se ocupa, pintando-as sem parar. Ou seja, não faz pinturas em cima de vulvas de verdade. Quero eu dizer que faz desenhos delas, pintando-as como se de florzinhas se tratassem. Uma graça.
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E, apesar de pouco ter dito, por hoje pouco mais tenho a dizer a não ser que quero acabar este post com o vídeo de uma exibição de uma ginasta excepcional a todos os níveis: não é levezinha, não é magrinha, não tem o típico corpo das atletas. Mas, apesar disso, é única. Já aqui falei dela: foi das melhores, foi-se abaixo, e, quando menos se podia esperar, ressurgiu.
Por estes dias voltou a arrancar um 10. Voa, salta, dança, ri. Um corpo elástico e jubiloso.
Por estes dias voltou a arrancar um 10. Voa, salta, dança, ri. Um corpo elástico e jubiloso.
Dedico estas imagens de graça, energia e superação a algumas das minhas Leitoras ou autoras de blogs que sigo: à JV, à Gina, à Isabel, à Bea, à Leonor, à Célia, à Isabel, à Ms Tree Lover, à Ana Vasconcelos, à Luísa B, à ~CC~, à Lucília, à Alice, à Teresa, à Olinda, à Penélope, à Yvette, à Helena, à Anabela, à Luísa, à Elvira, à Ana, à Graça, à Maria, à Eugénia, à Maria Sofia, à Mãe Preocupada, à Miss Smile, à Matéria dos Livros, à Flor, à Estela, à Ana de Amsterdão que espero que esteja bem, e a todas as outras de que, por sono, imperdoavelmente agora me esqueci.
Dedico também a todos os Leitores homens que gostam de mulheres. Os que gostam de homens ficam para outro dia que isto aqui hoje é mesmo na base do gineceu e dos que gostam de dele se acercar.
Katelyn Ohashi (UCLA) 2019 Floor vs Washington 10.0
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Um dia feliz a todos quantos por aqui passam.
9 comentários:
Boa noite e obrigada. Um abraço para si, UJM.
Luísa B.
Agradecida, caríssima UJM. Bem haja pela sua 'pouca-vergonha'.
Boa quarta-feira. Beijos.
Como diz o meu pai - "Ai o pi-pi".
Gostei da sua ode à normal diferença entre cada um, pelo contrário a anulação das diferenças é o apanágio da imaturidade.
Um abraço.
Bom dia, UJM.
Refira-se lá à coisa como bem entender. Vulva ou vagina, toda a gente sabe ao que se refere.
Eu, é que, assim como fui sincera quando lhe disse que saía daqui desnorteada, pelo seu speed na rapidez das postagens, assim devo dizer-lhe o quanto gostei desta publicação. Eu explico:
Não a visito diariamente, na verdade não, porém, de quando em vez algo me diz para cá vir e venho. Foi o caso d'hoje.
Aqui para nós, que ninguém nos ouve, fiquei abismada com a quantidade de pilas e vulvas que há. Todas iguais todas diferentes. E julgava eu que era tudo igual. Das pilas, eu, pobre de mim, (ou não) que em toda a minha já longa vida só vi uma, ao vivo, ( e a larguei, por ser um corrimão de escadas, fdp) digo-lhe uma coisa UJM, há coisas verdadeiramente horrorosas. Santo Deus, como é possível? Bem fazem muitas mulheres que optam pelo vibrador...
Quanto às vulvas, nem me vou alongar, mas só lhe digo; aproxime aqui o seu ouvido; fui a correr para a frente do espelho, baixei as calças, o colant e a cuequinha e ganhei o meu dia, este e os dias futuros...fiquei imensamente contente com a imagem que o espelho me devolveu. Ah, meu Deus, privilegiaste-me com uma coisa em bom, (aparentemente, claro) para quê? Enfim, valeu a satisfação da constatação!! :)
Escuso de lhe pedir que não publique isto, como sei que não atende os meus pedidos, olhe, que se lixe! A verdade é para ser dita...Até um dia destes.
Um abraço.
Quantas vezes me espanto, com a facilidade com que sai de si e o expressa tao abertamente, com tanta imaginação, criatividade, genuíno interesse pelo outro. Tão diferente do que sou, com tanta dificuldade em sair de mim...
Por isso a sigo com tanto gosto, agora na Cidade da Praia.
Um bom dia para si.
Luísa B.
Obrigada,UJM, honrada por me "ajuntar" num grupo de "fora da caixa" e por um pretexto tão nobre.Pachacha também me soa bem mas cona, cona, dito calmamente assim quando se chega mais tarde ao trabalho e perguntam onde fomos. -Fui mostrar a cona ao ginecologista. Aquilo anima logo a malta, exaurida já aquela hora da manhã. -principalmete se houver aquele colega cóni que não parte um prato. Um abraço,Lucília
Eu não sou assim tão fora da caixa...seria incapaz de chegar ao trabalho e dizer o mesmo que diz a Lucy. Eu nem apregoaria assim aos quatro ventos que tinha ido ao ginecologista, como também não apregoo se vou ao dentista ou ao médico de família...
Também não tenho nada contra estes posts, mas também confesso que não tenho nada a favor. Passo.
São maneiras de pensar e de encarar as coisas, talvez fruto da educação. Mas cada um é como é.
Mas agradeço a referência.
Beijinhos e continuação de boa semana:))
:))
Tenho um fraquinho por ilustração e achei bem interessante o projeto da Hilde Atalanta. Nunca tinha pensado desta forma (bonita, por sinal) de valorização da diferença.
E obrigada, UJM.
Devo dizer que não acho a peça em causa nada de especial, é uma parte do corpo com suas funções e a que estou grata como às restantes quase todas (a algumas não acho grande piada). Por mim pode ter dois nomes oficiais ou só um que petits noms e outros grandes e menos convenientes também se usam. Pode variar e acredito que varie mas pouco me interessam as variações. Serve para os efeitos? Sim? Pronto, é o que é preciso. E chame-se poeticamente ou de forma grosseira, seja científica ou alarve, bonita é que não é. Mas gostos são gostos e quem sou eu para discuti-los.
Um bom dia para si, UJM
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