sexta-feira, agosto 29, 2014

Fátima Campos Ferreira entrevistou António Costa: foi uma seca ou sou eu que ando a achar tudo uma seca?


O local não podia ser melhor. O Jardim Botânico de Lisboa é idílico, tens árvores majestosas, e não deve haver recanto no qual eu não tenha estado já a namorar.

De um varandim ao fundo, quando se entra pela Escola Politécnica, tem-se uma bela vista cobre a cidade. Depois o Jardim desnivela-se e vai-se desdobrando em pequenos jardins, lagos, esconderijos por ali abaixo até quase à Praça da Alegria, a dois passos da Avenida da Liberdade. Foi uma escolha inteligente: o Jardim Botânico é um locais mais belos de Lisboa.

Mas qualquer coisa naquela entrevista falhou. Não sei se foi o ritmo, entrecortado por apontamentos de reportagem ou fotográficos, se foram as perguntas, banais, hesitando entre o intimista e o político. António Costa esteve bem como sempre está, directo, sem rodriguinhos, mas a entrevistadora não puxou por ele, não foi consistente, a entrevista patinou em seco.

Do que António Costa disse não retive nada como sendo novo ou marcante. Já o conheço razoavelmente e as perguntas de Fátima Campos Ferreira também não saíram do terreno da banalidade. 

Acredito que, de entre as alternativas que se conhecem, António Costa é a pessoa mais apta para governar Portugal e acredito que introduza um registo de honestidade intelectual, de cosmopolitismo, de humanismo na política portuguesa que, nos últimos anos, tem estado entregue à bicharada - mas a minha opinião não se alterou nem se formou melhor a partir desta entrevista. Foi uma entrevista neutra, é isso.

De resto, achei graça ao termo que António Costa repetiu quando se referiu à actuação de António José Seguro: infantilidade. É o que eu acho. Há qualquer coisa de pueril, de patético, na forma como o Tozé Piu-Piu faz biquinho e faz queixinhas de Antónia Costa. De cada vez que fala, tentando armar-se em bom, mais o Tó-Zero se apouca, a gente acaba a ter pena da falta de estatura dele. Parece que o Totó encaixa bem é numa política à medida do Portugal dos Pequenitos, um país fragmentado em distritais e concelhias, um país em que as senhoras de idade o estreitam nos braços, em que ele ouve com ar pio as lamentações dos que se acercam dele. Podia ser um pároco de aldeia, um mestre escola de antigamente, o presidente da Junta. Pensava que o lugar de primeiro-Ministro lhe era devido e agora não aceita que alguém dispute a liderança. Ainda não percebeu que a vida é assim mesmo, um caminho em que os escolhos aparecem quando menos se espera, em que o destino não é o que as fadas anunciaram em sonhos. 


Temos pena.

E mais nada tenho a dizer a não ser que tomara que o Tozé passe à história e que o António Costa, o Babush de seu pai, não me desiluda.


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