O Instagram mostra-me coisas e geralmente gosto do que me mostra. Os algoritmos são bem concebidos, lá isso tenho que conceder. Por exemplo, ouço com atenção dicas sobre saúde, sobre alimentação, sobre exercício físico e já partilhei um ou dois vídeos com a família. E gosto muito de ver cortes de cabelo e transformações que quase parecem de personalidade só porque a pessoa mudou completamente de penteado ou de cor de cabelo. Quanto a decoração, jardinagem ou culinária isso nem se fala: vejo de gosto e aprendo sempre. Depois há os DIY (Do It Yourself) que me deixam fascinada mas que são tantos e tão variados que não consigo fixar um décimo do que vejo: truques para melhor dobrar e acondicionar roupa, para pintar, para transformar pequenos espaços em espaços multi-usos, para enfiar linha no buraco da agulha, para regar flores na nossa ausência, etc. E relatos de artistas que mostram como pintam, como incorporam outros materiais nas suas obras ou, simplesmente, que mostram os seus trabalhos.
Um mundo.
E dá ideia que meio mundo tem coisas a ensinar aos outros: três alimentos maravilhosos, três alimentos péssimos, três cremes fabulosos, três truques fantásticos para disfarçar a barriga, três regras de etiqueta para estar à mesa.
Vou navegando por ali e, como tenho dito, sem propósito. Não tenho nada para ensinar. Pego no telemóvel e digo a primeira coisa que me vem à cabeça. Digamos que são apontamentos, breves e irrelevantes testemunhos mas testemunhos de pensamentos ou coisas banais. Não sei se faz sentido. Penso nos recursos informáticos necessários para acondicionar, catalogar, tornar disponíveis a todo o mundo que queira ver coisas tão despropositadas. É como isto que aqui escrevo. São registos que ficam armazenados em servidores, que circulam pelas redes. Em qualquer parte do mundo a qualquer hora do dia, qualquer pessoa pode ver o que faço. E, no entanto, o que faço é totalmente irrelevante. Mas, se calhar, a vida é mesmo assim, uma sucessão de eventos, uns dignos de ficarem para a história e outros assim, banais, irrelevantes.
No meio do que me aparece tenho conhecido personagens cuja existência desconhecia em absoluto e que agora vejo na boa. Destaco três.
Um, o Theodoro, é um influencier brasileiro com mais de cinco milhões de seguidores, que tem recebido prémios e tem sido capa de revista. Acho-lhe piada. É extrovertido, alegre, bem disposto. Mostra-se com o marido, com os pais, com as tias, pessoas humildes, mostra o cão. Claro que não acrescenta nada de extraordinariamente existencial ao mundo. Mas, sendo um jovem gay e que é tão bem aceite pela família e pela sociedade, julgo que isso é importante, sobretudo para que os mais preconceituosos percebam que a homossexualidade não é uma opção, é uma orientação, e não é uma limitação nem uma menorização. Ninguém tem direito a ser mais ou menos feliz por ser ou deixar de ser hetero ou homossexual.
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