quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Ser do contra
- A palavra ao meu marido -

 

O pessoal que afirma ir votar no Chega aponta dois motivos principais: "é contra isto tudo" e "isto está cada vez pior". E o mais grave é que estes dois argumentos tanto são apontados por quem não tem um baixíssimo nível de educação como por quem frequenta graus elevados de ensino e/ou é licenciado. Eu sei que um grau universitário não é sinónimo de formação, numa perspetiva de educação e conhecimento, mas, pelo menos, deveria ser suficiente para permitir distinguir  a verdade da mentira  e o razoável do impossível.

Os dois motivos apontadas para votarem no Chega resultam do consumo constante e quase exclusivo da informação partilhada pelas redes sociais que transmitem até à exaustão notícias falsas "plantadas" por quem tem interesse em promover ideias populistas, demagógicas e xenófobas.  Mas resultam também da promoção permanente pelas  televisões do "isto está tudo mal e pior que nunca". E, de facto, é mentira. Se os órgãos de comunicação social se preocupassem em fazer análises corretas dos indicadores de Portugal, constatariam que, ao contrário do que propagam, o País está muito melhor do que há 10 ou 20 anos. Mas, parece que o objetivo dos jornalistas e dos comentadores, sabe-se lá porquê, é apoucar-nos como Povo e como País. 

Mesmo quando se fala em corrupção, os relatórios internacionais situam-nos mais ou menos no meio dos Países da Europa e não como "reis" da corrupção como se quer fazer crer. Países com regimes autocráticos como a Hungria são, no referido relatório, classificados como muito mais corruptos do que nós. Algum órgão de comunicação social relevou esta comparação? 

As ações e intervenções do Prof. Marcelo também contribuíram significativamente para o "isto está cada vez pior". Esteve sempre pronto para, explicita ou sub-repticiamente, dar argumentos que fortaleceram este sentimento de que o Governo faz sobretudo coisas mal feitas pelo que isto está "cada vez pior". E, no entanto, crescemos 2,3% em 2023 o que nos compara muito bem com o resto da Europa. Ontem, nos noticiários que vi, a relevância que deram a esta notícia foi zero, embora, este crescimento seja muito relevante.

Mais dois pontos que gostaria de referir e que posso enquadrar neste tema. 

  • Os "profs" que, sempre que há um governo do PS, protestam que nem uns danados (recordo-me que, no tempo da troika, quando tiveram os cortes nem abriram a boca) faltam mais de dois milhões de dias por ano. E os sindicatos, aparentemente sempre tão preocupados com  a qualidade do ensino, não comentam? Ninguém fez mais para acabar com a escola pública do que os sindicatos dos professores e o seu guru Mário Nogueira. O que fizeram também foi um contributo para o "isto está cada vez pior". 

  • Os arguidos da Madeira foram detidos há uma semana e ontem ainda não tinham sido ouvidos. É mau de mais! A Justiça é de fato uma área que funciona mal e em que é preciso fazer alterações. Mas não são o tipo de alterações que os populistas querem. Curiosamente (ou não) nem sequer ouvimos o Prof. Marcelo, sempre tão interveniente, a falar nisso.

3 comentários:

António Ferreira disse...

Completamente de acordo com tudo o que diz.

ccastanho disse...

Caro Senhor.
Estou de acordo. Subscrevo.

Mas há que desmistificar este medo com a extrema direita, como Chega e IL. Estes partidos, têm feito parte da "bolsa marsupial" do PSD ao longo da democracia. O PSD tem estes filhos à mesa, há quase cinquenta anos desde Abril. O PSD andou disfarçado de social democrata, quando maioritariamente, era barriga de aluguer de uma direita fascizante envergonhada dentro do armário deste partido.

A ascensão do Chega e IL, e o enfraquecimento do PSD, é só um problema para a direita. A esquerda, nada tem a ver com esta divisão partidária. Não vejo a grande preocupação que existe em sectores da esquerda, com a ascensão do chega e IL. Quem vota agora nestes partidos, são os que votaram sempre no PSD e CDS, eu conheço pessoas que votam "Chega" são os mesmos, que votaram a vida inteira na direita, entre eles por exemplo, os profs, agentes da autoridade, que votaram sempre no PSD ou CDS. Se agora votarem no Chega e IL, o ´valor do voto em percentagem é o mesmo, os partidos onde votam é que é diferente. Digo eu.

Um Jeito Manso disse...

Em nome do meu marido agradeço os vossos comentários.

Em relação ao comentário do Caro Ccastanho, diz-me o meu marido que não lhe parece que seja exactamente assim e eu concordo com ele. Por isso escrevi o post de hoje em que mostro como tanto dizem que vão votar no Chega os de direita como os de esquerda. É a malta do 'bota abaixo', geralmente mal informados, desinteressados, gente que vai na cantiga uma da outra (ora, como se sabe, há muita gente assim)