sábado, dezembro 02, 2023

Contra as nuvens negras que ensombram os meus dias, nada como ter a família à mesa e ver a boa disposição de todos

 

O meu dia foi bom embora haja uma permanente nuvem a ensombrar-me. 

Dizem-me que parece que não estou bem e que nitidamente não estou a conseguir gerir esta situação. E que parece que ainda não percebi que, havendo gente competente a geri-la, tenho que confiar e aprender a desligar. Compreendo pois eu própria poderia dar esse conselho a pessoas que estivessem a viver o mesmo que eu. Mas há uma angústia que me estrangula. Os próprios meninos, que já compreendem o que se passa, me aconselham a aceitar que nem tudo está nas minhas mãos e que este é um dos casos em que eu não posso fazer mais do que faço.

Mas, enfim, não vale a pena continuar para aqui a chover no molhado. 

Demorei a começar a escrever pois não sabia do que falar a não ser disto. Estarei pirada, como a minha filha me diz? Estou passada como o meu marido me diz? Em loop como o meu filho me diz?

Se calhar.

Vou tentar falar de outra coisa. De como foi o meu dia.

De manhã, eu, o meu marido e o urso cabeludo, fomos passear para a praia. De lá trouxemos o almoço constituído sobretudo por sushi, coisa que os meninos muito apreciam. 

Do lado do meu filho estão a passar o fim de semana prolongado no Alentejo com cunhados e primos de um dos lados, quase trinta. Recebemos fotografias, um tocando viola, vários cantando, todos em volta de uma fogueira no exterior. Imagino os meus meninos, entre os muitos primos de um dos lados da mãe, todos felizes da vida. Antes de irem, o mano do meio foi ao barbeiro e ficou com um corte futebolístico, giraço. Na véspera, ele, a mana e a mãe tinham ido ver a Carolina Deslandes. A minha menina linda foi produzida à maneira, coquette até à décima casa. O mais novo ficou em casa com o pai.

Do lado da minha filha estiveram cá e, como disse acima, de tarde a minha filha esteve com a avó. Os rapazes jogaram basket, viram televisão e, em especial o mais velho, prometeu que logo estudava quando chegasse a casa. Como sempre, comeram como uns lobos deixando-me sempre perplexa com o fenómeno que é ingerirem brutais quantidades de comida e continuarem magros e esbeltos. Mesmo logo a seguir, quando se levantam da mesa, não se percebe para onde foi a comida pois não há vestígio de nada, um estômago mais proeminente, qualquer sinal de armazém repleto. Nada. Como treinam futebol quase todos os dias, já a sério, federados, e têm jogos e, no intervalo, jogam com os amigos ou praticam basquetebol, o corpo requer certamente a reposição de todas as calorias que o desporto lhes consome.

O mais novo, o dos doze, já está da minha altura ou um ou dois dedos mais que eu. E o mais velho, o de quinze, já está indecentemente mais alto que eu. E bonitos que dão gosto. E divertidos. 

E, pronto, é isto. 

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Desejo-vos um bom sábado

Saúde. Boa disposição. Paz.

2 comentários:

Pôr do Sol disse...

E haverá maior felicidade que essa de ver a descendência crescer forte, sensivel e saudável? Estar acompanhada dos que a amam?

Por aqui, as crianças tambem crescem quase de um dia para o outro. A mais velha, nos seus 16 anos já se curva para me abraçar. Brinca com o avô dizendo que já ultrapassou o seu nariz. Fisicamente está uma mulher linda e elegante. Mas como adolescente ainda não sabe que alinha seguir. Desiludiu-se com os primeiros contactos com o Direito e a medicina (que nos dava jeito),não a seduz. Por vezes diz que com o mundo a caminhar para a loucura, a decisão será a area das psis. A outra completamente diferente, pragmatica, despachada, mais virada para o desporto, todos. Exigente com a roupa, prefere andar pratica e confortavel que bonita e coquete, veremos se dará a volta.

Neste mundo tão controverso, temos de nos inspirar no que de bom ainda temos para o enfrentarmos fortes e equilibrados.

Querida Um Jeito manso, pense em si e nos seus para quem é tão importante. Cuide-se nem que para isso procure ajuda especializada.

Pela ordem normal da vida, assim ou de outro modo, temos de dizer adeus aos mais velhos embora custe demais.

Perdoe me se fui longe demais, mas acredite diria o mesmo à maior e mais intima amiga.

.

Um Jeito Manso disse...

Querida Pôr do Sol

Não foi longe de mais, não. Eu também falaria assim com a minha melhor amiga. Mas, na realidade, não é fácil e parece que ainda é menos quando não percebemos o que se passa, quando não sabemos como agir para melhorar as coisas, quando todos os dias há 'casos' para nos preocuparmos, quando parece que estamos sempre em situação de emergência.

Mas talvez eu consiga encontrar o ponto de equilíbrio para lidar com a situação. Senão, se calhar terei que arranjar quem me ensine a encontrar forma de não me deixar afundar.

Gostei de saber das suas meninas, crescidas, com a personalidade delas, a descobrirem os passos que as levarão pelos caminhos da vida.

Na área das psicologias e afins não faltará trabalho à que equaciona a sua vocação, pelo contrário, cada vez há mais a noção de que a saúde mental é fundamental à qualidade da vida. E na área do desporto, para a outra, também não faltará trabalho pois é outra área para a qual toda a gente está cada vez mais sensibilizada para a necessidade de praticar exercício físico. É preciso que venham a gostar do que fazem, que se sintam motivadas e felizes.

E mil vezes obrigada pelas suas palavras sempre tão ajustadas, sempre tão oportunas e francas.

Um abraço agradecido, querida Sol Nascente.