Nada a fazer, as coisas são o que são. Há alturas em que não dá para fazer o que se quer, como se quer, quando se quer, pois a urgência dos factos fala mais alto.
Portanto foi mais um dia em grande parte fora de casa, parte do qual a ter que conviver e fazer conversa com quem não estou nem aí, e a estar de boa cara pois as pessoas genuinamente fazem por bem e há que corresponder.
E esta quarta-feira vai ser outro dia atípico, em grande parte fora de casa.
Estou num hotel onde decorre um encontro do Grupo e dou por mim e as peças de roupa que trago vestidas e que tinha vestido à pressa e com pouca luz não condizem entre si. É tudo em verde mas tons díspares, um é verde dourado, o que prefiro, outro é verde quase garrafa, as meias ou os sapatos, não me lembro, num tom quase alface. Vejo-me ridícula e decido que tenho que me trocar. Mas as malas já não estão no quarto. Ando aflita a correr sala após sala e não as descubro. Passo pela sala onde se serve o pequeno almoço, e eu cheia de fome e sem tempo para comer. Quando finalmente as descubro, mal consigo abrir a mala de tão ceia que está. Depois consigo tirar a roupa lá de dentro mas o resto vem atrás, depois a mala não fecha. Vejo as horas e vejo que o autocarro está quase a partir. Resolvo mudar-me ali mesmo, em frente às pessoas, e sinto imensa vergonha mas tem que ser. Depois a roupa que visto está húmida ou então sou eu que mão me limpei bem e a roupa não escorrega na minha pele, fica presa. Eu puxo, puxo, o tempo passa e eu naquela aflição.
Parecia eu que adivinhava o que estava para vir.
Mas, pensando bem, as coisas estão melhores do que estavam faz esta quarta-feira uma semana. Por isso, bola para a frente.
Tenho muitas coisas para fazer e muita vontade de fazê-las. E sou optimista e tenho esperança que as coisas acalmem e normalizem.
Até lá é aquilo que já se sabe: keep calm and carry on
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E, creio que pressentindo que tenho esta vontade de ter tempo para conseguir rever o meu 'livro', mas rever com olhos de ver, com sentido crítico e distanciamento, o meu amigo algoritmo apareceu-me com um vídeos de uma escritora que muito aprecio: a nascida na Ucrânia Clarice Lispector. Não será estreia aqui no pedaço mas é sempre um prazer.
Entrevista com Clarice Lispector
(feita alguns meses antes de morrer)
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