sábado, junho 12, 2021

Muito bom.
(Se bem que, se eles se enganassem, capaz de ser ainda melhor...)

 

Mais um dia tranquilo. Não poderei dizer que foi um absoluto dolce far niente mas não esteve muito longe disso.

Concentrei o grosso da coluna na parte da manhã para ter a tarde mais aliviada e, de tarde, concentrei o sobrante na recta final. Portanto, in between, teve-se bem.  

Os dias assim são um regalo. O tempo bom, os pássaros cada vez mais atrevidos, chegando-se a nós como se já tivessem perdido o pudor. E a companhia foi boa. A trabalho -- mas, assim, o trabalho até parece leveza. Estivemos na maior tranquilidade entre o verde e as flores, ouvindo os passarinhos. 

Claro que dizer que o tempo passa a correr é um déjà vu que já não se aguenta. Mas a verdade é que, não sei como, passou uma semana. Faz uma semana. Faz uma semana que passei a noite fora. E, por um fenómeno que quase se confunde com jet lag, dir-se-ia que, ao mesmo tempo, passou um mês. A elasticidade do tempo é surpreendente. Tento perceber como passou esta semana e não sei dizê-lo. Parece que não estive integralmente dentro de todos os dias. Não sei explicar.

O que sei é que aqui estou, reclinada no sofá, entre almofadas. À noite, aqui me deixo estar a ler, aqui me deixo estar a escrever ou a ver vídeos, a ouvir música. É um ninho.


O que sei é que parece até que estive fora durante um indefinido hiato de tempo. Ao ouvir as notícias dei-me conta de que uma variante ganhou terreno, a variante Delta. Nunca de tal tinha ouvido falar. E o jornalista dizia: está a ganhar terreno à Alfa. Também desconhecia que houvesse uma variante Alfa. Nem dei conta da Beta nem da Gama mas presumo que tenham existido porque, desde que o tempo é tempo, para se ir de Alpha para Delta, se passa por Beta e por Gama. No meu tempo eram a do Reino Unido, a do Brasil, a da África do Sul. Ainda há dias se falava da variante da Índia e da nepalesa. Agora, como se tivesse passado muito tempo, tudo isto desapareceu e há uma nova nomenclatura. Nem sei se o próprio corona deixou de ser chinês.

Portanto, não posso dizer mais nada. Na volta, aconteceram mais coisas estranhas e eu não sei de nada. Tenho, pois, que me reduzir à minha total insignificância. Vejo vídeos. Distraio-me.

Este aqui abaixo ganhou hoje a minha medalha: tem a graciosidade do pezinho de dança, a alegria da brejeirice anunciada, a malícia adivinhada. E os gritinhos assustados e desejosos das duas beldades que tapam a boca, que fingem que querem tapar o olhar, que querem que sim, que querem que não -- tudo perfeito. 

E eu, aqui aninhada, sorrindo, querendo que sim, querendo que sim... Mas, afinal, o vídeo acabou e ups... afinal não, afinal não...

Les Beaux Frères 


Vou ver com mais atenção a ver se é como o cruzar e descruzar de pernas da Sharon em que, apurando a vista e pondo a imaginação a trabalhar, se vê o que antes nunca tinha sido visto.

E, não sei porquê, até me lembrei do chega-chega-ó-minha-agulha


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A pintura é de Lexis Marie Jordan

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Desejo-vos um sábado feliz

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