quinta-feira, março 04, 2021

Paulina e Ric, a bela e o monstro ou uma história de amor e dinheiro

 

Só a conhecia de vista e, para dizer a verdade, já me tinha esquecido da sua existência. Não era a única naquela altura. Havia várias, todas fantásticas. Ia aparecendo mas não fazia parte das super cinco pelo que nunca lhe prestei muita atenção. 

Hoje apareceu-me um vídeo com ela. Tem agora cabelo grisalho e como, segundo diz, nunca foi operada ou, melhor, intervencionada, tem também algumas rugas e uma certa flacidez é também já evidente no seu belo rosto. As marcas do tempo não avançam apenas sobre as mulheres normais. Avançam sobre toda a gente. Por vezes, avançam de forma mais generosa, outras de forma mais inclemente. Fui ver a sua idade. Pois. Como haveria de estar ainda igual àquela jovem esbelta que me fazia lembrar a minha grande amiga Sílvia? Cabelo liso, nariz estreito e bem desenhado, lábios perfeitos. Era assim -- e ainda é, só que, agora, com a erosão que muita vida vivida fez nela. Num dos vídeos ela diz que ainda bem que está assim, com idade: significa que ainda não morreu. Exacto.

Depois de ver o vídeo fui informar-me. Ganhou milhões, foi capa de muitas revistas. E, como aconteceu com a minha amiga Sílvia, também ela caiu de amores como se não houvesse outros homens à superfície da terra, como se nunca tivesse havido paixão igual à dela, como se aquele homem fosse o mais belo, o mais amoroso, o único. Ou seja, sem pensar duas vezes, apaixonou-se por um homem mais velho e, como tantas vezes acontece às mulheres bonitas, com um homem que fisicamente não valia um caracol. Olha-se para a criatura e uma pessoa não percebe o que é que uma jovem tão bela e tão bem sucedida viu naquela coisa. Talvez fosse inteligente ou qualquer coisa mas, francamente, para o meu gosto até dói. Mas, enfim, as lentes do amor às vezes distorcem as imagens. E não me refiro apenas ao aspecto físico. 

Contudo, ao ter constatado o que lhe aconteceu depois de trinta e cinco anos de vida em conjunto, acredito que já caiu na real e que já mil vezes terá pensado: quem me mandou a mim embeiçar-me por uma tal estafermo? 

Ou não. Sabe-se lá. Segundo lhe ouvi, ainda não sabe se ele fez o que fez por pura maldade ou se por acto irreflectido.  

O que aconteceu, segundo ela conta, foi isto: nunca quis saber de gerir o seu próprio dinheiro, milhões. Confiava que ele, homem, mais velho, apaixonado por ela, trataria bem de tudo.

Até que todo esse tempo depois, trinta e cinco anos, separaram-se mas, porque, segundo ela diz, não imaginava a sua vida sem ele, continuaram a viver juntos. E a vida continuou normal. Começaram a tratar do divórcio. Mas sempre a viverem juntos. Até que ele adoeceu e, um dia, estranhando ele não se ter levantado, foi ver o que se passava. E deu com ele, morto. 

E aí a vida dela desabou. Ao terem decidido separar-se ele tinha feito testamento e, nesse testamento, ele deserdou-a. A razão terá sido que ela o tinha abandonado. Ela diz que nunca o abandonou, até porque ficaram a viver juntos até ao fim da vida dele e que o que aconteceu foi que, simplesmente, o casamento já não tinha significado. 

O que sucedeu, então, depois de ter ficado viúva? O óbvio: não tendo conta em seu nome, ela viu-se sem dinheiro. Teve que vender a casa em que tinha vivido toda a vida e, enquanto não se desfez dos seus haveres, viveu mal, viveu da generosidade alheia.

Agora, segundo percebo, está a refazer a sua vida. Mostra-se descomplexada, espontânea, bem humorada. 

E tem explicado, alto e bom som, que o que fez foi pura estupidez: pensava que amor e dinheiro não se misturavam, achava que estabelecer regras sobre o dinheiro era coisa pouco romântica. Achava que querer acautelar a sua situação poderia ser visto como mostrar ao marido, Ric Ocasek, membro dos The Cars, que desconfiava dele ou que tencionava deixá-lo. Não quis que ele sequer pudesse suspeitar de coisa tão infundamentada. Confiou que a união entre ambos seria para sempre. Confiou que jamais haveria problema. Acreditou que confiança era sinónimo de não ser preciso precaver-se. 

A gente pensa que burrice assim só acontece com gente burra. Mas não. Pelo que vê, burrice acontece com toda a gente. Uma mulher bem sucedida deixar que o dinheiro que ganha seja integralmente gerido pelo marido, que vá para a conta do marido e que dessa conta ele faça o que quiser é coisa que não lembra ao careca. Mas lembrou à bela Paulina Porizkova.

Se o que ela agora tem contado pode servir de aprendizagem a algumas incautas mulheres só é de louvar que fale.

E eu que, aqui enfiada em casa, pouco tenho que contar e que das notícias pouco vejo que me mereça proseado nocturno, aqui deixo nota de tema que, apesar de poder parecer coisa de antanho, é bem capaz de ser coisa que ainda acontece nestes dias de hoje, dias não menos estúpidos do que quaisquer outros.

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Paulina e o orgulho na sua idade. 

Aos 55 anos despe-se para apoiar Elizabeth Hurley que foi criticada por posar quase nua aos 55 anos. E, como a bela Liz, também Paulina foi criticada. As redes sociais caíram-lhe em cima a pés juntos. Diz ela: nunca me criticaram por me despir para as câmaras quando era nova, agora todos me criticam. E sorri, orgulhosa do seu corpo.

E dá conselhos sobre como bem aceitar a idade que se tem


Um dia feliz a todos, novos ou velhos, feios ou bonitos.


2 comentários:

Estevão disse...

Se é como dizem, que a relação das pessoas com o dinheiro revela a sua relação com os afectos, então a madame entregou-se ao falecido perdidamente. E na fotografia junto à cama, até parece ter genes de Centauro.
Se ainda lhe falta o guito, que não lhe falte o sexo, A um e a outro só se dá valor quando não se tem.

Um Jeito Manso disse...

Olá Amofinado,

Tem razão, nem tinha reparado, é mesmo.

A Paulina é bela, é simpática, está habituada aos holofotes e sempre que uma câmara a fotografa ou filma, muita gente gosta de ver. Por isso, há-de voltar a ter uma vida feliz e despreocupada, com tudo aquilo a que tem direito.

Um dia feliz, Amofinado.