domingo, fevereiro 28, 2021

Tem um equívoco olhar de brandura astuciosa

 


Que se ilumine a beleza!

Digo
à flor da beleza

Que se iluminem
os pulsos
estreitos e muito pálidos

       daquelas que voam


Como eu queria
sem ter fim
entregar-me à densa Lua

submersa e encoberta
envolta pelo seu manto

perdida de mim
turvada
onde a chuva desamada

se transforma
no meu pranto

docemente
envenenada
pelo jasmim e o espanto
 

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Os poemas Iluminação e O manto da lua que acima transcrevi e Flor receosa de onde extraí o título deste post pertencem a Estranhezas de Maria Teresa Horta, livro que lhe valeu o Prémio Casino da Póvoa atribuído na 22.ª edição do festival Correntes d’Escritas.

O jasmim foi fotografado hoje, aqui em casa. Está perfumado de dar gosto. Hoje encostei-me ao muro, entre dois tufos, e ali fiquei em estado de inebriamento, deixando que o tempo pousasse suavemente em mim, presa deste tempo sem fronteiras, rendida ao prazer de estar e ser. 

A violinista Mari Samuelsen interpreta Timelapse.


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