quarta-feira, março 06, 2019

Potpourri com a cataplana do Costa na casa da Cristina Ferreira, com bochechas e queixadas à mistura e com a saltitona Katelyn Ohashi a mostrar o que é a alegria absoluta





Gostava de contar todas as minudências do meu dia mas acredito que seja fastidioso para quem me lê.  Tudo muito mais do mesmo e, como sempre, nada de relevante.


Conto apenas por alto que desbastei uma árvore grande que está num dos lados do caminho que vem do portão grande. Não sei que árvore é aquela, não é azinheira nem é aroeira. É uma árvore muito linda e tem uma madeira amarela que, quando cortada, cheira muito bem. No fim, estava no chão um mega monte de ramos que arrastei com esforço lá para baixo. Quem veja e não saiba, nem vai perceber o grau de desrame que a árvore sofreu: continua armada e sombrejante como se não tivesse passado por toda aquela amputação. Também continuei com ancinho e vassoura a apanhar bolotas, folhas, terra, musgos e restinhos de cenas que, tudo junto, voltou a dar mais um montão de carrinhos de mão. Também varri, lavei e limpei a casa por dentro. E, para além de peixe cozido para o almoço, cozinhei queixadas de porco no forno com orégãos, alecrim e mel e bochechas, também de porco, estufadas. Para acompanhar, arroz de cenoura feito com o caldo do estufado. E isto trouxe para jantarmos em casa da minha filha. Rever os meus amores, estar na conversa, é das coisas boas da minha vida. Estão grandes os meninos, brincalhões, felizes da vida. Viemos de lá relativamente cedo porque o meu marido anda com dores no pescoço e, às tantas, fica impaciente e, além do mais, tínhamos coisas para arrumar e, segundo decretou, 'estamos a precisar de descansar'.


E é verdade. Foram uns belos dias in heaven mas em que trabalhámos de sol a sol. Intercalei apenas por volta do meio dia para ver o António Costa com a mulher, os filhos e a nora no programa da Cristina Ferreira. Muito bem todos, uma família simpatiquíssima, tudo gente boa onda. Todos bem... excepto a Cristina Ferreira. E o excepto tem a ver com aquele excesso, aqueles gritos, aquela gargalhada insuportável, aquela maneira histriónica de ser e de se vestir, aquela maneira absurda de se pôr de perna aberta quando está de pé a falar com alguém, aquela parvoíce que aparece a todo o momento como, por exemplo, ao tirar os sapatos e pôr-se de chinelos, supostamente para ir almoçar. Não há dúvida que bate a concorrência aos pontos mas, como nunca vejo televisão de manhã, não consigo estabelecer paralelismos. Provavelmente os outros, nos outros canais, são mais sóbrios e a malta gosta é de chinfrim, de baderna e de fofoca. Do que percebo, a grande aposta da Cristina Ferreira é devassar a vida privada das figuras públicas. Ora isso apela ao voyeurismo de que toda a gente padece um bocadinho. No fundo, no fundo, é a decadência.


Confesso que, na véspera, ao ouvir que o Costa lá ia, temi o pior. Pensei: não me digam que vai sujeitar-se àquelas perguntas que apelam ao sentimentalismo, à lágrima. Se ceder a essa piroseira vai ter-me à perna, ah vai, vai. Mas não senhor, manteve-se no seu registo de boa onda e depois concentrou-se na cataplana, foi respondendo com a leveza típica de quem vai conversando enquanto faz a comida e deixou a Cristina a fazer a festa com o resto da família. Gostei de vê-lo, na boa, com a sua alegre Fernanda, com o filho que é outro simpático e as duas meninas, bonitas e sorridentes. Portanto, por esta passa. E se aquilo chega a casa de um milhão de pessoas pois, muito bem. Manteve a dignidade, não disse nada que envergonhasse aqueles que o apoiam. Portanto, adiante. 


Tirando isso, só sei que daqui a nada estou de volta ao trabalho e que nem tão cedo volta a haver feriados e isso não é ideia especialmente inspiradora. Também sei que tenho alguns assuntos de que gostava de falar aqui (e um foi-me agora enviado pelo P, a quem muito agradeço) mas requerem alguma concentração e, a esta hora, não tenho neurónios acordados em número suficiente. Também sei que, neste momento chove que deus a dá, sopra o vento com intensidade, atirando fortes bátegas de água contra a janela -- e esse som é outro que me agrada. 


Como sempre faço, abro o Youtube, preguiçosa de ir à procura, passiva, curiosa de ver o que o safado do algoritmo resolveu escolher para me mostrar. E, uma vez mais, ele acertou. Tinha, logo em primeiro lugar, mais um extraordinário desempenho da mocinha reboludinha, pequeninha, elástica, risonha: Katelyn Ohashi. É humana, mulher e, no entanto, parece uma boneca saltitona, um pássaro maroto, alguém muito diferente dos outros humanos. Vê-se e pasma-se. Como é possível?



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Como continuo tomada pela indolência, em vez de ir escolher fotografias feitas por mim e para fazer jus ao potpourri do título, fui buscar a companhia de uma malta dada ao surrealismo, a saber, respectivamente, Roberto Matta, Wolfgang Lettl, Paul Klee, Salvador Dali, Wolfgang Lettl e Jindřich Štyrský. Para companhia musical: Malena de Ennio Morricone. Tá-se bem.

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E agora já ia desejar uma boa semana a começar por ... quando dei por mim a acordar a tempo de ver que onde é que já lá vai a segunda-feira. Thanks god já é quarta-feira. Mas que seja tudo bom na mesma, ora essa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito me ri com as suas observações sobre a Cristina!
Quanto ao Costa PM, goste-se ou não dele, agora não está em causa isso, é um tipo com pele de crocodilo, nem a dormir alguém o apanha distraído!
Faz-me lembrar um velho advogado com quem eu estagiava, há uns anos, e que um dia me disse (a propósito de um julgamento em que se confrontou com um colectivo de juízes e um procurador, todos experientes e sabidos, capazes de perceber qualquer artimanha a usar pelo velho advogado, que mesmo assim acabou por levar a melhor): "olha lá o rapaz, tu sabes de que côr é o meu rabo?" Dizia isto enquanto descia as escadas do velho tribunal da Boa-Hora, ali perto do Chiado. Tempos idos! (A Valentim de Carvalho, sempre que havia um processo de crime, famoso, uma vez conhecida a sentença, punha uma música em alta voz a tocar e a malta que saía dali do Tribunal, ou passava na rua, ria com gosto!)
Eu olhei para ele, sem perceber o significado da coisa e meio confuso, lá respondi: "bom, Dr. não sei, nem quero saber!"
O homem riu-se, um riso sarcástico, e puxando de um charuto, levantando o sobrolho, atirou então, olhando-me: "é azul, como os cus dos macacos babuínos! Já tenho o rabo coçado como aqueles gajos! Nem a dormir um magistrado me leva a melhor! Ainda tens muito a aprender rapaz, mas com tempo vais lá!" E depois de uma palmada nas costas, convidou-me para almoçar com ele (ainda hoje me lembro do que comemos: cabeça de pescada! E ele, pegava nos olhitos do peixe, deitava-lhes pimenta e comia-os com enorme prazer!). E ali foi-me explicando as suas intervenções e "imprecações" ("tudo cenário, rapaz, faz parte da atitude que cultivo com vista a obter o melhor resultado, a fim de ganhar a causa. A mim não me interessa se se fez Justiça, interessa-me ganhar a causa. Fazer Justiça é responsabilidade dos Tribunais, a nós advogados compete-nos defender quem nos paga! E para mim vale tudo como por exemplo confundir as testemunhas por forma a desacreditá-las em julgamento e ganhar o processo. É feio? É mercenário? Então rapaz não sigas a carreira de advogado. Isto não é profissão para betos, mas para para babuínos, como eu!"). Não creio que na realidade ele fosse mesmo assim, mas gostava que acreditávamos nisso. Ou se calhar era mesmo. Mas, o que registo e recordo, a propósito de António Costa é que acho que ele tem a cu da mesma côr do tal advogado. Isto no bom sentido, nada de ser crítico. A. C. come políticos e Oposição ao pequeno-almoço e ou a malta não percebe isto, ou lixa-se e ele ganha confortavelmente as eleições! E põe no bolso o resto da rapaziada!
Abraço, UJM! E mantenha esse seu humor!
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Ser advogado, em algumas áreas, deve ser um desafio, um teatro, uma coisa altamente estimulante. Noutras áreas, deve ser um bocado monótono. Mas acredito que para o que refere seja preciso 'calo', tarimba.

Quanto ao António Costa tem algumas coisas que, conjugadas, o tornam quase imbatível: inteligência, culto, com bom feitio e excelente humor. Nele a conversa e o entendimento das coisas flui, de forma muito espontânea. E, como é muito ágil e descontraído, dificilmente o deitam abaixo.

A ver como correm as próximas eleições com material da pesada que aí deve estar em preparação. Acredito que, se ele se vir vítima de fake news, vá ficar um bocado passado.

E vamo-nos rindo com estas coisas todas!