sábado, outubro 13, 2018

Fogo! Fogo! O ministro demitiu-se!
Chamem os binómios cinotécnicos! Rápido!!!!




Há uns dois anos fui tomar conta de umas áreas de uma empresa. Herdei colaboradores, processos e uma cultura enraizada que vinha de há séculos. Um castigo. Ninguém merece. Mas devo ter passado parte da vida a pecar, e a pecar à grande e à francesa, porque acharam que eu merecia.

E estava a empresa bem governada se, de cada vez que alguns daqueles artistas faziam asneiras, eu me demitisse. Pelo contrário. Se gastavam dinheiro à tripa forra, se se baldavam airosamente, se se estavam a marimbar para o trabalho em equipa, se faziam disparates sem o assumirem, o que os accionistas e os outros elementos da equipa de gestão pediam a todos os santinhos é que eu não desse de frosques. E não sei quantas vezes a vontade de me pirar foi mesmo mais do que muita. Mas o sentido de responsabilidade levou-me a ficar e a tentar resolver os problemas. Hoje as coisas estão mil vezes melhor, mais controladas. Mas há práticas que quase fazem parte da genética das pessoas e, portanto, por muito que a gente as contrarie e tente que as coisas entrem nos eixos, mal uma pessoa se distrai já a bagunça está à espreita. Quando, em petit comité, digo: 'Eh pá, não há pachorra, aquela malta não atina, estou pelos cabelos, não há pachorra', logo me pedem mais algum tempo, que me mantenha firme e hirta naquela missão. 


Mas em Portugal, na política partidária, há uma cultura diferente. À mínima barracada, em vez de se exigir que o responsável máximo se mantenha em funções e resolva os pepinos que lhe aparecem pela frente, não senhor: querem é que os responsáveis sejam os primeiros a saltar fora, virem as costas e digam adeusinho por aqui me desbaldo, quem vier a seguir que feche a porta. Cá para mim quem assim pensa é malta que pratica o culto da irresponsabilidade. Houve aquela suprema barracada do roubo de armas de Tancos, uma coisa de bradar aos céus, uma escandaleira. E em vez de se proibir o Chefe das Forças Armadas e o Ministro que as tutela de saírem de funções até estar tudo explicadinho, em pratos limpos -- não senhor, exige-se é que saiam e vão para casa, descansados da vida.


Mas já não fico perplexa. Cada vez encontro mais gente que, perante uma simples operação aritmética de dois mais dois, conclui categoricamente que o resultado é cinco. E fazem um banzé desgraçado, vão para o Facebook e o escambau a apupar os pobres coitados, uma minoria cada vez mais isolada, que continua a defender que dois mais dois são quatro.

Portanto, já não fico estupefacta ou indignada perante o que me parece pura estupidez. Fico apenas com vontade de seguir em frente, de me abstrair. 


É o que faço agora. Enquanto as televisões estão ao rubro, com comentadores e mais comentadores a comentarem a demissão de Azeredo Lopes, eu vou mas é chamar os bombeiros. Mas desta vez não quero cá bombeiros dengosinhos, todos derretidinhos com gatinhos miau miau. Não. Agora quero bombeiros valentes, com cães feras, cães de meter medo.


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Bem. Não encontrei cães ferozes nenhum bombeiro com ar de mau. 
São todos lindos, fofinhos e depiladinhos. 
Paciência. É o que há.

[E, claro, esta rapaziada faz parte do corpo de bombeiros australianos que deu o corpinho ao manifesto por boas causas, nomeadamente para angariar fundos através de um calendário]

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PS: No meio da cegada de Tancos, já ouço que há para ali um mariola Frazão que armou encrenca para entalar o ministro. E o ministro, coitado, sem ter uma Georgina de rabo alçado a dar-lhe apoio nem uma rede de advogados e gestores de imagem a lançarem notícias nos trombones, não teve outro remédio senão meter a viola no saco. Só espero é que este sábado, agora que o ministro saíu, já se tenham apanhado todos os ladrões das armas. Eferre-á,eferre-á, alecuí, alecuá, á.

7 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

É o que agrada à populaça, para a qual o Político é sempre o rei dos vilões, por isso se houve banzé na tropa, MDN para a rua.
O seu Post Scriptum é cirúrgico, há quem tenha um turíbulo sempre atrás em permanente defumo de incenso.

Um dia fantástico!


Janita disse...

Assim de raspão, que o tempo não me dá para mais, vou dizer-lhe das minha preferências bombeirais - só porque me pediu, entenda-se - pois a minha indecisão na escolha, está fortemente balançada entre os dois últimos. Posso ficar com ambos? :))

Quanto às sua preocupações, ó UJM, francamente. Acha que eu acreditei numa palavra daquilo do Cristo, mas em bom? Sou uma crente nos ditados populares, eles representam a sabedoria do povo que nunca se engana. Tanto que: 'voz do Povo é voz de Deus'...e, "quem o feio ama bonito lhe parece". Elementar...:)

Um abraço e votos de sábado feliz! :)

jose monteiro disse...

Ver o Melo CDS ou o Rangel PSD a grunhir de Bruxelas, so buzi men! A Cristas & os Laranjas a pedir sangue, depois do profundo trabalho Passos&Aguiar com o projecto Defesa 2020,será de ficar como o Rei Pasmado! E se o PS and otheres nada viram, perante o brilharete Defesa 2020, todos bem uns para os outros. Quem assessora os artistas at S. Bento Circus?

Um Jeito Manso disse...

Olá Francisco,

De uma coisa estou eu certa: é preciso ter uma grande força de vontade e de amor á causa para aguentar pressões como o Azeredo Lopes ou a Constança sofreram, ainda por cima tremendamente injustas.

Mas este é o admirável mundo novo em que vivemos, pouco há a fazer. Saibamos descobrir a beleza, o afecto e as coisas boas no meio de tudo o resto.

Um feliz dia de domingo para si, Francisco.

Um Jeito Manso disse...

Janita!

Um perigo! Tenho que ter cuidado consigo. Os mesmos gostos, estou a ver, credo. Também eu: aqueles mesmos dois. Ficamos as duas com os dois e depois logo se vê. Não lhe parece bem? :)

Quanto ao meu Cristo... bem... eu acho que sim. Antes e agora, um cristo em bom. Mudou, a cabeleira negra caída pelos ombros foi-se, a barba é menos negra... mas eu também mudei. Não sei como é que os outros (as outras, em especial) o vêem, não sei se ainda lhe chamam 'o borracho' mas sei que para mim está bem como está. E, de resto, estas coisas são subjectivas e, quando a gente gosta, é mesmo como diz o ditado, tudo se aceita.

Um belo dia de domingo, Janita.


Um Jeito Manso disse...

Olá José Monteiro,

Precisavam que alguém cuidasse da imagem deles. Já pensou no Rio e no Negrão, esse dueto de velhas catatuas? Com aquela imagem de marretas, um pacóvio e o outro empedernido, quem é que lhes vai dar o voto?

E Defesa 2020. Está bem, está. Tudo o que mete equipamento militar e reformas em volta tem que se lhe diga. Só alguém mesmo muito maluco é que pega naquilo e avança às cegas, à bruta e, no meio das caneladas que tem que dar e receber, continua com as luvinhas brancas imaculadas.

Um bom domingo, José.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Sem dúvida!

Obrigado e um bom Domingo também.