Dantes enfaixava-se a barriga dos recém-nascidos para que o umbigo ficasse bonito. Salvo erro, durante um mês. A minha mãe sempre se gabou da obra de arte que fez do meu umbigo. E, se via criança desumbigada, logo ela dizia com ar de censura: 'Não querem saber, deixam as crianças a chorar, a fazer força, e sem terem o umbigo apertado... Depois fica aquele lindo serviço. Coisa mais feia'. Censurava as mães que não tinham tido aquele brio de que ela tanto se orgulhava. E tanto empenho ele pôs nisso que, quando nasceram os meus filhos, claro que lhe segui o ensinamento. Por acaso, têm ambos bonitos umbigos e nunca me passou pela cabeça não o fazer até porque nunca gostei de ver umbigos de fora, bolinhas de carne a rebentarem da barriga, e muito menos quereria que eles, mais tarde, viessem a acusar-me de não me ter esmerado. Não senhor: perfeitinhos. Mas, por notória influência da minha mãe, tal a minha preocupação que, mal os miúdos choravam mais, como quem não quer a coisa, eu ia depois dar uma espreitada ao umbigo a ver se a coisa não se tinha estragado.
Foi, portanto, com espanto que, há uns anos, constatei que isso era coisa que tinha passado de moda. As crianças, mal lhes cai a tripa murcha, podem logo andar de buraquinho ao léu. Dá ideia que aquilo do enfaixamento não tem nada a ver com a perfeição do produto final. Melhor assim. Poupa-se o incómodo das crianças e o trabalho das mães.
Há uns anos resolvi adoptar um piercing numa orelha. Fui à ourivesaria e pimbas: com um revólver equipado com uma pequena bala dourada, fui alvejada no devido sítio e saí de lá logo devidamente enfeitada. Uso sempre brincos mas, num dos lados, há um outro, mais acima, geralmente uma estrelinha, uma mini-mini bolinha dourada ou um little brilhantezinho. Houve alturas em que pensei fazer mais um furinho desse lado para ficar com três. Mas, como tenho orelhinhas pequeninas, não há muito espaço e ficaria muito à ponta. Portanto, nunca cheguei a fazer. Mas uma coisa é mais do que certa: se se pudesse fazer furos em casa já há muito tempo que tinha feito um outro, no umbigo. Mas assim não faço. Não ia para a ourivesaria pôr-me de barriga ao léu com um funcionário a pistolar-me a barriga. Posso não ser lá muito boa da cabeça mas barraquinhas dessas ainda não faço.
Mas gosto de ver um piercing no umbigo. Haveria de arranjar uma coisinha linda. Talvez uma estrelinha pequenina de brilhantes. Outra vez, uma luazinha em ouro branco. Ia trocando.
As jovens mais alternativas fazem-no, por vezes, nos mamilos. Eu aí nem pensar. E nem é só pelo que deve doer, é mesmo porque acho que é poluição estética num espaço que se quer límpido, impoluto. Agora no umbigo, acho que é tema que ainda tenho que resolver.
As jovens mais alternativas fazem-no, por vezes, nos mamilos. Eu aí nem pensar. E nem é só pelo que deve doer, é mesmo porque acho que é poluição estética num espaço que se quer límpido, impoluto. Agora no umbigo, acho que é tema que ainda tenho que resolver.
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Já aqui esteve mas agora está a apetecer-me vê-los outra vez. Acho uma graça.
E aquela diluição final em branco, então...
E lembrei-me disto porque, cá para mim, a Trish Sie tem um piercing no umbigo. Só pode.
[Ao som dos OK Go - Skyscrapers]
E aquela diluição final em branco, então...
E lembrei-me disto porque, cá para mim, a Trish Sie tem um piercing no umbigo. Só pode.
[Ao som dos OK Go - Skyscrapers]
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As duas fotomontagens com umbigo são da autoria de Mónica Carvalho que é filha de portugueses, cresceu na Suiça e vive em Berlim.
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PS: Às vezes digo embigo mas aqui, não fossem vocês pensarem que era erro ortográfico, coibi-me.
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PS: Às vezes digo embigo mas aqui, não fossem vocês pensarem que era erro ortográfico, coibi-me.
2 comentários:
Oralmente, brincando, digo embiguinho. Herança dos Sules com que fui criada. É assim, a gente cresce na saloiada mas com os costumes dos pais e avós.
Bom dia, UJM
Então deve ser isso, está explicado: as duas caranguejas com origens sulistas!
Um belo sábado, Gina!
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