Enquanto escrevo ouço a chuva a bater com força na minha janela. A noite está densa, um manto escuro cobre o rio, quase cobre a grande cidade. Ouço a música, ouça a chuva. De vez em quando o som torna-se mais pesado, parece que se abate um dilúvio, uma queda constante e torrencial. Depois abranda, fica a chuva mais mansa e as gotas que caem no parapeito são ritmadas. Ouço também o vento. Penso nos que estão longe dos que amam, dos que sentem o frio da saudade. O tempo assim traz tristeza.
Magoa-me a saudade
do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternura
dói-me a distante lembrança
do teu vestido
caindo aos nossos pés
Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas
Seja eu de novo tua sombra, teu desejo
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu
que longe de ti sou fraco
eu
que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trémula, raiz exposta
Traz
de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono
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George East fotografou as Skeleton Flower.
Joni Niemelä fotografou as gotas de água.
Mia Couta escreveu Saudade.
Polina Semionova e Roberto Bolle dançam Dancing in the Rain que Marco Pelle coreografou
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom sábado.
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Mia Couta escreveu Saudade.
Polina Semionova e Roberto Bolle dançam Dancing in the Rain que Marco Pelle coreografou
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom sábado.
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2 comentários:
A pureza nas emoções e intenções é um dos maiores prazeres da vida e o que há de mais sagrado nesta viagem de descoberta, que é viver, que toca o coração como uma pluma e deixa um sussurro como perfume na memória.
Não só o belo poema (este homem, do pouco que li dele, tem uma alma do tamanho do tempo) como a seu post, falam desse espaço de reflexão, cada vez mais raro, que nos deixa contente com o mundo.
Por isso e por todas as suas contribuições diárias, que nos fazem sorrir, gargalhar(?) ou reflectir.
Obrigada e um bom domingo para si.
M
- O senhor não se importa de chegar o cão para si? resmungava uma senhora para o passageiro que viajava à sua frente. - Já sinto uma pulga no sapato. - Anca cá, Belo. - respondeu o homem. - esta senhora tem pulgas.
Por pulgas. Também estou em pulgas para saber o que o Sr Putin vai fazer.
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