domingo, agosto 03, 2014

Marques Mendes antecipa-se ao Carlos Costa e anuncia na SIC as medidas que o Banco de Portugal está a preparar para o BES. Face a isto pergunto: Marques Mendes também é o garganta funda do Banco de Portugal? Ou continua a ser apenas do Governo? Ou será também da Presidência da República? Pergunto.


Li no Expresso 
(o Expresso em papel eu leio apesar de lá ter os Henriques - por cuja escrita passo sempre os olhos para ter a certeza de que se mantêm fiéis à sua habitual falta de qualidade; se algum dia lá meterem também o Gomes Ferreira, o Duarte Marques e outros artistas, faço como o meu marido: index dos banidos com o Expresso!) 
aquilo que já se sabia mas que gostei de ver em letra de imprensa: que o Carlos Costa é amigo do peito de Cavaco Silva.

O artigo é de Anabela Campos, Isabel Vicente e João Vieira Pereira (com fotografias de Luís Barra - que não estas que aqui estão) e eu transcrevo uma parte:

Carlos Costa, 64 anos, teve um papel central no pedido de ajuda à troika, em 2011. Foi ele que articulou com Bruxelas, os banqueiros e o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva a intervenção do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, encostando à parede o primeiro-ministro José Sócrates, que acabou por se demitir.


(...)

É próximo de Cavaco Silva, de quem dizem ser uma 'espécie de alter ego' para os assuntos financeiros e económicos. Carlos Costa é uma das pessoas com quem o Presidente da República se aconselha e terá sido um apoio importante na crítica ao rumo da governação de José Sócrates, nas suas intervenções sobre a economia enquanto governador.



Vem isto a propósito de quê? Pois bem.

A descoordenação e ineficiência da dupla BdP+CMVM na gestão da crise GES/BES levaram a que o banco tivesse ajoujado na sexta feira. 


Ora, havendo sérios riscos sistémicos em que, se não se lhe deitasse imediatamente a mão, não se conseguiria evitar o pânico nem a corrida aos balcões e as pequenas e médias empresas dependentes de financiamento bancário começariam a colapsar, foi anunciada na noite de sexta feira a inevitável notícia: o Estado iria intervir. O Banco de Portugal, a equipa de Vítor Bento e Bruxelas estavam afanosamente a tratar do assunto, todo o santo fim de semana iriam estar a trabalhar e as notícias seriam anunciadas pelo Banco de Portugal no domingo à noite. 

Ao longo de sexta feira começou a perceber-se que o BES poderia ser dividido em dois: o mau banco onde ficaria parqueado o lixo e o banco bom que ficaria com a actividade normal. Pareceu-me bem. 

As contas do BES, o que se vai sabendo e as múltiplas ramificações (para não dizer metástases) nacionais e internacionais, tornariam impossível o saneamento atempado de um banco cujo valor se tem estado a esvair de dia para dia. Aliás, a actividade normal do Banco, não sendo lucrativa no 1º semestre, não foi dramaticamente negativa. O buraco não veio da actividade corrente mas sim das dívidas brutais geradas pelas empresas familiares e pelo contágio de todos os buracos das numerosas empresas familiares ao banco (aquele contágio que Carlos Costa, Passos Coelho, Maria Luís, Cavaco Silva, Henrique Monteiro, Ricardo Costa e outros garantiam, de cátedra, que não tinha existido). Portanto, deixar um banco mau para os accionistas resolverem a alhada em que se meteram não me parece mal.


Claro que aqui tenho que fazer uma ressalva. Digo que não me parece mal mas fico com um peso na consciência. É que uma coisa são os accionistas da família ou outros que não cuidaram de se acautelar (ou que se acautelaram bem de mais) e outra são os pequenos aforradores que investiram em acções do BES julgando que era um bem seguro. Mas, enfim, não sei se haverá maneira de não penalizar estes. Temo que não, mas não sei.

Mas parece-me bem que fique um banco bom, com os depósitos e outros produtos de poupança (produtos do BES Vida, por exemplo), e com empréstimos normais, seguros por garantias - um banco normal, portanto.

Claro que nada disto é linear porque resta saber, com a (não) gestão de risco que era feita, como estão garantidos o enormes empréstimos feitos a clientes ditos institucionais pois, bem analisados esses casos, novas imparidades podem ter que vir a ser suscitadas. Fernando Ulrich já alertou para isso e ele deve saber porque o diz. Claro que a comunicação social só dá pelo despiste do camião quando o camião entra pela parede adentro e lhes vai parar acima da secretária pelo que os jornalistas ainda não perceberam de que é que se está a falar.


Outra que está a ser dada de barato é que a garantia dada por Angola vai servir para tapar o buracão do BESA. Afinal sabe-se agora que a garantia pode não ter grande validade prática. Mas a questão nem é bem essa. 

Faço minhas as palavras de Fernando Ulrich: Alguém acredita que um estado soberano como Angola dê uma garantia de 4,2 mil milhões de euros (70% do total da dívida) e não exige nada em troca?”, questionou o líder do BPI.



Ou seja, e para atalhar razões: ainda não é certo que já se tenha visto o fundo do buraco. O escândalo em volta deste assunto é feio, porco e mal cheiroso e não dá para esperar mais um dia antes de agir.

Mas este sábado, no noticiário das 20 na SIC, para meu espanto, Marques Mendes com aquele seu ar levezinho já deu as tácticas todas. Aquilo em que a aquela maltinha toda está ainda a trabalhar, acertando agulhas entre uns e outros, para vir a ser anunciado pelo BdP no domingo à noite, veio já tudo para a praça pública pela boca do arauto do regime. Com o ar mais natural do mundo, como se falasse na qualidade de porta voz da dream team que está a tratar do assunto, anunciou tudo: vai ser assim, vai ser assado, o good bank, o bad bank, o Fundo de Resolução para aqui, o empréstimo para acolá, e o banco depois vai ser vendido e já há interessados, dois bancos europeus, e isto, aquilo e o outro e tal e coisa. 


Ora quem é que lhe telefonou ou enviou mails para o informar de tudo? Ou ele tem escutas? Ou é o agente infiltrado ao serviço da SIC? Ou é o grilo falante de alguém? 

Pois não sei mas lá que me espanta, espanta.

É que ele não diz que pensa que talvez seja. Não, ele diz preto no branco: vai ser assim e assado. Fala como se estivesse mandatado para anunciar aquilo que posteriormente será sabido. 

Será normal, isto? Se calhar é, eu é que sou picuinhas e me agarro a estes amendoins.

Enfim, particularidades deste nosso pequeno rectângulo. E, no meio disto tudo, parece que o Ricardo Salgado foi passar o dia à praia. Ora então. Tudo está bem quando acaba bem.


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Para verem o Chinel Nº 5 que recebi de presente e uns quantos trambolhões essencialmente provocados por usarem saltos muito altos em vez de chinelos destes, desçam por favor até ao post já a seguir.

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1 comentário:

FIRME disse...

BOA NOITE comjeitinho: Eu bota da tropa vou ao espelho.!!!Aqui atrás disse que o piqueno se ia por ao nível do marcelo,rodrigues ferreira,com 2 caixas de super bock(vazias),pra chegar aos micros da chique? botando palavra de escuteiro mor de belém??? O espelho é 1 mirone do caraças...
ELE FOI DO S.T.M. ! JURO!!!