Arriscado. E corajoso, ser o isco.
O Movimento correu riscos muito grandes. eu não tinha bem a noção do inimigo, não tinha sido feito nenhum estudo de situação. A GNR tinha acabado de receber 25 viaturas-choque.
A que horas é que o Marcello soube que estava apanhado?
(...) O Silva Pais diz-lhe que (...) o melhor é ir para o comando da GNR no Carmo. Fiquei a saber onde estava o Marcello. Às 5h30, o Salgueiro Maia diz-me, via rádio, que precisa de um oficial superior lá. Porque o ministro do Exército está no gabinete, tudo isto em código. Óptimo, vai prendê-lo. E ele diz-me, não posso, porque o Regulamento Militar diz que um oficial-general só pode ser detido por uma patente mínima de major e eu sou capitão. Que raio, no meio de uma revolução vem-me com isto. Mandei-lhe o tenente-coronel Correia de Campos.
O Jaime Neves estava no posto de comando com missões não cumpridas e pediu-me para ir também. Quando lá chegaram, o general Andrade e Silva já se tinha pirado pelo buraco que tinha mandado abrir pela Polícia Militar, que lhe fazia a segurança. Abriram o buraco com as lanças expostas no museu. Piraram-se numa viatura civil para a Calçada da Ajuda, Lanceiros 2.
O Jaime Neves estava no posto de comando com missões não cumpridas e pediu-me para ir também. Quando lá chegaram, o general Andrade e Silva já se tinha pirado pelo buraco que tinha mandado abrir pela Polícia Militar, que lhe fazia a segurança. Abriram o buraco com as lanças expostas no museu. Piraram-se numa viatura civil para a Calçada da Ajuda, Lanceiros 2.
Às 11 da manhã, o Salgueiro Maia pede-me outra missão porque o Terreiro do Paço estava cheio de gente que subia pelos carros de combate, perdia-se o controlo. Disse-lhe, Charlie 8 reorganiza a coluna e abandona a missão, sobe ao Carmo e cerca o comando-geral da GNR porque o coelho está na toca. O indicativo do Marcello era Coelho.
Com o cerco montado, às 12h30 resolvo fazer um ultimato ao comandante da GNR, Ângelo Ferrari, que tinha sido meu professor na Academia Militar. Digo-lhe que falo do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. Ele chama-me camarada e eu digo que não me chame isso porque não somos camaradas. Estamos em trincheiras opostas. Dou-lhe 15 minutos para abrir o portão do Largo do Carmo e deixar sair o Marcello. Ele diz que o Marcello não está lá.
Desliguei e contactei o Salgueiro Maia. Charlie 8, fiz um ultimato. Se não acontecer nada dentro de 15 minutos, preparas as metralhadoras e vais partir os vidros das janelas do 1º andar.
E o Salgueiro Maia diz-me, isso é despesa, depois quem é que paga isso? Não te preocupes, alguém há-de pagar.
Passado um quarto de hora, ele hesita ainda.
E eu, quero ouvir essa rajada, quero ouvir os vidros a partir, vamos embora!
Até que ouvi estralejar, os vidros a partirem.
Hoje sei, através de um livro do major Nuno Andrade, oficial da GNR que estava lá, que aquilo foi decisivo para a rendição do Marcello.
Com o cerco montado, às 12h30 resolvo fazer um ultimato ao comandante da GNR, Ângelo Ferrari, que tinha sido meu professor na Academia Militar. Digo-lhe que falo do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. Ele chama-me camarada e eu digo que não me chame isso porque não somos camaradas. Estamos em trincheiras opostas. Dou-lhe 15 minutos para abrir o portão do Largo do Carmo e deixar sair o Marcello. Ele diz que o Marcello não está lá.
Desliguei e contactei o Salgueiro Maia. Charlie 8, fiz um ultimato. Se não acontecer nada dentro de 15 minutos, preparas as metralhadoras e vais partir os vidros das janelas do 1º andar.
E o Salgueiro Maia diz-me, isso é despesa, depois quem é que paga isso? Não te preocupes, alguém há-de pagar.
Passado um quarto de hora, ele hesita ainda.
E eu, quero ouvir essa rajada, quero ouvir os vidros a partir, vamos embora!
Até que ouvi estralejar, os vidros a partirem.
Hoje sei, através de um livro do major Nuno Andrade, oficial da GNR que estava lá, que aquilo foi decisivo para a rendição do Marcello.
Antes já havia uma tensão monstra, com o megafone do Salgueiro Maia e o aparato. O Marcello telefona para casa do Spínola para se render.
Os únicos tiros disparados por nós foram esses.
Quando o Spínola me pergunta o que fazer com o Professor Marcello Caetano, disse-lhe para combinar com o Salgueiro Maia, tínhamos um Dakota no aeroporto para o levar, com o Tomás, para a Madeira.
Os únicos tiros disparados por nós foram esses.
Quando o Spínola me pergunta o que fazer com o Professor Marcello Caetano, disse-lhe para combinar com o Salgueiro Maia, tínhamos um Dakota no aeroporto para o levar, com o Tomás, para a Madeira.
(...)
No 25 de Abril, os militares procuraram ter um comportamento cavalheiresco. E tiveram. Para o povo, o 25 de Abril foi uma nova vida.
No 25 de Abril, os militares procuraram ter um comportamento cavalheiresco. E tiveram. Para o povo, o 25 de Abril foi uma nova vida.
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Salgueiro Maia fala sobre a rendição de Marcello Caetano
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Primus inter pares |
não perguntes se estas
da perfeição da alma,
as concordâncias
duma arte de viver;
o tempo é excessivo nos vestígios: as
antiguidades de roma, as histórias
da morte no ocidente.
súbito um perfume
de remos no rio (audíveis?)
e vento nas conchas resguardadas:
guardam o coração e as suas
certezas ferozes, a sombra
resguardando a luz.
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O texto é parte da interessante entrevista concedida por Otelo Saraiva de Carvalho a Clara Ferreira Alves na Revista do Expresso deste sábado. Aliás, esta Revista é um número de antologia no que se refere ao 25 de Abril.
O poema é 'nó cego, o regresso, XIII' de Vasco Graça Moura (Porto, 3 de Janeiro de 1942 — Lisboa, 27 de Abril 2014) in Poesia Reunida.
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Muito gostaria ainda de vos convidar a visitarem o meu Ginjal e Lisboa. Hoje tenho, uma vez mais, uma visita frequente daquele espaço: Vasco Graça Moura. Sendo ele o ser múltiplo que conhecemos, vem sob várias formas: em entrevista escrita, falada, em poesia dita, em fado.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira.
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4 comentários:
terapia com animais - https://www.youtube.com/watch?v=4Sl_DGLxm1s
Embora,reconheça a vontade de alguns puxarem a brasa á sua (deles) sardinha,a entrevista do sr.major OTELO,por aqui relatada, é um lavar de cestos mui>>>>>>>>>>>to mal contada; A coluna do nosso capitas MAIA,ERA 1 ISCO??? OS alferes,furriéis eram un inaptos que mal tinham feito a recruta??? OS VELHINHOS cabos de guerra eram anginhos??? O COVIL DO REGIME sediado no PAÇO,ESTAVAM Á ESPERA DELES DE CRAVO AO PEITO...??? Desde o 16 de março...Aqueles eram putos de quem as mães ,pais,irmãs,namoradas.choravam ! NÃO!!! Eram putos fartos de ver o seu pai ir de tachinho,ajeitado pelas mães,ainda noite escura !Alguns,aprendemos umas merdas...Depois a história continua,se me tal for permitido!!!
Este meu comentário,não quer ferir nenhum dos Heróis,q. puseram a pele no assador alí no Paço! Apenas deposito com a sua permissão,outros pontos de vista,para memória descritiva,dos mais novos,o q. me parece este espaço estar á altura,coisa q. não vejo noutro espaço qualquer! Foi 1 previlégio descubrir,este seu blogue! Gostava,de ser 1 amigo!!! 1 Dia falarei da Des(colonização),na prespetiva dum dos que viu parir...13 ,meninos no seu quartel,brancos pretos e mulatos .mesmo assim fomos/somos traidores...acabo dizendo;ainda nos dói!
Não havendo por aqui contraditório,ao meu comentário anterior e só ponho aqui a minha opinião,devo dizer que demorámos muitas horas a trazer até luanda muitas famílias,graças ás nossas madrinhas de guerra (vulgo G-3)! As do movimento nazional feminino(???),já se tinham pirado nos aviões que pousavam em luanda,nesse tempo
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