segunda-feira, dezembro 01, 2025

Vamos de mal a pior
-- A palavra ao meu marido --

 

Esta semana tivemos conhecimento de crimes absolutamente abjetos, que demonstram a falta de humanidade e de escrúpulos de quem os praticou. Como se não fossem suficientemente horríveis ainda soubemos na sexta-feira que se levantam fortes suspeitas da actuação de guardas prisionais sobre um recluso, com consequências terríveis. Quando nos entram pela casa dentro notícias de que quem se supõe que cumpre as leis, nomeadamente polícias, bombeiros e guardas prisionais, afinal as viola, demonstrando a maior  desumanidade, ficamos enojados e pensamos que, caso se prove a respectiva culpa, têm que ser exemplarmente punidos. 

É difícil admitir que são acontecimentos fortuitos e não um sinal dos tempos. O Governo, seguindo a cartilha do Chega, não se pronuncia sobre casos que põem em causa os nossos valores e a coesão da nossa sociedade. Quando vemos que os GNR alegadamente envolvidos na escravização dos imigrantes no Alentejo ficaram com a pena menos gravosa após o primeiro interrogatório porque a procuradora não transcreveu as conversas telefónicas ou  que o PGR quer fazer um despacho à medida do Montenegro e do caso Spinunviva para evitar escrutínios, percebemos que se estão a criar condições para que o apuramento da verdade e responsabilização dos culpados não aconteça. Aliás, num caso idêntico que ocorreu recentemente, os responsáveis pela exploração desumana de imigrantes foram absolvidos por falta de provas. 

E, relativamente à escravização dos imigrantes, também deveria ser investigado como é possível que os donos das herdades não soubessem, que as hierarquias não suspeitassem e que a população local não se tivesse apercebido. Será que são votantes do Chega que, embalados pelas cantigas fascizantes do Ventura, acham que isto é o novo normal e que os imigrantes devem ser explorados sem qualquer pingo de humanidade?

A mentira continuada e sem escrúpulos dos populistas propagadas nas redes sociais, populistas que não têm quaisquer escrúpulos e utilizam todos os meios para atingir os seus fins, estão a dar ou já deram cabo da nossa sociedade e dos valores das democracias liberais. 

A democracia não se soube defender destes perigos que põem em causa tudo o que de bom e positivo foi construído nas últimas dezenas de anos. Como é possível que a geração Z, que só acede à informação através das redes sociais, seja cada vez mais reacionária, até na forma como trata as mulheres, e pense que  antigamente se vivia melhor do que se vive hoje? 

É possível porque a geração Z e outras gerações sofrem todos os dias uma lavagem ao cérebro quando acedem às redes, não tendo a democracia sabido defender-se destes perigos porque foi mais democrática do que era exigível e, em vez de se defender, abriu as portas à extrema direita racista, populista e xenófoba. 

Qual a razão de as escolas, nas aulas -- por exemplo, de cidadania -- não apresentarem factos, sem ideologias, relativamente aos tempos da antes do 25 de Abril e de hoje? Comparação da taxa de alfabetização, do acesso à saúde, do acesso à educação, da percentagem de casas com água canalizada e com casa de banho, da taxa de pobreza, ... . 

Existem exemplos mais do que suficientes para qualquer jovem com um mínimo de inteligência perceber que hoje estamos centenas de vezes melhor do que antes do 25 de Abril. 

Maldito algoritmo! Será que algum dia se conseguirá combater eficazmente este flagelo? 

Urge, para bem de todos nós!

3 comentários:

Anónimo disse...

Os donos das herdades? Até se consegue saber quem são. Com dificuldade, mas consegue-se. E depois como é? E a produção de azeite intensivo e outros que tais? E a nossa balança comercial?

A terrinha de Beja de que agora falam já veio nas notícias em 2015 e 2022 pelas mesmas razões. Agora é esperar por 2027 ou 2028.

Anónimo disse...

Sobre o algoritmo: é preciso desentoxicar e combater a dependência dos écrãs, entre pequenos e graúdos; está estudada esta forma de dependência associada ao uso da internet, jogos, redes sociais, que tende a agravar-se com a chamada IA mas não parece haver interesse real em combater este flagelo e este governo é bipolar, tanto proíbe os telemóveis nas escolas como quer um tutor virtual oara cada aluno. Têm que ser os pais e os professores nas escolas e nas associações, desportivas e outras, os médicos, etc a promoverem a resistência ao domínio digital que nos está a destruir. Sobre o aumento da violência e das manifestações de racisno e xenofobia; infelizmente, os maus tratos a imigrantes naa exploraçôes agrícolas não são de hoje, era preciso mais fiscalização e mão pesada sobre os principais beneficiários e responsáveis, que julgo serem os empresários agrícolas, Fez-se alguma coisa pelos trabalhadores das ubers, avanço que o governo quer agora eliminar, como disse, não são de hoje mas assiste-se ao que parece ser uma normalização da discriminação e da crueldade e o governo tem responsabilidade nisso. Os cartazes anti-imigrantes de um certo candidato à PR que hoje impestam as nossas cidades envergonham-me, envergonham-nos como povo e têm consequências..As palavras matam. Não me sai da cabeça o.miúdo na eacola primária com dedos decepados, foram crianças que o fizeram, há responsáveis pplíticos pelo que está a acontecer e têm sangue nas mãos.

Anónimo disse...

*desintoxicar