sábado, maio 24, 2025

Sebastião Salgado libertou-se das frágeis amarras da vida mas o o seu imenso e belo legado será eterno

 

As fotografias que fez desnecessitavam de cor. A luz moldava-se em gradações de preto e de branco. A humanidade do que ele retratava não precisava de mais pois o seu olhar que a lente intermediava transportava a vida inteira.

Todas as geografias, todas as raças, todas as paisagens ganhavam majestade quando vistas por ele. A dignidade de todos e de tudo tornava-se transcendente.

Foi ao fim do mundo, ao fundo dos poços, ao cimo das árvores, misturou-se com animais, com gente, captou a alma, o movimento, a perplexidade, o esforço, a dureza das condições de sobrevivência, o sorriso mais puro. 

Não sei se há outro fotógrafo assim.

Mas o seu legado não se cinge à fotografia. A transformação que ele e a sua mulher operaram em montes e vales antes inférteis e agora verdejantes, plenos de vida, em que a água corre, é igualmente memorável. 

Não há pessoas eternas por geniais que sejam. Somos todos pouco mais que ínfimas partículas neste universo  desconhecido. Mas algumas para sempre cintilarão como abençoados pontos de luz.

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Casal planta 2,7 milhões de árvores em uma área degradada e a transforma em uma incrível floresta

Em 1994, Sebastião Salgado, um dos mais conhecidos e premiados fotógrafos do mundo, resolveu dar um tempo do trabalho após um traumático episódio pelo qual retratava tragédias humanitárias em Ruanda, na África.

Ao retornar à fazenda da família em Aimorés/MG, percebeu que sua casa havia se transformado em um lugar desprovido de qualquer vida selvagem e só havia 0,5% de área coberta por árvores.

Naquele momento sua esposa, Lélia Wanick Salgado, o acompanhava em uma visita à propriedade, onde Sebastião passou boa parte da sua infância. A arquiteta olhou para aquela paisagem devastada e nasceu ali um projeto que traria verde e vida de volta àquelas terras.

Sebastião Salgado também enxergou essa nova paisagem e o projeto saiu do papel em 1998, quando o casal fundou o Instituto Terra. 

Desde então foram mais de 2.100 hectares de mata reflorestada pelo Instituto Terra, sendo 608,69 na Fazenda Bulcão, que se tornou uma Reserva Particular do Patrimonio Ambiental.

Somente na Fazenda Bulcão, o casal plantou mais de 2,7 milhões de árvores em uma área completamente degradada e a transformou em uma incrível floresta de Mata Atlantica.

Após mais de duas décadas de intensa dedicação, a floresta já abriga mais de 150 espécies de pássaros, quase 300 espécies de plantas, 33 espécies de mamíferos e 15 espécies de répteis e anfíbios.

O projeto também recuperou o fluxo hídrico da área, restaurou nascentes importantes para o balanceamento natural do espaço, além de ter melhorado a qualidade de vida de quem habita a região, através da revitalização do ar e de áreas de convívio ao ar livre.


2 comentários:

Anónimo disse...

Só por curiosidade. O UJMANSO, é referencia a nome de familia?
Isto porque encontrei no insta uma referencia a Fernando Casimiro Manso, o criador em 1925, da primeira frota de taxi em Lisboa, e que foi um sucesso. @macielartspt

Um Jeito Manso disse...

Não. No dia em que criei este blog não fazia a mínima ideia de como se fazia, quais os passos. Para começar, tinha que lhe dar um nome e não tinha pensado nisso. Como nesse dia o meu marido andava a cantar aquela canção de 'o meu amor tem um jeito manso que é só seu...', dei este nome. Não pensei bem, acho que, na minha cabeça, depois logo pensava melhor e arranjava um nome mais razoável. Mas, afinal, quando se dá um nome, ele fica. E foi ficando. E ficará...