sábado, maio 10, 2025

Em dia de cenas variadas e de animada conversa política com dois sportinguistas de gema

 

Andamos às voltas com equipamentos de aquecimento que faziam (e fazem) parte da casa. O filho dos ex-donos é um engenheiro que não é daqueles teóricos, é todo do tipo engenhocas. E, do que percebi, quando jovem (e ainda é jovem) terá pensado formar uma empresa e, talvez para se treinar (ou para facturar, não sei), foi montando coisas em casa dos pais. Tudo do bom e do melhor, verdade seja dito, mas nada standard, nada documentado, tudo de uma redundância e complexidade tais que ainda não desencantámos quem aqui chegue e perceba o que vê.

Tudo estaria bem se o jovem, por sinal super prestável e simpático, se tivesse mantido no 'ramo' e pudesse dar assistência. Mas não, já não está nessa. E também já não se lembra. Já comprámos a casa há quase 5 anos e a montagem de toda esta incrível traquitana deve ter acontecido bastante antes. Portanto, é natural que não se lembre.

E o que acontece é que vem um e vem outro e olham para isto tudo, equipamentos, bombas, manómetros, termómetros, tubos em todas as direcções, e ficam sem saber onde mexer. Pior, com medo de mexerem. 

No outro dia, já esta semana, veio um senhor simpaticíssimo, aumentou a pressão, purgou, injectou um líquido, fez lá o que entendeu... e o problema principal manteve-se. Hoje regressou e, depois de andar às aranhas durante não sei quanto tempo, resolveu mexer numa válvula que está num outro local e que, aparentemente, nem tem a ver com este filme... e, como por magia, o problema resolveu-se. Mas nem ele soube explicar nem eu consegui perceber. E fico com a sensação que foi uma solução um bocado às três pancadas pois resolveu-se agora mas, no inverno, quando ligarmos outro equipamento, ficaremos com outro problema. Mas, pronto, agora parece que está e só posso dar-me por contente.

O meu filho sempre disse que uma coisa tão extraordinária e tão complexa em vez de um activo, de uma mais-valia, pode tornar-se num passivo, uma dor de cabeça. Vários técnicos que cá têm vindo têm dito que, por eles, acabavam com tudo e montavam uma coisa simples. Mas quando se fala na possibilidade de o fazerem, fazem marcha atrás pois o desmontar tudo o que para ali está parece ser, em si, também bastante complexo.

Como sou curiosa, para tentar descortinar o funcionamento daquela parafernália, já recorri ao chatgpt, mostrando fotografias. Elogiou bastante o sistema e fez uma série de recomendações que igualmente não compreendi.

Tirando este tema que esta sexta-feira de manhã nos obrigou a andar de um lado para o outro, a abrir portões para passar equipamento, depois ir buscar uma escada para ir ao telhado, depois uma mangueira para juntar água ao produto, depois desligar uma coisa no sótão, depois ir ver outra coisa não sei onde -- isto dividido entre mim e o meu marido depois de termos o cão devidamente isolado, o cujo ladra freneticamente  -- hoje fomos almoçar com dois dos meninos. 

Depois fomos ver se comprávamos um corta-sebes telescópico mas que, afinal, só por encomenda. Aproveitámos ainda para ir a outra loja pois o meu marido queria comprar uma daquelas mantas térmicas de emergência. Claro que aproveitei para trazer umas coisitas para mim. Antes comprava roupa que desse para o trabalho e para situações equivalentes a nível de exigência. E o que agora verifico é que me faltam peças simples, nomeadamente para usar no ginásio. Por isso, trouxe duas blusinhas daquele tecido muito fininho e com buraquinhos que deve ser para arejar. E uns calções também de tecido maleável, meio curtos mas não shortinhos. Vim de lá bem contente com os materiais -- imagino que se lavem bem e sequem ainda melhor, obviamente sem precisarem de ser engomados -- e com as cores e os feitios.

Devo também dizer que já há caracóis (cozinhados) à venda. Por isso, ao jantar, para além da sopinha, comi caracóis. Não me pareceram excepcionais mas creio que o problema estava na cozedura, parece que estavam um bocado mal cozidos. Mas, ainda assim, bastante razoáveis.

Claro que tudo isto, dito assim, parece que nada vale muito. Mas vale. Ao almoço, estivemos a conversar sobre profissões e sobre política, incluindo a questão dos impostos e das contribuições sociais. E gostei imenso. Os manos são muito diferentes: um mais liberal, mais puxando ao pai, outro com uma consciência social apurada, mais na linha da mãe. Ouvi-los a argumentar, a forma como se rebatiam, se chamavam mutuamente a atenção para alguns aspetos, foi uma agradável surpresa. Um tem dezasseis anos, outro catorze recém feitos, e a forma ponderada, abrangente, como o mais novo, ainda tão novinho, falou sobre estes temas, deixou-me com vontade de o encher de beijinhos. E ao mais velho, tão impulsivo, com uma tal verve argumentativa, também. Meus ricos meninos. Dois futebolistas, além disso. Sportinguistas, claro -- em stress pelo jogo, já a fazerem figas para irem festejar para o Marquês.

E agora não vem muito a propósito mas vi este vídeo e gostei imenso, imenso. E, portanto, aqui está.

Teenager Forced To KILL Friend: Shocking Story from Stranger's Past


Um bom sábado

4 comentários:

Ccastanho disse...

O conhecimento hoje nos miúdos, não tem nada a ver no nosso tempo. Num almoço de família há tempos,não recordo a que propósito, apareceu uma conversa sobre descobrimentos , e as implicações destes no império Português .Terreno de que gosto bastante. A dada altura, falei das trocas comerciais etc, etc, etc. O neto mais novo de nove anos, dispara-" avô, então e os impostos nas fronteiras quem pagava?. Fiquei de boca aberta...com nove anos, sabia lá eu de impostos nas transações .
Os tempos mudaram muito .

Um Jeito Manso disse...

Pois é, Ccastanho, tem razão. E há outra constatação que faço. Antes os jovens eram tendencialmente revolucionários, anti-sistema. Hoje continuam a sê-lo, só que o anti-sistema deles leva-os a identificarem-se com o Chega pois é, na prática, o único partido anti-sistema. E isso deveria preocupar o 'regime'. Os partidos da democracia deveriam reflectir para tentarem ver como acolher a natural rebeldia dos jovens.

Anónimo disse...

Mudam os tempos, mudam as vontades e os saberes. Aos nove anos, eu também não sabia de impostos nem transações, mas era capaz de matar uma galinha ou coelho e limpa-los, depois de todos os dias lhes preparar a comida antes de ir trabalhar, tal como muitos amigos da minha infancia, para uma oficina, carpintaria, mercearia, etc, e para brincar faziamos papagaios de canas e papel que comprávamos com os tostões de todos, ou carrinhos de esferas para fazer corridas nas ruelas inclinadas, com travões de sola de sapatos velhos. Não havia telefones espertos para enterrarmos a cabeça, e a tv era luxo para alguns deixarem os amigos irem ver um filme ao domingo. Os pais não podiam ajudar muito, pois a sua bagagem era escassa também. Agora, quantos miudos dessa idade hoje sabem pregar um prego, pintar uma parede, fazer uma tomatada com ovos escalfados, ou cozer um rabo de bacalhau com batatas?

Anónimo disse...

A criançada agora tem outra pedalada, mas mais no intelecto, nas artes manuais nem tanto. Há pouco tempo, a neta de um amigo, que nem 5 anos ainda tinha, já mostrou saber distinguir os adjectivos a aplicar a cada sexo. Ia com a mãe a começar a atravessar numa passadeira, quando uma senhora com pressa lhes passou á frente. Diz ela de pronto- olha aquela caralha-