Estou num daqueles dias. Cabeça vazia, incapaz de encontrar ou desenvolver qualquer assunto.
Tinha pensado fazer uma coisa mas, tendo as voltas sido trocadas, acabei a fazer outra, nomeadamente a ir fazer de atacado, depois de meio da tarde, o que era para ser feito em dois ou três dias aproveitando sinergias. Assim, as sinergias tiveram que ir à vida.
Como ando naquele limbo em que parece que nunca sei o que vai acontecer, parece que não consigo planear nada nem tenho grande vontade de o fazer. É uma sensação que não é boa.
Mas, então, lá fomos.
No local em que vivemos praticamente não há trânsito. Andamos essencialmente a pé. Quando temos que sair, tentamos escolher percursos e horários com menos tráfego. Ir às compras é daquelas de que fugimos. Poucas coisas compramos para além do básico para a alimentação e para a casa e, vá lá, de vez em quando alguns livros, muito mais agora para o meu marido do que para mim.
E, para o Natal, nunca fui de fazer compras com antecedência. Se não me sinto tocada pelo espírito natalício, não consigo arranjar energia ou inspiração para me pôr a andar pelas lojas a dar seguimento a listas (que nunca fui capaz de fazer). Portanto, adio até mais não poder.
Portanto, se antes já era assim imagine-se agora, totalmente despojada de instintos consumistas e, ainda por cima, com a cabeça ocupada por preocupações que não dão tréguas.
Mas fomos. Um trânsito impossível, carros e mais carros. Muita gente. depois não se encontra o que se quer, depois temos que estar sempre à espera de quem nos possa atender, depois temos que esperar pela nossa vez na caixa. O tempo passa e pouco se adianta. Vai-se a pensar numa coisa e quase nunca há. Propõem outra coisa mas não era nada daquilo em que tínhamos pensado. E se eu ainda guardo, provavelmente marcado nos genes, alguns vestígios de quando frequentava templos de consumo, e, por isso, quero escolher, o meu marido, que sempre odiou fazer compras, fica numa tal impaciência que ainda me perturba mais. Para onde eu deite um primeiro olhar já ele está a dizer: 'É bom. Leva.'. Isto mal entramos, ainda sem fazer ideia do que há.
No entanto, apesar de tudo, ainda não tenho nada para os meninos. Mas os quatro mais crescidos o presente que querem é ir comprar roupa connosco. Por isso, temos que esperar que entrem em férias, ou seja, para a semana. Deve estar lindo: os centros comerciais a deitar por fora. E também ainda temos que ir comprar um brinquedo para o mais novo. E mais uma ou outra coisita.
Chegámos a casa tarde. O cão, que tinha ficado na rua, reagiu como sempre reage quando não o levamos connosco: quase não se mexe, depois aproxima-se quase de gatas, vem a medo sem saber se fez alguma coisa de mal para ter ficado de castigo. Bem lhe digo que não estava nada de castigo, estava, sim, a guardar a casa. Mas isso são conceitos algo abstractos para ele. Só depois de muitas festinhas percebe que está 'perdoado'. Então salta e brinca e corre de um para outro, numa alegria. Mas era de noite e estava frio. Então, o pobre estava gelado, coitado.
Depois ainda fomos fazer uma caminhada. Soube-me bem sentir o frio húmido da noite. Reentrámos em casa já passava das nove da noite. Pelo caminho tínhamos parado para comprar chamuças e chicken pakora que, ao jantar, acompanhámos com arroz e salada. Soube bem.
E depois cheguei ao sofá e adormeci. O meu marido estava a ver a entrevista a Luís Pinheiro, à época o director clínico de Sta Maria, e, de vez em quando, tentava acordar-me. Mas agora acontece-me sempre isto. Ando a acordar cedíssimo. Durmo pouco e mal. Por isso, à noite, quando chego à sala, aterro, ligo à terra, descarrego, fico sem um pingo de energia dentro de mim.
De resto, é o que é. Há coisas que não se escolhem. Acontecem. E temos que saber lidar com elas. No meu caso, tenho um passo prévio: tenho que aprender a lidar com elas.
E, pronto, é isto, nada mais a declarar. Avisei... ando assim, sem assunto.
1 comentário:
Querida Um Jeito Manso,
Como a compreendo. O seu estado de espirito deve ser comum a muitas de nós. Se não são os mais velhos que nos preocupam, são os jovens que nos apoquentam, senão é todo um mundo que a cada dia que passa enlouquece mais um pouco. Salvam-se os pequeninos que nos alegram os dias e por quem alinhamos no espirito natalício.
Há muitos anos que aquele espirito só me surge para lá de meados de Dezembro. Este ano por insistência da pequenita fiz a arvore de Natal e as decorações no inicio do mês. A desolação dela era tanta por ainda não se sentir Natal aqui, que me ajudou na tarefa.
E depois vêm as compras. Não conheço homens da nossa geração que gostem de as fazer.
Mas parece que muita gente, assim que se fala em Natal, finais de Outubro corre a comprar, pois nesta altura já não se encontram todos os tamanhos, cores ou modelos.
Este ano, como sinto que todo o ano dou de mim, nesta altura contenho-me e limito-me a oferecer o que houver necessidade, ou dê prazer, livros, aqueles pacotes da Odisseias de massagens, experiencias, resolveram alguns presentes. Bem procurado ainda se encontra boas sugestões mas isso obriga a muito tempo gasto nos centros comerciais e para tal já não tenho paciencia nem saude.
Um beijinho, saude, animo e bom descanso.
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