Estou particularmente cansada, hoje. Quando chegámos a casa, ainda fui regar um pouco, talvez para conseguir ter alguma normalidade no dia ou levar a cabo alguma acção por minha decisão. Há vários dias que ando a reboque dos acontecimentos, horas fora de casa, sempre a sair cedo e a chegar tarde, sempre sem saber o que se segue.
Quando cheguei a casa, depois de comer um iogurte ao qual juntei frutos secos (pois não tinha almoçado), sentei-me e, estafada como estava, adormeci. Ouvia, à minha volta, o urso cabeludo a ladrar freneticamente... mas o sono foi bem mais profundo, levou a melhor.
Estava também expectante em relação à chegada do mais velho, que chegava de Paris, e que, fruto da confusão que por lá vai, tinha de lá partido com atraso. Isto depois de dias de farra e alta animação. E tinha pensado que tinha que acordar à hora dele chegar.
Quando o meu marido me foi acordar para ver se queria ir à rua passear com o dog pensei que não conseguia despertar de maneira nenhuma e, muito a custo, disse-lhe que fosse sem mim. Mas vi as horas, vi que estava quase na hora do avião aterrar. Fui logo ver o site. Ainda não tinha chegado.
Então forcei-me a levantar-me do cadeirão, bebi água e lá fui à rua, sempre agarrada ao telemóvel, a ver as mensagens e o site. Só aterrou cerca de meia hora depois. Aí respirei de alívio.
E liguei à minha mãe a quem tinha deixado, um bocado antes, muito pouco animada, cheia de medos e ansiedades. Felizmente, já estava melhor.
Quando regressei a casa, fui fazer o jantar.
Quando depois cheguei aqui ligou-me o jovem 'parisiense', rouco, rouco, radiante, feliz da vida, cheio de peripécias. Rico menino. Já quer lá voltar, diz que quer ir com os primos (e com o irmão, claro), quer ir repetir as aventuras, quer voltar a sentir a adrenalina das aventuras mais radicais. Quando tinha a idade dele e andava num ano lectivo equivalente ao dele, a minha excursão foi à Serra da Estrela. Agora vão a Paris. Outros tempos, outros tempos.
E agora estou aqui a lutar para me manter acordada mas não está fácil.
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Tenho andado para ver se conseguia falar de dois temas e gostava que fosse hoje. Vou tentar.
O primeiro tem a ver com as recentes medidas do Governo para mitigar as dificuldades económicas face à inflação, nomeadamente o aumento de 1% à função pública e à redução do IVA num conjunto de produtos essenciais, isto em conjunto com apoios a inquilinos de baixos rendimentos ou a quem tem créditos à habitação que não consegue suportar. E o que tenho a dizer é que, se for só isto, acho algo preocupante. Eu, numa situação de défice baixo, mais baixo do que o previsto, e com o crescimento do PIB acima do expectável, como meritoriamente aconteceu (e sinceros parabéns ao Governo!) centraria grande parte do esforço na redução da dívida. Sempre que se reduz a dívida poupam-se os custos dos seus encargos, libertando-os para outras áreas. Em contrapartida quando se aumentam custos, em especial custos fixos, pode estar a comprometer-se o futuro.
Ora não ouvi falar na redução da dívida e isso preocupa-me pois essa, em meu entender, deveria ser uma grande, grande, prioridade.
Depois não sei se não se está a concentrar demasiado as ajudas nos sectores mais desfavorecidos, quase numa lógica de dádiva. Penso que fazê-lo de forma quase exclusiva é coisa de vistas curtas. O motor de uma economia é sempre a classe média. É a classe média que puxa pela classe mais baixa, e fá-lo numa lógica sustentável, criando empregos, gerando riqueza replicável.
Ora parece-me que se está a agir demasiado numa lógica assistencialista e pouco numa lógica de desenvolvimento, de crescimento. E isso, a ser verdade, não é muito inteligente.
Contudo, mal tenho conseguido acompanhar as notícias pelo que posso apenas estar mal informada.
Além do mais, faz mal Marcelo em andar cegamente colado às sondagens e à opinião pública, pensando e actuando apenas numa lógica imediatista. Ele diz que é para contrabalançar a maioria absoluta mas eu acho que ele introduz confusão e ruído minando o terreno, pois, depois do que diz, deixa de ser possível ao Governo agir de forma racional, numa lógica de futuro.
O segundo tópico de que aqui quero falar tem a ver com o que se passa em Paris, com a rua em polvorosa contra a subida da idade da reforma. E o que tenho a dizer é que fico perplexa com aquela violência e disparate. Macron tem razão e nem sei como é que o sistema francês de pensões se aguenta com reformas aos 60, 61 ou 62 anos. Claro que, se não sobem a idade da reforma, é quase inevitável que, daqui por algum tempo, haja problema. Para além do mais, com a esperança de vida tão longa, que mal tem as pessoas trabalharem até aos 65 ou 66 ou mesmo 67 anos? Os actuais sessentas são os antigos cinquentas.
Os cálculos relativos a pensões de reforma são cálculos complexos e dão sobretudo pelo nome genérico de cálculos actuariais. Há muito trabalho de simulação sobre modelos estatísticos e probabilísticos. E um dos factores que mais influencia os cálculos é, como não poderia deixar de ser, a esperança de vida. Se uma pessoa vive até aos noventa ou cem ou mais anos e se cada vez há mais pessoas a viverem muitos anos, tem que se ver bem de onde vem todo o dinheiro para lhes pagar. Por isso, quanto mais tarde se reformarem, menos pressão haverá. Claro que se a demografia for favorável com muito mais gente nova a trabalhar do que gente a receber a reforma, o problema estará mitigado. Mas acontece que em França (tal como em Portugal) a população vai envelhecendo sem que os novos se reproduzam ao ritmo necessário. Ajudam, nesta matéria, os imigrantes. Mas não chega.
Não sei como é que Macron não consegue explicar uma coisa tão óbvia. Não sei se há aqui uma falha de comunicação da parte dele e do Governo ou se são os manifestantes que não querem perceber o óbvio. Os franceses deveriam era estar agradecidos a Macron. Ainda bem que ele é um estadista e não um catavento que gira ao sabor da opinião pública.
Mas o que eu receio, ao ver aquelas inflamadas manifestações em que grande parte parece gente arruaceira, de baixa idade, é que os sindicatos e as ruas estejam infectados com agitadores que, como tem sido divulgado, poderão ter mão russa a agir na sombra para minar as democracias europeias.
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E para animar, um belo momento de dança e alegria.
3 comentários:
O que é relevante na questão das reformas é a produção de riqueza. O grosso dessa produção é feita por máquinas pelo que a sustentabilidade tem mais a ver com a disponibilidade de combustível do que com a razão reformados/trabalhadores (que é, efecticvamente, um factor de segunda ordem). Entre outras razões, a riqueza da França, desde os anos 60, aumentou numa proporção muito superior àquela razão. Dada a gravíssima crise energética (anterior à invasão da Ucrânia, embora agravada por esta) e a completa incerteza quanto à disponibilidade dos recursos energéticos e da transição para outros combustíveis, todas as projecções apresentadas por Macron (pressupondo um crescimento médio da economia a ~1-2% ano) são poeira para enganar os tolos. O tipo está a gastar todo o seu crédito para fazer uma reforma que muito provavelmente terá de ser completamente revista daqui a 10 anos. Ou seja, não sendo ele totalmente burro, isto significa que, contrariamente ao que afirma, o que ele quer fazer não tem nada que ver com a "sustentabilidade" do sistema de reformas. Há enormes estaleiros muito mais urgentes, a começar pela renovação do parque imobiliário (isolamentos, etc), entre outras. Aliás, se levassemos a sério as metas dos 1.5-2 graus centígrados teríamos de nos preparar para um equivalente de um covid por ano (5% de redução de emissões de CO2) com a consequente contracção do parque de máquinas em funcionamento. Por outras palavras, o PIB deveria contrair todos os anos até ver... Nestas circunstâncias, em vez de procurar mobilizar a população para desafios inéditos, tal uma Tatcher com 40 anos de atraso, impōe uma "reforma" para o mundo de ontem. Bravo.
Costa devia baixar o IRS e criar menos escalões.
Macron é estadista.....o nosso PM voga ao sabor da "possível" ida para Bruxelas. PR "fala" demais......!!!!!!!!!!!!!
A.Vieira
Caríssima UJM
Sabe uma coisa, UJM?! Já estou farto deste governo, desta oposição, e deste PR. Já não os suporto, a todos!.
Os políticos atuais no burgo, já se percebeu, que só funcionam em capelinhas. Há um charco politico neste país, parecido com a pescadinha de rabo-na-boca, estão todos com lugares marcados neste teatro politico já em decomposição.
Estou desejando que Gouveia e Melo se assuma candidato, porque terá o meu voto independentemente de ser militar ou qualquer outra coisa, estou-me nas tintas para isso, o que é preciso é haver alguém que venha de fora deste baile hipócrita em que vivemos dar uma pedrada neste charco. Porra, já não aguento tanta hipocrisia politica feita por sargentos da politica.
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