sábado, dezembro 24, 2022

Votos a modos que natalícios

 





Sei que isto vai parecer uma vergonha mas o meu estado físico e psicológico, lamento, hoje não dá para mais.

A manhã foi de loucos. Telefonemas, mails, assuntos de última hora, campainha da porta a tocar e mais telefonemas, ora de bom natal ora de 'temos aqui um problema'. 

Eu sozinha em casa com o dog de guarda. Fomos para o passeio higiénico já dava para tarde. Quando estávamos no spot que elegemos como a melhor casa de banho canina e ele já tinha farejado todas as ervas, alçado cem vezes a pata para deixar a sua mijatória marca em tudo o que é coisa e quando começou a cheirar baixinho e a andar à volta de rabo em posição descendente, nitidamente a preparar-se para defecar, eis que passou um carro devagarinho, parou e seguiu devagarinho. Presumo que andassem a ver casas. Ora este género de comportamento é o tipo de coisa que tira o caobeludo do sério. Suspendeu o acto, desatou a ladrar, começou a puxar-me para irmos atrás do carro, saltava de irritação. Enquanto o carro não desapareceu, não descansou, desconfiado, irritado. E, com isto, não se despachava. Portanto, tive que ir dar uma volta maior. Eu a querer despachar-me e ele nem aí. Finalmente lá fez cocó e lá viemos para casa. Só eu.

Tinha pensado mexer um ovo com tomate para o almoço mas como ontem, no supermercado, o lugar dos ovos estava sem um único e como o meu marido, à hora de almoço, foi tentar comprá-los num outro supermercado, numa outra zona, também se deparou com o mesmo cenário, resolvi não gastar nenhum dos poucos que tinha no frigorífico. Comi um iogurte de proteínas que felizmente lá encontrei. E comi uma laranja e uns frutos secos. Se isto não é dieta já não sei o que é uma dieta.

A seguir, e já deviam ser umas duas e tal ou três, fui então para o chamado quarto das meninas para ir espalhando as coisas em cima da cama e para acasalar peças com talões de oferta, para agrupar por recebedor, para pôr em sacos. Uma seca das antigas. 

Longe vão os tempos em que me sentia em falta quando não fazia embrulhos para cada coisa. Agora não há cá embrulhos nenhuns, vai tudo para sacos e, mesmo assim, tudo o que é par uma pessoa vai para o mesmo saco.

Sempre me incomodou a gastação e confusão de papelada e laçarada que ali se gerava. Toda a gente arrancava aquilo sem pestanejar e de repente ficava o chão cheio de coisas para o lixo. Agora não há cá nada disso. E o pouco que possa haver obviamente será separado para reciclar.

Pelo meio, ainda alguns telefonemas. Ao fim da tarde chegou o meu marido e trouxe mais coisas que tiveram que ser arrumadas. E fomos fazer uma caminhada e combinei as coisas com a minha mãe. E falei com os meus filhos. E jantei e arrumei e sei lá que mais.

E com tudo isto, e porque tive que acordar cedo, não tenho é espírito natalício nenhum em mim. Espírito natalício requer sossego, espaço mental para crenças e frescuras, disposição para emoções pré programadas. Ora acontece que, este ano, estou fora. Não por ideologia. Mesmo por conjuntura, circunstância, falta de tempo.

Este sábado vou ter muito que fazer e vou sair cedo de casa pois a véspera não vai ser cá. Por isso, não sei se vou conseguir cá vir antes da meia-noite. Gostava de estar de cabecinha fresca, toda prosa, votozinhos fofos e lindos. Mas não estou.

E depois, com a guerra às nossas portas, com um assassino tresloucado à solta e a que ninguém no mundo parece ser capaz de colocar um travão, com tanta desgraça por todo o lado, com meio mundo a fugir à sua triste sorte e arriscando a vida para ir atrás de um sonho, com crises de toda a espécie que rebentam que nem pipocas, o que é que se pode dizer que não soe a futilidade?

Não sei. Acho que nada.

Por isso, limito-me a desejar-vos dias felizes. Em especial aos que se sentem sozinhos, aos que estão doentes, aos que se sentem inseguros quanto ao futuro, desejo que acreditem que melhores dias hão-de vir.

Daqui vos envio um abraço solidário e amigo. 

E que nos vamos encontrando por aqui. Mesmo que em silêncio --vocês aí, eu aqui --, que nos vamos acompanhando, mesmo que de longe. A vossa presença aí é um presente que não tenho como agradecer. E aceitem estas minhas palavras como o meu agradecimento

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E pode ser que estes vídeos aqui abaixo sejam aqui descabidos, mas vi e gostei. Nada disto aqui abaixo é coisa pouca, ao alcance do vulgar dos mortais. Mas há um beleza e um glamour que são bons para nos ajudarem a sonhar com a beleza das coisas.



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As fotografias que usei pertencem à série Loch dipping and Abuja lights: Friday’s best photos do Guardian
A música é de Gabriel Fauré: Pavane, Op. 50 - sobre pinturas de Claude Monet, simpático presente do Ccastnho

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Festas felizes a quem festejar. Dias felizes a todos.
Saúde. Boas companhias. Paz.

4 comentários:

aamgvieira disse...

Votos de paz e descanso !!!

A.Vieira

Maria do Carmo disse...

Também coloco as prendas em sacos. Não sou consumista. Prendas só para os netos. Natal é quando o homem quiser, portanto ofereço ao longo do ano. Principalmente ás filhas. Votos de descanso, saúde paz e amor. Votos sinceros. Feliz Natal.

Um Jeito Manso disse...

Olá A. Vieira

Ainda que muito atrasada, aqui estou para lhe agradecer (os votos, a companhia).

Dias felizes também para si!

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria do Carmo,

Espero que o seu Natal tenha sido bom. O meu, já deve ter lido, foi muito bom. E houve troca de presentes para todos. Poderia ser só para os meus netos... mas os meus filos, para mim, ainda são os meus meninos. E depois há os/as respectivas. E minha mãe. E o meu marido. E os compadres e comadres.... E a senhora que vem uma tarde por semana fazer a limpeza... e etc.

É um hábito. E temo que, se falhar, as pessoas pensem que se passa alguma coisa, que fiquem sentidas. Sei lá... (se calhar, ninguém se importava, não sei...)

Muito obrigada pelos seus votos, pelas suas palavras, pela companhia.

Tudo de bom para si, Maria do Carmo.