terça-feira, dezembro 27, 2022

Sobre um dia de ressaca, na companhia de Alfredo Luz e de Yiruma

 



Este meu dia foi a modos que de ressaca. Parte do dia foi passado a garimpar a casa. Depois de dias assim, tudo se encontra: peças de lego, bocadinhos de papel, etiquetas, uma tesoura, num lugar remoto um prato, um guardanapo e uma garrafa de água das pedras, papelinhos de after-eights, restos das hastes de rena, e, certamente porque não é verão, não apareceram meias ou outras peças de vestuário. 

Também passei a pente fino os sacos de papéis e envelopes sobrantes para assegurar que, se houvesse alguma coisa relevante para aparecer, aparecesse antes de ir tudo para a reciclagem.

Fiz uma máquina de roupa com as toalhas de mesa e as das casas de banho e panos de cozinha e das mãos. Não choveu mas não esteve bom para secar. A partir das quatro e tal começou a cair a humidade e, por isso, nessa altura a roupa veio para dentro, para o estendal desmontável que transportámos cá dentro. Talvez amanhã de manhã esteja quase sequinha. 

Aproveitei ser um dia desimpedido para tentar convencer o meu marido que, tal como eu, também esteve de tolerância, a fazer uma coisa a que até aqui se tinha recusado: ajustar a altura de dois quadros. Com o pretexto de não gostar de fazer buracos nas paredes, temos este tema entre nós: se um quadro fica bem à primeira é uma maravilha, se não fica posso levar um ano ou mais a conseguir que se disponha a mudá-lo. Claro que poderia mudá-lo eu mas há duas razões para não o fazer: um dos quadros é muito pesado, tem vidro, moldura pesada, não tenho força para pegar nele, e, para além disso, nunca aprendi a trabalhar com o berbequim, tenho medo que a broca se solte em plena acção e voe, rodopiando, perfurando tudo em pleno voo.

Claro que não tive que cozinhar: apesar das marmitas que levaram, ainda sobrou o qb para ambas as refeições.

A seguir ao almoço, instalei-me num cadeirão junto à janela lá de cima. 

Quando cheguei à escada, já o dog estava a meia altura, a olhar para baixo à minha espera. Não sei como é que este animal adivinha as minhas intenções mas a verdade é que adivinha. Levei o computador e fui ver a Emily in Paris, uma coisa boa para pré-adolescentes mas que me distraio a ver sobretudo pelas vestimentas das mulheres da série e por Paris. Só que passado um bocado, ficou sem bateria. 

Não quis saber, adormeci. 

Depois estive a ler um pouco dos Aforismos da Agustina. Tinha comprado para oferecer a uma pessoa que me pareceu que iria gostar. Contudo, dias depois, fiquei com mixed feelings. Por um lado, não tinha a certeza de que gostaria (o meu marido achava uma oferta algo arriscada) e, por outro, estava com vontade de lhe mexer. Portanto, ficou pra mim e para ele foi um outro que acho que é uma aposta mais segura. 

Também tenho a dizer, embora sem atirar foguetes, que a noite passada tomei um paracetamol e dormi lindamente, tendo acordado praticamente sem torcicolo.

Mas estou molengona, sem acção, e, ao mesmo tempo, cheia de ideias, com vontades de mudanças, mesmo que pequenas mudanças. Só que não tenho vontade de pensar em como chegar lá. Por exemplo, está um catavento, um moinho de vento e um sino do lado de lá da horta e gostava de trazê-los para o lado de cá. Mas não sei para pôr onde nem sei se será fácil desmontar de onde está e montar do lado de cá. Já deitei uma alusão, assim como quem quer a coisa, mas o meu marido limitou-se a dizer: 'Não comeces'. Tenho que estudar melhor a situação.

E tenho algumas coisas mais a sério para tratar mas é tanta a preguiça que até para procrastinar sinto moleza. 

E continuo sem responder a comentários ou a mails. Sinto-me em falta mas, depois das trabalheiras, a lazeirice parece ter tomado conta de mim.

Tirando isso, sei que vai por aí alta baderna sobre uma Secretária de Estado que se demitiu da TAP, saindo com a carteira bem recheada. Não percebo bem o que se passou mas não me cheira lá muito bem. Palpita-me que a coisa não vai acabar bem. 

Também é curioso que mais um oligarca descontente com o psicopata assassino tenha caído da varanda. Caem das varandas que nem tordos, os ex-amigos do diabo em forma de gente que o mundo não consegue travar. 

O frio do caraças em algumas zonas dos States também é um tema. 

O planeta anda instável e alguns humanos parece que se estão a ressentir de forma muito profunda.

Mas ando desinformada, desinteressada, necessitada de uma cura de sono, de um livre trânsito para um spa, de coisa em forma de assim. Por isso, por hoje nada mais.

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As pinturas são da autoria de Alfredo Luz, pintor cuja obra só conheci há dias e que foi verdadeiro coup de foudre. Amo, amo, amo. Como foi possível nunca antes ter ouvido falar dele eu não sei, não encontro explicação. 

 Yiruma acompanha a obra de Alfredo Luz, interpretando Kiss the Rain

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Desejo-vos um dia bom
Saúde. Tranquilidade, Paz.

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