Agora, vários que têm que ir pôr e buscar os miúdos à escola, preferem, in between, estar na empresa, num ambiente partilhado fisicamente com colegas.
Mas há outras pessoas, nas quais me incluo, que preferem um regime híbrido. Em teletrabalho excepto quando as circunstâncias requeiram a minha presença.
Ainda por cima o trânsito em Lisboa está como estava antes da pandemia e isso não apenas é inimigo do ambiente como inimigo da qualidade de vida pessoal. Estar horas em filas de trânsito é peditório para o qual já dei ao longo de milhares e milhares de anos e para o qual me falta cada vez mais paciência. Como dizia a mãe de um amigo, tia de umas manas bem conhecidas no meio beta da Linha, quando lhe pediam para fazer alguma coisa que a contrariava: 'Não tenho idade nem condição social para me sujeitar a isso'.
Outra coisa de que enjoei é de andar a comer todos os dias em restaurantes. Claro que poderia levar marmita mas, a sério, não é exactamente a minha praia e também já não tenho pachorra para me habituar a coisas para as quais não me sinto muito inclinada. Prefiro almoçar em casa.
Depois, sinto-me tão ou mais presente na empresa e na vida profissional por esta via do que antes. Ainda hoje tive uma reunião prolongada com um colega. Estamos tête a tête, falando sem barreiras, olhando-nos nos olhos.
Claro que não são apenas vantagens: neste regime, uma pessoa tende a esquecer-se de fazer intervalos e pode dar por si trabalhando de sol a sol, não usufruindo de um mínimo de tempo livre para si próprio. Um disparate sem explicação. Falo por mim: em teletrabalho não gasto tempo em transportes ou em esperas nos restaurantes. E, no entanto, consigo a proeza de não me sobrar tempo para ler um livro ou para descansar um bocado. E isso está já identificado como um dos problemas do teletrabalho: uma pessoa habitua-se a estar sempre ligada, sempre disponível. É notoriamente algo que tem que ser melhorado.
Já aqui o disse muitas vezes: o teletrabalho é tema que não deve ser visto como associado ao confinamento. Muitas pessoas desesperaram com o teletrabalho durante o confinamento pois tinham constantemente os filhos a solicitar atenção ou a fazer barulho, tinham o marido ou a mulher ao lado, tinham que prestar atenção a uns e a outros, pelo meio fazer refeições, tratar da casa. Não se deseja a ninguém.
Mas o teletrabalho deve ser visto de per se, em situação normal, de não confinamento. Só assim, se poderá fazer uma correcta avaliação.
Para mim, que tenho boas condições e em que posso estar num canto e o meu marido noutro, a coisa funciona às mil maravilhas. Além disso, ele está em casa quando está pois, pela natureza do seu trabalho, muitas vezes quer estar lá, onde tudo acontece. Portanto, para mim funciona na perfeição
Sobretudo, o teletrabalho teria funcionado espectacularmente quando os meus filhos eram pequenos e eu sofria horrores no trânsito, tantas vezes parado, a imaginar que estavam à minha espera no colégio, frequentemente sendo quase dos últimos quando não mesmo os últimos. Perdi anos de vida com esses stresses em que me sentia totalmente impotente. Pensar que chegava ao colégio e que os via, sozinhos, sentados na escada da entrada à minha espera, despedaçava-me o coração. E tinha verdadeiro pavor de um dia lá chegar e de o colégio já estar fechado e de não os ver. Felizmente nunca aconteceu. Mas o que penei nesses anos só eu sei.
Teria sido tão melhor se pudesse ter praticado um regime híbrido, por exemplo, podendo sair mais cedo para ir buscá-los à escola e depois trabalhar a partir de casa. Só que, nessa altura, nem internet havia quanto mais vpn's, videoconferências e essas modernices.
Agora, havendo internet e todas as condições inerentes, acho que as empresas devem fazer um levantamento junto de cada serviço para saber quais as funções que podem ser exercidas remotamente e quais as pessoas que gostariam de se incluir nesse grupo.
Dizem as pessoas de RH, que tantas vezes gostam de complicar, que, se as pessoas estão muito tempo em teletrabalho, fica mais difícil controlar o seu trabalho ou conseguir que se mantenha o espírito de equipa. Talvez. Gerir equipas em que parte delas está noutro lugar requer outros cuidados. Mas quem já geriu equipas geograficamente distantes está habituado a minimizar os efeitos da distância física. Tem que haver mais reuniões por teams (ou zoom), tem que haver mais telefonemas, tem que haver situações de reunião física de vez em quanto. Nada de mais. Não vale a pena dramatizar.
Mas tudo deve acontecer de forma natural, sem estigmas, sem preconceitos, com a humildade de quem trilha um caminho que é ainda um caminho de aprendizagem.
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Que entre mas é a maltinha da Porta dos Fundos.
Presencial
Não, não me obriga a voltar pro presencial, por favor, eu imploro! O Porchat exige que a gente se pinte de azul toda "sexta casual", tem treino obrigatório com o João Vicente às segundas, o Kibe fica andando com aquela farda pra cima e pra baixo e faz blitz todo quinto dia útil, fora o clube do livro do Gregório Duvivier que só indica poesia. Tava tão bem em casa assistindo cortes de podcast na hora do almoço sem ser julgado
2 comentários:
AAAAHHHHHHH!!
Que bom estar reformado e mandar o trabalho, o teletrabalho e outros às urtigas...
Bom fim de semana à quinta feira !
Lá hei-de chegar, lá hei-de chegar... Vai ser tão bom...
Também vou rir de gosto a pensar que já estou livre das sevícias (mentais! - calma) que venho sofrendo há anos.
Abraço.
E boas férias!
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