segunda-feira, outubro 26, 2020

Coronavírus: como acontece o contágio através do ar numa sala, num bar, numa escola.

[Artigo do El Pais a não perder]


Os ambientes fechados são um perigo quando se fala em contágio através do coronavírus. Não é forçosamente tiro e queda mas é um risco. Contudo, pode mitigar-se através do uso de máscara, de boa ventilação e de tempo de permanência.

Muita polémica tem havido desde o início da pandemia: de um lado os cientistas que sabem o risco do efeito de aerossolização das gotículas contaminadas, do outro os agentes económicos.

Fábricas, escritórios, escolas, hotéis, restaurantes, centros comerciais, hospitais, lares, ginásios, pavilhões desportivos, cinemas, salas de concertos... tudo sítios em que, em geral, as pessoas que os frequentam estão em espaços fechados, durante bastante tempo, frequentemente respirando ar condicionado. Mesmo em casa, ao aproximar-se o tempo frio e de chuva, se se juntarem várias pessoas, num espaço relativamente pequeno e se um estiver contagiado, facilmente os demais convivas serão infectados.

Não me tenho cansado de falar nisto mas repito-me: se o espaço for conveniente ventilado, com condutas desinfectadas, com filtros adequados correctamente substituídos, com a frequência devida, com injecção de ar fresco do exterior, se as pessoas estiverem de máscara e se não estiverem durante muito tempo juntas com alguém que esteja contagiado, talvez consigam escapar. Senão as probabilidades são mais do que muitas de haver contágios.

Acontece que, em casa, as pessoas não andam de máscara nem guardam distanciamentos. E, em todo o lado, quando estão a comer ou a dormir, ninguém está de máscara. Com sorte não há ninguém contagiado no mesmo espaço mas, se houver, o caldo poderá entornar-se para o lado dos restantes. Veja-se o que acontece nos lares.


Claro que há os que, afortunadamente, são geneticamente imunes ou os que já tiveram covid e ainda estão imunes. E há os resistentes (e felizardos) que, sendo infectados, permanecem assintomáticos. E há ainda os que, tendo sintomas, a coisa corre bem, sem chatice de maior. Mas depois há os outros, os que ficam mal, mal. E, infelizmente, os que não resistem. No início, morreu a mãe de uma amiga, agora morreu o pai de uma colega. Um outro colega meu contou-me no outro dia que perdeu uma amiga. Aos poucos vamos sabendo de alguém. O meu filho, contou-me de um vizinho que andava pelos sessenta. Covid, covid, covid.

E o problema é que, apesar de a percentagem de fatalidades ser baixa, a base sobre a qual ela incide é progressivamente maior. E, assim, é um ápice enquanto se atinge o limite de vagas em enfermaria e, de seguida, nos cuidados intensivos. E, ao atingir-se esse máximo, estaremos a entrar no capítulo do grande sofrimento, do drama.

Ouvi o Paulo Portas na TVI e teve razão, ele, ao referir os limites também de pessoal hospitalar. Cansados e, por vezes, em quarentena ou, mesmo, infectados, reduzindo a produtividade, reduzindo a capacidade para tratar os que arfam e agonizam. Não sei se é na Bélgica que já há médicos infectados a continuar a trabalhar.

Partilho uns pequenos excertos do artigo do El Pais (Un salón, un bar y una clase: así contagia el coronavirus en el aire) onde muito do que digo está devidamente explicado.





En estos momentos, las autoridades sanitarias reconocen tres modos de contagio de la covid. Las gotas que expulsan los contagiados al hablar o toser, que acaban en los ojos, boca o nariz del infectado. Las superficies contaminadas, aunque los Centros para el Control y la Prevención de Enfermedades de EE UU (CDC) indican que este caso es el menos probable y el Centro Europeo para la Prevención y Control de Enfermedades advierte de que no se ha descrito ni un solo contagio por esa vía. Y por último, la infección por aerosoles, cuando se respiran estas partículas infecciosas invisibles que exhala una persona enferma y que se comportan como el humo al salir de su boca. Sin ventilación, quedan en suspensión y se condensan en la sala a medida que pasa el tiempo. (...)

Al comienzo de la pandemia, se tuvo la impresión de que el principal vehículo de contagio eran esas grandes gotas que expulsamos al toser o estornudar. Sin embargo, ahora sabemos que gritar o cantar en un espacio cerrado, mal ventilado y por mucho tiempo también genera un alto riesgo de contagio. Esto sucede porque al hablar a pleno pulmón se lanzan 50 veces más partículas cargadas de virus que cuando estamos en silencio. Estos aerosoles, si no se diluyen con ventilación, se concentran con el paso del tiempo, aumentando el riesgo de contagio. Los científicos han demostrado que estas partículas, que también liberamos al respirar o con mascarillas mal ajustadas, pueden ser contagiosas a cinco metros de un enfermo y durante muchos minutos, dependiendo de las condiciones. Esas son las condiciones que reproducimos en estos ejemplos y que conviene evitar a toda costa. (...)

Para calcular las probabilidades de contagio de las personas presentes en situaciones de riesgo, usamos un simulador desarrollado por un grupo de científicos, liderado por el profesor José Luis Jiménez (Universidad de Colorado), creado con la intención de mostrar la importancia de los factores que obstaculizan el contagio por aerosoles. El cálculo no es exhaustivo ni puede incluir las innumerables variables que concurren en un contagio, pero sirve para ilustrar la progresión de los riesgos en función de los factores en los que podemos intervenir. Los sujetos mantienen la distancia de seguridad en las simulaciones, eliminando el riesgo de contagio por gotículas, pero aun así pueden infectarse si no se actúa sumando todas las medidas a la vez: ventilar correctamente, acortar los encuentros, reducir aforos y llevar mascarillas. En todos los contextos, el escenario ideal sería en exteriores, donde las partículas infecciosas se diluyen rápidamente. Si no se mantiene la distancia con el posible paciente cero, la probabilidad de contagio se multiplica porque entran en juego las gotas expulsadas y porque la ventilación no sería suficiente para diluir los aerosoles si las dos personas están muy pegadas. (...)


Portanto, desculpem a insistência mas permitam que volte a frisar alguns conselhos:

  1. Na companhia de outras pessoas, estar o mais possível ao ar livre
  2. Sempre que em espaços fechados, tentar estar de janela e/ou porta aberta
  3. Não podendo estar de janelas e portas abertas, tentar reduzir o espaço de permanência em espaços fechados e não ventilados
  4. Sempre que em espaços fechados em que não se está de porta ou janela abertas, estar de máscara (mesmo em casa, se lá estiverem pessoas que circulam em espaços pouco controlados ou mesmo no gabinete ainda que não esteja lá mais ninguém)

E que o Governo não apenas divulgue estas informações como também:

1 - Ensine a usar a máscara (quanto tempo de seguida consoante o tipo, como se lava, com que frequência, onde guardar nos intervalos, etc)

2 - Ensine o que não deve ser feito. Por exemplo, ontem cruzei-me com um grupo de ciclistas que estavam a fazer uma prova. Uns quantos tinham parado e estavam em círculo, ofegantes, a beber água e a conversar, a respirar na direcção uns dos outros, sem qualquer distanciamento e, obviamente, sem máscara.

3 -- Retire, ao máximo, gente de circulação sem prejudicar a actividade económica: teletrabalho obrigatório sempre que as funções o permitam e as pessoas o aceitem

4 -- Decrete o recolher obrigatório e limitação de ajuntamentos nos concelhos de risco.

5 -- E, insisto, insisto, insisto: fazer análises à qualidade do ar em recintos fechados (lares, hospitais, escritórios, centros comerciais, etc) e garantir que o ar é renovado com ar do exterior.

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E sai uma música. De John Williams.


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Cuidem-se, meus Caros. Saúde e alegria.

1 comentário:

Estevão disse...

… e, pelo que me é dado ver há anos, alguma preocupação com as empresas de limpeza que recrutam a muito baixos salários, por vezes até pessoas que não têm qualquer noção de higiene, poupam o máximo que podem em detergentes e afins, e entram em todos os locais das melhores e maiores empresas com uma facilidade incrível ..