sexta-feira, setembro 25, 2020

Com quem foi o melhor beijo?

 

Se a mim me fizessem esta pergunta em público teria que dar a resposta óbvia. Qualquer outra, para além de poder ser não verdadeira, poder-me-ia trazer sarilhos. 

E se eu gosto de beijos. Não há amor de verdade se não houver o prazer de beijar -- isto se for amor entre um casal, bem entendido. Mas, mesmo nos outros tipos de amor, penso que um beijo, um beijinho ou uma beijoca são laços indispensáveis na explicitação do afecto.

Mas, no caso da Sharon Stone, não houve esse tipo de pruridos: a pergunta referia-se a beijos em contexto profissional. Provavelmente não terá sido beijo técnico mas, sim, um pouco melhor que isso mas, de qualquer maneira, um beijo no contexto do trabalho que estavam a levar a cabo. Portanto, quiçá nada a ver com afecto mas com profissionalismo. Felizmente não sou actriz, senão não sei se conseguiria ser tão profissional quanto isso. O distanciamento suficiente para estar aos beijos e ficar como se não tivesse sido nada comigo parece-me coisa inantigível. Um beijo na boca é um momento de tal aproximação, de tal cumplicidade e comunhão que não sei como é possível ficar-lhe indiferente. E a verdade é que Sharon Stone parece também não conseguir ficar alheada e, passado tanto tempo, ainda recorda o bom que foi beijar Robert de Niro. E não me admiro. 

Robert de Niro é um homem da cabeça aos pés, daqueles homens que respiram masculinidade por todos os poros. E para um homem beijar bem uma mulher, bem, mesmo bem, tem que ser muito homem. Acredito que uma mulher também consiga beijar bem outra mulher. Mas lá está, para que o beijo seja bom tem que ser muito mulher. Ambas. Tal como um beijo homem-mulher só é uma porta aberta para o paraíso, para o covil dos amores, para o início e o fim dos tempos, se o homem for muito homem e a mulher muito mulher. Só assim haverá ternura, entrega, comprometimento, atração fatal.

O filme onde Sharon Stone degustou os belos beijos de Robert Niro, os melhores beijos da sua vida profissional (e se ela tem beijado...), foi o Casino. Por acaso, foi filme que não me encheu as medidas. Filmes entrecruzados por um narrador que, em voz off, vai tingindo a fita com explicações e embaciamentos, perdem fluidez e filmes sem fluidez (tal como livros ou conversas sem fluidez) são uma seca.

Não encontrei nenhum vídeo dedicado às cenas com beijos (mas, certamente, não tarda vai aparecer) mas encontrei este aqui abaixo onde dá para perceber a qualidade e envolvimento que existiu entre ambos.


E para provar a minha teoria, se Robert de Niro é um homem muito homem, Sharon Stone, por diversas vezes, também já deu provas mais do que suficientes de que é uma mulher muito mulher: quando representa e ousa como gente grande, quando tem um avc e recupera e se lança para uma nova vida, quando se apresenta de cara lavada mostrando as rugas, a pele macilenta e a perda de viço que as pessoas não esperariam ver numa femme fatale e, mais recentemente, quando se mostra, enervada, revoltada e, de certo modo, poderosa, falando do caso da sua família devastada e ameaçada pela covid, apelando a um voto que não num assassino.

1 comentário:

Estevão disse...

Este Alex, o que dava o “céu, as estrelas, o mar … até a lua”, dizia em entrevista à RTP que, antes das cenas de beijos e de danças, pedia sempre desculpa à sua parceira pelo facto de se poder excitar, ou de não se excitar, durante as cenas com elas.
https://www.youtube.com/watch?v=fIwUiKJiTas