domingo, agosto 30, 2020

A revolta dos que, em tempos, foram seus cúmplices


Não é pancada minha, não. É mesmo porque acho que as ervas daninhas perigosas, as bestas quadradas disfarçadas (neste caso não tão disfarçadas quanto isso mas que, perante gente tão ou mais burra que ele, ainda passa por planta salvífica), os narcisistas em posição de poder (todos os narcisistas são tóxicos, venenos que mais tarde ou mais cedo anulam a vida do que lhes está por perto mas, se em lugar de poder, então, são uma ameaça geral) têm que ser apeados, escorraçadas, corridos a pontapé, votados ao mais total ostracismo. Pode a coisa passar-se a muitas milhas de mim mas este perverso mundo global torna-nos, mais do que nunca, todos dependentes de todos.

A pandemia demonstrou isso de várias maneiras. Quando precisávamos de ventiladores tivemos que os importar de onde calhou, nomeadamente da China. Quando precisávamos de quem abastecesse os supermercados que nos levavam mantimentos a casa foram imigrantes que mantiveram as cadeias de abastecimento a funcionar. Agora que o mundo precisa de uma vacina, é de quem mais depressa vencer as guerras políticas e económicas, quem mais facilmente se mover no mundo da espionagem e dos grandes e ocultos poderes, que dependemos. Dependemos de toda a gente e, se pensarmos bem, muito pouco da nossa própria vontade.

E isto ao mesmo tempo que os glaciares se quebram e deslizam em assustador fenómeno de progressivo derretimento, ao mesmo tempo que, também por isso mesmo, as águas ameaçam subir em todo o planeta, ao mesmo tempo que o Pantanal arde como uma ferida a céu aberto neste nosso belo e inocente pontinho azul vogando no espaço -- e que uns quantos anormais, burros, ignorantes e estúpidos negam as evidências e continuam a perpetuar velhos hábitos de poluição, de consumo desmedido de recursos finitos.

(Daqui)
Por isso, preocupa-me a possibilidade de um estupor da pior espécie voltar a ocupar a Casa Branca. É certo que não são isentos de mácula os antecessores de Trump. Todos, em maior ou menor escala, meteram a pata na poça. Mas nada que se compare à estupidez, à boçalidade, à demência ajavardada deste Trump. Ali nada se aproveita. Aquilo ali é um retrocesso civilizacional. Aquele sujeito está uns degraus abaixo na evolução da espécie, está abaixo do mais mentecapto símio. Sinto nojo por aquela néscia avantesma.

Estou aqui, no meu canto, num país que fica aqui a um canto. Bem sei. Mas que se lixe. E, de resto, estou aqui no meu canto mas estou ligada ao mundo. E o meu país está num canto o escambau: está, isso sim, à porta de todo o mundo.

Portanto, só tenho pena de não ter voz que se ouça. Senão haveria de gritar até que a voz me doesse não descansando enquanto não visse aquele parvalhão apagado de todas as páginas da história.

Agora é Micheal Cohen a dizer de Trump o que nem Maomé disse do toucinho


E que mais vozes se ouçam, por lá e por todo o mundo.

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