Hoje o dia foi mais tranquilo. Intenso a nível profissional mas, em casa, as coisas começam a aproximar-se da estabilização.
Tenho a dizer-vos que a estante em gris foncé não é, afinal, tão foncé quanto isso. E até gosto de ver. Claro que talvez fosse preferível toda a sala em clarinho uniforme. Mas não calhou ser. Portanto, olhando como se não fosse ser suposto ser outra coisa -- ter desgostos retroactivos não é apenas inútil: é disparatado --, talvez até se lhe encontre alguma graça.
A salinha-biblioteca está pronta. E, num cantinho, a mesinha onde talvez, um dia, quem sabe, me dê para escrever romances escandalosos, contos eróticos de fazer corar as mentes mais apertadinhas, quiçá, até, histórias quase normais. Também não é a mesa ampla que tinha na minha cabeça. Essa mesa, contudo, existe, está é numa outra sala. Portanto, que não seja pelo tamanho da mesa. Esta a que me refiro é pequenina, só eu e pouco mais do que o espaço para pôr o computador. Acho que vou gostar de estar aqui. É onde está a chaise longue que encanta a minha bonequinha mais linda. É também onde está o armário, disfarçado, onde guardei as minhas maquilhagens, écharpes e bijuterias. Os perfumes, se calhar, também deveriam estar aqui. Coloquei-os no closet mas estou aqui a pensar que, se calhar, vou ter que colocá-los junto das outras coisas imprescindíveis.
Hoje acabámos de colocar os quadros: com a tarefa mais simplificada para os quadros mais leves, com a cabeça e o corpo menos cansados, também já não houve o stress dos outros dias.
As entrevistas, os ensaios, as crónicas, os diários, as autobiografias e as biografias também já estão arrumados. Alguns deram-me que pensar. O caminhos da floresta do Heidegger deve estar em que estante? Andei ali com ele às voltas sem saber. Ao pé do Walden, acho que sem dúvida, mas os dois ao pé de quê? Natureza? Filosofia? Well being? Lifestyle? [Kidding...]
E depois há um problema nestas arrumações: a gente percebe que esta gente da escrita, da edição e dos grafismos é gente desformatada: cada livro um de seu tamanho, cada um de sua altura e profundidade. Uma pessoa quer ter prateleiras com ar arrumado e uns saem para cima, outros saem para a frente, outros são mínimos e desaparecem na floresta. Devia haver uma norma, um formato standardizado. Que variem nas cores, nos bonecos, no tamanho da letra e, claro, no conteúdo em si, mas, caraças, respeitem um tamanho universal. Será pedir demais?
Volta e meia ocorre-me deixar-me de gaitas e organizar a biblioteca de uma forma mais intuitiva. Por exemplo, fazer uma estante com livros chatos. Outra com livros cada um de seu tamanho, tipo fungagá. Outra com livros que devem ser lidos de vez em quando, devagarinho. Coisa assim. E outra sem nada, livre para acolher os livros que me forem sendo recomendados por pessoas especiais e cujas recomendações sigo cegamente. Por exemplo agora ando com um aqui encasquetado. Mas quando conseguirei ir a uma livraria? Acho que vou ter que me converter às compras online para entrega em casa, seja para estantes, seja para candeeiros, seja para livros. O pior é se, quando o entregarem, ao pegar nele, odeio a paginação, odeio o papel, odeio a escrita, odeio as palavras, as acho deselegantes, escolhidas por quem não sabe que a escrita carece de uma linha de conduta, de um saber pisar e saber estar. Não sei se consigo aderir. Nos livros preciso de abrir, tomar-lhes o pulso, confirmar que é mercadoria fina.
Volta e meia ocorre-me deixar-me de gaitas e organizar a biblioteca de uma forma mais intuitiva. Por exemplo, fazer uma estante com livros chatos. Outra com livros cada um de seu tamanho, tipo fungagá. Outra com livros que devem ser lidos de vez em quando, devagarinho. Coisa assim. E outra sem nada, livre para acolher os livros que me forem sendo recomendados por pessoas especiais e cujas recomendações sigo cegamente. Por exemplo agora ando com um aqui encasquetado. Mas quando conseguirei ir a uma livraria? Acho que vou ter que me converter às compras online para entrega em casa, seja para estantes, seja para candeeiros, seja para livros. O pior é se, quando o entregarem, ao pegar nele, odeio a paginação, odeio o papel, odeio a escrita, odeio as palavras, as acho deselegantes, escolhidas por quem não sabe que a escrita carece de uma linha de conduta, de um saber pisar e saber estar. Não sei se consigo aderir. Nos livros preciso de abrir, tomar-lhes o pulso, confirmar que é mercadoria fina.
Enfim.
E, Gata, saiba que me converteu às coisas que colam. Andava sem saber onde pendurar o pano de cozinha e o pano das mãos. Furar azulejos é daquelas que deixaria o meu marido varado. Pois bem. Encontrei uns cabidezinhos simples, autocolantes, perfeitos. Portanto, aos poucos, tudo está a ganhar jeito, a ajustar-se ao meu gosto.
Ainda teremos que ir buscar várias coisas à outra casa: só veio uma panela grande, um panela média e um tachinho pequenino. A ver se amanhã trazemos os demais. De pirex só veio um tabuleiro grande. Coisas assim. E um móvel pequeno que ficou esquecido, onde estavam os livros de culinária. E uma colcha de renda que a minha filha acha que deve fixar bem sobre a que agora tenho posta. Acredito que sim. E faltam os nossos casacos de inverno, parkas, chapéus de chuva, sapatos. Portanto vai ser o que tem acontecido nos últimos tempos: mal a gente pensa que arrumou quase tudo, chega novo carregamento de sacos que é preciso arrumar. Com isto, parece impossível mas praticamente ainda não consegui usufruir do jardim.
E ainda falta colocar uma série de bibelots. A ver se a minha filha vem completar o décor que eu gosto das composições que ela tem estado a fazer. Ainda hoje dei por mim a passear pela casa, a observar, encantada.
Mas, pronto, aqui estou eu, uma vez mais, a falar do mesmo. E juro que, quando comecei a escrever, ia falar do Trump. A sério. Tinha visto um vídeo do além e era sobre esta degradação intelectual, social, moral e sei lá que mais que levou a que uma nação como os Estados Unidos acabassem desgovernados por um palhaço pulha, narcisista psicopata. Mas a minha cabeça está incontornavelmente presa a este processo de me reinstalar e levou-me outra vez para onde quis, para a minha alegre casinha. Seja como for, aqui está o vídeo:
Fox News Is Right: Any Idiot Can Read Off a Teleprompter | The Daily Show
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Pinturas de Willem de Kooning ao som de Delibes: Lakmé - Duo des fleurs na interpretação de Sabine Devieilhe & Marianne Crebassa
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E saúde e ânimo.
Um sábado feliz.
3 comentários:
Pois, ainda não vimos o jardim, mas já sabemos que há por lá uma roseira.
Tomara que ela tenha um espaço onde o Raul Lino pudesse plantar dois imponentes ciprestes de boas-vindas ..
Afinal:
-L.Johson = Vietnam
-R.Nixon = Laos e Cambodja
-R.Reagan = Beirute
-G. Bush = Panamá-Iraque-Somália
-B. Clinton= Bosnia e Kosovo
-G.Bush (F) = Afeganistão-Iraque
-Obama = Libia -Somália-Iemem
-D.Trump = ????
Será que nós os "democratas" europeus perdemos a memória ou ansiamos por guerras para sobreviver?
Não serei um "Trumpista" mas até ao momento também não o posso considerar o pior Presidente
dos EU.
Cumprimentos
Felicidades para a vida nova na casa nova. Podia fazer uma descrição completa da casa, começando pela entrada, avançando pela sala, pela saleta-biblioteca, pela cozinha, pelos quartos. Assim uma espécie de planta escrita. Não devassaria a sua intimidade e iria satisfazer a nossa curiosidade.
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