quarta-feira, junho 10, 2020

Mário Centeno, Mariana Mortágua, Cecília Meireles, Duarte Pacheco, etc.
E Chaplin, António Silva, Duarte Pacheco, Beatriz Costa.


Um dia que tudo isto se resolva talvez eu possa contar o que têm sido estes meus dias. São tempos de mudança. Mudanças a vários níveis. Só me apetece mudar e assalta-me uma vontade quase incontrolável de desapego. Não é fácil explicar-me nem é fácil, sem ser descritiva, transmitir até que ponto estou nesta disposição de virar costas a coisas que, dir-se-ia, me são intrínsecas. 

Mas isto para dizer que são tão preenchidos e intensos estes meus dias que chego a esta hora avançada, a sentir-me cansada, incapaz de me pronunciar a sério sobre o que quer que seja. 

O pior é que, tarde e más horas, quando sossego, ligo a televisão a ver se me distraio e vejo meio mundo a comentar, a dar palpites, a agourar, a sentenciar, a arengar sobre uma coisa que deveria ser a mais normal do mundo -- a saída de Centeno do Governo. E ouço que agora querem impedi-lo de poder vir a ser governador do Banco de Portugal. Arranjam mil razões, inventam argumento, dão testemunho, põem ar de doutores. Sabem tudo. Se alguém se distingue por ser competente logo há quem salte para os balcões da televisão com uma infinita e repetitiva converseta da treta. Circulam entre telejornais, noticiários, programas de debate de pechisbeque, repetem o que já disseram e escreveram noutros lugares -- e mostram que isto é uma terrinha de vizinhas, de comadres, de intriguistas, de gente de olho gordo. Em vez de quererem que gente competente esteja em lugar onde a inteligência seja uma mais valia, parece que querem é que o lugar seja ocupado por morto-vivo, múmia cega e surda, carlos costas de rabos pelados que deixam que tudo aconteça debaixo do nariz sem nada verem, sem que de nada saibam e elencando argumento para desfiar desculpas. 

São deputados e ex-deputados, advogados, ex-directores de jornais. Sempre os mesmos, sempre os mesmos trejeitos superiores, sempre aquela pseudo-sabedoria encardida a armar ao pingarelho. Não quero já nem saber se são competentes ou o escambau. É a atitude. Quando entrevisto candidatos para virem trabalhar para as minhas equipas o que eu quero perceber é se são gente boa, gente com boa atitude, gente franca, gente humilde, bem formada, gente que goste de trabalhar em equipa, que seja tolerante. Não quero gente cagona, de nariz empinado, gente com o reizinho na barriga, gente que pensa que sempre estará por cima da carne seca, gentinha armada ao pingarelho.

Mas esses não são os critérios de quem escolhe comentadores e comentadeiras. A televisão está cheia de gente que eu não queria nas minhas equipas nem pintada. A Mariana Mortágua, por exemplo. Não há pachorra. Arma-se em sabichona, em putativa madre superiora disfarçada de vingadora dominatrix. Ou a Drago. Versão délicatesse da Mortágua. Ou o cardeal, o Louçã. Acha-se superior. Mas superior a quem? Em quê? Não sei. Não aguento arrogância. Não digo que por vezes não tenham razão. Digo que são insuportáveis. Uma sociedade em que intragáveis destes estivessem em maioria haveria de ser pior que viver num convento de freiras do século passado, com castigos, maus tratos, sevícias de toda a espécie.

Ou a Meireles na Assembleia, porta-voz. Sempre com cara de má, sempre roída de azia. Ou aquele super-músculos que, para além dos músculos, só tem cabeça mas, infelizmente, oca, o Duarte Pacheco. O que ele diz, senhores. Parece daqueles pintas de província que se encostam à porta da taberna, armados em bons, faço e aconteço, mas que não passam de uns coitadinhos.

Mesmo dos outros, dos que são supostamente não políticos, na televisão, já não os aguento, um enxame de comentadores que só mastigam e remastigam o regurgitado uns dos outros. Nenhum quer ficar atrás dos outros. Inventam desgraças, antevêem desaires, antecipam litígios. Cada um vê mais problemas, vê antes dos outros, adivinha-lhes, antes dos outros, a gravidade. Aves agoirentas, urubus, papagaios. Não tenho paciência. Espremido é zero.

Só desejo é que o Governo tenha arrojo, visão e arte para dar um piparote em velhos hábitos e para levar o país para melhores caminhos. Para mim, ao contrário do joker pintarolas, Portugal está bem quando os Portugueses também o estão. E é isso que tem que acontecer durante o período que aí vem. E que Centeno continue a ser bem sucedido por todo o lado por onde ande e que continue a ser útil ao País.


Tirando isso, depois dar nomes a alguns bois, pena tenho é que não possa mesmo pegá-los pelos cornos. E agora apetece-me é ver vídeos como estes aqui abaixo. Com vossa licença, deixe que os partilhe convosco.








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As fotografias são de Patrick Demarchelier

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E um bom dia de Camões, da Língua e de Portugal.

4 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Nem os ouço, apre, tenho alergia a invejosos.

Um belo e poético dia de Camões, de Portugal e das Comunidades.

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia:- Politicos todos diferentes, todos iguais.
Humoristas todos iguais, todos diferentes
.
Um dia (feriado ou não) feliz
Cumprimentos

Estevão disse...

Para o BdP bem que podiam pôr lá o Salgado. Além de saber muito de Bancos, já passaram os tais cinco anos de nojo que se pretende agora introduzir.
Ou então, o grande conselheiro que disse que o Centeno no Eurogrupo era a anedota do ano, isto se ele estiver disposto a usar tacões para poder ombrear com os seus pares.
Ou então o outro grande conselheiro que disse que o Ronaldo não devia nada às Finanças de Espanha, que era tudo um grande engano que ele facilmente desmontava. Aquele que conhecia os sms’s que iriam comprometer o Centeno.
Um dia com raça e viva nós e as comunidades !

Menina Marota disse...

Há muito que já deixei de ouvir os "treinadores de bancada"... Já basta de ruído nos meus ouvidos. Quero uma mente sã.
E vou deixando correr... vou lendo... ou então... ligo a Netflix.