terça-feira, novembro 26, 2019

O que é boa arte?




Fiz uma pergunta no título mas não tenho resposta para ela. Gosta-se porque se gosta e não me parece que seja fácil explicar porquê. Na arte, como na literatura ou no amor deve seguir-se aquele princípio que o Mr. X nos ensinou: Julio Ramón 'Ribeyro propôs ter em mente que um bom trabalho não tem explicação, um mau trabalho não tem desculpa e um trabalho medíocre não tem qualquer interesse.'. Tal e qual. 


Se desde pequena convivi com livros, já o mesmo não posso dizer da arte. Até certa altura tenho ideia de apenas ter conhecimento de pintura 'clássica'. Havia em casa dos meus pais alguns quadros mas daquele género que considero trivial. Nem sei se era bonito ou bem feitinho, se calhar até era. Lembro-me apenas de que nada me diziam. Teria eu uns onze ou doze anos, a sala da televisão foi redecorada e lembro-me de ter ido com a minha mãe escolher um quadro. Provavelmente o meu pai também terá ido até porque o quadro era grande e só pode ter ido de carro para casa. Era um óleo que, do que me lembro, já tendia para o impressionista, senão para o quase abstracto. Era uma tela muito comprida e tinha um barco e todo ele continha cores solares, luminosas. Pela primeira vez eu via uma pintura de que gostava. Uma vez, foi parar lá a casa um livro de pintura e eu descobri um mundo novo. Apaixonei-me de tal forma por um do Paul Klee que convenci a minha mãe a deixar-me arrancar aquela folha e emoldurá-la. O que eu gostava daquela cara colorida, abstracta, circunspecta, o que eu gostava. Lembro-me de as minhas avós terem ficado admiradas com aquele quadrinho no fundo do corredor, não percebendo a graça que eu achava a tal desconformidade. 


Nas casas dos meus amigos ou dos amigos dos meus pais eu não via nada que me despertasse atenção. E quando íamos visitar museus, só me lembro de ver arte sacra, arte muito realista, muito naturalista, tudo coisas que nada me diziam. Uma reprodução da realidade, tal e qual o pintor a viu, a mim não me desperta interesse. Não quero saber tal e qual o que ele viu. Porque haveria de me interessar isso? Quanto muito interessa-me a impressão que a coisa lhe causou ou o ângulo diferente e imprevisto que torna a visão especial. Agora anjinhos suspensos em nuvens, cristos escanzelados, camponeses muito factuais, naturezas mortas completamente maçadoras, nada disso me parecia estimulante.

Por isso, quando me vi por minha conta, aos dezassete anos, sozinha em Lisboa, um dos lugares que, desde logo, mais me atraíu foi a Gulbenkian e não tanto o museu que já conhecia razoavelmente mas com as exposições temporárias, artistas modernos que traziam o ilógico, o inexplicável, a graça inocente, as cores e os traços quase infantis, as cores abertas, desprendidas do seu contexto.  A partir daí passei a procurar galerias, livros, exposições e quanto maior a abstracção, quanto mais surpreendente e provocador, mais eu queria ver.

Em algumas peças não encontrava 'arte' e não gostava mas, ao longo do tempo, o meu conceito de arte foi adquirindo matizes, foi sofrendo transmutações. Ainda não gosto de muita coisa, coisas que me parecem de mau gosto ou chachada pura, mas há outras que agora me agradam e que antes achava autênticos disparates.


De Lisboa passei para Madrid e para a grande curiosidade de tudo o que era novo, incluindo os pintores de rua. E também para Paris. Não o Louvre que sempre achei fora da minha escala, grande demais, gente a mais, demasiadas obras demasiado clássicas. Nem tanto o Pompidou, muito experimental, muito neutro. Em Paris, sim, o Jeu de Paume e, depois, o maravilhoso museu do Quai d'Orsay, lugar mágico, lugar de eterno retorno, lugar onde, por muitas vezes que o visite, sempre me emocionará, por vezes quase até às lágrimas. 

E daí para todos os outros. E a inexplicável sedução que Rothko exerce em mim? Ou Chagall? 

E, uma vez a mente bem aberta a todas as diferenças a todas as surpresas, o deslumbramento com as grandes telas de Caravaggio. Deus meu. Que carnalidade, que vida ali condensada, que materialidade. Que tormento não poder estar em silêncio, sozinha, diante daquelas telas, horas, horas a fio.

Ou a luz de Vermeer. Olhar e tentar perceber como é possível uma coisa assim, tentar perceber se foi um homem normal que fez aquilo. Ah, os grandes mistérios.


Um dia, há muitos anos, uma prima minha dada às artes perguntou se eu já tinha ido ver a exposição da Paula Rêgo. Fui taxativa: não, nem iria porque me parecia tudo muito disforme, forçadamente repelente. Ela sorriu, disse: 'Olha que não, olha que não. Vai ver e vai com a mente aberta. Sei que vais gostar'. Hesitei. Ao fim de algum tempo, fui. E rendi-me. De repente nem percebia como tinha sido possível não gostar. De facto, gostava, gostava muito. Olhava para aquela outra que não gostava sem a identificar comigo, como se tivesse sido outra pessoa, uma estranha, uma rude criatura. E Graça Morais. A Graça Morais no casa-musei da Vieira da Silva. Que maravilha. E Pomar.  E tantos outros. 

Porque gosto de uns e não gosto de outros? Se calhar pela mesma razão que me leva a gostar de uns escritores e não de outros, a gostar de umas pessoas e não de outras. 


E ocorreu-me pensar nisto pois, há bocado, ao abrir o YouTube, o meu amigo algoritmo tinha um vídeo que, segundo ele, era recomendado para mim. Marc Jacobs: between collections. Fui ver. E gostei. Caraças, gostei mesmo. Estupor do algoritmo que sabe levar-me na boazinha, que me conhece mesmo, que adivinha os meus gostos. A casa e as obras de arte de Marc Jacobs. Nem comento a graça que é ouvir conversar uma bicha dada às artes. E que não me venham com tretas de preconceitos: não sou homofóbica. Nem pouco mais ou menos. Convivo assiduamente com uma e, lá está, se a minha filha me diz que não percebe como tenho paciência para me dar com a bicha eu nem tento explicar. Sim porque sim. Mas, à parte esse suplemento de graça, as obras que ele ali tem. Que casa bonita a dele. Como eu gostaria de visitá-lo. O que eu gostaria de ser aquela ali, a conversar com ele sobre obras de arte, sobre moda, sobre modelos, sobre fofocas, sobre costura, sobre o seu processo criativo, sobre as cidades onde tem lojas.


E ocorreu-me também o vídeo abaixo (Why is modern art so bad?) que Leitor, a quem agradeço, me enviou e que me levou a dizer-lhe que o que Robert Florczak ali diz são banalidades sobre extremos, sobre caricaturas, obras que não representam o que globalmente se pode designar por arte moderna. E ele já me respondeu dizendo que não tenho razão, que o pintor o professor Robert Florczak é objectivo e que há arte e arte. Seja. Cada um pensa conforme sabe ou pode. Eu gosto de várias obras que Marc Jacobs tem em casa e, se calhar, não gostaria de ter nenhuma das pintadas por Florczak (e digo isto por dizer pois, na verdade, ainda não pesquisei para ver como é a arte que ele produz).

Mas fazer o quê? São os nossos genes, as nossas circunstâncias, o ar que respiramos, a nossa pele, o nosso olhar, afinidades que jamais saberemos explicar. Gosta-se porque se gosta. E é bom gostar.

Mas, então, cá está o anti-vídeo de Florczak, um genuíno anti-Jacobs.


--------------------------------------------

As fotografias que usei para ilustrar o post foram feitas este domingo no Ginjal e eu olho aquelas paredes como uma galeria de boa arte a céu aberto. Quando falo no Ginjal invariavelmente as pessoas dizem que não se percebe como é que nunca mais aquilo é arranjado, que aquilo é uma decadência de dar dó. E eu penso que tomara que qualquer obra nova ou de reabilitação que ali façam saiba preservar a beleza extrema e fatal daquelas paredes sobre as quais todos os dias alguém escreve ou pinta uma coisa diferente. Mas, lá está, gostos não se discutem.

A primeira fotografia, a dos ramos da árvore, e a última, a da gaivota, levaram um banho de cor -- e ainda bem que vocês não são curiosos e não me perguntam porque as tingi daquela maneira porque não saberia responder. Ou melhor, talvez pudesse tentar mas, tenho a certeza, soar-vos-ia a conversa de maluca.


Desejo-lhe a si, a si em especial, uma boa terça-feira.

12 comentários:

Pedro disse...

Muito bom. Mais uma vez parabéns por conseguir exprimir aquilo que muitos sentem e não conseguem dizer. Por vezes apetece-me comentar muitos mais posts, mas não quero perturbá-la. Obrigado por todos as partilhas que nos trás.

Anónimo disse...

Há descobertas que marcam. Como ver a morte num olhar. https://en.wikipedia.org/wiki/Laoco%C3%B6n_(El_Greco)#/media/File:El_Greco_-_Laocoon_(detail)_1.jpg
Abraço
JV

cepleinvide disse...

(os meus dois cêntimos para a conversa)

A Alma como Heterodoxa Trindade (sensações + emoções + convicções).

A Arte, ferrete e catalisador da Alma,
. excita as sensações (na literatura, a imaginação)
.. desperta as emoções (alegria, fúria, medo, nojo, surpresa, tristeza, outras para além das básicas)
... abala as convicções

Se não deixa cicatriz talvez tenha sido passatempo inócuo.

Um Jeito Manso disse...

Olá Pedro,

Mas não perturba nada, comente sempre que lhe apetecer, terei todo o gosto em lê-los.

E obrigada pelas simpáticas palavras. E volte quando estiver para aí virada porque eu estou sempre mais do que disponível para conhecer as opiniões de quem me lê.

Dias felizes!

Um Jeito Manso disse...

Olá JV,

Por acaso, quando estava a escrever lembrei-me de quando, em Toledo, num dia excessivamente manso, o Tejo parado e triste, vi aquelas pinturas com cristos alongados, esquálidos, tudo escuro e doloroso. Não gostei. Tão soturno tudo, aquela coisa da religião ser sofrimento, a ideia de expiação, a vida uma descida aos abismos da dor e da morte. Voltei a ver as suas obras noutros lugares e sempre aquela 'onda' de apagamento que não gosto de ver em pintura. Claro que há o olhar que refere ou outras expressões. Mas a mim isso faz-me ter vontade de passar ao lado. Em contrapartida vejo o pano de boca de cena de Chagall que vi no CCB ou uma tela de Rothko e emociono-me, apetece-me ficar ali, deixar-me levar, quase ajoelhar. É como se dali viesse uma paz que me envolve.

Mas posso sentir também uma sensação de protecção, de abraço, de ternura ao ver a Madona com o menino ao colo de Rafael. Ou um espanto, uma comoção absoluta, ao estar ao pé de um Caravaggio.

A arte é uma coisa que nos toca de maneiras diferentes consoante as fases da nossa vida mas que não se explica. Não se explica -- e não sei dizer mais que isso.

Conhece o Museu d'Orsay, JV? Se não conhece, aceite a minha sugestão: quando puder, meta-se num avião e vá lá passar meio dia. Depois vá passear, ver livrarias, estar em esplanadas, ver Paris de um terraço, etc. E depois volte mais meio dia. E depois conte-me.

Abraço, JV!

Um Jeito Manso disse...

Cepleinvide (até fiz ctrl C /ctrl V para ter a certeza que ficava o nome certo),

E, antes de mais: que nome é este, senhor? ceple + in + vide? Não percebo. Quer explicar? Gosto de perceber as coisas, muito mais as palavras.

Emoções, sensações, convicções? Será? Na arte haverá lugar a convicções? Não sei. Mesmo para as abalar... Não sei, não. Acho que comigo não há lugar a convicções. Nada. Nem na literatura, nem na música, nem na pintura. Apenas emoções, sensações. Se tentar falar de uma obra que me toca falo cheia de dúvidas na maneira de falar, sem saber explicar, sem saber dizer mais do que 'é bonito' ou 'gosto'. Quantas vezes, perante textos que me maravilham, uma tradução de um poema, por exemplo, palavras que me deixam presa ao puro fascínio da sua beleza, não consigo dizer quase nada, quanto muito 'é muito bonito'.

Mas concordo: uma obra que reconheçamos como arte é uma obra que nos marca, que nos deixa uma cicatriz. Gostei desta sua imagem. Concordo. Às vezes diz coisas que fazem sentido.

Ah, e uma vez mais gostei das músicas que escolheu. Às vezes também tem pontaria.

E, olhe, vou ficar à espera da explicação dessa coisa do cepleinvide e é bom que seja coisa do além porque se é coisa óbvia e me faz sentir estúpida não vou desculpá-lo.

Uma noite descansada.

cepleinvide disse...

Tem razão - é tempo de dar lugar a quem diz coisas com sentido e de forma consistente.
Lamento ter incorrido no seu desagrado de uma forma tão óbvia quanto desprovida de malícia.

Feliz Quadra Consumícia.

Paulo B disse...

Ou mesmo o que é a arte?
O que nos diz um artista, em plena crise criativa e de identidade:
https://youtu.be/Vb77JICtSP0

Maria disse...

Parece-me mais lógico procurar por

Ce plein vide, ce vide plein

E não precisa publicar.

Bom dia :)

Anónimo disse...

A única situação em que discutir se uma coisa é ou não arte é uma discussão jurídico-fiscal sobre a possibilidade de aplicar benefícios fiscais. De resto, há gosto refinado r gosto não refinado. Gosto metódico e gosto caprichoso. Gosto harmonioso gosto contrastante. Gosto histórico e gosto intuitivo. E mau gosto. Também não falta.

Estive quase para entrar no museu d'orday no meu dia de folga quando fui a Paris em trabalho. Mas se há lugar onde não me sinto à vontade é em museus. Ganhou o facilitismo. Não sei se já aqui o tinha dito. Um dia talvez entre melhor em explicações. Por agora fica este meu lado de selvajaria inculta.

Abraço
JV

Anónimo disse...

A pergunta, “o que é a boa Arte”, é subjectiva. Deixaria essa definição para “experts” em Arte. Isso não impede que tenhamos os nossos próprios critérios, gostos e desgostos. Na minha humilde opinião, julgo que a “exigência” (por contraste a um certo “facilitismo”) deveria ser um dos requisitos para se olhar para uma obra e apreciá-la. A Arte não deveria ser algo relativamente fácil de executar. Todavia, hoje é mais fácil, basta ver o por aí vai – sem querer generalizar e pôr tudo no mesmo saco. Já percebi que uma larga maioria das grandes obras do passado, mais ou menos longínquo, desde a Antiguidade Clássica, ao Gótico, Renascimento, Barroco, Neoclássico, Romantismo e Realismo, ao Impressionismo, etc (antes de chegarmos aos movimentos mais próximos dos dias de hoje, “mais apelativos” a si, como os diversos artistas dos movimentos Futuristas, Cubistas, Surrealistas, Simbolistas, Expressionistas, Arte Nova, e outros mais recentes e Modernos), não a impressionam demasiado. UJM não se extasia perante uma obra onde, por exemplo, o artista consegue pintar, com uma espantosa habilidade, a transparência de um lago, um olhar, um gesto, um movimento, etc. Aquilo obrigou a uma espantosa capacidade de execução. O oposto de, por exemplo, um “borrão”, em toda a tela, da mesma côr, ou com ligeiras variantes, com um traço, ou um espaço a côr a dividir esse mesmo borrão. Recuando no tempo, quando olhamos, por exemplo, para as obras de alguns dos mais notáveis escultores da Antiguidade Grega, que os Romanos depois copiaram, de forma exímia (e ainda bem, pois ficaram-nos esses legados, cópias, já que a maioria dos originais desapareceram) e vemos aquelas obras, onde, por exemplo, a sensualidade feminina é bem caracterizada, perguntamo-nos: como foi possível alguém esculpir aquelas formas deixando transparecer a sensualidade da mulher ali representada? É de génio! Como são de génio as obras de Bernini e de Canova, por exemplo. E, posteriormente, as de Giacometti, embora diferentes. E depois, seguindo ainda este raciocínio, quem, nos dias de hoje, ficará para a História da Arte – Pintura e Escultura – ao lado de um Verrocchio, Michelangelo, de um Da Vinci, de um Caravaggio, Canaletto, de um Rembrandt, de um David, de um Monet, Degas, Modigliani, etc, são tantos! Há, sem dúvida, uns tantos, como aliás invoca, desde Vieira da Silva, Picasso, etc, gigantes do tal modernismo (nos estilos, ou correntes, que vieram a integrar, ou a dar origem). Ao contrário de si, UJM, eu sou sensível a uma obra de excelência do Renascimento, Barroco, Neo-realismo, Romântico, Impressionismo, etc, até aos dias de hoje. O que eu detesto é Fraudes! O facilitismo na concepção da Arte, ou pretender que se concebeu Arte com recurso a umas tantas “fantasias”, que mais não são do que patéticas realizações. E há autores que não perco tempo a ir ver o que fizeram. Ou há exigência, ou então não perco tempo a ir ver aquilo que para mim soa a fraude. Quanto ao que diz Robert Florczak, sejamos justos. Ele não critica toda a Arte Moderna, mas tão só aquela que ultrapassa o tal conceito de Arte. Aquele “White Paiting” do Rauschenberg é um bom/mau exemplo de fraude. Assim como – algumas - obras de Jack Pollock, a que ele refere. E eu recordaria, por exemplo, outras como as de Jeff Koons (o “The Rabitt” e outros). Aquilo não é Arte, mas um insulto. Enfim, um tema que daria pano para mangas! Deixo uma pequena historieta que se conta, passada na Antiguidade Clássica: «um jovem mancebo, na Grécia Antiga, ter-se-ia apaixonado, perdidamente, pela famosa estátua concebida pelo grande Praxiteles, a Afrodite de Knidos e, nesse sentido, escondia-se no Templo onde a escultura se encontrava…acabando por deixar “vestígios” dos seus afectos amorosos na dita estátua. Ou seja, lá está, a obra era de tal fora espantosa, transpirando sensualidade, que suscitava até paixões eróticas.» Praxiteles foi um génio!
P.Rufino

Paulo B disse...


Entretanto, lembrei-me também desta peça, de um dramaturgo francês (que vi no ano passado, na versão em português do Brasil), que fala um pouco sobre isto. Aqui a entrevista com o encenador e ator: https://www.youtube.com/watch?v=5hGWwRwytSU

PS: acontece-me muito isto... os posts da UJM deixam-me a pensar neles ao longo do(s) dia(s)... e não só recordo coisas relacionadas com que já me deparei como frequentemente me permite avançar na reflexão. Obrigado!