Quando vinha a conduzir perto das sete da tarde, numa das mais bonitas avenidas de Lisboa, tinha as janelas fehadas e o ar condicionado ligado. Vinha a ouvir música e a sentir o ar fresquinho. No escritório a temperatura também estava fresca. Não me apercebi, pois, do calor pelo que foi com admiração que vi no mostrador do carro que, lá fora, estavam 40º. Abri a janela para confirmar e, ao sentir aquele bafo ardente, fiquei quase aterrada. Um ar quente, opressivo.
Ao falar com a minha mãe, ela disse que o número de vezes em que a temperatura está tão alta, a inconstância, os fenómenos extremos como a tempestade de granizo na Grécia a assustavam. Acrescentou que só estúpidos muito estúpidos como o outro é que não se apercebem disso. Penso que estaria a falar do Trump. A senhora que vai ajudar a tratar do meu pai, quando se fala no Trump, diz: 'um parvo com boquinha de rosa'. E ri-se e rimo-nos as três mas o que nos faz rir é o ar caricato dele, não a sua brutal ignorância e estupidez.
Agora passa da meia noite e continuar a estar muito calor. Quis ligar o ar condicionado aqui da sala mas o meu marido, como esteve constipado e ainda anda com tosse, disse que era melhor não. Quando se for deitar, ligo.
Este ar muito quente é horrível. Seria bom que agora pudesse estar num local fresco. Lembro-me de quando estive em Zurique e devia ser inverno porque me lembro de ter ficado num hotel junto a uma montanha com neve. E, quando fomos lá acima, no teleférico (já contei: um terror para mim), passava perto das copas de cedros gigantes, escuros, lindíssimos, pintalgados de neve. Mas eu estava cheia de medo, não desfrutei como devia. E não levava a máquina fotográfica comigo. Uma pena que aquilo era mesmo bonito. Mas aquele friozinho era tão bom, estou a lembrar-me tão bem. Depois tive uma reunião na sede de uma grande empresa, porque foi por isso que fui a Zurique, e a sede era numa belíssima moradia moderna com um jardim à volta, com grandes cedros no relvado. E a rua era toda de moradias assim e estava frio e o tempo escuro, as grandes árvores escuras pingavam, e tudo era tão bonito. Trouxe de lá a caixinha de música em rosa velho e dourado que ali está, naquela estante.
Voltei lá depois, era verão e estava calor e eu estive tanto tempo de pé, num edifício enorme, cheio de luz, e eu não bebi o meu segundo café a meio da manhã e senti mesmo que ia desmaiar. Entre uma dúzia de homens que falavam pelos cotovelos, cada um de sua nação, tudo falado em inglês mas alguns com sotaques que dificultavam a compreensão e eu a sentir a pressão a baixar, a começar a ver tudo branco, a ver que ia armar barraquinha no meio de um edifício espelhado, rodeada de executivos. Ou seja, com alguma inibição não fossem eles achar que estava a fazer género, tive mesmo que pedir para me sentar, para me arranjarem café e água fresca. Nesse dia ainda fui andar de barco a ver se refrescava mas já não gostei tanto como da primeira vez. Dessa vez trouxe a segunda caixinha de música mas não é tão bonita como a primeira.
E hoje, com este calor abrasivo, o que me ocorre é que seria bom poder voltar a estar numa montanha fresca, entre árvores protectoras, ouvindo os sons subtis que atravessam o silêncio dos dias frios.
Este ar muito quente é horrível. Seria bom que agora pudesse estar num local fresco. Lembro-me de quando estive em Zurique e devia ser inverno porque me lembro de ter ficado num hotel junto a uma montanha com neve. E, quando fomos lá acima, no teleférico (já contei: um terror para mim), passava perto das copas de cedros gigantes, escuros, lindíssimos, pintalgados de neve. Mas eu estava cheia de medo, não desfrutei como devia. E não levava a máquina fotográfica comigo. Uma pena que aquilo era mesmo bonito. Mas aquele friozinho era tão bom, estou a lembrar-me tão bem. Depois tive uma reunião na sede de uma grande empresa, porque foi por isso que fui a Zurique, e a sede era numa belíssima moradia moderna com um jardim à volta, com grandes cedros no relvado. E a rua era toda de moradias assim e estava frio e o tempo escuro, as grandes árvores escuras pingavam, e tudo era tão bonito. Trouxe de lá a caixinha de música em rosa velho e dourado que ali está, naquela estante.
Voltei lá depois, era verão e estava calor e eu estive tanto tempo de pé, num edifício enorme, cheio de luz, e eu não bebi o meu segundo café a meio da manhã e senti mesmo que ia desmaiar. Entre uma dúzia de homens que falavam pelos cotovelos, cada um de sua nação, tudo falado em inglês mas alguns com sotaques que dificultavam a compreensão e eu a sentir a pressão a baixar, a começar a ver tudo branco, a ver que ia armar barraquinha no meio de um edifício espelhado, rodeada de executivos. Ou seja, com alguma inibição não fossem eles achar que estava a fazer género, tive mesmo que pedir para me sentar, para me arranjarem café e água fresca. Nesse dia ainda fui andar de barco a ver se refrescava mas já não gostei tanto como da primeira vez. Dessa vez trouxe a segunda caixinha de música mas não é tão bonita como a primeira.
E hoje, com este calor abrasivo, o que me ocorre é que seria bom poder voltar a estar numa montanha fresca, entre árvores protectoras, ouvindo os sons subtis que atravessam o silêncio dos dias frios.
E agora, acreditem ou não, abri o youtube e a criatura mostrou-me um vídeo que vem mesmo a calhar, refrescante: um homem que gosta de deslizar sobre a fina camada de gelo que cobre alguns lagos. É matemático e diz que sabe o que faz. Trigonometria. Mede a espessura da fina camada, sabe calcular a elasticidade a partir dos vectores que puxam cada um para seu sítio, imagino eu, daí os ângulos, quicá a probabilidade de fractura. Trignometria conjugada com cálculo vectorial e com probabilidades. Um festim de fazer aguar a minha boca. Mas, portanto, diz Märten Ajne que vai à confiança, sabe que não se abrirá a fenda através da qual poderia ser sugado. E, talvez ainda mais importante, deixa-se guiar pelo som do gelo. Ou seja, uma conjugação de beleza nas suas mais variadas formas.
Eu, que mal ouço falar em senos e cossenos e em cenas afins sinto logo um tremorzinho por mim adentro, fico atenta a ouvir, a ouvir pelo gosto de ouvir. Mas, neste caso, tenho que confessar que me sinto também atravessada por algumas vertigens. A perspectiva de sentir falta de apoio nos pés e o medo de cair num espaço infinito é, para mim, aterradora.
Mas sinto também uma sensação de maravilhamento: deve ser tão bom quase voar, sentir o ar frio, ver a luz sobre a lâmina brilhante, atravessar aquele espaço imenso e limpo.
by Sergey Gribanov |
Mas sinto também uma sensação de maravilhamento: deve ser tão bom quase voar, sentir o ar frio, ver a luz sobre a lâmina brilhante, atravessar aquele espaço imenso e limpo.
People get nervous when they see Märten Ajne ice skating. He intentionally skates on extremely thin ice. Ajne has pursued this dangerous hobby for 40 years and has skated on more than 1,800 bodies of water from Norway to North America. So why hasn’t he fallen through the ice? He uses his knowledge as a mathematician and a highly-trained ear to stay safe. Ajne can actually calculate how thick the ice is by listening to the sound it makes when he glides across it. Join us for one of the coolest math lessons ever taught.
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Felizmente esta sexta-feira parece que vai estar mais fresco e vi agora que até é capaz de chover e apetece-me ouvir esta canção que é lindíssima.
E muito sinceramente desejo que seja um bom dia para todos
1 comentário:
Marisa tem uma voz espantosa!
P.Rufino
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