segunda-feira, janeiro 07, 2019

O Hotel Parque de São Martinho do Porto



O ano passado, o meu filho andou a passar a férias numa caravana. Foram do centro do país até ao Algarve e, pelo caminho, pernoitaram em São Martinho do Porto. Digo que pernoitaram mas não sei se ficaram mais tempo. Nem eu nem o meu filho conhecíamos. Pela descrição parecia ser lugar bonito mas, apesar de ser tão perto de Lisboa, nunca nos tinha calhado ir até lá.

Fomos no sábado. Bonito, sem dúvida. Quando se está num sítio assim, a primeira coisa que nos ocorre é na qualidade de vida que se deve ter. Não há trânsito, não há falta de lugar para estacionar, não há barulho ou confusão. O meu marido fez notar que, se calhar, se em vez de Janeiro, estivéssemos no verão, já não diríamos isso. Pois não sei.


A praia é ampla, as casas distribuem-se ao longo da baía e monte acima e tudo é tranquilo e luminoso. Mas o meu marido também fez notar que um colega dele tem lá casa e se queixa do nevoeiro. Pois também não sei.

Subimos até ao miradouro e, de lá, vimos melhor a paisagem, a passagem para o mar aberto, a amplitude do horizonte, o azul das águas e do céu.

Lá em baixo a árvore de Natal que, se o Francisco não me tivesse falado nela, vendo-a assim apagada, à luz do dia, nem me teria apercebido. De noite deve ser bem bonita, as luzinhas sobre o mar.


Do passeio que demos pela Vila, chamou-me a atenção um belíssimo edifício ao abandono. Trata-se do Hotel do Parque. Fui, entretanto, informar-me e li que estará para ser reabilitado mas aparentemente o tempo vai passando, a degradação avançando -- e nada acontece. Parece impossível. Não sei como é por dentro mas li que os quartos são grandes. Com uma arquitectura apelativa, rodeado por um bonito jardim e a dois metros da praia, daqui poderia fazer-se um fantástico hotel de charme. Não faço ideia dos planos concretos, se é que existem, mas alguém deveria olhar para o potencial de um hotel assim, junto das praias, ao lado de Óbidos -- já para não falar das Caldas da Rainha, de Peniche, da Nazaré e, claro, de Alcobaça. E perto de Lisboa, para quem venha de fora e aterre na Portela.


Quando não há investidores privados que se cheguem à frente, perante a possibilidade de se vir a perder um património com beleza e potencial turístico, as autarquias deveriam chegar-se à frente e garantir que se encontra uma boa solução para todos.


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E queiram, por favor, continuar a descer para comprovarem como os portugueses se destacam entre todos os outros.

13 comentários:

Anónimo disse...

Hoje(ontem) nomeou alguns sítios da minha vida. Lugares onde os meus sonhos têm esvoaçado. No meio deles existem, pelo menos dois, que importa não esquecer: Baleal e Foz do Arelho.

Obrigada
LS

Anónimo disse...

Essa zona é simplesmente encantadora! Estivemos, uma vez mais, no ano passado por aí, com os filhos. S. Martinho, Foz do Arelho, Peniche, Nazaré e S.Pedro de Muel.
Mas, S. Martinho é talvez ainda mais especial.
Comeu-se bom peixinho, passeou-se por ali, foi-se a banhos, etc. Voltaremos. Com a excepção da zona algarvia já mais próxima de Sagres, ou seja, do Burgau até à Bordeira, para mim os melhores sítios do Algarve, não troco essa zona (de S. Martinho, etc) pelo resto do Algarve.
Boa semana!
P.Rufino

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Olá UJM,

Chegou a apanhar no seu mail uma mensagem que lhe mandei com um link para uma pasta com fotos de São Martinho tiradas por mim?
Se sim ou não, fico muito contente que tenha vindo conhecer o "Supé Martinho" - como dizia uma prima minha quando era criança.

Gostei muito dos seus apanhados do Facho!

A questão do Hotel Parque tem residido no proprietário que tem pedido um valor acima do razoável pela venda, mas ao que parece acho que já há um negócio fechado e a recuperação estará para breve (espero eu).

Pela altura das festas estava bastante gente, muitos caravanistas, alguns dos tradicionais veraneantes do eixo Lapa-Estoril-Cascais e turistas em geral! No verão, claro que a coisa e muito mais preenchida, mas ainda assim sem aquelas bichezas intermináveis das praias da Linha ou da Caparica, isto para não falar no "Ógarve" mainstream, claro.

Um abraço!

Victor Barão disse...

Sem prejuízo de novas edificações públicas ou privadas, desde que, quando e onde proporcionalmente justificadas... no entanto o que tão pouco jamais deixou de existir em Portugal foi um significativo e em alguns casos mesmo absoluto abandono de património público e privado de elevado valor arquitectónico, histórico, por si só patrimonial... a que pior ainda se associa a por vezes construção de verdadeiros e desproporcionados "mamarrachos", sem gosto, quando acaso sequer com utilidade, ao menos de médio-longo prazo ou para além dum "novo riquismo" caprichoso, consumista, imediatista, entre outros ..."istas", não raro público-comunitariamente subsidiado... enfim, é lamentável, mas é também assim!
Bom resto de semana
Abraço
VB

Um Jeito Manso disse...

Olá Caro e Amigo LS,

Percebo que estes lugares o inspirem e que os seus sonhos por lá esvoacem. O Baleal é outra das minhas lacunas mas o Foz do Arelho conheço razoavelmente e gosto muito de sentir o ar bravo que lá se respira.

Um abraço, LS

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

E lá está: S. Pedro de Muel também não conheço. Agora essa do peixinho é que nos desiludiu. Ou não conseguimos dar com restaurantes bons ou há ali um défice de bom pescado. parte do peixe era de aquacultura e o robalo de mar era vendido a 45€ o quilo, o que me parece um abuso. Ainda uns dias antes tínhamos comido um belíssimo robalo de mar a cerca de 30. Aliás, achei ali os preços nos restaurantes muito elevados. Acabámos por comer fora de Óbidos, no Caldeirão (do Poço dos Sabores disseram que fechavam a cozinha às 14:15!), e uma dose raquítica de garoupa valeu 16.5 o que me parece um exagero para o que foi e para o restaurante que é. Portanto, viémos decepcionados com a restauração. Para a próxima, temos que nos informar previamente. Estavamos a contar que fosse como em Setúbal em que porta sim, porta sim há peixe fantástico a bons preços.

Dias felizes, P. Rufino.

Um Jeito Manso disse...

Olá Francisco,

Então claro que vi as suas fotografias. Por isso mesmo fiquei com vontade de ir conferir, ao vivo. Terra linda, um belo lugar para se viver. Quem tem o privilégio de viver num ninho aconchegado entre arribas e mar nem sabe bem a sorte que tem.

Tomara que o hotel renasça e renasça em grande. Tem potencial para ser um lugar de sonho.

Dias felizes, Francisco.

Um Jeito Manso disse...

Olá Víctor,

Aquele hotel em S. Martinho do Porto tem tudo para ser um ex libris da vila e para vir a ser um foco de desenvolvimento, de criação de emprego e de atracção de turismo de qualidade. Aparentemente o dono irá reabilitá-lo. Mas se nada for feito e se o edifício caminhar para a degradação eu acho que as instituições públicas têm quase o dever de deitar mão, seja de que forma (legal) for, para que um património daqueles não se perca.

O país tem que saber valorizar o que tem de melhor.

Uma bela terça-feira, Víctor.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Normalmente nunca como peixe nos restaurantes, mas aqui na zona, peixe, recomendo Peniche.
Óbidos é de preços altos, no geral, mas há um restaurante muito interessante numa localidade próxima, Capeleira, que é o Traçadinho.
Dentro das Caldas, em geral, é mais económico.

São Pedro de Moel é outro must go, recomendo que siga a Estrada Atlântica a partir da Nazaré pois entra em pleno Pinhal de Leiria e há algumas praias pelo caminho, com destaque para Paredes de Vitória.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Boa!
Espero que sim, que seja mais rápido que o tempo que levaram a pegar no Lisbonense, nas Caldas.

Happy days!

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

UJM, o Baleal é outro encanto, a praia forma um istmo de uma pequena península, onde quem tem casa tem um tesouro. A praia tem um lado Norte e outro Sul atravessado pela estrada que corre ao longo do istmo.

A Foz para mim também é especial, é a praia da minha adolescência. Curiosamente há uns 10 anos que não faço lá praia, pois São Martinho é mais ao jeito, mas é o local de saídas à noite, que mesmo sem Solar (da Paz) ou Green Hill já há uns anos, sempre há o Cocos e a festa anual no Sítio da Várzea.

Um abraço.

Anónimo disse...

Caríssima UJM,
Teve muito azar nas escolhas de restaurantes por aí. Há muitos e bons, sobretudo na Nazaré e mesmo em Peniche. Faço-lhe uma sugestão: o "Rosa do Ventos", um pequeno restaurante na rua Gil Vicente 88. Embora relativamente pequeno, e asseado, tem excelente peixe e muito variado, alguns nunca tinha ouvido falar e bem gostámos. Praticando preços muito razoáveis. Deixem o carro no "Sítio", no largo e depois vão a pé por entre as ruas da Nazaré. No "Sítio" avista-se lá de cima a praia da Nazaré e um belo panorama. E ainda se troca umas palavras com as mulheres que ali vendem tremoços, pistacho, etc. O nosso neto achou-lhes imensa piada e lá tagarelou com elas.
Mas, há outros igualmente bons. O meu filho mais novo que conhece bem aquela zona, se me der outras dicas, envio-lhe. Já estivemos noutros restaurantes e não tivemos queixas. Enfim, acontece.
2. Entretanto, mais cá por perto (de Lisboa) deixou-lhe outras sugestões: "A Nortada", na Praia Grande e a a "Casa do Luís" na Azóia (Cabo da Roca), para um bom peixe. No "Nortada" o bife de atum é magnífico, bem como o polvo a lagareiro.
Bom apetite!
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

Francisco e P. Rufino,

Dicas registadas. Na Nazaré em Peniche conhecemos alguns restaurantes mas não sei o nome, na volta nada destes. No próximo passeio, seguirei as rotas e os lugares recomendados.

Muito obrigada!