terça-feira, janeiro 02, 2018

O discurso de Ano Novo de Marcelo.
[E nada de juízos precipitados...!]


A verdade é que depois de terem saído, já noite, fomos fazer uma breve caminhada. Desde que me tinha levantado até que chegaram, estive na cozinha, numa azáfama. À minha volta o meu marido ia-me ajudando, lavando a louça que eu ia sujando e invectivando-me por eu me meter a fazer sempre tantas coisas, algumas que, por serem feitas em várias etapas, dão muito trabalho. Mas a mim isso não incomoda: fazer muitas coisas ao mesmo tempo é, para mim, um prazer. No entanto, isso somado à agitação de muita gente, muito reboliço, muita atenção... resulta no de sempre: depois de termos chegado e depois de ir pôr a máquina a lavar roupa, mal me sentei no sofá adormeci. Mas adormeci profundamente. 

Claro está que não vi o discurso de Ano Novo do Marcelo. Podia depois ter rebobinado. Mas não sinto pena de ter perdido nem curiosidade em saber o que disse. Cansei-me da pessoa. Deve ter dito coisas acertadas mas irrelevantes à mistura com manifestações do mais puro populismo. E provavelmente muita coisa que não é certa nem errada, muita previsão vaga, muito aviso avulso, muitas afirmações que caem bem junto de ouvidos pouco exigentes mas que de concreto e pertinente têm muito pouco. E, tudo espremido, quase aposto que é pouco mais que nada. Tenho pena. O senhor está convalescente e acredito que seja genuinamente simpático e não é gentil da minha pare não usar da condescendência talvez por ele merecida... mas, fazer o quê?, cansei. Depois do período em que Marcelo andou, e bem, a fumigar o ambiente para o libertar de cavaquices, laparices e outros maus astrais que empestavam o ar que respirávamos, como que Marcelo perdeu relevância. Podia ser mais ponderado, reservar-se para coisas importantes, aparecer apenas quando a sua palavra fizesse a diferença.
Agora assim, a dar conferências de imprensa mal consegue fazer cocó*, a fazer selfies com qualquer um, a dar beijinhos a eito, a pronunciar-se sobre tudo e sobre nada, Marcelo começa a parecer aos olhos dos telespectadores o Emplastro Nº 2. 
Ainda me pareceu ver, depois de ter acordado, uma data de comentadores a opinarem sobre o acontecido mas o meu marido está que nem eu: sem paciência para o senhor e, menos ainda, para as réplicas, nomeadamente para os zinhos que logo aparecem a comentar tudo o que acontece. E, portanto, zapping. Passou para resumos desportivos e eu pus-me a ver os vídeos divertidos que o YouTube seleccionou para mim. 

Partilho convosco um a que achei graça e que, este sim, tem substrato -- nem tudo o que parece é e, portanto, nada de formar opiniões sem conhecer o contraditório.


E os livros com capas falsas...? Um déjà-vu mas, ainda assim, love it.


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* Do Leitor LS recebi novo poema, desta vez inspirado pelo mediático instestino do Senhor Presidente. Com vossa licença:


Mesmo que o humor se degrade rapidamente
Talvez tenha graça o "presente",
Por isso sigo em frente
Com este poema decadente.

É bom que o sentido de Estado não se ausente
Agora que está doente
Sua Excelência, O Presidente.

Muitos com ar pungente
Rogam ao Deus Omnipotente
Que lhe traga as melhoras num repente.

Assim, felizmente,
Estamos apenas suspensos de um pendente:
Que o intestino não se aguente
E para descanso de toda a gente,
Nos mostrem a poia ainda quente
De Sua Excelência, O Presidente.

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